quinta-feira, abril 29, 2004

Tirem-me deste filme...

Esta empresa é fantástica! Lembram-se de há um mês vos falar do Keith que passou a Kate? Pois a Kate voltou esta semana ao trabalho. Já vi uma foto e digo-vos que parece mesmo uma mulher, feia é verdade, mas uma mulher. Acho bem que se assuma a sua verdadeira identidade, porque de falsos está o mundo cheio.

Mas isto para vos falar da última aventura aqui da organização e novamente vinda do outro lado do Canal da Mancha. Se da última vez aprendi o que queria dizer GID (Gender Identity Dysphoria), desta vez aprendi a expressão "Going Postal". Esta expressão resultou de uma série de casos que aconteceram nos serviços postais americanos nos anos 80 e 90, em que um empregado resolvia entrar pelo escritório e mandar uns tiros aos colegas de trabalho.

Não! Não morreu ninguém! Mas uma bela manhã desta semana quando chegaram ao escritório os meus colegas "ao serviço de S. Majestade" encontraram sobre as secretárias papéis com frases como:
- "First law of wisdom: know yourself"
- "First law of warefare: know your enemy"
- "Organised crime equals gangsters"

Pelos vistos um colega, que foi apanhado pela segurança às tantas da manhã no escritório, andou a espalhar os ditos papéis pelas secretárias dos visados. Além disso andou a fazer chamadas e a deixar mensagens nos telefones de alguns.

A meio da manhã uma mensagem de e-mail do director de recursos humanos aconselhava a quem fosse contactado pelo dito colega que não fugisse à conversa, mas que tentasse acabar com ela o mais rapidamente possível e que reportasse por escrito o que foi dito.

Foi o pânico generalizado lá para o Reino Unido!

No fim do dia o rapaz, que já estava de alta, foi dispensado. E tudo voltou à normalidade... Ou não!

quarta-feira, abril 28, 2004

Os anos oitenta

Estava há pouco a ver um programa sobre os já distantes anos 80. A década da decadência como eles lhe chamaram. A década em que mais fui feliz. Não tinha preocupações, estava na infância/adolescência e tudo corria bem.

Quando 1980 começou, eu estava na Escola Preparatória da Maia, no 1º ano do ensino preparatório. Tinha saído da escola primária ao lado da minha casa e fazia todos os dias 30 minutos de autocarro (o 54 dos STCP) para chegar à escola, lá longe no centro do concelho da Maia. Tudo era uma aventura para um rapazito de 10 anos. O ano acabou com a morte de Francisco Sá Carneiro. Lembro-me claramente de não haver aulas porque o nosso primeiro-ministro tinha morrido num acidente de avião.

Ela chamava-se Elsa.

1981 trouxe a minha primeira negativa (a Português) porque a professora achou que eu tinha copiado no teste (o único que ela deu, porque chegou tarde). Para um aluno de 4s e 5s, ter um 2 foi um choque nunca mais remendado, mesmo depois da professora ter pedido desculpa à minha mãe. Adorava Educação Visual e a professora adorava-me. Detestava Educação Física.

Em 1982, tinha passado para a Escola Secundária da Maia, para o 7º ano de escolaridade. Era o puto mais pequeno da sala sem jeito para o futebol e que tinha escolhido trabalhar em barro em Educação Visual (o que levou o meu irmão a chamar-me burro porque a arte nunca me levaria a lado nenhum). (In)Felizmente fui para Electricidade. Passei a estudar Inglês e deixei de ter Religião e Moral. Tive a minha segunda negativa (a Francês). Nesse ano ganhei a minha bicicleta BMX Tip Top num sorteio ligado ao programa do Topo Gigio. Nunca mais deixei de andar de bicicleta.

Continuei na Maia por mais dois anos. A minha turma do 8º era má, mas o do 9º era do pior. Era a turma de Electrotecnia da escola. Não é que fossem alunos problemáticos mas eram maus alunos e eu, a par com o Manuel e a Isabel éramos os melhores alunos da turma. Se calhar não era difícil. Nessa altura senti pela primeira vez um tremor de terra. Foi numa aula de Física-Química.

Já não tenho contacto nenhum com os meus colegas desse tempo.

Nos finais de 1984 fui estudar para a grande cidade. Em busca do sonho de ser Engenheiro de Electrónica, mudei para a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo. Queria seguir o meu irmão. Ele era o modelo da família e eu não me importava de ir atrás. Mas eu escolhi fazê-lo indo para electrónica desde o início (o meu irmão andou em electrotecnia).

Depois de uma confusão com a matrícula e a transferência, entrei para a única escola pública do norte que leccionava electrónica. Para isso contaram as minhas notas a Matemática, Física-Química e Electricidade. Não havia Educação Física para os alunos do 10º, o que também era do meu agrado. Tinha um professor de Filosofia que era cego, mas que não ficou até final do ano. E, a minha turma tinha apenas duas raparigas, a Isabel Cláudia e a Susana. Conheci o Miguel e o Cândido que ainda hoje me tratam por canário graças ao meu "kispo" amarelo.

Esses dois anos que passei no Fontes na rua do Breyner foram provavelmente os melhores anos da minha adolescência. Saí da aldeia de Gueifães, da vila da Maia e fui para a cidade do Porto. As ruas estavam cheias de gente, as aventuras eram outras e os interesses começaram a mudar. Comecei a ouvir música e a ler. Interessei-me por cinema e por espraiar num café na conversa. Ainda me lembro de fazer horas de autocarro para ir a casa do Miguel para ouvir o In the Flat Field dos Bauhaus e ver o Apocalypse Now. Lembro de achar que o Cândido era maluco por ouvir uma banda nova super barulhenta chamada The Jesus and Mary Chain. E, de testar a sua aparelhagem nova com Stockhausen aos berros de maneira que a irmã quase nos matava.

Ao sábado de manhã íamos para a feira da Vandoma, nem que não tivéssemos nada para vender. Só para lá estar embebido naquele ambiente. Comecei a usar o casaco de fato preto do meu pai. Era magríssimo e adorava os The Smiths. Sonhava em ir a Londres. Era "urbano-depressivo".

