terça-feira, dezembro 22, 2009

Boas Festas e Feliz Ano Novo


Boas Festas e Feliz Ano Novo
Buonas Fiestas i Feliç Anho Nuobo * Boas Festas e Próspero Aninovo
Felices Fiestas y Próspero Año Nuevo * Happy Holidays and a Happy New Year
Fröhliche Weihnachten und ein Glückliches Neues Jahr * Joyeuses Fêtes et Bonne Année
Buone Feste e Felice Anno Nouyo * Prettige Kerstdagen en een Gelukkig Nieuwjaar
メリークリスマス明けましておめでとうございます

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Uma prenda de Natal...



De um dos mais brilhantes desenhadores de Banda Desenhada da actualidade (IMHO). Podem encontrá-lo aqui, sem pagar portes.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Change Is Gonna Come

Há 25 anos, andava eu no 10º ou 11º ano, na Fontes Pereira de Melo na rua do Breiner, ali para os lados da Cedofeita, no Porto. Quando não tínhamos aulas íamos jogar nas máquinas na rua de Cedofeita ou íamos para o Café Encontro na rua do Rosário. Quase todos éramos de fora do Porto e a casa ainda ficava longe. Só o Cândido é que era do Marquês e muitas vezes, eu, ele e o Miguel íamos para casa dele ouvir música. Éramos quase inseparáveis...

O Cândido emprestou-me um single de 7" de uma banda que nunca tinha ouvido falar, mas gostei logo do tema... Mas nunca mais arranjei nada deles e apenas tinha aqueles dois temas que ouvia insistentemente. Principalmente o lado A porque me punha bem disposto! A mensagem era clara - "The Change is Gonna Come".


(claro que a razão por detrás da mudança aqui tem a ver com uma fuga, mas é assim que eu me sinto hoje)

Ah! O lado B era uma versão ao vivo de I'm Waiting For My Man, um original dos Velvet Underground.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Peter Murphy's Not Dead

Em conversa com um amigo, e falando acerca do concerto do Peter Murphy, ele disse-me "Ouve coisas novas. Esse gajo já vai a qualquer lado!"... Pois! Foi isso que eu pensei quando vi o cartaz do concerto há umas semanas atrás colado na parede do Mercado Negro. Mas depois pensei nos tempos em que os concertos em Portugal eram escassos e só existiam em Lisboa e, algumas vezes, no Porto (aliás se seguirem os links podem ver que o Blitz só seguiu os outros concertos). Pensei que para que haja mais concertos noutros locais é necessário que haja público e por isso não podia deixar de o ir ver.

Por outro lado sempre disse, em tom jocoso, aos meus amigos que iam ver grupos acabados (ex: The Doors ou os INXS no Festival Dunas de S. Jacinto em 2003) que "para ver mortos vou ao cemitério". E um concerto mais intimista do rei do gótico podia ser interessante, mas já não ouvia nada novo dele há bastante tempo e podia ser um desastre fúnebre. Mas o Bela Lugosi pode estar morto, mas o Peter Murphy (mesmo que com algumas gorduras) ainda está muito vivo.

Cheguei ao concerto mesmo a tempo de me aperceber que me tinham arranjado bilhetes para a primeira fila (quando resolvi ir ao concerto já este estava esgotado e então tive que recorrer a alguns contactos para ver se ainda conseguia estar presente). Sentei-me, depois de uma curta conversa com uns amigos, e já estava a Lettie em palco. Nem tempo tive para agarrar uma bebida no bar.

A Lettie é uma one-woman-band londrina, embora escocesa (de Glasgow) como se nota pelo sotaque. Com uma voz entre a Dido e a Aimee Man, e toca desde teclas, guitarra e o pedal de eco que massacra constantemente com os seus saltos altos. O seu som faz-me lembrar muitas coisas desde Anne Clark a algumas coisas da 4AD, passando por um pop-folk feminino das meninas acima mencionadas. É complicado estar a tocar tanta coisa ao mesmo tempo, atrás de um teclado, e ainda ter uma presença em palco, mas ela tenta (e as meias de renda ajudam). No final deixou a sala com um saborzinho suave e doce de uma brisa matinal britânica. Melancólico mas agradável.

