quinta-feira, dezembro 20, 2007

sábado, dezembro 01, 2007

Esperança!!!

Desde de quinta-feira que estou a viver num lugar – Alombada – algures nas montanhas entre Sever do Vouga e Águeda, na casa de uns amigos ingleses – Ken e Sue. É só por uns dias, pois eles tiveram que se ausentar para Inglaterra e pediram-nos para lhes ficar a tomar conta do negócio de aluguer dos apartamentos, uma vez que têm cá visitantes do País de Gales.

Mas escrevo para dar conta das diferenças culturais que nos separam no que toca a gerir pessoas, projectos e emergências. Como qualquer inglês que eu conheço, eles fizeram uma lista das emergências identificáveis, para cada uma identificaram pelo menos um plano de emergência e escreveram isto numa folha de instruções que vem sendo preenchida desde o dia que nos pediram para cá ficar – há cerca de mês e meio. Assim, a semana passada convidaram-nos para jantar e explicaram-nos passo a passo os complexos sistemas de recolha e filtragem da água e funcionamento da piscina. Uma formação intensiva sobre os funcionamentos mais complicados da casa (porque os outros nós sabemos) e o que fazer caso não funcionem. No final destas instruções e num papel onde estão descritos, aparecem os números de telefone deles em Inglaterra, do electricista, da empresa que montou a piscina e do jardineiro.

Há uns anos (2002) li sobre um inquérito (da AD Capita International Search - já agora leia o seu último estudo "Pontualidade em Portugal" - e a Cranfield School of Management) realizado a gestores estrangeiros em Portugal em que estes apontavam aos gestores portugueses algumas falhas, e entre elas a de serem "maus gestores do tempo e pouco organizados" e que "os gestores portugueses preferem trabalhar de uma forma não planeada, sem uma estratégia de médio e longo prazo bem definida" (para além da típica "permanência no local de trabalho durante longas horas, apenas para que essa presença seja notada", mas isso daria um outro artigo inteiro e que mais tarde penso escrever). O mesmo inquérito foi feito a gestores portugueses e estes apontavam como a sua melhor característica o "desenrascanço" ou "um dom quase mágico, que lhes permite ultrapassar as situações mais inesperadas" como se isso justificasse à sua falta de planeamento. Aliás, a maioria dos gestores estrangeiros em Portugal achavam que "a criatividade e a originalidade não são qualidades abundantes na gestão do tecido empresarial português", o que não corrobora essa opinião dos gestores portugueses (se quiserem o estudo eu tenho-o).

A verdade é que a falta de planeamento, ou a excessiva confiança nas qualidades de "desenrascanço" são gritantes na maioria dos gestores portugueses que conheço (eu diria mesmo na quase totalidade, não fosse eu a mostrar ingratidão em relação a um ou outro, que de repente me lembro). Mas a verdade é que esse "dom quase mágico" é próprio da maioria dos portugueses, porém devia ser usado apenas em situações "mais inesperadas" e não na gestão diária de um projecto ou de uma empresa.

Há uns tempos numa entrevista, em que eu estava a ser proposto como gestor técnico da Seara.com, o director da empresa perguntou-me se não achava que "perdia muito tempo a fazer planos de trabalho" (e aí ditou a minha pouca vontade de trabalhar na empresa, para além de outras tiradas que me mostraram como seria um mau gestor de pessoas e, em última análise, de uma empresa). É assim, que os gestores portugueses pensam, pois fazer um plano implica o gasto de algum tempo na fase inicial de um projecto, mas que é compensado a médio a longo prazo. Mas como em Portugal poucas vezes se pensa a mais que a curto prazo, é complicado ver isso. É tudo para ontem, e portanto não se pode "perder" tempo na gestão. E depois, não se sabe quem está a fazer "o quê" e "quando" tem que se entregar "aquilo", o que no final faz com que ninguém tenha a responsabilidade porque todos estavam a fazer o mesmo, que afinal se apercebeu que era nada.

A verdade é que a produção de um plano implica tempo. Tempo para perceber as diferentes tarefas ou passos (WBS – Work Breakdown Structure) que se tem que tomar durante o tempo do projecto, para se atingir pequenos objectivos de modo a se concretizar um grande objectivo final. Como entregar essas tarefas a pessoas e responsabilizá-las (individualmente) dos objectivos a atingir. Assim, em cada momento (com o plano sempre actualizado) é possível saber onde nos estamos a atrasar e sabemos onde nos teremos que dedicar mais para atingir os objectivos. E há responsáveis, porque sabemos sempre quem é que não está a cumprir os objectivos (ou porque foi mal planeado, pelo gestor, ou porque o responsável não está a cumprir com o que lhe foi incumbido). Quando não há um plano estes atrasos detectam-se sempre tarde demais e raramente se consegue recuperar. Por isso, os portugueses raramente chegam a horas. Porque não planeiam... Nem a sua própria vida.

Neste momento estou a deixar um projecto em que tentei planear. Mas foi complicado, porque quando cheguei ao projecto notei que os objectivos estavam mal percebidos, porque o cliente pensava que eram uns e a empresa que estava a implementar o projecto achava que eram outros. O contrato que delineava o projecto era ambíguo e as duas partes tinham entendimentos diferentes de qual era o seu envolvimento no mesmo. Ainda por cima, os conhecimentos técnicos da equipa eram poucos, para aquilo que se desejava apresentar e quem tinha contratado não fazia ideia da quantidade de trabalho envolvida, de ambos os lados. Foram preciso quase 3 meses, muitas reuniões e começar a fazer algo de concreto para que os gestores se apercebessem da complexidade do que se está a fazer e se aperceberem de que um projecto que tinha estimado 4 meses para a sua execução, poderá demorar (eventualmente) 2 anos. E que os recursos envolvidos não chegam... Algo que se podia ter avaliado com um estudo prévio e um plano, algo que acho terá sido o meu maior erro, pois poderia o ter feito quando me envolvi no projecto. O que me teria feito decidir nem sequer me envolver no mesmo... Sim! Porque eu também sou português!

Quando falo aqui nos ingleses é porque foi com eles que aprendi a pensar antes de fazer as coisas (não vi muito isso nos Estados Unidos, e menos ainda no Japão). Pensar nos imprevistos (que apesar do nome, podem ser previstos) e como contorná-los quando aparecem, sem confiar demasiado no "desenrascanço". Aliás, acho que o ideal é planear antes e "desenrascar" quando algo que não está planeado, inesperadamente, acontece. Eu costumo dizer que o Vinho do Porto é obra dessa dualidade, pois nasceu do "desenrascanço" dos portugueses (a adição de água-ardente vínica para se aguentar na viagem para Inglaterra) e viveu e cresceu graças ao planeamento dos ingleses (que compraram as quintas e as empresas de produção e distribuíram o vinho por todo o mundo). E o Vinho do Porto, neste momento corre o risco de se perder devido à falta de visão a longo prazo dos portugueses, que agora começaram a adquirir quintas no Douro e começam a fazer vinho de mesa, porque o retorno do investimento é mais imediato. Mas a verdade é que vinho do Porto, só há um... E no vinho de mesa a competição é maior, e só vai vingar (a longo prazo) o melhor.

Esperemos que aqueles poucos que há pouco pensei, quando disse que a maioria dos gestores portugueses não planeiam, que consigam mostrar aos demais que há outras vias. Mais trabalhosas, no início, é verdade, mas mais duradouras. É a minha esperança...

domingo, novembro 25, 2007

O patrão que não conseguiu viver com o salário do operário

A história veio nos jornais europeus e a 'Veja' entrevistou o protagonista. O empresário italiano Enzo Rossi, dono de La Campofilone, que produz pastas e massas, resolveu passar um mês a viver com os mil euros que paga aos seus operários, dando a mesma quantia à sua mulher, que também trabalha na empresa.

Apesar de se terem restringido ao essencial, o dinheiro acabou a 20 - e Rossi percebeu que, "se o dinheiro acabava para mim, também não dava para eles". Vai daí, deu um aumento geral de €200 aos trabalhadores.

O curioso é que o empresário diz que não quer dar lições de ética a ninguém, recusa qualquer ideia de que seja marxista e, com uma frontalidade desarmante, frisa que o aumento que concedeu é a prova de que é "um grandessíssimo egoísta". E porquê? Porque, como explica liminarmente, se o salário é insuficiente, os funcionários vivem sob stresse psicológico, com a angústia de saber se o dinheiro chega ou não ao fim do mês. Isso leva-os a ficar instáveis do ponto de vista emocional "e, consequentemente, trabalharão mal". Ora, como acrescenta, "quero que eles estejam bem, para aumentar os meus lucros". E diz mesmo que a massa que fabrica, um tipo de macarrão finíssimo muito tradicional em Itália, fica melhor e vende mais se o funcionário trabalha feliz.

Bom, mas já teve retorno deste aumento dos custos salariais? Não, mas Rossi diz que isso não vai demorar a acontecer. Nem que seja por os seus funcionários, com mais dinheiro, comprarem no Natal e Ano Novo mais do macarrão que ele fabrica.