No 12º ano e apesar de continuar no Fontes Pereira de Melo, tive que mudar, no final de 1986, para as novas instalações no Bessa. Fiz o 12º ano de dia, por opção dos meus pais, e todos os meus colegas foram para a noite, ficando nas instalações da rua do Breyner. De novo tive que fazer novos amigos. Agora era mais difícil, pois a escola apenas tinha 12º, 7º, 8º e 9º tornando a diferença de idade uma barreira. Além disso a competição entre os alunos do 12º era maior e o escasso número de horas de aulas não deixava que nos aproximássemos. Desse tempo apenas me sobra o contacto do Ferreirinha, que quase sempre encontro no aeroporto Francisco Sá Carneiro, pois trabalha lá.

Em 1987 nevou no quintal de casa, numa tarde quarta-feira, enquanto estudava matemática. Comecei a sair nas matinés de domingo. Ia ao Nabucco ou ao Lá-Lá-Lá no Dallas. Gostava de rock-a-billy, do gótico e sobretudo de Joy Division. Deixei de usar o cabelo comprido para passar a usá-lo quase rapado com uma pala à frente. Tinha más companhias, mas divertia-me à brava.

Ela chamava-se Susana e era ruiva.

Entrei na Universidade.

Em 1987 entrei em Física na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, porque por três décimas não entrei em Aveiro, em Engenharia Electrónica. No início fiquei triste, mas quando mudei finalmente para Aveiro, em 1989, chorei.

Carnaval de 1988

No primeiro ano do curso não me misturei bem na vida académica. Eu estava noutra onda, numa de matinés punks de domingo no Dallas. Andava com pessoas sem muitos interesses na vida. Vivia em casa dos meus pais e nem tinha muita autorização para sair à noite. Organizava festas de Passagem-de-Ano e Carnaval na vizinhança. Mas as coisas mudaram para os meados de 1988. Mudei de companhias e passei a frequentar o Luís Armastrondo na Ribeira. À noite! Comecei a beber cerveja a sério e chegava a casa no último autocarro da noite. Ao fim de semana apanhava as minhas bebedeiras.

Claro que fui praxado à entrada da faculdade, mas nem sei porque nunca me cortaram a pala. Fui eleito o caloiro do ano e tinha uma madrinha chamada Ana Paula.

Conheci a Cláudia (nem imaginava que alguma vez nos iriamos casar e quase 10 anos depois).

1989 foi o ano em que me fiz mais homem. Também com 20 anos convinha. Comecei a namorar com a Carla e conheci logo a família toda. Com o final do ano veio o fim da nossa relação. Eu fui para Aveiro e deixei tudo para trás. Tenho pena de ter perdido o contacto com ela, mas mantive o contacto com a maioria dos meus colegas de Física e Engenharia Geográfica. Aliás este fim-de-semana encontrei o Paulo "Mancha Negra" (vestia sempre e sem excepção de negro) e ele é que me falou que faziam 17 anos que tínhamos entrado para a universidade.

Em 1989 caiu o muro de Berlim e o mundo, como sempre o conheci, começou a mudar. Em 10 anos mudei de escola 7 vezes, mudei de amigos e de lugares. Cresci. Tive tristezas, mas só me lembro das alegrias. As décadas que se seguiram trouxeram alegrias maiores, mas nenhuma década foi tão boa como a dos 80.

terça-feira, abril 27, 2004

Vilarinho da Furna

Há lugares que têm uma energia especial. Há lugares em que é possível sentir a paz ou a energia de tempos imemoráveis, de acontecimentos já esquecidos ou das pessoas que os habitaram, mas que persiste presa ao lugar.

Marialva depois do Sol se pôr - Fotografia de Rui Gonçalves

Quando vou ao castelo de Marialva e percorro os caminhos do seu interior, entre casas em ruínas, parece-me sentir as pessoas que em tempos viveram lá dentro e toda a energia deixada pela população que aos poucos foi abandonando aquele lugar à sua sorte. Como diz de José Saramago num trecho do seu livro "Viagem a Portugal" e que foi transcrito para uma pedra do interior do castelo, "... é este conjunto de edificações em ruína, o elo misterioso que as liga à memória presente dos que viveram aqui, que subitamente comove o viajante, lhe aperta a garganta e faz subir lágrimas aos olhos."

A mesma coisa acontece-me quando vou a Vilarinho da Furna no Parque Nacional da Peneda-Gerês, como aconteceu este fim-de-semana passado. Porém ali é mais difícil percorrer os caminhos por entre as casas, pois a aldeia está submersa a maioria do ano. Porém já tive o prazer de o fazer há uns anos quando o nível das águas da barragem o permitiu e a sensação foi muito semelhante. É bom sentir as pessoas sentadas à janela, junto à lareira ou mesmo caminhando pelas estreitas ruas. Mas só se sente porque as pessoas já lá não estão e porque as casas estão despidas. Apenas ficaram as pedras carregadas de memórias e energia positiva.

Casas à tona - Fotografia de Rui Gonçalves

E Vilarinho da Furna tem uma história especial porque naquela zona, entre as serras Amarela e do Gerês, as pessoas viviam separadas da "humanidade" pela ausência de vias de comunicação, viviam em auto-suficiência e em comunidade. A aldeia tinha uma espécie de conselho onde cada família estava representada por um membro. Uma assembleia do povo. À frente desta junta estava um indivíduo que tinha o cargo de juiz ou zelador por seis meses e fazia cumprir regulamentos escritos e orais de que as pessoas tinham memória. E debatiam-se os assuntos relativos ao lugar, problemas como manter as infra-estruturas, caminhos, pontes, levadas, vedar as parcelas de pastagens nos montes e nos currais. No fundo era manter aquilo que era de todos e fazer o calendário agrícola e pastoril para que tudo corresse bem e não faltasse o essencial à comunidade. As pessoas estavam habituadas a participar na colectividade, naquilo que era de todos. (adaptei isto de um site sobre Vilarinho da Furna)

"Havia democracia naquele tempo" como também disse um velho que por lá apareceu, enquanto nós nos banhávamos nas águas geladas do Homem e nos banhávamos do sol que esteve sempre presente no fim-de-semana.