Quando entrou o Peter Murphy as memórias da Lettie depressa foram "varridas" por uma parede de som de guitarras, bem alto e demolidor. O homem e a sua banda entraram a "rasgar" de tal modo que mal se ouvia a voz do senhor. A sala encheu-se de um "rugido" saído das guitarras do Mark G. Thwaite (The Mission/Tricky) e John Andrews (Vast Earth Orchestra) suportado por um baixo limpinho do Jeff Schartoff (Human Waste Project/Professional Murder Music) e a bateria expressiva do Nick Lucero (Queens of the Stone Age/The Flys). A garra era tanta que no final do primeiro tema já Mark G. Thwaite (a vedeta número dois da companhia) tinha que mudar a sua Gibson porque já tinha uma corda partida.

Mas era complicado mover um público sentado tocando temas novos, mesmo que com muita garra. Mas o espectáculo foi acontecendo em crescendo, com o primeiro aquecimento após a primeira versão da noite de um tema de John Lennon - "Instant Karma" - seguido de um dos Roxy Music - "In Every Dream Home A Heartache" - e dois temas mais conhecidos em modo acústico - "Marlene Dietrich's Favourite Poem" e "Time Has Got Nothing to Do with It".

E depois de uns temas novos e outros menos conhecidos - "Too Much 21st Century" dos Bauhaus deve ter passado despercebido em quem não conhece bem a sua discografia - a primeira parte do concerto acabou. Claro que aí o público levantou-se e reclamou um encore que prontamente foi atendido. E quando a banda voltou ao palco pela segunda vez é que começou verdadeiramente o espectáculo que o público queria ouvir e para o qual tinha pago o bilhete. A casa começou a tremer quando começaram os primeiros acordes do "She's In Parties", mas continuava tudo sentado.

Eu tinha alguma vergonha de me pôr de pé e estive a controlar-me o tema toda, porque a vontade de saltar e dançar era imensa. Mas o respeito pelas filas de trás impunha que me mantivesse sentado. Quase desfiz o sapato com a baqueta que o baterista arremessou para a plateia no final da primeira parte do concerto e que eu vitoriosamente consegui apanhar. Mas depois da chamada para o segundo encore, quando se ouviram os primeiros acordes do tema "Cuts You Up" só disse "Que se lixe!" e não mais me sentei... Eu e a sala toda!

Seguiu-se a apoteose do concerto com temas como "Ziggy Stardust" de David Bowie e "Transmission" dos Joy Division, levando o público ao rubro. Para terminar a banda deitou-se no chão (à minha frente) e Peter Murphy cantou sozinho e quase a capela "Space Oddity" do David Bowie, acalmando o público. Ainda se pediu mais um encore, mas já não houve mais música...

Depois ainda fui procurar um autógrafo do Peter Murphy e comprei os CDs da Lettie (que tenho ouvido insistentemente). Estive a falar com o baixista sobre a sensação de tocar as linhas de baixo do Peter Hook e ainda troquei duas frases com o guitarrista John Andrews (que me fez lembrar muito o Brian Molko dos Placebo). Para acabar a noite, e enquanto me dava um autógrafo, disse ao Peter Murphy que era a terceira vez que o via a solo. Ele perguntou onde e quando e ficou surpreendido por o ter visto em São Francisco há quase 10 anos atrás. A verdade é que só vejo concertos dele de 10 em 10 anos - 23 de Setembro de 1990 no "Strange Kind Of Love Tour" no Coliseu do Porto, 2 de Março de 2000 no "Peter Murphy Tour 2000" no The Warfield em São Francisco e agora a 30 de Outubro de 2009 no "Secret Cover Tour" no Centro Cultural de Ílhavo. Pelo meio, ficou o concerto do "Resurrection Tour" dos Bauhaus a 15 de Novembro de 1998 no Coliseu do Porto (o último da digressão).

Vêmo-nos em 2019!