Histórias destas valem mais do que muitos livros de gestão. E são tão verdadeiras em Itália como em Portugal - embora, por cá, não se conheça nenhum émulo do sr. Enzo Rossi.

in Expresso, 19 de Novembro de 2007 por Nicolau Santos

quinta-feira, novembro 22, 2007

Trabalho não produtivo custa 5,5% do PIB português

Anualmente, a economia nacional perde cerca de 7600 milhões de euros com horas de trabalho desperdiçadas

Os portugueses têm fama de ser pouco pontuais e de todos os dias perderem muito tempo de trabalho que poderia ser aproveitado. O relatório anual da Proudfoot Consulting, consultora especializada em produtividade, revela alguns dados que ajudam a sustentar esta ideia. Anualmente, Portugal perde cerca de 11 mil milhões de dólares (7626 milhões de euros) com horas de trabalho não produtivas no sector privado. São 47 dias de trabalho desperdiçados todo anos e que representam 5,5% do produto interno bruto (PIB) português.

A Proudfoot Consulting, neste sétimo relatório anual, coloca a economia portuguesa como a segunda com maior percentagem de tempo desperdiçado. Ao todo, o trabalho não produtivo em 2005-2006 representou 35,6% do total e apenas foi ultrapassada pela Espanha (45,2%) e pela França (36%).

Para estes especialistas, é possível eliminar trabalho desperdiçado até chegar aos 15% através da melhoria da gestão das empresas. É precisamente este ganho que poderia ajudar a economia nacional a eliminar este peso morto superior a 5% do PIB.

Principais Problemas
■ Deficiências no planeamento e controlo do trabalho ao nível dos dirigentes
■ Chefias intermédias pouco preparadas acabam por comprometer a eficácia
no terreno
■ Fraca motivação dos trabalhadores

Gestores são responsáveis
São vários os factores que explicam este problema, que em Portugal se agravou nos últimos anos. "A principal razão é o deficiente planeamento e controlo ao nível dos dirigentes", afirma Dário Lourenço, vice-presidente da Proudfoot Consulting para Portugal. O responsável adianta que este motivo, por si só, explica quase metade das horas desperdiçadas pelos trabalhadores portugueses todos os anos (40%).

"Outra razão importante, em particular em Portugal, são as chefias intermédias e a dificuldade que têm em levar objectivos locais", acrescenta Dário Lourenço. Um factor que muitas vezes está relacionado com falta de formação das pessoas que ocupam estes cargos muito importantes para o funcionamento das empresas. "Normalmente confunde-se capacidade técnica com capacidade de chefia", lembra Dário Lourenço.

Juntamente, estes dois problemas ao nível organizacional representam quase 80% do tempo perdido pelas empresas. Há depois outros motivos com menos impacto, como é por exemplo a motivação dos trabalhadores.

Os países com menor percentagem de trabalho não produtivo são a África do Sul (27,8%) e os EUA (29,1%). Nos restantes analisados, o indicador fica sempre acima dos 30% e em Espanha passa mesmo os 45%.

por João Silvestre jsilvestre@expresso.pt
in Expresso, 03 de Novembro de 2007

segunda-feira, novembro 19, 2007

O homem-bomba e a pomba armadilhada

Confesso que pela primeira vez gosto (um bocadinho) de uma música do Jorge Palma.

Quando ele bebia eu não tinha paciência para o aturar, e quando deixou de beber ficou ainda menos suportável. Mas agora, depois de todo o álcool ter sido exorcizado parece que finalmente o homem começa a acertar com o tino.

Porém, há coisas que ainda me deixam algo confuso, no tema dele que penso gostar – “Encosta-te a mim”. Algumas coisas que ainda devem ser resquícios do seu passado de alcoólico e que devem por vezes trazer ao de cima algumas coisas, que a nós no exterior da sua mente, parecem algo anacrónicas, desconexas ou provenientes de uma dislexia. Se não vejamos:

A primeira parte da letra até é engraçada e gosto do jogo de palavras, de alguém que "Chegado da guerra" e que fez "tudo p´ra sobreviver em nome da terra, no fundo p´ra te merecer" pede "recebe-me bem". Até acho bastante romântico… Gosto do “deixa ser meu o teu quintal”, um piropo engraçado! E até desculpo o "nós já vivemos cem mil anos" que aparece ali meio desamparado e que é desculpado com um "talvez eu esteja a exagerar", mas que como é no início da música, soa a deixa para começar a conversa.

Mas revolta-me quando o homem sai-se com um "recebe esta pomba que não está armadilhada", numa alusão (penso eu) à paz podre que se vive. Ou pior, quando ele diz "vai beijar o homem-bomba", que até faz esquecer o mau "vai desarmar a flor queimada" exactamente anterior, e deita por terra uma música que até aí até estava a correr bem.

Eu não sei se é influência dos ataques às torres gémeas, ao terrorismo em geral ou dedicada ao retorno dos soldados a casa, sei lá, mas parece-me despropositado o "vai beijar o homem-bomba". Aliás porque se ele quer que alguém se encoste a ele não lhe pede para ir "beijar o homem-bomba". Talvez seja um tema dedicado ao stress pós-traumático dos soldados, porque depois diz "quero adormecer", mas… Pena que não o tenha feito – adormecer - antes de escrever a história do homem-bomba e da pomba armadilhada. Fica ali meio deslocado.

Mas pronto! Fiquem com a letra:

"Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim
"
Jorge Palma

terça-feira, novembro 13, 2007

Aulas de Yoga... N'O Jardim de Lótus

Começaram há uma semana. Aliás já começaram há bem mais tempo, mas o professor é que mudou. Assim, com a partida da Ana para a India (por 6 meses, pelo menos) as aulas da manhã d'O Jardim de Lótus (7:45-8:45) são asseguradas pelo professor Rui Gonçalves (ou Jai Narayan se preferirem o meu nome espiritual).

As coisas têm começado devagarinho e bem, mas espero ter tempo para mexer mais com as pessoas. Não são muitas, porque a hora é para madrugadores (uma espécie rara em Portugal) mas a audiência anda sempre à volta dos 5 alunos (com 7 inscritos).

Apareçam para experimentar. Prometo que saem com mais vontade de enfrentar a vida, logo pela manhã.

segunda-feira, novembro 12, 2007

O Segredo

Há cerca de um ano segui o conselho de uns amigos, uns mais próximos outros mais empreendedores. Segui porque acreditei ser capaz de fazer as coisas mudar. Acreditei em mim e acreditei que aqueles que me podiam ajudar, o fariam.


Um ano depois sinto que falhei. Mesmo com a ajuda de muitos e com toda a minha energia, não fui capaz de mudar alguns. Não fui capaz de fazer a mudança e sinto que foi um ano de esforço infrutuoso. Depois deste último ano, a única que me resta esperar é retirar desta lição algo que possa usar no futuro.


Ninguém tem culpa. Eu não tenho culpa, tu não tens culpa, ele não tem culpa… A verdade é que as coisas tinham que suceder assim, porque este não é o caminho, neste momento. Há que continuar… Mas agora quem tem que mudar sou eu! Mais uma vez…


O caminho é para a frente!



segunda-feira, novembro 05, 2007

Mini Size Me

Não sei se se lembram, mas há uns meses andei a fazer um programa de yoga que incluía uma dieta de crus (crudivorista) e perdi uns 7 Kgs sem esforço, em 40 dias. Consistia num programa que incluía uma série de exercícios de yoga e uma meditação diária, e uma alimentação baseada apenas em legumes não cozinhados, ou apenas aquecidos até aos 38 graus centígrados (a temperatura do nosso corpo).


A verdade é que esse programa, embora muito complicado de completar e muito difícil de suportar em algumas fases, provou que a alimentação que fazemos não é a melhor. Ao fim de 40 dias tinha muito mais energia e uns quilos a menos. E quando acabou, e voltei à dieta normal (infelizmente pouco, do que aprendi então, incorporei na minha dieta diária) e estou com o mesmo peso que tinha antes de começar, com menos energia e dinâmica. Mas é complicado fazer o programa na sua totalidade quando se leva uma vida normal… E se come fora algumas vezes!


Mas a professora de yoga que nos (éramos 5 em Aveiro a fazer o programa, mas algumas dezenas no mundo inteiro) levou a percorrer esse caminho foi a Siri Datta. Não percam a vinda dela a Portugal… Vejam a informação no post anterior!

Siri Datta em Lisboa, Pinhal Novo e Aveiro

O Jardim de Lótus apresenta em Lisboa, Pinhal Novo e Aveiro
Siri Datta
Siri Datta - Julie Cuddihy


Dissolvendo relacionamentos passados!
Iremos revitalizar-nos, tomando nas nossas mãos o poder e a força para dissolver velhos vínculos e amarras que nos mantêm ligados a contratos antigos, e que mantêm emaranhados energéticos, sejam eles verbais ou não verbais, conscientes ou inconscientes. Fortaleceremos o nosso “coração” e a nossa capacidade de amar, limpando a nossa aura das “cicatrizes” que restaram de relações terminadas, para seguir em frente numa nova vida.
Lisboa Quarta-Feira, 14 Nov 20:00h - 22:00h
Pinhal Novo Quinta-Feira, 15 Nov 20:00h - 22:00h
Aveiro Domingo, 18 Nov 10:30h - 12:30h

Tornemo-nos fortes como aço!!
Iremos trabalhar a confiança, a auto-estima, a força de vontade para dar novos passos em direcção ao que queremos, e assim fortalecer a capacidade de mantermos os compromissos assumidos.
Lisboa Terça-Feira, 13 Nov 18:00h - 20:00h
Lisboa Quinta-Feira, 15 Nov 10:00h - 12:00h
Aveiro Sexta-Feira, 16 Nov 19:30h - 21:30h

Libertando o passado!
Faremos uma limpeza energética de eventos passados dolorosos, traumas, mentiras antigas que já não servem, culpas que pesam… para seguirmos mais leves e firmes em direcção aos nossos objectivos.
Lisboa Terça-Feira, 13 Nov 20:00h - 22:00h
Aveiro Sábado, 17 Nov 10:30h - 12:30h

"Fat Free Yoga"
Kriyas para ajudar a perder peso físico e emocional, tornarmo-nos ainda mais bonit@s de dentro para fora, expandir a nossa aura melhorando a imagem que transmitimos de nós próprios.
Lisboa Quarta-Feira, 14 Nov 18:00h - 20:00h
Lisboa Quinta-Feira, 15 Nov 14:00h - 16:00h
Aveiro Sábado, 17 Nov 17:00h - 19:00h

Jantar convívio (Crudívero)
Siri Datta irá explicar um pouco dos fundamentos do seu novo trabalho que é o "Mini Size Me" e dará a experimentar uma série de delícias desta abordagem diferente de alimentação.
Aveiro Sábado, 17 Nov 20:00h

Mais informações >>

quarta-feira, outubro 31, 2007

Noite de Halloween...