Foi bonito! Foi bonito termos lá passado a parte final do Fim de Semana de Yoga no Gerês, assim como foi bonito estar no castelo de Marialva na despedida do Fim de Semana de Yoga em Foz Côa, há um ano.

quarta-feira, abril 21, 2004

Passatempo I

Se alguém adivinhar onde é que eu e a Cláudia vamos estar na noite da ante-véspera das eleições europeias deste ano, ganha um copo de vinho e um pastel (ou bolinho) de bacalhau na tasca da Ti Alice. Adicionalmente, e só para o primeiro a responder, oferece-se um par de meias de ciclismo (lavadas). Tudo oferecido pelos nossos patrocinadores - A drogaria Almeida de Alcácer do Sal e a retrosaria Figueiredo na Rua de S. José em Santa Comba Dão.

Aqui fica uma pista:
11 de Junho

Só mais quatro pistas: Lenny Kravitz e Pixies e Massive Attack e Fatboy Slim.

Ah! As respostas têm que chegar via postal dos correios até ao dia 21 de Abril de 2004, impreterivelmente.

: : : 1-big-O [v2.0] : : :

Hoje trouxe, para casa, o caderno de apontamentos das minhas reuniões. Estes são alguns dos (muitos) esboços que tenho por lá!

Nó TibetanoVersão reduzida do Nó Tibetano

Fusão da Cruz de St. Hans com a Cruz de CristoCruz de St. Hans

Variação sobre a Cruz de Cristo

Acham que as reuniões são entediantes? Nãaaaaa....

terça-feira, abril 20, 2004

(Ex)Citação I

"You never change things by fighting the existing reality. To change something, build a new model that makes the existing model obsolete."
Buckminster Fuller

Half frame

Há umas semanas atrás comprei no eBay uma câmara fotográfica quase tão velha como eu. Comprei uma Olympus Pen EE-3. Eu não sei exactamente de que data é o exemplar que tenho, mas o modelo foi lançado em Maio de 1973. Na altura do lançamento custava 15.800 yens (ao câmbio actual €122,5), a mim custou-me (com os portes) pouco mais de €29,5. Uma desvalorização de 4,5% ao ano...

Olympus Pen EE-3

Mas não comprei porque faço colecção de câmaras antigas ou porque tenho um qualquer fetiche com coisas antigas. Não! Comprei porque já há uns tempos queria ter uma câmara simples sem qualquer tipo de automatismos das normais SLRs. Já tinha pedido ao meio pai a PAX dele, que aliás era muito mais antiga que esta, mas que por estar há tantos anos sem funcionar, não colaborou e nem arranjo tem.

A juntar a este desejo de voltar atrás no tempo, esta Olympus Pen EE-3 tem a faculdade de fazer de um rolo de 24 fotos, 48. Ou seja, a câmara é o que se chama de half frame e tira, em cada fotograma de um normal rolo de 35mm, duas fotos. Mas em vez de tirar fotos em formato panorâmico (landascape), tira em formato retrato (portrait), ou seja, para tirar fotografias no formato normal tem que se rodar a câmara 90 graus, o que nas câmaras normais acontecia quando se queria tirar fotos no formato que esta tira. Confuso?!

Se quiserem ver as especificações vejam em Olympus PEN EE-3.

Outra das razões é porque comprei há uns tempos rolo a preto e branco a metro (Ilford HP5 Plus) e a minha Canon EOS 300 não gosta muito dos copos onde eu o enrolo. E nada como voltar atrás no tempo e tirar a preto e branco numa câmara própria da época (ou quase).

Parece estranho este voltar atrás (haviam de ver a cara das funcionárias do laboratório de revelação quando lá apareci com a máquina) numa altura que toda a gente pensa em ter uma máquina digital. A verdade é que eu já tenho uma máquina digital há quase três anos e ando farto de tirar fotos a granel e tê-las guardadas no computador sem lhes dar uso algum (não é que em papel faça grande uso delas). E além disso até já tenho câmara fotográfica no telemóvel (a montagem das férias foi feita com fotos do meu telemóvel). Mas eu quero voltar ao básico, ao simples, aos primórdios da fotografia, porque aí é que se aprendem os princípios.

Mas isto tudo para dizer que hoje recebi o primeiro rolo tirado com esta câmara, revelado. A revelação é tão má que me faz pensar que deitei dinheiro à rua quando comprei a câmara. E que mais vale arrumar as botas, porque nunca me sentirei satisfeito com fotos como estas, pelo que o melhor é nem tirar nenhumas.

Ou nunca mais revelo fotografias naquele laboratório!

Na verdade estou à espera de comprar um digitalizador que me permita digitalizar o negativo e depois tratar as fotos em casa a meu gosto. Agora é que estraguei tudo, né! Então ando a tirar fotografias numa câmara de 1973 para depois a tratar em computador? Pois! É que o básico da fotografia posso aprender com a câmara, mas o básico da revelação se calhar já não o quero aprender com ampliadores e químicos.

Um dia destes mostro-vos umas fotos.

20042004

Já repararam que hoje é o dia 20.04.2004? Eu também não tinha reparado se não fosse o Ricardo a dizê-lo.

E em que é que isso muda a maneira como o dia vai decorrer? Em nada. É mais um dia como os outros!

Sabiam que amanhã é 21.04.2004? Pois vai ser um dia como o de hoje! A diferença é que é quarta-feira. Ah! E o pormenor de ser o dia 20042004 não se aplica... Amanhã!

Bom resto de dia!

segunda-feira, abril 19, 2004

Zapatero

Para um sapateiro que diziam que não sabia tocar rabecão, até que se anda a sair da casca. Pena que alguns durões como as portas não sigam o seu exemplo e estejam a teimar quando não têm a razão toda.

Por falar nisso, vou estar fora no fim-de-semana das eleições europeias e tenho que saber como votar.

Escravo?!!

Há uns tempos que não ando bem! Não é nada físico, mas ando com graves perdas de concentração e memória. Não sei se é velhice, mas presumo que ainda é cedo para estas coisas. Acho que tem mais a ver com faltas de horas de sono e demasiada perda de tempo com problemas que com os quais não me deveria de preocupar tanto.