Alinhamento do concerto:
"Things to Remember"
"Velocity Bird"
"Peace To Each"
"Disappearing"
"Memory Go"
"I'll Fall With Your Knife"
"Instant Karma" (John Lennon)
"In Every Dream Home A Heartache" (Roxy Music)
"Marlene Dietrich's Favourite Poem"
"Time Has Got Nothing to Do with It"
"Secret Silk Society"
"Too Much 21st Century" (Bauhaus)
"Secret"
"The Prince And Old Lady Shade"
"Deep Ocean Vast Sea"
" Uneven and brittle"
---
"Strange Kind of Love" / "Bela Lugosi’s Dead" (Bauhaus)
"She's In Parties" (Bauhaus)
"Gliding Like a Whale"
---
"Cuts You Up"
"Ziggy Stardust" (David Bowie)
"Transmission" (Joy Division)
"Space Oddity" (David Bowie)

sexta-feira, outubro 30, 2009

Saudades de 2000



Há 9 anos, eu e a Cláudia fomos vê-los ao mítico The Fillmore em San Francisco!
Suberbo!

quarta-feira, outubro 21, 2009

iQLês?

A Teoria do Grão de Areia, Tomo 1
François Schuiten, Benoît Peeters

O décimo volume da série Cidades Obscuras, uma das minhas preferidas (gosto tanto que tenho um cartaz de quase 2 por 1 metro na minha sala de estar). Mas é só a primeira parte… De uma história de uma cidade onde misteriosamente nascem pedras de igual peso nas divisões de uma casa, aparecem grandes quantidades de areia noutra, mesmo ao lado, e onde um cozinheiro perde peso sem nunca emagrecer (chegando mesmo a flutuar no ar). E temos que esperar um ano para saber o desfecho destes misteriosos acontecimentos, assumindo que teremos um tomo 2, porque ainda estamos à espera do tomo 2 da Fronteira Invisível da mesma série. Os ambientes criados por esta dupla de autores continua a surpreender, não só pelo enredo, mas também pelas imagens retro-futuristas de um arquitecto de cidades.
ASA / Público, 2009




Charley's War #1: 2 June 1916 - 1 August 1916
Pat Mills, Joe Colquhoun

O primeiro volume de uma série clássica inglesa (dos inícios dos anos 80) que retrata a vida de um jovem inglês que mente sobre a sua idade e com 16 anos se alista para ir para a frente de batalha, nos campos de França, durante a Primeira Guerra Mundial. Este volume conta a história do Charlie desde que se alista até se ver no meio da Batalha do Somme, batalha que ainda hoje é considerada o episódio mais sangrento da história do exército inglês (quase 20000 mortos num só dia de batalha). Os pormenores do desenho de Joe Colquhoun mostram os horrores da guerra nas trincheiras e o guião de Pat Mills traz de novo a tona as injustiças perpetradas pelas chefias que não se habituaram à mudança dos tempos e aos desenvolvimentos tecnológicos em curso durante a guerra. Faltam mais 5 volumes…
Titan Books, 2004




The Photographer
Didier Lefèvre, Emmanuel Guibert, Frédéric Lemercier

Passar de um livro inglês sobre a Primeira Guerra Mundial para um francês passado durante a invasão da União Soviética ao Afeganistão, um salto temporal de 1916 para 1986, é estranho. Mas enquanto o primeiro estava cheio de humor corrosivo britânico, o humor no segundo chega a roçar o infantil. Mas o livro tem pouco de humor e muito menos de infantil. Trata-se da história verídica de um fotógrafo francês que acompanha uma expedição dos Médicos Sem Fronteiras ao Afeganistão, sem a autorização dos Soviéticos, partindo do Paquistão. A história é contada na primeira pessoa por Didier Lefèvre que partilha as suas fotos, que são complementadas pelos desenhos de Emmanuel Guibert, e que nos descreve os horrores de um povo que é apanhado numa guerra e faz tudo para sobreviver. Um excelente documento histórico e visualmente muito bonito. A versão inglesa, que li, reúne num só volume os três tomos editados em França.
First Second, 2009




Shortcomings
Adrian Tomine

Talvez o melhor livro que tenha lido este ano. Porém desde já aviso que quem vai à procura de um enredo denso ou de uma história, pode ficar muito desiludido. O livro trata apenas da vida simples de uns jovens da baía de São Francisco, da sua rivalidade para com Nova Iorque e de factores raciais entre orientais e ocidentais numa sociedade multi-cultural. Mas os diálogos e a maneira como os episódios são retratados são de um nível quase cinematográfico, com um desenho claro e muito simples. Só falta o sangue para ser um Quentin Tarantino ou um homem a falar de trás para a frente para ser um David Lynch. Depois de ler outros livros do Adrian Tomine percebo agora porque este é considerado a sua obra-prima (até agora).
Drawn & Quarterly, 2007




