Há quase 16 anos, vim estudar para Aveiro. Aveiro era uma cidade conservadora, muito conservadora. No entretanto as coisas evoluíram e a Universidade, que era vista como centro desestabilizador do moral e bons costumes da cidade, tomou o seu verdadeiro papel de motor do seu desenvolvimento.
Mas, no seio desse conservadorismo, havia, como ainda hoje há, um grupo de pessoas da cidade que lutavam por serem alternativas. Como eu chegava de uma cidade maior, onde a "liberdade de expressão" era maior e grupos alternativos, pseudo-intelectuais ou urbano-depressivos eram às dezenas, fiquem com a sensação que esse grupo de pessoas se levava muito a sério. Verdade que eram únicos na cidade de Aveiro e verdade que culturalmente estavam muito mais informados que a maioria dos locais, mas achei que por vezes roçavam o pedantismo e isolavam-se propositadamente para que a sua esfera de conhecimento fosse restrita e não fosse adulterada.
Com o tempo, fui conhecendo alguns desses "alternativos" de Aveiro. E, com o tempo, fui apercebendo-me que afinal eram pessoas bem mais interessantes do que aquele ar de pseudo-intelectuais-urbano-depressivos-alternativos deixava transparecer. Mas, também com o tempo, eles foram percebendo que não era preciso vestir de preto ou falar do Nietzsche para se ter cultura e foram abrindo os seus horizontes. Todos crescemos.
Mas esta conversa toda porquê? Porque sempre ouvi falar a essas pessoas de uma banda punk de Aveiro, que teve uma duração efémera e cujo nome sempre me cativou pelo seu humor latente – Agricultor Debaixo do Tractor. Foram precisos quase 16 anos para ouvir uma música deles. E pelos vistos (eu nem sabia) o Ivar Corceiro do Bagaço Amarelo fez parte da tal banda.
Oiçam e leiam o poema de amor em Love Song.
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