De há uns tempos para cá que tenho mais responsabilidades no emprego e acho que ando a confundir isso com a minha vida particular. Quando era apenas um engenheiro saia do emprego e deixava lá os meus problemas. Aquele if que não estava a funcionar ou aquele interface que não estava especificado ficavam na sala de trabalho. Agora em que passei a lidar com pessoas em vez de máquinas, muitas vezes é difícil esquecer atritos ou desentendimentos que ocorrem num normal dia de trabalho. As minhas decisões ou opiniões podem ter influência na maneira como outras pessoas me vêm e querendo ou não isso mexe comigo. De alguma maneira tenho que aprender a lidar com isso e acima de tudo não posso deixar que isso influencie a maneira como procedo na minha vida pessoal. Os meus entes queridos e amigos não têm que pagar com isso.

Além disso quando temos demasiadas coisas na cabeça é difícil dormir profundamente (Oh! Carneiro como se dorme bem depois de andar de bicicleta) e quando passamos o dia tensos é muito difícil estarmos atentos. Por isso é que ultimamente só penso em férias e fugir das minhas responsabilidades. Fugir da minha vida!

Mas não é fácil fugir! Como dizia alguém no outro dia na televisão há os empregos "paybill" e os empregos "career building". O meu emprego actual está na fase de passar de "career building" para "paybill", pois já não é um emprego que me deixe demasiado fascinado, me surpreenda enormemente ou que me projecte numa carreira empolgante, mas sim um emprego que me paga as contas. E nesta fase que os empregos não abundam, principalmente os "career building", há que encontrar neste motivos de interesse para pelo menos não entrarmos em stress. E tentar ao máximo aproveitar todas as oportunidades de "career building", porque ainda as há. O que não posso deixar é que os problemas passem da porta para fora.

Isto faz-me lembrar um amigo meu americano que se despediu a semana passada. O Darren disse-me há uns tempos que queria aprender português porque me queria visitar. Esta semana perguntei-lhe quando estava a pensar fazê-lo. Respondeu que se tinha despedido porque estava farto do emprego e de estar fechado num escritório (ele trabalhava na Lucas Arts). A conversa acabou com ele a chamar-me escravo...

Epá!...

Que saudades que tenho de ficar com uma ponteira torta na minha Vaynessa!... E comer picanha e dormir ferrado de cansaço!... E de mandar vir com o Anésio e com o Armando!...
Já pensei em andar de bicicleta por estas 7 colinas de Lx, mas em vez de circunspectas e volumosas bostas de vaca só me aparecem carros pela frente. E em vez de pedras e terra tenho alcatrão e os traiçoeiros carris dos eléctricos. E em vez de vento nas orelhas e no cabelo tenho buzinas e óleo queimado...
Socorro!...

sexta-feira, abril 16, 2004

Segredos

Há pequenas coisas que não se dizem porque magoam e não queremos magoar o amado, não é?!
Dei comigo a pensar nisto em Foz-Côa. Estava-me a irritar solenemente que o Rui não se calasse um segundo. Aquele rapaz, quando gosta muito de algo ou alguém, fica excitado como as crianças com um desenho que querem que todos vejam e admirem. E fala e fala, ....e ri...o que é muito giro, não se tornasse ele vítima de si próprio. Porque chega a ser chato. Porque não dá descanso.
E eu, que o adoro acima de tudo e sei que ele é mil vezes melhor (e mais inteligente, imaginativo, bem humorado, amante, etc....) do que vocês sonham, fico triste. Porque eu também demorei um tempão para ver o que está por trás daquela capa de puto reguila. E lá tentei dizer-lhe. Com jeitinho. Mas não fui capaz.

PazCôa II

Deixei-vos na parte em que os nossos amigos ingleses partiram e ia começar a falar da parte em que entraram os nossos amigos portugueses, na "pensão" da Travessa D. Berta Montalvão, 9 em Vila Nova de Foz Côa, no Sábado [10 de Abril de 2004] de Aleluia.

As fotos da PazCôa

No entretanto, eu e a Cláudia fomos fazer um piquenique para os lados da Quinta do Vale Meão, mas estava um calor imenso e naquele canto abrigado do vento era impossível não desesperar. Mas a pior parte da contenda foi termos nos esquecido de fósforos e não podermos acender o fogão para fazer um cafézito. Ainda tentámos insistentemente um processo com provas dadas no passado, que basicamente consiste em usar o isqueiro do carro para atear fogo a umas ervas secas. Porém, nesta altura as ervas tão muito pouco secas e nem com papel conseguimos. Fomos tomar café ao Pocinho.

Fazendo um "fast forward" e passando por cima do chouriço assado nas brasas da lareira e da garrafa de vinho dessa noite, voamos directamente, no tempo, para a tarde de Domingo [11 de Abril de 2004] de Páscoa, e no espaço, para a praia da estação de Almendra. O programa foi em todo semelhante ao levado a cabo com os ingleses, só que desta vez não havia o garrafão dos vizinhos. Felizmente, porque se levámos mais vinho desta vez, também bebemos mais. E se houvesse mais beberia-se mais, como provou o Armando quando chegámos ao centro de Castelo Melhor e pediu um bagaço.

Era a preparação da festa do Arcanjo Gabriel em Castelo Melhor e nós continuámos a nossa. Foi um rico dia de Páscoa recheado de momentos hilariantes (para alguns). Houve quem não tenha gostado muito! Mas são outras histórias que não compreendo, nem vos quero maçar com elas.

Na segunda-feira [11 de Abril de 2004] fomos (Eu, o Anésio e o Armando) andar de bicicleta. Fizemos uns 35 km! Começou com uma descida pavorosa, seguida de uma subida esforçada, uma paisagem magnífica, uma estrada horrorosa e um peixe do rio magnífico. A volta foi mais difícil, pois começou com a estrada horrorosa, seguiu-se uma subida pavorosa e um tombo doloroso. Ando aqui com um braço e um joelho esfolado e ainda nem arranjei a minha Vaynessa que ficou com a ponteira torta. Mas no fim foi magnífico comer uma picanha e dormir como já há muito não durmo.