Blankets
Craig Thompson

Uma história sobre um primeiro amor. Como um primeiro amor fica gravado na nossa memória, mesmo que poucas vezes pensemos nele. Porém somos capazes de sentir o cheiro, os sabores e os arrepios que sentimos quando tivemos o nosso primeiro amor. E como isso pode mudar por completo a nossa maneira de ver o mundo. É isso que Craig Thompson nos conta em quase 600 páginas de um livro muito bonito e bem desenhado. Peca por não ter um fim muito bem definido (quase nos fazendo acreditar que haverá um segundo volume).
Top Shelf Productions, 2003




Waltz With Bashir
Ari Folman, David Polonsky

Feito a partir das pranchas do filme de animação que passou nas salas de cinema há uns meses atrás e (penso, pois não vi o filme, ainda) contando a mesma história. A história de um israelita, que como soldado, e durante a invasão ao Líbano, assistiu aos massacres de Sabra and Shatila. Porém não se consegue lembrar de nada desse período da sua vida (memória selectiva) e procura preencher esses buracos vazios com a memória dos seus, então, companheiros. Durante a conquista de Beirute os soldados israelitas receberam ordens para deixar entrar as facções cristãs libanesas dentro dos campos de refugiados de Sabra and Shatila. Durante horas essas facções tiveram carta branca do exército israelita com o pretexto de fazer sair dos campos os terroristas. Mas não foi bem isso que eles fizeram.
Atlantic Books, 2009




Aya #3: The Secrets Come Out
Marguerite Abouet, Clément Oubrerie

No final do ano passado, em visita à bela cidade de Praga, tendo acabado a leitura que levava comigo, entrei numa loja de BD e comprei um livro que logo me chamou a atenção. Na viagem de comboio entre Praga e Budapeste “devorei” o livro. Era a história de uma rapariga simples num bairro de Abidjan na Costa de Marfim nos anos 70. As histórias, amores, desamores e intrigas de uma vizinhança que se conhece muito bem numa África quente e de alguma forma próspera. Este é o terceiro livro da série e talvez o mais fraco, mas deixando levantado o véu sobre o quarto número (que já saiu em França) com muitas pontas por atar. Espero ansiosamente a edição em inglês!
Drawn & Quarterly, 2009




Os Passageiros do Vento #1-6
François Bourgeon

Já conhecia a série desde o tomo 1 ao 5, editadas por cá, há uns 20 anos, pela Meribérica. Acontece que depois de um diferendo que houve entre o autor e a sua editora em França, que durou quase uma década, o primeiro decidiu prolongar a série com mais um volume em dois tomos, o primeiro dos quais foi agora editado. A história do primeiro ciclo (de 1 ao 5) é para mim uma das mais bem conseguidas da BD franco-belga. O conteúdo e o rigor histórico são tão bem fundamentados que me vi a descobrir episódios da nossa própria história que jamais tinha pensado (como a feitoria portuguesa em Ouidah - São João Baptista de Ajudá - no Benin que só em 1961 deixou de ser Portugal). O primeiro tomo do sexto volume dá um salto no tempo, desde o comércio da escravatura de África para as Américas para o fim da mesma com a Guerra da Secessão. Notam-se os 25 anos que separam a elaboração do tomo 5 e 6.
ASA / Público, 2009

terça-feira, outubro 20, 2009

Fontão (ou não)

Sábado fui andar de bicicleta com o João Oom. Ele veio passar o fim-de-semana cá a Aveiro e estava com saudades de uma volta de bicicleta e de uma ida ao Fontão. O Fontão é um lugar que fica entre Angeja e Albergaria-a-Velha, onde acaba a planície do vale do rio Vouga e começam os declives acentuados formados pelos rios e ribeiros que aí desaguam. Ou seja onde o nome Bicicleta de Montanha começa a ganhar nome sobre Bicicleta Todo-o-Terreno (BTT). Além disso é uma zona de forte cariz agrícola onde a distância à cidade parece muito maior que os meros 10 quilómetros percorridos para aí chegar.