Há uns anos atrás (2000), acabadinho de chegar dos Estados Unidos, ainda nos divertíamos nesta noite de bruxas:
Halloween Big Brother


Ainda influenciado pela cultura do outro lado do mundo...

Depois os amigos começaram a dispersar e ainda se tentou fazer algo do género no ano seguinte, mas sem grandes resultados.

Mas ainda aparecemos nas notícias e tivemos mais tempo que o Benfica. Vejam em http://ruigo.net/biscoitos/hbb/films/tvi.mpg

sexta-feira, outubro 26, 2007

Tirana

Hoje tive um sonho bizarro. Sonhei que estava a assistir a uma espécie de evento artístico ou social. Algures num local onde estavam também uma série de miúdos, com ar de estrangeiros, que deviam de praticar alguma espécie de desporto.

Estávamos sentados no chão a ver, ou ouvir, qualquer coisa, ou alguém [há partes do sonho muito nebulosas] com um grupo de pessoas algo numeroso. De repente apareceram, vindos de uma escada que vinha do piso inferior, um grupo de miúdos, que aparentavam não serem portugueses, e sentaram-se por ali para assistir ao mesmo que nós assistíamos. Todos vestiam fato de treino, como se praticassem alguma espécie de desporto.

Perto de mim sentou-se um rapazito loiro, gordito e baixito. Parecido com o Pi do Verão azul, mas loiro. O engraçado é que falava português e respondeu-me que era de Tirana, quando lhe perguntei a origem. Ao que lhe respondi:
- "Tirana na Albânia"
- "Não" – respondeu ele, mas sem me dizer a que Tirana se referia. E riu-se!
- "Então? Tirana onde? Na Macedónia?" - disse eu com ar de gozo.
- "Não" – respondeu ele novamente – "Claro que é na Albânia!".
- "Ok! Eu estive na Croácia há uns anos" – disse eu, dando um daqueles típicos 'foras' de quem tem a mania que conhece.

E a conversa ficou por ali.

Perto de mim também se sentou uma rapariga, mas não falava nenhuma língua que eu entendesse. Mas que se ria quando o rapaz se ria.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Desabafo 963241

Às vezes tenho a sensação que ando aqui a perder o meu tempo! Que tudo porque sempre lutei não tem razão de ser e que sou o único, que sozinho, me preocupo com essas causas.

Mas não vou vos chatear com isto… Vou dormir!!!!

quinta-feira, outubro 18, 2007

Muitos dias, muitas horas a...

Há 10 anos, éramos assim:


A esta hora devia de estar a acabar a aguardente e estávamos a combinar ir para o Indústria. Acho que tocava o Mr. Gorgeous (and Miss Curvaceous) dos Smoke City ou o Girls & Boys dos Blur... Mas estavam todos felizes!

Parece que foi ontem, mas como diziam os nossos amigos:
"A pomba e a gazela
Não há como ela,
A Cláudia entregou-se
E o Loló casou-se."

segunda-feira, outubro 15, 2007

Do What You Love: Time is Too Short to do Anything Else...

Steve Jobs

Steve Jobs, CEO of Apple Computer and Pixar Animation Studios, delivered a truly inspirational commencement address to some 5,000 Stanford University graduates. Without further adieu, his message:
"I am honored to be with you today at your commencement from one of the finest universities in the world. I never graduated from college. Truth be told, this is the closest I've ever gotten to a college graduation. Today I want to tell you three stories from my life. That's it. No big deal. Just three stories.


The First Story is About Connecting the Dots.
I dropped out of Reed College after the first 6 months, but then stayed around as a drop-in for another 18 months or so before I really quit. So why did I drop out?
It started before I was born. My biological mother was a young, unwed college graduate student, and she decided to put me up for adoption. She felt very strongly that I should be adopted by college graduates, so everything was all set for me to be adopted at birth by a lawyer and his wife.
Except that when I popped out they decided at the last minute that they really wanted a girl. So my parents, who were on a waiting list, got a call in the middle of the night asking: 'We have an unexpected baby boy; do you want him?' They said: 'Of course.' My biological mother later found out that my mother had never graduated from college and that my father had never graduated from high school. She refused to sign the final adoption papers. She only relented a few months later when my parents promised that I would someday go to college.
And 17 years later I did go to college. But I naively chose a college that was almost as expensive as Stanford, and all of my working-class parents' savings were being spent on my college tuition.
After six months, I couldn't see the value in it. I had no idea what I wanted to do with my life and no idea how college was going to help me figure it out. And here I was spending all of the money my parents had saved their entire life. So I decided to drop out and trust that it would all work out OK. It was pretty scary at the time, but looking back it was one of the best decisions I ever made. The minute I dropped out I could stop taking the required classes that didn't interest me, and begin dropping in on the ones that looked interesting.
It wasn't all romantic. I didn't have a dorm room, so I slept on the floor in friends' rooms, I returned coke bottles for the 5¢ deposits to buy food with, and I would walk the 7 miles across town every Sunday night to get one good meal a week at the Hare Krishna temple. I loved it. And much of what I stumbled into by following my curiosity and intuition turned out to be priceless later on. Let me give you one example:
Reed College at that time offered perhaps the best calligraphy instruction in the country. Throughout the campus every poster, every label on every drawer, was beautifully hand calligraphed.
Because I had dropped out and didn't have to take the normal classes, I decided to take a calligraphy class to learn how to do this. I learned about serif and san serif typefaces, about varying the amount of space between different letter combinations, about what makes great typography great. It was beautiful, historical, artistically subtle in a way that science can't capture, and I found it fascinating.
None of this had even a hope of any practical application in my life. But ten years later, when we were designing the first Macintosh computer, it all came back to me. And we designed it all into the Mac. It was the first computer with beautiful typography. If I had never dropped in on that single course in college, the Mac would have never had multiple typefaces or proportionally spaced fonts. And since Windows just copied the Mac, it's likely that no personal computer would have them.
If I had never dropped out, I would have never dropped in on this calligraphy class, and personal computers might not have the wonderful typography that they do. Of course it was impossible to connect the dots looking forward when I was in college. But it was very, very clear looking backwards ten years later.
Again, you can't connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future. You have to trust in something--your gut, destiny, life, karma, whatever. This approach has never let me down, and it has made all the difference in my life.


My Second Story is About Love and Loss.
I was lucky--I found what I loved to do early in life. Woz and I started Apple in my parents' garage when I was 20. We worked hard, and in 10 years Apple had grown from just the two of us in a garage into a $2 billion company with over 4000 employees. We had just released our finest creation--the Macintosh--a year earlier, and I had just turned 30.
And then I got fired.
How can you get fired from a company you started? Well, as Apple grew we hired someone who I thought was very talented to run the company with me, and for the first year or so things went well. But then our visions of the future began to diverge and eventually we had a falling out. When we did, our Board of Directors sided with him. So at 30 I was out. And very publicly out. What had been the focus of my entire adult life was gone, and it was devastating.
I really didn't know what to do for a few months. I felt that I had let the previous generation of entrepreneurs down--that I had dropped the baton as it was being passed to me.
I met with David Packard and Bob Noyce and tried to apologize for screwing up so badly. I was a very public failure, and I even thought about running away from the valley. But something slowly began to dawn on me--I still loved what I did. The turn of events at Apple had not changed that one bit. I had been rejected, but I was still in love. And so I decided to start over.

Fired From Apple
I didn't see it then, but it turned out that getting fired from Apple was the best thing that could have ever happened to me. The heaviness of being successful was replaced by the lightness of being a beginner again, less sure about everything. It freed me to enter one of the most creative periods of my life.
During the next five years, I started a company named NeXT, another company named Pixar, and fell in love with an amazing woman who would become my wife. Pixar went on to create the world's first computer animated feature film, Toy Story, and is now the most successful animation studio in the world. In a remarkable turn of events, Apple bought NeXT, I returned to Apple, and the technology we developed at NeXT is at the heart of Apple's current renaissance. And Laurene and I have a wonderful family together.
I'm pretty sure none of this would have happened if I hadn't been fired from Apple. It was awful-tasting medicine, but I guess the patient needed it.
Sometimes life hits you in the head with a brick. Don't lose faith. I'm convinced that the only thing that kept me going was that I loved what I did. You've got to find what you love. And that is as true for your work as it is for your lovers.
Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to do what you believe is great work. And the only way to do great work is to love what you do. If you haven't found it yet, keep looking. Don't settle. As with all matters of the heart, you'll know when you find it. And, like any great relationship, it just gets better and better as the years roll on. So keep looking until you find it. Don't settle.