Para quem quiser andar de bicicleta em Foz Côa que compre as cartas militares (130 e 141 – 1/25000) da zona. Partindo de Foz Côa e seguindo o caminho que parte do Senhor dos Aflitos (o nome não é em vão) até ao vale (CUIDADO!) seguem o riacho até ao Caminho Vicinal do Vale das Olgas e daí sobem até ao cemitério de Santo Amaro. Descem a estrada e na primeira curva apanham um caminho de terra batida à esquerda (no mapa está assinalado como de pé-posto) que segue a cumeada até à Quinta do Cercão (onde eu furei duas vezes). Descem à Senhora da Veiga e fazem o caminho que circunda o Vale Meão (nós não fizemos esta parte, porque fomos comer os peixinhos à Foz do Sabor, pelo "IP2"). Vão até ao Pocinho, daí à barragem, pela margem esquerda até à Quinta Daniel e seguindo pelas vinhas, sobem e sobem e sobem até à Chã, ao planalto onde está Foz Côa.

Para acabar, que não me está a apetecer estar aqui a escrever tudo o que se passou, porque afinal de contas vocês não têm nada a ver com isso, (ou, por outras palavras, hoje não estou com grande vontade para escrever.) ficam umas referências em termos gastronómicos:
- Petiscaria Preguiça – perto da estação de Freixo de Numão. Uma vista espectacular e uma simpatia inigualável. Provem os peixinhos do rio e o entrecosto na brasa. O vinho da casa é bom e as laranjas magníficas.
- Beira Rio - na Foz do Sabor. Especialidade peixinhos do rio. O vinho é daquele género groselha mas que torna tudo um pouco dependente demais da gravidade. Comam nas mesas fora se puderem. Lá dentro é sofrível.

Para passear ou estar:
- Praia fluvial de Almendra - está-se bem, mas não esperem nada muito arranjado. É apenas um sítio aprazível perto da água, óptimo para uns piqueniques e nem por isso sossegado.
- Praia fluvial da Foz do Sabor - Já foi um sítio sossegado, mas depois dos peixinhos no Beira Rio está-se lá bem.
- Ruínas romanas do Prazo - perto de Freixo de Numão uma pequeno complexo de ruínas que vão desde a pré-história até cerca do século XII.

São as melhores sugestões das que cobrimos nestas férias, mas há muito mais. Um dia destes eu começo a fazer um site sobre Vila Nova de Foz Côa. Aliás, sobre os arredores... Pode ser que já vá tarde demais! Ou se calhar serve de apoio ao meu sonho! Quem sabe?

quinta-feira, abril 15, 2004

Por falar em queijo...

E se falássemos de vinho! Como devem imaginar bebeu-se algum vinho estas férias da Páscoa. Nem muito nem pouco, mas o suficiente para nos fazer feliz.

O Anésio levou vinho para dar e vender. Mas só do Alentejo - Vinha D'Ervideira, Chaminé e Loios. Uma heresia, na minha (modesta) opinião, pois se estávamos na Região Demarcada do Douro, porque tínhamos que beber vinho alentejano? Eu sei que o vinho do Alentejo é de mais fácil consumo (há quem lhe chame vinho para mulheres), mas para o preço acho que a qualidade, hoje em dia, deixa muito a desejar.

A única boa excepção foi o Carvalho, Ribeiro & Ferreira de 1961. Mas nem me perguntem qual era a região, porque já mal se lia o rótulo e teve de ser decantado. Suponho que era do Dão. Mas nunca tinha bebido um vinho mais velho que eu (acho, pois já bebi alguns Portos sem rótulo) e sabia de tal maneira a madeira que era difícil de dizer de que casta era. E nem imagino o preço da garrafa!!!

Eu e a Cláudia, como os mais próximos dos nativos locais, comprámos apenas vinhos do Douro e na sua maioria do concelho de Foz Côa. E na sua maioria vinhos desconhecidos. Castelo Velho da Adega Cooperativa de Freixo de Numão, Ouro Côa Tinta Barroca da Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa e CARM Clássico 2000 da Casa Agrícola Ribeiro Madeira de Almendra. O único "estrangeiro" foi um Esteva.

CARM Clássico

O Castelo Velho é um bom vinho, para o preço (€7,50 no Intermarché). É um "reserva" encorpado e frutado, envelhecido em cascos de carvalho, de 13 graus, de Tinta Roriz e Touriga Franca. Mas, sem dúvida, da nossa escolha, o melhor foi o CARM Clássico 2000, que pelo mesmo preço apresenta uma qualidade muito superior (vejam a descrição no link). Agora tenho lá em casa uma garrafa de 2001 (supostamente um melhor ano) para experimentar. Mas acho que vou esperar para a beber. (Estejam atentos ao nome CARM, um grande produtor de Azeite e de Vinho).

O pior (sem contar o Esteva) foi sem dúvida o Ouro Côa - Tinta Barroca, que por sinal até foi o mais caro, sinal da procura que o vinho da Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa tem, desde a promoção às gravuras e ao mediatismo do seu vinho submerso nas águas do rio (Vale Sagrado 1997).

Ah! Esqueci-me de falar no vinho do garrafão bebido na praia de Almendra. Era vinho novo e parecia groselha. Uma verdadeira pomada!!! E o preço? À borla...

(No entretanto se quiserem vejam uns vinhos e restaurantes em Os 5 às 8. Uma boa referência!)

quarta-feira, abril 14, 2004

O nó tibetano e de ming

Nó tibetano Variação Ming do nó tibetano


Aqui ficam o nó tibetano que desenhei no meu Moleskine e o colar que comprei aquando da minha última visita ao Japão.

Já muita gente me perguntou se a tatuagem que fiz é igual ao colar que trago ao pescoço. Bem! São diferentes embora representem quase a mesma coisa. Quanto à origem é pouco provável que sejam idênticos, uma vez que o símbolo da tatuagem é nórdico e o do colar é chinês. Ambos com algumas centenas (se não milhares) anos de existência, pelo que à idade que remontam seja pouco provável que tenham havido contactos entre os dois povos. (Embora há quem diga que os Hunos que invadiram a Europa também andaram pela China.)

Mas, se o da tatuagem (Cruz de St. Hans) simboliza que cada acção tem sempre uma reacção ou seja que tudo o que fazemos produz sempre algum efeito, por mais pequena que seja a nossa acção (boa ou má), o nó de Ming (baseado no tibetano) simboliza o processo de reencarnação que está vinculado ao conceito de karma segundo o qual cada um paga, na próxima reencarnação, pelo bem ou mal feito no presente.