Assim, saímos cedo e fizemos os caminhos pelo vale do Vouga até atravessarmos a ponte de Angeja (junto à Nossa Senhora das Neves - presumo que o culto seja porque uma vez nevando na Serra do Caramulo é garantido que não falta água por aqui). Não fomos ao leitão, mas começámos a subir a encosta até ao seu topo. Em cerca de 750 metros subimos dos 8 aos 80 metros de altitude (um declive médio de 10%).

Depois veio a procura do caminho para descer a encosta para o outro lado - o lado do Fontão. Pois! Haviam muitos caminhos até ao vale, mas as pontes pedonais desapareceram e atravessar o rio não era fácil. Os costumes destas gentes mudaram e infelizmente os caminhos pedonais começam a perder-se. Fizemos 4 descidas por caminhos diferentes e em todas o resultado foi frustrante e tivemos que voltar a subir a encosta de novo. Andámos ali cerca de 1h15m a subir e a descer e fizemos 8 quilómetros até desistir e descer de novo para o vale do Vouga até Frossos.

O percurso que publiquei exclui estas subidas e descidas, pois não queria que alguém andasse a picar-se e sofrer por minha culpa, mas a adicionar ao percurso que aqui está há que contar com mais 8 quilómetros de extensão e uns 240 metros de declive em subida e outros tantos em descida.

Mas foi uma volta divertida e deu para matar algumas saudades. Agora só tenho que ir ao Fontão ver se ainda existe algum caminho que vá até Angeja.

terça-feira, outubro 13, 2009

segunda-feira, setembro 28, 2009

Shin-Yokohama até Kamoi

Este era o meu trajecto de comboio todos os dias quando estava no Japão, em Yokohama. Boa Viagem!

quarta-feira, agosto 26, 2009

iQLês?

Nat Turner
Kyle Baker

Nunca tinha ouvido, ou retido, a história deste escravo americano que em 1831 empreendeu uma rebelião contra os brancos na Virgínia. Se calhar mal se fala disso porque era negro e escravo ou porque matou, ou mandou matar, 55 brancos (homens, mulheres e crianças). Mas o mais importante da história não é a rebelião em si, mas as condições em que os escravos eram caçados em África, transportados para os Estados Unidos e aí usados como gado animal nas explorações agrícolas. O enquadramento dos actos perpetuados pelos escravos, liderados por Nat Turner, é descrito sem muito texto. É tudo muito visual e gráfico, mas desenhado a preto e branco dando mais dramatismo à, já de si dramática, história.
Harry N. Abrams, 2008




Stormbringer
Michael Moorcock, Neil Gaiman, P.Craig Russell

Acho que toda a gente conhece as histórias do Senhor dos Anéis, mas poucos são aqueles que conhecem Elric de Melniboné. O livro, desenhado por P.Craig Russell é a adaptação da história escrita por Michael Moorcock (este livro tem ainda uma pequena história de Neil Gaiman) nos anos 60 e conta a história do imperador Elric, que é albino, e tem uma espada que se alimenta (e o alimenta) de almas – Stormbringer. A espada é ao mesmo tempo a razão de todo o mal que o rodeia, mas aquilo que o mantém vivo, numa luta contra os senhores do caos numa Terra alternativa. Uma história muito rocambolesca, num inglês às vezes arcaico e com um desenho algo pormenorizado, nada próprio para férias.
Dark Horse Comics, 1998




Stray Toasters
Bill Sienkiewicz

Já que estava numa de clássicos e ia estar numa ilha uma semana, levei apenas um livro. Um livro que já tinha tentado ler por três vezes, mas que porque é tão denso em termos de argumento e visualmente agressivo, nunca o tinha conseguido acabar. O Bill Sienkiewicz é provavelmente (a par do Dave Mckean) o meu desenhador preferido, mas os seus desenhos requerem toda a atenção e conseguem transmitir toda a acção, violência e confusão de um argumento de uma história de investigação como a deste livro. A balonagem é de tal forma complicada que na mesma vinheta (de uma página) podemos ler a conversa entre quatro personagens e ainda o que pensa cada um deles, entre tiros e mortos. Ah! A história é passada num futuro em que um miúdo consegue, através de robots feitos com torradeiras, ameaçar todas as mulheres da sua vida e um detective (que supostamente é o pai) tem que investigar o assassínio em série de dez outros rapazes.
Epic Comics, 1988