My Third Story is About Death.
When I was 17, I read a quote that went something like: 'If you live each day as if it was your last, someday you'll most certainly be right.'
It made an impression on me, and since then, for the past 33 years, I have looked in the mirror every morning and asked myself: 'If today were the last day of my life, would I want to do what I am about to do today?' And whenever the answer has been 'No' for too many days in a row, I know I need to change something.
Remembering that I'll be dead soon is the most important tool I've ever encountered to help me make the big choices in life. Because almost everything--all external expectations, all pride, all fear of embarrassment or failure--these things just fall away in the face of death, leaving only what is truly important. Remembering that you are going to die is the best way I know to avoid the trap of thinking you have something to lose. You are already naked. There is no reason not to follow your heart.

Diagnosed With Cancer
About a year ago I was diagnosed with cancer.
I had a scan at 7:30 in the morning, and it clearly showed a tumor on my pancreas. I didn't even know what a pancreas was. The doctors told me this was almost certainly a type of cancer that is incurable, and that I should expect to live no longer than three to six months.
My doctor advised me to go home and get my affairs in order, which is doctor's code for prepare to die. It means to try to tell your kids everything you thought you'd have the next 10 years to tell them in just a few months. It means to make sure everything is buttoned up so that it will be as easy as possible for your family. It means to say your goodbyes.
I lived with that diagnosis all day. Later that evening I had a biopsy, where they stuck an endoscope down my throat, through my stomach and into my intestines, put a needle into my pancreas and got a few cells from the tumor. I was sedated, but my wife, who was there, told me that when they viewed the cells under a microscope the doctors started crying because it turned out to be a very rare form of pancreatic cancer that is curable with surgery.
I had the surgery and I'm fine now.
This was the closest I've been to facing death, and I hope it's the closest I get for a few more decades. Having lived through it, I can now say this to you with a bit more certainty than when death was a useful but purely intellectual concept:
No one wants to die. Even people who want to go to heaven don't want to die to get there. And yet death is the destination we all share. No one has ever escaped it.
And that is as it should be, because Death is very likely the single best invention of Life. It is Life's change agent. It clears out the old to make way for the new. Right now the new is you, but someday not too long from now, you will gradually become the old and be cleared away. Sorry to be so dramatic, but it is quite true.
Your time is limited, so don't waste it living someone else's life. Don't be trapped by dogma--which is living with the results of other people's thinking. Don't let the noise of other's opinions drown out your own inner voice. And most important, have the courage to follow your heart and intuition. They somehow already know what you truly want to become. Everything else is secondary.
When I was young, there was an amazing publication called The Whole Earth Catalog, which was one of the bibles of my generation. It was created by a fellow named Stewart Brand not far from here in Menlo Park, and he brought it to life with his poetic touch.
This was in the late 1960s, before personal computers and desktop publishing, so it was all made with typewriters, scissors, and Polaroid cameras. It was sort of like Google in paperback form, 35 years before Google came along: it was idealistic, and overflowing with neat tools and great notions.
Stewart and his team put out several issues of The Whole Earth Catalog, and then when it had run its course, they put out a final issue.
It was the mid-1970s, and I was your age. On the back cover of their final issue was a photograph of an early morning country road, the kind you might find yourself hitchhiking on if you were so adventurous. Beneath it were the words: 'Stay Hungry. Stay Foolish.' It was their farewell message as they signed off. Stay Hungry. Stay Foolish. And I have always wished that for myself. And now, as you graduate to begin anew, I wish that for you.
Stay Hungry. Stay Foolish.
Thank you all very much."

Se quiserem ver e ouvir, "é muito mais inspirador" (Obrigado João):

domingo, outubro 14, 2007

A minha vida dava um filme do Sergio Leone

Bigodes

Nos anos de um amigo, que fazia mais que 39 e menos que 41 anos, e que em tempos teve a mania que queria ter bigode (andou inclusivamente a ter consultas com o MEC/Dr. Pastilhas). Fomos todos de bigode...

quinta-feira, outubro 11, 2007

segunda-feira, outubro 01, 2007

(Ex)Citação XXVIII

Perguntaram ao Dalai Lama...
"O que mais te surpreende na Humanidade?"
E ele respondeu:
"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... ...e morrem como se nunca tivessem vivido."

sexta-feira, setembro 28, 2007

Prós e Contras!!!

Segunda-feira fui à Figueira da Foz assistir, ao vivo, ao programa Prós e Contras da RTP1. Não tinha convite, mas a sala era suficiente para albergar toda a gente. Desde os autarcas de bigode e as suas esposas, claramente vestidas como se fossem para um casamento ou baptizado, como se aquele fosse o maior evento do ano na sua terra, até aos convidados, naturalmente de fato e gravata, passando pelos espectadores, que se vestiram mais formalmente, uma vez que podiam aparecer na televisão.

O programa versava as "Vidas electrónicas - A inovação e criatividade das redes ao serviço das empresas" e como convidados principais tinha o Prof. Borges Gouveia da Universidade de Aveiro, o Diogo Vasconcelos da Cisco, Eng. Paulo Nordeste da PT Inovação e o Dr. Carlos Zorrinho coordenador nacional do Plano Tecnológico. Depois haviam vários outros convidados espalhados pelo público representando a Universidade de Aveiro e a de Coimbra, a Microsoft, o parque BioCant, a autarquia local e diversas empresas de base tecnológica de Braga e Lisboa.

Aparentemente Aveiro até que parece bem representada, com 50% do painel principal e ainda com uma delegação de imensos professores da Universidade e ainda representantes do programa Aveiro Digital. Porém, se virmos nenhum (excepto o Prof. Pedro Almeida que foi falar do "Second Life") teria menos que 40 anos, e de todos os que falaram nenhum teria menos de 50 anos. O Prof. Assunção que falou em nome da Universidade de Aveiro perdeu-se nos seus próprios pensamentos sem conseguir sequer dar a imagem de dinamismo que a Universidade tem. O vice-reitor da Universidade de Coimbra conseguiu "vender" muito melhor o seu produto, mesmo podendo ser claramente inferior em termos de inovação (que penso ser).

O Prof. Borges Gouveia foi mostrar galhardetes e falar do que faziam, há 30 anos, ele e o seu amigo Dr. José Salcedo – Multiwave. Este último esteve muito mais à altura da inovação que se pretendia no programa, mostrando uma atitude muito mais empreendedora, muito mais crítica e aliás bem fundamentado e coerente. Porque o primeiro apenas falou do passado e debitou nomes de pessoas, por hipótese ligada à inovação em Portugal, como se de amigos do peito se tratassem.

Depois o Eng. Paulo Nordeste, que foi mostrar uma placa que vai revolucionar as comunicações em Portugal e que permite ligar a 100 Mb, 32 pessoas… Bem! Eu não percebi se eram 100Mb por pessoa, ou a dividir pelos 32. Mas se era esta última hipótese, dava cerca de 3Mbs a cada uma... Isso é um bocado "século XX" não? Hello!!! Estamos em 2007! Além disso, claramente a Fátima Campos Ferreira – a apresentadora – não lhe achou muita piada porque ela deu-lhe apenas duas, ou três vezes, a palavra. Uma no início para ele se apresentar, uma a meio para mostrar as placas e no fim para ele se "enterrar". Se a PT Inovação foi eleita a empresa do ano em Portugal (pela revista Exame) imaginem como está a inovação neste país.

Claramente Aveiro não ficou bem na fotografia, ao contrário de Coimbra e Braga. Mesmo a Maia e Lisboa mostraram melhor. Braga mostrou que tem uma dinâmica empresarial na área da inovação bastante boa, sendo mesmo chamada de uma espécie Silicon Valley. Coimbra mostrou que mexe e que cria empresas inovadoras, embora as que lá se fizeram representar fossem de áreas ligadas à biotecnologia e saúde (embora congelar seja uma ciência já conhecida há muitos anos e pouco tem de inovador "congelar as células estaminais presentes no sangue do cordão umbilical de um recém nascido" e um negócio que se aproveita dos medos e da ignorância das pessoas, para além de ser pouco ético, não tem grande futuro).

Eu penso que as oportunidades não se ganham. As oportunidades criam-se. Aproveitam-se ou perdem-se! E Aveiro não anda a aproveitar as oportunidades que lhe dão! Anda a perder... Exemplos de quem soube aproveitar a oportunidade foi a da Universidade de Coimbra, o parque tecnológico BioCant, a MobiComp, a ISA, o Diogo Vasconcelos (o melhor orador, sem dúvida) - em termos próprios e para a Cisco - e o Carlos Zorrinho, para o governo.

Cooperação, Qualificação, Banda Larga (a preço estreito) e Atitude foram as palavras chave que serviram de conclusão ao debate. Em primeiro lugar, aqui, falta mesmo muita atitude (vejo isso todos os dias) e, em segundo, não há ainda muita colaboração (onde estava a Inova Ria?).

Se quiserem podem ver a 1ª Parte, 2ª Parte e a 3ª Parte.