Como vêem os conceitos não são tão díspares, mas a Cruz de St. Hans tem quatro voltas e o nó de Ming tem seis.

Queijo, requeijão e morcela

Esqueci-me de falar no fantástico queijo da serra que comprámos e pelo qual os ingleses também se babaram. Dos deliciosos requeijões que em nada ficam atrás do queijo da serra, embora a maioria ache que seja o contrário – o queijo é que não fica nada atrás do magnífico requeijão.

Pois bem se forem a Celorico (da Beira) Gare virem à esquerda, mesmo antes da passagem de nível, em direcção a Baraçal. Cerca de um ou dois quilómetros depois, numa curva à direita (a segunda), aparece um caminho de terra à esquerda com uma caixa de correio (às vezes tem a placa a dizer Quinta da Moita), virem. Passem debaixo da linha férrea e na casa da direita perguntem pelo queijo e requeijão. Acho que o senhor se chama José Aires S. Salvador (271 743 443), mas não tenho a certeza.

José Aires S. Salvador

A morcela encontram-na no talho mesmo no centro de Celorico da Beira perto do cruzamento para Prados. Aconselha-se a morcela feita com tripa de vaca. E o chouriço também...

Depois digam-me se são ou não bons.

PazCôa I

Já falei na Páscoa em Foz Côa noutras crónicas. Aliás há um ano atrás falei-vos da visita do Ben e do Tim e dos cruzamentos no jardim do Destino (ver Crónica 5 depois da Califórnia). Mas já lá não tinha umas férias, como estas últimas, da Páscoa, há bastante tempo.

O início foi complicado, mas o final foi difícil. Eu e a Cláudia, convidámos uma série de amigos para lá irem passar uns dias e no final tivemos que andar a gerir a ocupação dos quartos e o uso das toalhas e lençóis de cada um, porque entraram uns quando saíram os outros. Parecia uma pensão. Uma pensão só para amigos.

Os primeiros a entrar foram o Ken, Sue e Mary, a filha da Sue. Eu já vos falei do Ken e da Sue (ver o post de Segunda-feira, 29 de Março de 2004) aqui no blog, mas desta vez traziam mais a Mary, uma inglesa simpática e bem disposta.

Em dois dias já me tinha esquecido de todas as chatices de trabalho e da vida.

Eles chegaram na quinta-feira [8 de Abril de 2004]. Mal pousaram as coisas em casa entrámos para o jipe – ainda não dei nenhum nome ao meu carro! Tenho que pensar nisso – e zarpámos em direcção à estação de caminho de ferro de Freixo de Numão, em direcção à Petiscaria Preguiça. Para quem não conhece é a nossa última descoberta em termos gastronómicos da região. Imaginem uma pequena sala envidraçada sobre a Ribeira de Murça, mesmo na sua foz com o Douro e com vista sobre a ponte de caminho de ferro, rodeados de vinha e árvores de fruto. Mas, o melhor são os peixinhos do rio e o entrecosto grelhado na lenha, servido com um vinho da região e feito pelas pessoas mais amáveis que possam imaginar. Tudo terminado com uma laranja sumarenta e doce e um café na esplanada ao ar livre, enquanto os mosquitos deixam.

Terminámos tarde. Mesmo a tempo de não jantar. Mas ainda a tempo de dar um passeio a pé até à berma de água.

À noite arrastámos os ingleses anglicanos (um pleonasmo?) até à procissão católica e a ouvir o cântico da Verónica. É sempre um belo espectáculo de Páscoa... A procissão de sexta-feira é que já não gosto. Assim como não gosto (mas respeito) que as pessoas levem tão a peito a procissão e fiquem ofendidas porque nós nos afastamos, como duas velhas que foram mal educadas – devem ter visto o filme do Mel Gibson.

Mas antes de chegarmos à procissão da noite de sexta-feira [9 de Abril de 2004], que apenas ouvi já no aconchego da minha caminha, tal era o cansaço, convém falar do dia passado num piquenique na praia da estação de Almendra, na margem do Douro. Um paraíso que partilhámos com três rapazes de Foz Côa e uma meia dúzia de espanhóis que ali apareceram nas suas lanchas. De nuestros hermanos nem falo, porque mal os vimos, embora tenham mostrado que não somos só nós que somos inconscientes, pois traziam uns miúdos na proa sem qualquer tipo de protecção e nem sequer um colete salva-vidas. Mas dos rapazes de Foz Côa, há que dizer bem, pois quando o nosso vinho estava a acabar, vieram ter connosco e partilharam do seu garrafão um vinho “feito de uvas” como nos disseram.

Estava um calor maravilhoso! Digno de um dia de primavera. Nas primeiras horas soprava um vento gelado, mas pouco depois estava de tronco nu e queimado pelo sol.

Fizemos uma fogueira com ramos secos, assamos uma morcela e umas belas costeletas (uma heresia, eu sei, na Sexta-feira Santa). E o dia acabou com um magnífico arroz de polvo (feito pela Cláudia) já em casa. É curioso como o polvo é um desconhecido pelos povos mais a norte e até mal visto, pois é têm sempre a sensação que não é saboroso e rijo. Desmistificámos mais uma vez esta crença. Ainda não conheci nenhum estrangeiro que cá tenha estado e que não vá daqui a babar-se por um bom polvo.

Eles partiram no sábado [10 de Abril de 2004] bem cedo. Bem antes de nós acordarmos...

Desculpem!!!

Eu sei que não disse nada, mas estive de férias até hoje.

E que ricas férias! Mais logo eu conto-vos...

terça-feira, abril 06, 2004

Uma imagem de Shibuya

Lembram-se de eu falar das passadeiras em Shibuya, Tóquio?

Foto da Virtual Tourist

Lindo!!

Este domingo...

... acordei a pensar nos meus amigos de infância e juventude. Aquela gente toda que cresceu comigo, mas que já não veja há anos.

Bem, alguns ainda vejo quando vou visitar os meus pais, como fiz nesse dia. Vi a Sandra, que detestava ser chamada de Matilde (o seu segundo nome) mas que todos conhecíamos como “a filha do socialista” ou só por “a socialista”. Foi uma paixão minha por volta dos meus 17/18 anos... Nunca concretizada!

