Os chakras, palavra do sânscrito que significa "roda", são pontos invisíveis de circulação da energia vital feminina, tanto nos homens como nas mulheres, os "centros de lótus", distribuídos em número de sete pelo eixo central do corpo humano, que a tradição hindu interpreta como centros de consciência da fisiologia mística. Localizados ao longo da coluna vertebral, desde a sua base até à cabeça, os chakras são também considerados avas, ou seja, turbilhões ou centros de matéria etérea ou de energia em movimento.
O tantrismo hindu descreve seis centros mais um sétimo centro cerebral superior, o "lótus de mil pétalas", enquanto que o budismo tântrico tibetano reconhece cinco chakras (períneo, umbigo, coração, garganta e cérebro) que correspondem aos cinco elementos ar, água, terra, fogo e éter e aos quatro pontos cardeais considerados a partir de um centro, o quinto elemento.
Ligados ao simbolismo feminino da flor de lótus, de tradição milenar, os chakras contêm no seu símbolo o triângulo genital feminino, o yoni yantra, e a ligação entre os diferentes chakras é feita pela serpente kundalini, sempre feminina esteja num corpo de homem ou de mulher. A kundalini, que dorme enrolada num linga, ou falo, na base do primeiro chakra, é despertada pela respiração e meditação de forma a se elevar através dos diferentes chakras até ao último, situado na cabeça. Esta representação da kundalini activa é feita através de duas espirais que se cruzam ao longo dos chakras e da coluna vertebral. Este primeiro chakra, situado na região pélvica, simboliza a terra, o segundo chakra, na zona genital, representa a água, o terceiro chakra do umbigo representa o fogo e a quarta energia, na zona do coração e sintonizada com o som mântrico universal Om, simboliza o ar. A estes quatro chakras inferiores seguem-se os chakras superiores responsáveis por canalizar a kundalini para universos espirituais: o quinto chakra ao nível da laringe está ligado ao dom da fala e é o verbo criativo também representado por uma lua cheia; o sexto chakra está situado entre as sobrancelhas, é o "terceiro olho" da visão interior e o sétimo e último chakra é o "lótus das mil pétalas de luz" que sai da cabeça em direcção ao infinito, o espírito feminino interior triunfante.
O tantrismo, que teve uma versão budista e outra hindu, pode ser definido como um conjunto de regras de práticas esotéricas que surgiram no século V, mas que só foram redigidas cerca de cinco séculos mais tarde, e cujos textos diziam respeito a matérias muito diversas, tais como filosofia, magia, fisiologia, técnicas de ioga e meditação, entre muitas outras. Recusando o sistema de castas e concentrando a sua acção no culto da Shakti, palavra védica para energia, significando ao mesmo tempo o nome da esposa do deus Indra e energia feminina que mais tarde veio a simbolizar, o tantrismo passou a utilizar vários "instrumentos" de libertação espiritual, mesmo aqueles proibidos pela ortodoxia religiosa, desde que fossem santificados pelos rituais. A união sexual foi uma das formas utilizadas por alguns sectores tantristas para a união com a Energia Feminina, mas para a maior parte dos seguidores do tantrismo esta união era apenas simbólica e não real. No entanto, no Ocidente a palavra tantra ficou para sempre erradamente conectada como uma forma de sexualidade mística e todas as suas outras vertentes, e que são a sua grande e maior parte, foram esquecidas.
chakras. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2005. [Consult. 2005-01-20].
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/E1.jsp?id=117257.
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