P.S.: Caricata a cena, antes de começar o programa, quando a Fátima Campos Ferreira revia o nome e a presença dos convidados, quando chama pelo Eng. Rui Cordeiro, representante da Critical Software, e alguém responde por ele, dizendo que ele não estaria. Ele realmente não estava naquela mesa, mas estava sentado na mesa ao lado da minha, numa lateral, com medo de falar ou já sabendo que não iria falar (porque ninguém da Critical acabou por falar no programa).

sábado, setembro 08, 2007

Deprê, parte 456

Às vezes ponho-me a pensar o que estou aqui a fazer? Muitas vezes…

Porque será que estamos cá na terra? Fizemos, ou não fizemos, algo noutra vida que nos tenha obrigado a voltar cá para o corrigir, ou fazer?

Qual é o objectivo disto tudo? Estamos aqui para ser felizes ou para ganhar dinheiro? Para partilhar momentos ou para os vivermos sozinhos? Para ficarmos onde estamos ou para sairmos e procurarmos algo mais? Para aprendermos ou para pura e simplesmente deixarmos fluir? Afinal de contas o fim é igual para todos!

Acho que todos nos perguntamos isto. Mas penso muitas vezes que, se tudo na vida serve de aprendizagem e todos os momentos porque passamos são para nos prepararmos para algo, porque é que eu fui para os Estados Unidos trabalhar? Porque estive no Japão? O que me aconteceu em Inglaterra tem algum significado para mim. Mas o Japão? De que me serviu? Talvez o futuro me fará ver que houve alguma razão… Talvez não!

A verdade é que não encontro nenhuma razão para muita coisa que fiz ou faço. Mas deixarei de as fazer por causa disso? Começo a ficar farto de muita coisa. Começo a ter pouca paciência… Acho que é da idade!

Eu sei que vocês todos se devem questionar como eu. Mas quando encontrarem uma boa resposta, podem partilhá-la comigo? Eu prometo que porei aqui quando encontrar alguma… (Se calhar por isso é que não tenho escrito nada!)

Vou dormir. A ver se estou mais bem disposto para "ver" o Escócia-Portugal amanhã… Em Rugby claro, porque em futebol valha-nos a Santa Qualquer-Coisa.

sexta-feira, julho 27, 2007

http://www.hostmonster.com/

Reparem só:

  • 300GB de disco
  • 3 Tera bytes de trafwgo mensal
  • Domínios ilimitados
  • Fantástico disponivel com Moodle, Joomla, etc...

Por 6 USD / mês!
Já nao há desculpa para nao termos a nossa homepage na Internet :-)
http://www.hostmonster.com/

sexta-feira, junho 29, 2007

I don't want to be nice

Estava aqui a ouvir o álbum de homenagem a Martin Hannett, o produtor dos Joy Division, Happy Mondays, U2, New Order, The Durutti Column e tantos outros - "Zero: A Martin Hannett Story 1977-1991" - e encontrei um tema de um senhor que já não ouvia desde que não uso gira-discos ou leitor de cassetes. Um tal de John Cooper Clark, que lia dois poemas no "Short Circuit - Live at the Electric Circus" uma das primeiras gravações dos Joy Division (que eu, como fã, tinha e ouvia regularmente). O homem é mesmo britânico e tem um senso de humor apurado... Em verso! E até de visual...


Here he comes now....

The fast fingers, the expert eyes
And the same old 'how'd you do'
Disgust is just his dumb disguise
He wants a word with you

His problems are the end
His mouth needs exercise
The last thing I need is another friend
I don't want to be nice

I don't want to be nice
I think it's clever to swear
Better seek some sound advice
Better look elsewhere

Your face is an obvious case
You shouldn't put it about
This is neither the time nor place
To sort these matters out

What you see is what you get
You only live twice
A friend in need is a friend in debt
I don't want to be nice

No we never met before
I'm very happy to say
Far from perfect strangers
I'd like to keep it that way

I'm not your psychoanalyst
I'd rather talk to mice
You're so easy to resist
I don't want to be nice

I don't want to be nice
I think it's clever to swear
Better seek some sound advice
Better look elsewhere

Your face is an obvious case
You shouldn't put it about
This is neither the time nor place
To sort these matters out

What you see is what you get
You only live twice
A friend in need is a friend in dept
I don't want to be nice

terça-feira, junho 26, 2007

Sonhos de África

Não costumo lembrar-me muito dos meus sonhos, mas domingo de madrugada consegui recordar com exactidão o que tinha sonhado durante a noite. E estava tão nítido que temo que tenha alguma mensagem subliminar que ainda não consegui interpretar. Alguém aí me ajuda a interpretá-lo?

Viajava com um grupo de pessoas, amigos eventualmente, onde se incluía a Cláudia e o Baltasar. Ele ainda era pequeno, mas penso que já andava. Viajávamos em dois ou três jipes, ao longo da costa oeste de África, de Sul para Norte. Teríamos eventualmente ido de barco até algures na Mauritânia e subíamos até Marrocos, o nosso destino final, antes de voltarmos à península Ibérica.

A cena passa-se algures na Argélia, muito próximo da fronteira com Marrocos. No sul da Argélia, depois de nos termos perdido na nossa rota e falharmos a fronteira com Marrocos, encontrámos uma pequena cidade argelina. Lembro-me claramente das cores castanhas das casas e as ruas estreitas, que suponho são típicas naquele região do mundo, uma vez que nunca lá estive.

Obviamente houve algum burburinho à chegada destes ocidentais de jipe. Era fim de tarde e cheirava a deserto. Nós estávamos cansados e imundos, depois de alguns dias no deserto. E procurámos um sítio onde pernoitar ou indicações para chegar a outro local (não sei bem), mas éramos rodeados pela população local que nos queria vender algo e que não nos deixava avançar na nossa procura. Queríamos sair dali mas cada vez aglomerava-se mais gente à nossa volta, tornando a tarefa cada vez mais difícil. Lembro-me claramente de tentar salvaguardar a Cláudia, que trazia o Baltasar ao colo, da horda de locais. Mas com a confusão separámo-nos…

Até que a dada altura, quando tentava fugir da população e re-encontrar o resto dos companheiros de viagem, com quem estavam a Cláudia e o Baltasar, apareceram um grupo de negros, uns quatro ou cinco, altos e magros, mas robustos. Não eram locais, pois os locais não eram tão negros e tão altos. E a roupa era mesmo diferente.

Durante uns metros seguiram-me, acelerando o passo e intimidando-me. Até que me dirigiram a palavra, em francês (sim, lembro-me!) e disseram ser Senegaleses (quer acreditem quer não, eu achava que o Senegal era bem mais a sul e nem imaginava que fazia fronteira com a Mauritânia, mas a verdade é que ambos os nomes dos países estavam no meu sonho).

Parei e ameaçaram-me. Não tinham armas, mas um deles avançou na minha direcção com a intenção de me bater. Agarrou-me nos colarinhos e perguntou-me se eu estava a candidatar-me a presidente e se estava ali para fazer campanha eleitoral. Os outros ficaram atrás a ver, mas nenhum deles tinha mesmo intenção de fazer mal, mas apenas intimidar a mando do presidente da câmara municipal local (segundo eles me disseram).

E não me lembro de mais nada, pois acho que a seguir acordei com o Baltasar. Mas fiquei com estas imagens vivas na minha cabeça. E o mais impressionante é que me lembro das casas, do cheiro, da poeira do deserto, das cores do pôr-do-sol, de ser na Argélia, de ter viajado para a Mauritânia e de os tipos serem Senegaleses e de falarem francês. Como se realmente lá tivesse estado…

sexta-feira, junho 01, 2007

Aniversário


Há um ano estava um calor insuportável. O dia começou muito cedo, com a ida da Cláudia para o Hospital. Eu passei o dia a telefonar para o bloco de partos e a instalar um gravador de DVDs no PC.

Mais ou menos a esta hora fui comer uma francesinha ao Alicarius, aqui em Aveiro, com dois amigos - o Baltazar e o Fonseca. Comi muito à pressa, porque no último telefonema disseram-me, do bloco de partos, que lá estivesse por volta das 21:30 porque a Cláudia ia para o Bloco Operatório e podia estar um bocado com ela.

Desci no elevador com ela. Ela tinha contracções e quase não me ligava. Eu, nervoso, tentei ler um livro no corredor, que não tinha cadeiras para me sentar.

De repente, um enfermeiro, chamou-me para o bloco e... Lá estava ele! O Baltasar a chorar! Todo enrugado e vermelho! Vivo...

Foi há um ano, às 22:21! No dia Internacional da Criança... Que melhor prenda queríamos todos?

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quinta-feira, maio 17, 2007

Construções na Areia

Em 1982, de férias na praia de Esmoriz (eu estava de férias, mas os meus pais trabalhavam lá) concorri ao Concurso de Construções na Areia, do Diário de Notícias.

Na altura a praia de Esmoriz ainda existia com bastante areia, o que me permitia ir experimentando algumas construções que a imaginação, de um miúdo de 12 anos, permitia. Idealizei uma cena tranquila com um pontão de madeira, um barco a remos e um mar calmo. E ia fazendo aquela construção de um lugar idílico, treinando para o grande dia do concurso.

Eu não queria ganhar! Queria apenas o segundo, ou terceiro prémio, que me dava direito a uma série de livros dos Cinco, os Sete e afins, escritos pela Enid Blyton. O primeiro prémio era uma bicicleta e como não sabia andar (que irónico, né?) não o desejava. Além disso os livros faziam-me mais felizes... Faziam-me sonhar!