Também vi o Zé, “o trrrengo”, que carregava nos erres e cuja mãe constava que tinha passado uns tempos no manicómio e era alcunhada de “a maluca”. Ele por herança era “o trengo”. Está com SIDA consequência de uma troca de seringa fatídica. Aparentemente está melhor, mas está longe de ser “o trrrengo” com quem trocava discos de vinil.

Há umas semanas vi a Susana e a Zaira. A Susana, por oposição à Sandra, era “a comunista", porque o pai era do PCP. Obviamente o pai da Sandra era do PS, e durante algum tempo foi o Presidente da Junta. A Zaira era uma rapariga que só mais tarde se juntou ao grupo de amigas da vizinhança. Quando a mãe morreu, ela passou a ter mais liberdade e tornou-se amiga da Sandra, Susana e Xana, o trio de malucas lá da rua.

Nunca mais vi a Xana! Nem a Salomé, uma vizinha, amiga da Zaira que se casou com o primo da Xana.

Nem nunca mais vi o Vitó, o Rui Jorge, o Quim “macaco”, o Berto “leites”, o Nelo “nódoa” e o Luís “gordo”. Às vezes, quando lá vou, ainda vejo o Tó, que se casou e saiu dali e o Marcelo, que saiu agora da prisão por falsificar notas e cujo pai finalmente, depois de morto, reconheceu a paternidade e deixou-lhe uma pipa de massa.

Ainda haviam mais, mas estes eram aqueles com quem fazia sociedade nas festas de Passagem de Ano e Carnaval. Mas, nos últimos tempos em que vivi lá na Mouta, saia com o Paulo e o Jorge, que eram primos do Luís “gordo”. E com o Nelo Moutinho (que por acaso vi ao longe este fim-de-semana). Mas estes eram um pouco mais velhos do que eu.

Mais velhos também era o Telmo, que tinha um olho de vidro e o Leitz que já morreu (de overdose). Aliás a droga foi o que acabou com tudo lá na rua. Aquelas noites de verão sentados no muro e a conversar acabaram porque já ninguém se juntava, uns porque tinham ido comprar droga e outros porque não queriam ser confundidos com os primeiros.

Dos mais novos, tipo o Bruno (que me ficou a dever algum dinheiro), o Alexandre ou o Márito, apenas sei que este último tinha emigrado para Inglaterra. Ainda tentei contactar com ele, mas nunca consegui. O Paulinho morreu com um problema no pâncreas. A irmã Luísa acho que se casou pela terceira vez.

Depois haviam os primos e primas dos vizinhos que lá iam passar uns dias no verão e acabavam inevitavelmente por surgir amores com os “nativos”. Como a Susana, a prima do Rui Jorge, com quem namorei alguns três anos. Nunca mais a vi. Ou os primos do Vitó, a Sandra (outro meu namoro de verão) e o Bruno, que namorou anos com a Elizabete, irmã da Lisete, outras vizinhas.

Aliás a Elizabete era uma amiga muito especial. Era uma amiga com quem eu tinha uma forte relação de amizade, na juventude, e que raramente nos encontrávamos sem que não acabássemos aos beijos. Quando não estávamos juntos não se passava nada. A última vez que a vi foi no meu último ano da universidade, em que ela veio a Aveiro porque namorava com um Aveirense e ficou a dormir em minha casa.

O Quim “do bairro” desapareceu há dois meses e ninguém sabe dele - são novidades destas que recebo quando chego a casa dos meus pais. Bem! O Quim “do bairro” nunca foi muito bem acabado e depois da última vez que saiu de Custóias já não batia muito bem. A última vez que o vi andava a apanhar beatas de cigarro na paragem do 54. Andou comigo na primária.

De todos estes apenas eu me licenciei. Não sei se o Luís “gordo” e o Nelo “nódoa” alguma vez se licenciaram, mas eram bacharéis de engenharia.

Uma vizinhança fantástica que me deram uma infância/juventude cheia de histórias para contar aos meus netos, mas que raramente me lembro por já não ver as personagens tão frequentemente.

Bebermos um copo!

Nuno, és sempre bem vindo... Sabes que em Aveiro há sempre diversão!

Decidido!

Carneiro, se está decidido, então que esperas? O que custa é decidir, fazer só dói...

A consciência de cada um

Quando leram o post de sábado, sobre a minha nova tatuagem, podem ter ficado a pensar que foi uma inconsciência minha fazê-la, principalmente quando disse que foi sem razão aparente. Porém, acho que o acto de fazer uma tatuagem é um dos actos mais conscientes que se deve tomar, porque embora seja reversível, não o é sem um preço a pagar, em termos monetários, sociais e até físicos. Marcar o nosso corpo tem de ser um acto bem ponderado e bem consciente.

Como eu disse, demorei 1288 dias para fazer a segunda tatuagem e que já há 2 anos e meio que tinha o desenho na minha cabeça. O sítio no meu corpo, onde a iria fazer, veio mais tarde, mas a decisão há muito que estava a ser tomada. Em tempos li que se ao fim de dois anos ainda pensarmos fazer aquela tatuagem naquele sítio, então é altura de a fazer. Isto sobre tatuagens em adolescentes, porque estes por vezes fazem coisas por influência de outros, ou por moda, sem terem consciência do que estão a fazer e que mais tarde se arrependem.

Eu demorei este tempo todo, não que tivesse dúvidas se queria ou não fazer uma tatuagem, mas porque não sabia se era aquela mesma que queria fazer. A primeira foi muito marcante e simbolizava a minha passagem pela Califórnia, um belo momento da minha vida, e esperava que a próxima tivesse o mesmo peso. Mas finalmente decidi que seria quase impossível fazer uma tatuagem com o mesmo sentimento da primeira. A primeira é sempre a primeira...

Se é importante ter consciência de que se quer fazer uma tatuagem, o mesmo se aplica ao desenho que se quer fazer. Aqui em Portugal ainda não há muita gente com tatuagens, mas na Califórnia quem não tem tatuagens é um anormal (aqui quem as tem é que é anormal) e fazer uma marca eterna no nosso corpo que se repete em cada ser tatuado com que nos cruzamos é como ouvir eternamente um CD com a mesma faixa repetida consecutivamente. Como devem imaginar é uma seca e soa a falta de originalidade.

