domingo, janeiro 09, 2005

: : : 1-big-O [v5.0]

Ao longo das minhas arrumações dos últimos dias encontrei uma série de coisas que, se me permitem, vou passar a colocar aqui nestas rubrica deste blog.

A primeira que vou enviar para o éter é o produto do devaneio de um grupo de amigos que ocuparam a sala da GOD (Gabinete de Organização do Desfile – de que falarei num posterior post) na Associação Académica da Universidade de Aveiro, aquando da ocupação e fecho da Universidade pelos seus alunos, em luta contra o pagamento de propinas, em Outubro de 1992.

A Redacção do Buracozinho – 31 de Outubro de 1992

Digo devaneio porque este grupo de amigos resolveu editar um pasquim que traduzisse a atmosfera que envolvia toda a Universidade durante aquela semana em que os alunos bloquearam as portas a cadeado, encheram as fechaduras de massa de metal, montaram tendas em frente aos departamentos e passaram as noites em volta da fogueira a contar e cantar histórias. Assim, reproduzindo um pasquim revolucionário existente, na altura, na Universidade de Aveiro e de seu nome "O Buraco", compilaram textos dos grupos de alunos acampados nos diferentes departamentos e editaram "O Buracozinho".

O Buracozinho – Outubro de 1992

Depois de umas directas e de uma passagem pelo comité de revisão, que achou por bem não deixar passar alguns textos menos dignos para a causa, "O Buracozinho" saiu. Foi número único, fotocopiado já de madrugada e distribuído pelas pessoas que resistentemente enfrentavam o frio bloqueado as portas da Universidade. Uns dias depois as portas abriram-se e "O Buracozinho" ficou como memória.

Eu, na foto, sou aquele de t-shirt preta dos Inspiral Carpets (por sinal pintada à mão por mim e digna de figurar aqui um dia destes). (Estou de óculos, sim! É algo que muita gente desconhece em mim, mas pode ser que depois de amanhã passem a me ver de óculos mais vezes, pois vou ao oftalmologista.) Mas dessas noites em claro, passadas numa minúscula sala (a fotografia foi tirada de fora da janela) com mais seis ou sete pessoas, é o texto que fecha "O Buracozinho" e que suscitou várias dores de barriga de tanto rir de cada vez que o Máximo (aquele lá atrás com a mão na testa), que o escreveu, o lia.

Fica aqui para que notem a sua profundidade.

"FAX DE ÚLTIMA HORA:

Gabinete de Estado de Sítio
O Revés da Agonia

Dentro deste período de indecisão que vocês jovens estão a ver, o período de Marx acabou e todas as suas propriedades apesar da sua beleza ideológica.
A crise económica provoca o passe de testemunhos dos implicados para os estudantes.

Coito dos Santos
"

16 comentários:

Carlos Claro disse...

Eu (o 3º do lado esquerdo) penso que ainda tenho, arrumados, os originais a partir dos quais foram feitas as fotocópias!

Anónimo disse...

Fabuloso LOL

Mas quem tem os originais sou eu!!!

Unknown disse...

Desculpem cavalheiros, eu (o gajo bonito que está de camisa branca imaculada :-) ) é que tenho os originais originais (antes da censura quero eu dizer). Temos de marcar um jantar comemorativo deste epopeico evento...
Conheço um sitio fabuloso para o fazer... :-)

Rui Gonçalves disse...

Isso é que era!
Onde? O Paivinha alinha. Mas o Máximo?
Duvido!

O Ratak só está ali para a foto que ele nem fez nada, só entrou naquele momento!

Abraços
Rui

Anónimo disse...

Realmente eu tenho os documentos que foram para impressão após a censura!

Quando e qual o local do jantar? (No Buraco?)

Temos que enviar um ultimado ao Imperador Augustus para garantir a sua presença e a declamação pública de tão belas e sábias palavras...

Rui Gonçalves disse...

Eu acho que só tenho cópias... E várias!

Mas marquemos isso! Já mandaram isto ao Paiva?

E o Paulo Reis, aquele que está ali à esquerda...

Carlos Claro disse...

Não Senhora! Eu é que os tenho!!!... E posso provar...

As sábias palavras finais, são do Imperador Augustus? Não me lembrava...

P.S.: Não sei se vou ao jantar... sou o único que não sou Engenheiro... :)

Anónimo disse...

Ao Paiva e ao Máximo já enviei. Do Paulo Reis nunca mais tive notícias.

Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...
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Carlos Claro disse...

Caros amigos:

Há uns 11 anos e 8 meses, mais ou menos, durante dois ou três dias difíceis da minha vida, deixei aqui uma série de comentários (talvez) desagradáveis. Acabei de os apagar. Não que me envergonhe particularmente do que publiquei, até porque continuo a subscrever muitas das ideias que lá estavam expressas. Tão pouco pretendo apagar a memória que vocês têm delas e assim fugir ao julgamentos que delas poderão ter feito. Mas reconheço que escrevi a despropósito. Não era aqui o lugar, nem o momento, de dizer o que disse. Além disso, provavelmente não fui claro, e vocês podem ter interpretado que era contra vós a raiva que manifestei na altura. E não era. Porque se fosse, seria deslocada...
Peço que me desculpem e como sei que estou entre amigos, estou certo que o farão. 11 anos é muito tempo e provavelmente já nem se lembravam deste episódio, mas senti necessidade de o encerrar e não o poderia fazer sem me dirigir a vocês directamente.
Também não sei quantos de vós irão ler isto. Mas aqui fica. Desta vez para a posteridade. Abraço.