Um dia estava eu a construir os meus sonhos em areia e o meu irmão destruiu todo o trabalho a que eu tinha dedicado o meu carinho. É triste quando aqueles que nos são próximo são os primeiros a destruir os nossos sonhos, mesmo que construídos em areia, numa praia que já não existe.

Ah! E ganhei a bicicleta... O que também me deixou um bocado triste! Mas aprendi uma coisa: que quando desejamos muito algo, podemos ganhar mais ainda.

Toca e foge...

Em provocação ao senhor Anónimo que deixou um comentário ao meu post "Porra pá!", ele também a provocar, deixo este pequena história:

Quando era miúdo saia muito cedo de casa. Entrava às 8:30 ou 9:00 da manhã e por isso saía por volta das 7:30, para apanhar a camioneta que me à escola. A minha mãe dava-me 5 escudos (0,025€) para o bilhete. Como o bilhete custava 4 escudos (0,02€) eu gastava o outro escudo em rebuçados e cromos para a minha caderneta de futebolistas ou personagens de desenho animado (da RTP, a única emissora na altura).

Quando saia no fim das aulas, vinha a pé para casa da minha avó. Vinha pelos campos e pelos caminhos que de manhã percorria de camioneta. A comer os rebuçados e a tocar às campainhas das casas por onde passava. Tocava e corria, fugindo com os meus amigos, dos donos das casas, que muitas vezes nos insultava.

Quando comecei a crescer comecei a deixar de tocar às campainhas! E de fugir...

quinta-feira, maio 10, 2007

Será que leram o meu blog?

Há uns minutos recebi uma chamada...
- "Hello? Is this Mister Rui Gonçalves?"
- "Ye... Yes!!" - gaguejei surpreso.
E a conversa continuou para o normal assunto se eu não estaria interessado em trabalhar em Inglaterra e blah, blah, blah!

Eu pergunto-me se terão visto o meu último post?

segunda-feira, maio 07, 2007

Porra pá!

Hoje estou naqueles dias em que me apetecia mandar este país às urtigas. Eu sei que temos qualidade de vida, sabemos comer e viver, mas ando ma passar com a falta de visão, falta de objectivos e falta de ambição que as empresas portuguesas e os portugueses têm.

Eu sei que trabalhamos para viver, ao contrário dos americanos que vivem para trabalhar, mas esta falta de vontade (que é o que parece, por vezes) dos portugueses em querer pôr este país no mapa entristece-me e deixa-me sem vontade de continuar. Eu sei que não estou aqui para lutar sozinho contra uma cultura, mas apetecia-me lutar por alguma coisa (não contra) e não consigo.

O melhor é ir apanhar um pouco de sol para me lembrar porque é que ainda estou aqui!

quinta-feira, abril 26, 2007

Mário Mora

Mário Mora foi a Mora com intenções de vir embora mas, como em Mora demora.
Diz um amigo de Mora:
- Está cá o Mora?
- Está. Está cá o Mora.
- Então agora o Mora mora em Mora?
- Mora, mora.

quinta-feira, março 15, 2007

J. Rentes de Carvalho

Há uns meses que ando para escrever isto (como muito mais coisas)! Mas há sempre alguma coisa que se intromete e acabo por protelar a escrita.
Em Dezembro, no dia 12, escrevi aqui, num acto de inconformismo, sobre uma pessoa que não conhecia. Engraçado que uns dias depois, J. Rentes de Carvalho, sabendo do post, escreveu-me, mostrando que era completamente diferente daquilo que eu tinha pensado dele: "Amigos informam-me do texto de 12/12 no seu blog e dos comentários que nele me faz. Fui ler. Sorri. A juventude tem esse excelente privilégio de poder formular juízos ligeiros e exprimi-los no tom assegurado de quem trombeteia verdades fundamentais. Mas enfim... Com mais do dobro da sua idade posso permitir-me o sorriso. E, acredite, no que respeita vivências e viagens não tenho razão de queixa, nem inveja dos meus semelhantes.
Deixe-me ainda acrescentar que por natureza não sou triste. No campo social são bastantes os amigos e quando, como ontem à noite, a família mais chegada se senta a consoar, somos vinte e dois.
" Isto foi escrito precisamente no dia de Natal.
No entretanto já me tinha apercebido, pelo comentário do Luís Alves, que o Sr. J. Rentes de Carvalho, não era aquela imagem de pessoa que eu tinha criado na minha cabeça. J. Rentes de Carvalho tinha bem mais para contar que eu.
"Vejo que leva a vida com agradável humor. Prezo que assim seja…
Desde já peço desculpa se de alguma maneira se sentiu ofendido pelo que escrevi nesse texto de 12/12. Não era minha intenção, de maneira nenhuma, ofendê-lo, porque não sou do género ofensivo. Porém compreendo que usei a imagem que me foi passada de si, como arma de arremesso na 'discussão' com o Luís (de Boticas) Alves, sobre o prazer que se pode ter em viajar. […] E pelo que li da sua Biografia, vejo que não tem sido no seu quarto a ler um livro que tem passado a sua vida. Um dia, quando tiver o dobro da minha idade, espero poder rir assim de alguém que usa o meu nome em vão!
" – Escrevi eu de prontidão.
Trocámos mais algumas mensagens e desde essa altura que tenho seguido o seu blog (criado precisamente nessa altura) quase com a mesma regularidade que ele é actualizado com uma nova história. E tem-se provado como eu estava errado no primeiro post. Pela coincidência, tenho a impressão que um dia ainda nos vamos cruzar algures... Porque se a Internet pode afastar, de certeza que ajuda a aproximar as pessoas.
Fica aqui a homenagem, o esclarecimento e a divulgação.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Inquietude

Eu sou filho de um alentejano e de uma transmontana que “emigraram” para Áfica e aí se conheceram, casaram e aí tiveram três filhos. Eu sou o filho do meio, nascido africano. Porém em tenra idade tive que abandonar a minha terra natal, à qual nunca retornei e da qual guardo poucas memórias. E, as memórias que guardo, às vezes não sei se são realmente minhas ou foram-me transmitidas pelos meus pais. Mas sei que me senti em casa quando fui a S. Tomé, mas penso que a maioria dos humanos deve sentir isso quando vai a África, pois aquele continente foi o berço da humanidade. Se calhar estou enganado…
Quando vim para Portugal (eu não retornei, por isso não sou “retornado”, mas mais refugiado) fui para a Maia. Terra que nada tinha a ver com o meu pai ou mãe. Aliás, era a terra adoptada pelos meus avós maternos, por uma questão profissional. Depois quando fui para a Universidade adoptei Aveiro como a minha terra, mas a verdade é que os laços que me unem a esta terra são circunstanciais e muito ténues (os meus amigos locais podem ficar ofendidos, mas sabem que uma verdadeira amizade não se faz depender de locais ou distâncias).
Tudo isto para dizer que, como dizia um ex-colega há uns tempos, ser emigrante é ser um desenraizado e a verdade é que eu sou emigrante na minha própria terra. E acho que a minha inquietude vem dessa vontade permanente de partir. Há uns tempos vi uma entrevista com o Dr. Fernando Nobre da AMI, em que ele dizia não ser capaz de ficar em casa muito tempo. Eu não sou assim, mas compreendo-o. Já olharam para um Leão numa jaula? Se ele pudesse sair estava lá?
Mas fiquei muito surpreendido no outro dia ao desfolhar umas revistas Volta ao Mundo. Fiquei surpreendido, porque não tive vontade de ir a nenhum dos destinos que estavam nas três revistas (minto, por momentos tive vontade de saltar para dentro das imagens que lá tinha de Lhasa e do Tibet). Mas o que mais me surpreendeu é que ao fim de muitos anos, mesmo não me sentindo um local, não tenho necessidade de me sentir um emigrante.
Tenho uma amiga que dizia que o mais sente saudades, quando está em Portugal, é de ser uma estranha. De ninguém a reconhecer e de poder assim se libertar de espartilhos. A verdade é que eu penso que não tenho muitos espartilhos e que não tenho receio de ser reconhecido. Mas sinto saudades de ser um estranho e de olhar em volta e saber que tudo aquilo que me rodeia é-me mais diferente que àqueles que lá vivem.
Tirando uma ida a Vigo em Janeiro, já não saia do território nacional, há um ano. Será que estou a perder as minhas inquietudes? Espero que não! Espero apenas estar a conseguir controlá-las melhor. É uma fase…

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Palhaça: "Mensagem pela manhã"

O staff fica surpreendido com o mail que chega logo pela manhã. Ambrósio Graciano escreve:
"Gostaria de informar que um dos nossos colegas sofre de um problema médico raro e conhecido por Disforia de Identidade do Género (DIG), mais comummente conhecido como Transexualidade. É uma condição incurável, mas tratável, que se pensa ser causada por um desequilíbrio hormonal na fase pré-natal, e não deve ser considerado um desvio, fetish ou uma opção de estilo de vida. Na sua essência uma pessoa que sofra desta condição, identifica o seu género de maneira diferente daquele que fisicamente e externamente apresenta. O tratamento para esta condição consiste em alterar o seu género físico da pessoa de modo a condizer com aquilo que sente interiormente.
Como resultado do seu tratamento de DIG e desejando fazer esta mudança de uma forma adulta e ponderada, Olegário Alho Lança vai deixar a empresa na sexta-feira, 23 de Março para retornar na segunda-feira 23 de Abril como Ongina Alho Lança, para viver e trabalhar como uma mulher.
Tenho a certeza que todos se juntarão a mim no desejo que esta transição corra sem problemas e sei que todos farão o possível para respeitar a Ongina e tratá-la como uma mulher.
"

E Rodrigo Rodrigues volta ao enchimento de chouriços...

