terça-feira, fevereiro 28, 2006

A minha vida dava um filme do Brett Ratner

Hoje vinha a conduzir o meu Colt na A24, a subir da Régua para Bigorne. Quase no topo da serra do Montemuro toca o telemóvel (já não tocava há dois dias). O número não está disponível. Por segundos pensei na senhora do tal empréstimo que nunca fiz, mas atendi.

Do outro lado oiço uma senhora a falar em inglês com um sotaque carregado, muito próximo do indiano, mas provavelmente não o era:
- "Sorry, this is from a consulting company. Is this the phone of Rui Manuel?"
- "Yes!" – disse eu a pensar quem seria que me tentava enganar àquela hora num feriado. Só podia ser de Inglaterra, porque lá não era feriado... A Gisela? Decidi colaborar na brincadeira.
- "Mr. Rui Manuel, I found your CV on the internet and I am phoning to see if you are considering a job in UK." – continuou a senhora do outro lado.
Bem, não me parece brincadeira. Aliás porque a Gisela não conseguia imitar tão bem aquele sotaque.
- "No! Not at the moment! Thank you!" – disse eu.
- "Ok! I just decide to phone to check it out before sending you any job proposition. Thank you anyway." – e desligou.

Pousei o telefone e continuei a conduzir de volta a casa, pensando o que aconteceria se tivesse dito que sim...

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Curling

Já vos disse que gosto de ver Curling?

Vivam os Canadianos e as Suecas!

Premiar o mérito

A semana passada no caderno emprego do jornal Expresso chamava a atenção na capa, com "Meritocracia – lugar à competência", para um artigo que questionava, logo no início "Em Portugal impera a cultura da meritocracia ou ainda prevalece o factor 'cunha'?".

O artigo não diz nada de novo, aliás é apenas a colagem mal feita de uma série de dados e declarações de uns tantos professores. Gostei de ver a dada altura, quando um tal de Rafael Mora, que supostamente é um "partner" da consultora Heidrick & Struggles, que diz que "há já vários casos de sucesso de gestão pelo mérito em Portugal", que até posso concordar. Mas, quando ele enumera alguns exemplos e neles inclui casos como a PT e a Galp, escrevi o nome da consultora no meu Moleskine para me lembrar de NUNCA lhes pedir qualquer tipo de consultoria.

Mais adiante gostei do que escreveu a Sra. Maria Márcia Trigo, docente e directora da Business School da UAI em Portugal, quando afirma "os talentos são mais incómodos para as organizações porque questionam e se questionam, são muito exigentes com as chefias, com as condições de trabalho, precisam de maior espaço de decisão, convivem mal com as injustiças, não suportam burocracias e exercem grande pressão sobre os colegas, as chefias e administração". E acaba dizendo "este mercado global do talento que está em expansão, assusta empresários, executivos, quadros e até os próprios talentosos".

Eu não me considero um talentoso, mas tenho a mesma sensação quando trabalho numa empresa em Portugal (não o senti tanto em Inglaterra). Pelos vistos sou eu que tenho que mudar, porque as empresas não vão mudar. Se calhar tenho que deixar de ter espírito empreendedor, e achar que consigo mudar as empresas para melhor. Afinal de contas as empresas querem continuar a ser más! Amadoras, mas descansadas...

E o mesmo se passa no recrutamento. Quando recebo um mail a dizer "a sua candidatura não se enquadra no perfil definido para o recrutamento dos actuais projectos" de uma tal empresa, depois de ter ido a quatro entrevistas e as pessoas se mostrarem interessadas no meu perfil. E dias depois fazem uma proposta a vários colegas meus com qualificações inferiores às minhas, sem nunca me terem proposto nada, só me faz pensar que afinal tenho currículo a mais e não se premeia o mérito.

Se calhar sou "muita areia para muita camioneta". Serei assim tanta "areia"... Ou as "camionetas" é que são pequenas e não querem levar tanta "areia". Para quê? É mais confortável levar a "areia" que sempre levaram.

Eu aprendo a ser "areia"! Que arranha a engrenagem?

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

: : : 1-big-O [v17.0]

Diário de Aveiro - Clip - 16 de Fevereiro de 2006


in Diário de Aveiro - Clip - 16 de Fevereiro de 2006

A minha vida dava um filme do Alfred Hitchcock (pt. 5)

Há duas semanas telefonei para a Fodicis e pedi para falar com a Sra. C. S., que me tinha ligado no dia anterior mas que não me tinha apanhado.
- "Boa tarde! Daqui fala o ENGENHEIRO Rui Gonçalves que tenho aí um caso pendente de um empréstimo que nunca realizei!" – disse eu, testando até que ponto um título ainda é importante neste país.
- "Boa tarde! Sr... Sr. Engenhei... Sr. Rui Gonçalves..." – gaguejou – "o que se passa é que lhe queria comunicar que o dossiê passará a partir de amanhã para as mãos do departamento de pré-contencioso e que portanto deixará de estar nas minhas mãos!"
- "Ok! Eu também lhe queria comunicar que o Banco BETS, como deve compreender, ainda está em investigação e por isso ainda não tenho mais dados para lhe fornecer." – disse eu.
- "Obrigado, Sr. Rui, agradeço-lhe que assim que tiver mais dados a fornecer à Fodicis que o faça o mais rapidamente possível."
E ficámos por ali...