quarta-feira, agosto 26, 2009

iQLês?

Nat Turner
Kyle Baker

Nunca tinha ouvido, ou retido, a história deste escravo americano que em 1831 empreendeu uma rebelião contra os brancos na Virgínia. Se calhar mal se fala disso porque era negro e escravo ou porque matou, ou mandou matar, 55 brancos (homens, mulheres e crianças). Mas o mais importante da história não é a rebelião em si, mas as condições em que os escravos eram caçados em África, transportados para os Estados Unidos e aí usados como gado animal nas explorações agrícolas. O enquadramento dos actos perpetuados pelos escravos, liderados por Nat Turner, é descrito sem muito texto. É tudo muito visual e gráfico, mas desenhado a preto e branco dando mais dramatismo à, já de si dramática, história.
Harry N. Abrams, 2008




Stormbringer
Michael Moorcock, Neil Gaiman, P.Craig Russell

Acho que toda a gente conhece as histórias do Senhor dos Anéis, mas poucos são aqueles que conhecem Elric de Melniboné. O livro, desenhado por P.Craig Russell é a adaptação da história escrita por Michael Moorcock (este livro tem ainda uma pequena história de Neil Gaiman) nos anos 60 e conta a história do imperador Elric, que é albino, e tem uma espada que se alimenta (e o alimenta) de almas – Stormbringer. A espada é ao mesmo tempo a razão de todo o mal que o rodeia, mas aquilo que o mantém vivo, numa luta contra os senhores do caos numa Terra alternativa. Uma história muito rocambolesca, num inglês às vezes arcaico e com um desenho algo pormenorizado, nada próprio para férias.
Dark Horse Comics, 1998




Stray Toasters
Bill Sienkiewicz

Já que estava numa de clássicos e ia estar numa ilha uma semana, levei apenas um livro. Um livro que já tinha tentado ler por três vezes, mas que porque é tão denso em termos de argumento e visualmente agressivo, nunca o tinha conseguido acabar. O Bill Sienkiewicz é provavelmente (a par do Dave Mckean) o meu desenhador preferido, mas os seus desenhos requerem toda a atenção e conseguem transmitir toda a acção, violência e confusão de um argumento de uma história de investigação como a deste livro. A balonagem é de tal forma complicada que na mesma vinheta (de uma página) podemos ler a conversa entre quatro personagens e ainda o que pensa cada um deles, entre tiros e mortos. Ah! A história é passada num futuro em que um miúdo consegue, através de robots feitos com torradeiras, ameaçar todas as mulheres da sua vida e um detective (que supostamente é o pai) tem que investigar o assassínio em série de dez outros rapazes.
Epic Comics, 1988




O Nosso Icebergue Está A Derreter
John Kotter, Holger Rathgeber

Para não dizerem que eu só leio BD, aqui está um livro “normal”! A fábula sobre uma colónia de pinguins que se apercebe que o icebergue onde sempre viveram está a derreter e poderá desfazer-se a qualquer momento. A descrição, de uma forma alegórica, do método descrito por John Kotter em "The Heart of Change" para a gestão da mudança em sistemas de grande escala (ex: empresas, etc). Lê-se em duas tardes e não me parece que consiga representar a dificuldade da aplicação dos 8 passos para a mudança. Não dispensa a leitura e o estudo do "The Heart of Change".
Ideias de Ler, 2008




Lost Girls
Alan Moore, Melinda Gebbie

Que dizer de uma história que junta num hotel austríaco, em pleno início da Primeira Guerra Mundial, as já crescidas (40, 30 e 20 anos), Alice (do País das Maravilhas), Dorothy (do Peter Pan) e Wendy (do Feiticeiro de Oz). As três mulheres conhecem-se e começam a contar entre si histórias eróticas da sua vida passada e a explorar as suas fantasias sexuais. Um compêndio erótico que mostra uma visão muito própria das histórias infantis que todos conhecemos. Alice perde a virgindade com um amigo do pai que se chama Rabbit, Dorothy é levada às nuvens por um vagabundo chamado Peter Pan e Wendy descobre o prazer solitário enquanto um tornado atinge a sua quinta. 320 páginas nada próprias para crianças, escritas pelo mestre da Banda Desenhada – Alan Moore – e desenhado pela sua esposa Melinda Gebbie, de uma forma muito naif (como o próprio guião exige).
Top Shelf Productions, 2009




Premières Fois
Sibylline, Alfred, Capucine, Jérôme D'Aviau, Virginie Augustin, Vince, Rica, Vatine, Cyril Pedrosa, Dominique Bertail, Dave Mckean

Depois de um fim-de-semana a falar francês, achei que estaria apto a ler um livro nessa língua. Peguei naquele que achava ser mais fácil e na continuação da temática do livro anterior. Dez histórias eróticas, todas escritas por Sibylline, sobre primeiras vezes. A sexualidade e as fantasias sexuais do ponto de vista de uma mulher e traduzidas para BD, a preto e branco, por dez excelentes desenhadores (entre eles Dave Mckean). Apesar do que diz na capa as histórias e os desenhos ultrapassam muitas vezes o erotismo, chegando mesmo a serem pornográficos, mas com muita sensualidade (bem como os franceses gostam). Um livro bonito, mas manter fora do alcance das crianças. Tenho que praticar mais o francês!
Delcourt, 2008