(Serve este post de homenagem a Gisberta, uma transexual, brutalmente assassinada, no Porto, faz hoje um ano. E é baseado - como é costume na rubrica "Palhaça" - em factos verídicos da minha vida profissional, que ocorreram faz agora, também, três anos.)

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

A minha vida dava um filme de Luís Ismael

Às vezes esqueço-me como se fala diferente de zona para zona de Portugal. E, mesmo com pequenas distâncias a nos separar, é sempre fácil encontrar enormes diferenças na maneira como as pessoas falam.
Ontem, fui jantar a casa de uns amigos a Esmoriz. Mas antes fui fazer uns quilómetros de BTT. Ao retornar a casa, tomámos, eu e o meu amigo, o caminho sobre o passadiço de madeira nas dunas da praia de Esmoriz. Já estava muito escuro!
Ao longe via-se uma luz verde, que com a proximidade se foi transformando numa máscara de Carnaval. Uma máscara do Homem-Aranha num miúdo de pouco mais 3 ou 4 anos.
Quando passámos pelo Homem-Aranha, que estava acompanhado por uma mulher, cumprimentámos:
- "Olá Homem-Aranha!"
Ao que o miúdo ficou parado a olhar para dois adultos vestidos de calções de lycra e casaco amarelo, em cima de duas bicicletas, provavelmente a pensar se aquela seria o nosso disfarce.
Tivemos que desmontar para descer umas escadas muito íngremes e fomos apanhados pelo Homem-Aranha, quando a sua acompanhante dizia:
- "Oh, Tomás anda embora".
E eu disse:
- "Mas afinal chamaste Tomás ou és o Homem-Aranha?"
E o Tomás acanhado parou e nem respondeu… Mas a acompanhante disse:
- "É o Homem-Aranha, mas é um homem-aranha murcãum".
E fomos embora a pensar o que é que a senhora queria dizer com aquilo… E a rir!

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

(Ex)Citação XXIV

"Some men see things as they are and say why - I dream things that never were and say why not."
George Bernard Shaw

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Jai Narayan Singh

Há quase um ano, fui abençoado para viver com o nome espiritual de Jai Narayan Singh, que significa: O vitorioso Leão de Deus, cuja alma é clara, pura e brilhante como a água límpida e fresca, que tem a claridade da percepção, que motiva e protege os outros, e que anda com graciosidade e coragem pela sua vida.

Jai significa: Vitória, a capacidade de ultrapassar obstáculos no caminho para o seu objectivo.

Narayan significa: Aquele cuja alma é clara, pura e brilhante como a água límpida e fresca, que tem a claridade da percepção, que motiva e protege os outros.

Singh significa: O Leão de Deus que anda com graciosidade e coragem pela sua vida. Singh é o nome que Yogi Bhajan dava a todos os homens. Ele ensinou que todos os homens têm o potencial de alcançar um grande estado de graça e coragem, de serem um grande leão-guerreiro de Deus, e ele encorajou todos os homens a manifestarem esse potencial.

domingo, fevereiro 11, 2007

Aulas de Kundalini Yoga

Estão abertos novos horários para a prática de Kundalini Yoga, segundo os ensinamentos de Yogui Bhajan, n’O Jardim de Lótus. O professor é Jai Narayan, que para quem não sabe, sou Eu (é o meu nome espiritual e ainda não vos contei, né?).

Às 3as e 5as das 9:15 às 10:30, mas se houver outras horas que vos agrade mais, digam-me, sff.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

X-Wife Taking Control

Há algum tempo que não ia a um concerto de rock. Sinceramente, já nem me lembro do último que fui. Mas, diria que foi o Super Bock Super Rock de 2004… Não! Foi a Siouxsie em Londres, em 2005. Mas por 7 euros não podia perder um concerto, aqui em Aveiro, numa sala minúscula e num espaço que não conhecia sob este conceito. Assim, faz hoje uma semana fui ver os X-Wife no auditório do Mercado Negro.

Digamos que a sala não será muito maior que a minha sala de casa, em anfiteatro, mas infelizmente com cadeiras… Mas estou-me a adiantar! Digamos que o bilhete que comprei dizia que tinha que o trocar pelo verdadeiro no dia e no local do concerto. E por isso cheguei às 22:15 (o concerto era às 23:00) ao Mercado Negro. Mas, ninguém sabia onde e como se fazia a troca. No balcão diziam que era no auditório e no auditório mandavam-nos para o balcão. Estaria tudo bem se o balcão e ao auditório não fossem um em cada lado do estabelecimento e em andares diferentes. Mas lá consegui “trocar” o bilhete temporário, colorido e bem feito, por um papel de rifa com um carimbo dos X-Wife em vermelho… O que vale é que nos deixaram ficar com o bilhete!

Mas voltemos então ao concerto: tenho pena que, apesar de ter melhorado no último CD, o vocalista continue a usar a reverberação, o eco e os gritos para disfarçar o facto de ter vergonha da sua vocalização ou não se sentir confortável com a sua voz. E, apesar de não conseguir ver muito do que se passava no “palco”, devido a um tipo imóvel que ficou duas filas à minha frente, gostei da actuação do baixista que não parou um segundo e ainda deu um gostinho ao dedo e tocou um pouco do “She Lost Control” dos Joy Division a pedido do público. O teclista com a sua sempre presente camisa às riscas fez o que lhe competia sempre muito atento ao que se passava. Mas, tenho pena de não conseguir ver o baterista, que substituiu muito bem a caixa de ritmos que normalmente fazia os concertos dos X-Wife (acho que foi assim que os vi no tal SBSR de 2004).

O concerto foi muito bom, apesar de não nos conseguirmos mexer por causa das cadeiras, de não conseguirmos respirar por causa do fumo (a sala tinha muito má circulação de ar, para não dizer que não tinha nenhuma) e de não podermos levar bebidas para dentro da sala. Mas tudo isso era alheio aos X-Wife que passaram o tempo a dizer que nos divertíssemos e que éramos muito tímidos. Não sei se estaria à espera que fizéssemos stage diving mas ao contrário, da plateia para o palco (que estava num nível mais baixo).

Ouvi coisas que me lembraram Suicide em certas partes, roçaram os The Jesus And Mary Chain de Automatic, houve mesmo momentos muito rock’n’roll próximo dos The Gun Club e por vezes pareceu-me ouvir o Lux Interior em palco (eu disse ouvir). Mas afinal não, eram os X-Wife Taking Control.

X-Wife Tour

Vão ver…Hoje em Coimbra, amanhã em Leiria, depois de amanhã em Tondela, e depois em Lisboa, Caldas da Rainha, Esposende, Porto, Vila Real e Braga. Vejam no site deles onde e como.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A minha vida dava um filme do Alfonso Cuarón

Estou a passar por uma fase da minha vida em que ponho tudo em causa. Afinal de contas o que é certo na minha vida? O Baltasar… Aconteça o que acontecer será sempre meu filho, e eu o pai dele!

Mas se mudar de profissão? Deixo de ser Engenheiro de Telecomunicações ou Programador… E se mudar de cidade? Aveiro deixa de ser a minha cidade… E se mudar de país? O português pode deixar de ser a minha língua… E se mudar…

Por isso mesmo por vezes tenho necessidade de ir até à Costa Nova, e andar na areia até muito próximo da rebentação. Para perceber porque é que ainda estou aqui! E tenho vontade de chorar quando olho para aquele mar, que todos os dias rebenta ali e não muda… Mas por outro lado, ninguém o consegue dominar!

Ontem fui até lá! E apeteceu-me tomar banho nu, mas estava muito frio e não tinha onde me limpar, se não... Aproveitei para apanhar um sol e lembrar-me que "Aconteça o que acontecer, a vida continua e o mar continuará a rebentar na praia!"

terça-feira, janeiro 09, 2007

O que eu gostava de estar a fazer?

Há uns meses, como exercício prático de um livro que estava a ler, escrevi aquilo que gostaria de estar a fazer daqui a 10 anos, mas que se pode encaixar em grande parte naquilo que eu gostava de estar a fazer neste momento. Eventualmente daqui a 10 anos pensarei de outra forma, mas neste momento gostaria de estar “a gerir uma equipa de pequena ou média dimensão” com 5 a 15 elementos no total, formada por “pessoas interessantes que convivem e se entreajudam no trabalho.” Eu acredito que da convivência nasce a partilha do conhecimento, a motivação e a vontade de criar melhor.

Numa empresa, minha ou não, que tenha “boas relações com os clientes e uma boa gestão dos procedimentos de modo a que o trabalho seja realizado convenientemente e de acordo com o planeado na gestão de projectos”. Esta empresa teria “boas relações entre as hierarquias de modo que haja ‘feedback’ (favorável ou desfavorável) para que haja evolução.” Uma empresa que acredita na formação contínua como maneira de valorização e evolução dos seus funcionários.

Uma empresa que acredite que o mundo é plano e tenha clientes de vários pontos do globo e que permita contactos internacionais mais ou menos permanentes. Evolui-se muito se assim for.

Uns tempos antes (Julho de 2005) escrevi dez desejos que gostava de ver realizados (não utopias), associados aos Chakras.