Isto faz-me lembrar um amigo que, sabendo que eu tinha uma tatuagem há algum tempo, mostrou-me a sua, feita por coincidência no mesmo sítio do corpo que a minha, e que era um carácter chinês, cujo significado já não me lembro. Eu nestas coisas sou bastante honesto e disse-lhe que era muito bonita, mas que eu jamais a faria pois sabia que a tinha feito por uma questão de moda e que mais tarde me iria arrepender de a ter feito. Aliás com a quantidade de gente que faz tatuagens hoje em dia, mais tarde ou mais cedo iria ver alguns mais com aquela tatuagem e eu não gosto disso.

E o sítio? Sim! Também é muito importante. Li uma vez, também, uma frase de um rapper americano que repetindo uma frase do pai dizia “Faz as tatuagens, mas fá-las sempre onde um juiz não a veja”. É triste mas a verdade é que muita gente pensa que quem tem tatuagens é um irresponsável, mas por todas as razões que aqui apontei acho que podem estar errados. Eu não recrimino ninguém por não ter tatuagens. Não façam juízos errados...

sábado, abril 03, 2004

1288 dias

Sem razão aparente, mas porque já o tinha decidido há muito, ontem, 2 de Abril de 2004, fiz a minha segunda tatuagem.



Sim, doeu! Doeu mais que a primeira. A primeira tatuagem foi feita na parte exterior da perna (direita), numa zona menos sensível, que a actual que foi feita na parte interior do braço (esquerdo). Mas doeu mais depois de feita que propriamente a fazer. Aliás a dor é comparável a uma ferida feita quando se raspa a pele numa superfície abrasiva e faz ferida. Tipo uma queimadura leve. (Isto era só para responder à primeira pergunta que vos veio à cabeça.)

(Para responder à segunda) Este é uma variação minha sobre um símbolo nórdico conhecido hoje em dia como Cruz de St. Hans (ou de S. João), que é usado na Finlândia (e na Suécia) para indicar sítios de interesse turístico e/ou paisagístico. Desde que visitei a Finlândia em 2001 que o tinha na cabeça. Agora tenho-o marcado no corpo.

É um símbolo encontrado em muitas gravuras e pinturas rupestres na Escandinávia e Finlândia. Mas, mais tarde foi usado no Kabbalah e como símbolo no Zodíaco. Mas, há quem defenda que é uma variação de um símbolo germânico, chamado de Nó Escudo (Shieldknot) que simboliza o facto de que tudo na vida está ligado pelo destino e que cada acção tem sempre uma reacção. (ver Shieldknot e Cross of St. Hans.)

Mas o que interessa é o que me diz a mim. E eu, como já em tempos escrevi (há quase um ano), acredito que todas as nossas acções na vida tem sempre uma reacção (é a física), embora haja um factor fixo que há quem chame de destino ou sorte, mas que não nos controla a vida, embora por vezes condicione. Porém são sempre, ou na maioria das vezes, as nossas acções que condicionam a nossa vida. Por isso acho que esta simbologia diz com a minha maneira de viver.

Por outro lado a visita à Finlândia marcou-me muito. Ainda hoje recordo aquelas férias como umas das mais calmas da minha vida. E marcou um período de viragem na minha vida, depois da chegada da Califórnia. Foi a altura em que comecei a deixar de ter pena de ter voltado e comecei a recordar o facto de lá ter estado como um período feliz, de muitos que ainda iria ter na vida. Assim como a viagem à Finlândia foi um período feliz da minha vida.

Por fim, na minha última visita ao Japão, nas infidáveis horas de trabalho e enquanto me distraía com uma procura na internet sobre viagens ou yoga encontrei um símbolo () tibetano que representa o karma ou ciclo infinito de reencarnação. Supostamente este símbolo foi desenhado pelo Buda quando este atingiu o estado máximo de percepção ou a iluminação pelo que é suposto trazer sorte a quem o usa. Eu também o desenhei no meu Moleskine (um bloco de notas famoso) porque gostei da sua simbologia. No dia seguinte, estava de folga, e num passeio em Shibuya, encontrei um colar com um símbolo semelhante e comprei-o. Achei que era um sinal ou uma bela coincidência. Desde esse dia que uso esse colar comprado em Shibuya com a variação chinesa (Ming) do nó tibetano e que é muito semelhante ao símbolo que agora tatuei, quer em forma, quer em simbologia.

Por estas razões todas, 1288 dias depois, fiz a minha segunda tatuagem.

sexta-feira, abril 02, 2004

Esclarecimento II

Tudo o que foi postado ontem aqui no blog das Crónicas da (e depois da) Califórnia é pura mentira de 1 de Abril. Assim, desmente-se que: dá "ganda pica" partir braços, especialmente no Gerês; que o yoga é uma paneleirice; que o vinho não altera a "nossa consciência"; que haja "palavrões coloridos"; e que haja "posições de meditação totalmente radicais".

Passo a afirmar que: partir um braço dói, seja no Gerês, no Burkina Faso ou em qualquer parte do mundo; o yoga é fixe e aconselho a prática a todos; o vinho pode alterar a consciência, mas é bom, especialmente bebido em companhia; os palavrões são todos a preto e branco, exceptuando "merda" que tem uma cor acastanhada; e as posições de meditação são radicais, mas totalmente radicais são os seus nomes, como por exemplo padmasana (posição de lótus).

Fica o esclarecimento!

Esclarecimento I

Afinal a série cujo guião o Carneiro está a escrever, é um concurso. Não sei bem, mas tem histórias paralelas. E, afinal, não começa a 12 de Abril, mas a 26. A única coisa certa é que não morre ninguém.

quinta-feira, abril 01, 2004

Pois olha, pá:

Se há coisa que dá ganda pica fazer no Gerês... é partir braços!...
E é só vantagens para Yoguis (ó lá como se chamam os praticantes dessa paneleirice): não altera a "nossa consciência" (faz-nos dizer palavrões coloridos, pouco mais), e permite-nos fazer "posições" de meditação totalmente radicais...