No primeiro dizia que queria “um emprego estável” e que não pedia “um bom emprego, porque isso não existe”. “Ou é estável ou é bom! Claro que um emprego estável seria numa empresa que desse perspectivas de estabilidade. Uma empresa que pela sua dimensão e história me fizesse sentir seguro. Mas que ao mesmo tempo me desse segurança e condições contratuais válidas.”

No terceiro escrevi que gostaria de “ser reconhecido pelo meu trabalho e pelas minhas capacidades. Não ser apreciado porque sou um cordeiro, um ‘yes man’, mas por ser um membro do grupo que apenas pretende o melhor para todos. Ser reconhecido como alguém que gera valor acrescentado o meio onde me insiro, quer seja profissionalmente, didacticamente, no lazer ou artisticamente.”

“Claro que isto depende do meu esforço, mas esse só depende de mim e não de um desejo.”

No quinto desejei “ser mais criativo”.

No sexto escrevi que gostaria de “estudar. Fiquei feliz e entusiasmado com o curso de gestão de projectos. Acho que bem implementado o sistema de gestão pode produzir frutos valiosos.”

“Tirar um MBA ou um curso de gestão.” Que iniciei em Outubro… Mas escrevi também que “o curso de Kundalini Yoga continua nos meus planos. Mais a longo/médio prazo”, e surpreendentemente comecei-o bem mais cedo que imaginava então (Dezembro).

No sétimo escrevi que gostaria de “ser eu. Não me comparar ou ser comparado com os outros.”

Mas a primeira vez que pensei nisto foi em Maio de 2005, na eminência de ficar desempregado, escrevi aquilo que chamei de utopia: “Gostava de trabalhar numa cidade de média dimensão, perto do mar e de atitude liberal. Se não fosse perto do mar, que não diste muito deste e que seja atravessada por um rio relativamente grande.”

“Numa empresa liberal, dinâmica e de tecnologia. Uma empresa onde as pessoas fossem valorizadas pelo seu desempenho e fossem reinforçadas quando mostrassem boas práticas. Onde o modo como se veste não fosse motivo para a desvalorização pessoal.”

“Uma empresa dinâmica capaz de estimular os seus colaboradores a serem activos na procura da qualidade do seu trabalho. Onde as pessoas não sejam valorizadas pela sua antiguidade, mas sim pela sua dinâmica.”

“Uma empresa de tecnologia porque essa é a minha área de formação e porque acho que essa é uma área de grande dinâmica.”

E sobre quanto gostaria de ganhar, escrevi que “eu sou um insatisfeito por natureza, por isso por mais dinheiro que ganhe nunca será suficiente. Por outro lado não me movo por dinheiro, embora o ache compensador. Movo-me mais por pessoas, equipas, projectos e ideais.” Como dizia alguém: “aquilo que mais gostamos de fazer até o faríamos de graça”, se não houvessem contas para pagar.

Mais recentemente, em Agosto, escrevi também sobre o mesmo assunto, porque “acho que sou das poucas pessoas que pensam nisso, no universo que me rodeia. Penso que a maioria se rendeu à sua existência e desistiu de lutar pelo ‘melhor’ emprego em prol de uma vida mais pacata. Eles também têm a sua razão!”

Mais numa perspectiva de mais longo prazo, e uma vez que “o facto de dificilmente ver este desejo a ser cumprido, em Portugal, cada vez mais me motivo para abrir um negócio meu. Porém não desejaria” de o fazer numa empresa de “tecnologia, porque embora acredite que de momento Portugal tem vantagem competitiva nessa área, rapidamente seremos apanhados pelos países de leste e rapidamente ultrapassados pela China, Índia ou Brasil.” Além de que neste momento, e depois da última desilusão, cada vez menos acredito em engenheiros-gestores e acho que começo pouco a acreditar numa empresa minha nesta área.

“Eu acredito que maior e melhor recurso de Portugal é e será o bem-estar. O sol, a gastronomia, o ‘savoir vivre’ do português e é sem dúvida algo que poderemos ‘vender’ turisticamente.”

“O que me questiono é como ‘vender’ algo que é cultural?”

Provavelmente só o farei daqui a mais de 10 anos, mas penso que há mercado para receber estrangeiros e mostrar-lhes aquilo que nós fazemos e gostamos. Um dos meus sonhos é ter onde receber e saber receber… Porque isso é o que de melhor se faz em Portugal.

Resumindo: No imediato gostaria de trabalhar numa empresa estável que me desse perspectivas de evolução e me permitisse estudar. Onde pudesse exprimir a minha criatividade e onde fosse valorizado pelos meus esforços. Uma empresa com visão global, ou pelo menos internacional e de tecnologia. Onde estivesse a gerir uma equipa de pessoas interessante, com quem interagia e criasse produtos de qualidade, satisfazendo os clientes.

A mais longo prazo, uma empresa minha mas não de tecnologia, mas ligada aos contactos culturais e ao bem-estar, em Portugal.

Estarei a sonhar?

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Apostar No Empreendedorismo Exige Novas Mentalidades

Vem este artigo na sequência de algumas reuniões que tive na mesma semana, e que raramente começaram a horas... Serei eu que estou mal?

Apostar No Empreendedorismo Exige Novas Mentalidades
Celestino Flórido Quaresma

Portugal ainda está preso a uma mentalidade de ignorância, de iliteracia, de isolamento, de débil capacidade de liderança, de desejo de trabalhar por conta de outrem. Para grande parte dos jovens, o único objectivo é ter emprego e receber um vencimento ao fim do mês. Sem nenhum entusiasmo, sem nenhuma apetência para criar a sua própria ocupação, geradora de riqueza

O nosso Governo está a apostar no chamado Plano Tecnológico. Mas, para termos um plano tecnológico, precisamos primeiro de um plano eficaz para mudar as mentalidades. Para que se incuta em todos nós um espírito de exigência, de qualidade, de rigor e de pontualidade. A todos os níveis, na escola, na vida profissional e mesmo na nossa vida pessoal. Exigência para com os professores, para com os alunos, para com os nossos fornecedores de bens ou serviços, para com os nossos colegas e, sobretudo, exigência para com nós próprios; Para incutir em cada um de , nós um espírito de inovação. Um espírito empreendedor. Em todas as actividades em que estejamos envolvidos! Enquanto estudamos. Enquanto trabalhamos por conta própria ou por conta de outrem.

Se aumentarmos o nosso espírito de iniciativa, tornamos mais empreendedoras, mais rigorosas e mais exigentes as pessoas que nos rodeiam. A começar pela exigência de pontualidade. Eliminemos, mesmo, o quarto de hora académico e coimbrão. Incentivemos, sobretudo nas escolas, o culto da pontualidade.

Portugal ainda está fortemente preso a uma mentalidade consequente da ignorância, da iliteracia, do isolamento, da débil capacidade de liderança, do desejo de trabalhar por conta de outrem. Para grande parte dos jovens, o único objectivo é ter emprego. Para receber um vencimento ao fim do mês. Sem nenhum entusiasmo por aquilo que quer fazer, nem pela sua realização pessoal. Sem nenhum entusiasmo pela produção. Sem nenhuma apetência para criar a sua própria ocupação, geradora de riqueza.

Os jovens diplomados vêm de meios académicos pródigos em praxes e em festas. Neste ambiente, paira-se num mundo maravilhoso, onde parece não haver riscos. Mas a vida real não é assim e isso complica tudo quando se sai desse mundo para um outro bem diferente. Surgiram algumas licenciaturas novas nas últimas décadas, com designações impensáveis, sem nenhum conteúdo que dê resposta às reais necessidades da comunidade. E fogem para esses cursos aqueles que buscam facilidades mas que vão ser vítimas delas. Ficam vazias as licenciaturas com conteúdos científicos e tecnológicos que levam à capacidade de decisão e à criatividade fundamentadas no conhecimento científico. Porque, nessas licenciaturas, ainda se exige algum esforço. Temos hoje excesso de licenciados em coisa nenhuma. Que nem, ao menos, trazem cultura geral. Que têm, no fim do curso, a sensação de uma total inutilidade. É importante aprender. É importante saber. É urgente alertar para isso os estudantes. Para não serem enganados pelas notas altas dos professores que não exigem. Para não serem enganados por diplomas que pouco ou nada valem. Hoje, quem avalia o valor das pessoas, o seu saber e a sua competência é o mercado de trabalho!

É urgente levar o rigor, a exigência e o culto do saber a todos os graus de ensino. Promover o culto da pontualidade. Promover o respeito pelo tempo, porque o tempo é um bem escasso e, por isso, é fundamental e precioso. É importante que os jovens se habituem a pensar e a lançar as suas ideias, a sugerir novos processos de trabalho e de relacionamento entre as pessoas no ambiente de trabalho, a lutar contra dificuldades de toda a ordem. A lutar pelas soluções e pelos rumos em que se acredita. A serem ambiciosos e exigentes consigo próprios e com os outros. A inovação e o empreendedorismo só resultam em sucesso com muito trabalho, muito esforço e muita persistência. E tudo isto com entusiasmo, com boa disposição e bom humor, quer a trabalhar por conta de outrem quer na criação do seu próprio trabalho. Só é inovador e empreendedor quem gosta do que faz, quem tem entusiasmo e anda bem disposto. É assim que se tem êxito profissional. É assim que se faz Inovação e se é Empreendedor.

In Espaço Público, Público, Domingo, 24 de Dezembro de 2006