O Nosso Icebergue Está A Derreter
John Kotter, Holger Rathgeber

Para não dizerem que eu só leio BD, aqui está um livro “normal”! A fábula sobre uma colónia de pinguins que se apercebe que o icebergue onde sempre viveram está a derreter e poderá desfazer-se a qualquer momento. A descrição, de uma forma alegórica, do método descrito por John Kotter em "The Heart of Change" para a gestão da mudança em sistemas de grande escala (ex: empresas, etc). Lê-se em duas tardes e não me parece que consiga representar a dificuldade da aplicação dos 8 passos para a mudança. Não dispensa a leitura e o estudo do "The Heart of Change".
Ideias de Ler, 2008




Lost Girls
Alan Moore, Melinda Gebbie

Que dizer de uma história que junta num hotel austríaco, em pleno início da Primeira Guerra Mundial, as já crescidas (40, 30 e 20 anos), Alice (do País das Maravilhas), Dorothy (do Peter Pan) e Wendy (do Feiticeiro de Oz). As três mulheres conhecem-se e começam a contar entre si histórias eróticas da sua vida passada e a explorar as suas fantasias sexuais. Um compêndio erótico que mostra uma visão muito própria das histórias infantis que todos conhecemos. Alice perde a virgindade com um amigo do pai que se chama Rabbit, Dorothy é levada às nuvens por um vagabundo chamado Peter Pan e Wendy descobre o prazer solitário enquanto um tornado atinge a sua quinta. 320 páginas nada próprias para crianças, escritas pelo mestre da Banda Desenhada – Alan Moore – e desenhado pela sua esposa Melinda Gebbie, de uma forma muito naif (como o próprio guião exige).
Top Shelf Productions, 2009




Premières Fois
Sibylline, Alfred, Capucine, Jérôme D'Aviau, Virginie Augustin, Vince, Rica, Vatine, Cyril Pedrosa, Dominique Bertail, Dave Mckean

Depois de um fim-de-semana a falar francês, achei que estaria apto a ler um livro nessa língua. Peguei naquele que achava ser mais fácil e na continuação da temática do livro anterior. Dez histórias eróticas, todas escritas por Sibylline, sobre primeiras vezes. A sexualidade e as fantasias sexuais do ponto de vista de uma mulher e traduzidas para BD, a preto e branco, por dez excelentes desenhadores (entre eles Dave Mckean). Apesar do que diz na capa as histórias e os desenhos ultrapassam muitas vezes o erotismo, chegando mesmo a serem pornográficos, mas com muita sensualidade (bem como os franceses gostam). Um livro bonito, mas manter fora do alcance das crianças. Tenho que praticar mais o francês!
Delcourt, 2008

terça-feira, julho 21, 2009

J. Rentes de Carvalho, o escritor português que é (mais) famoso em Amesterdão

Há cerca de um mês deixei passar uma reportagem/entrevista com "o escritor português que é (mais) famoso em Amesterdão" - J. Rentes de Carvalho - com quem tive uma conversa há uns tempos (ver aqui) e cujo blog - Tempo Contado - sigo (à distância, mas vou lendo - aproveitem vocês para ler que é muito bom).

Mas desta vez não queria deixar de vos deixar o "guia" do J. Rentes de Carvalho da sua cidade - Amesterdão.

J. Rentes de Carvalho, o escritor português que é (mais) famoso em Amesterdão
por Joana Viana, Publicado em 15 de Julho de 2009 (in i)

O escritor transmontano que teve de abandonar Portugal por razões políticas vive em Amesterdão desde 1956, onde se licenciou e deu aulas de Literatura Portuguesa. Colaborador permanente da revista Periférica, conheça as propostas de J. Rentes de Carvalho para a cidade holandesa

O meu hotel favorito em Amesterdão
The Grand. Porque oferece a oportunidade única de dormir no que foi a antiga Câmara da cidade.

O meu restaurante preferido
Restaurante Bordewijk. Cozinha de qualidade, mas sem pretensões, num ambiente dos anos cinquenta.

O melhor passeio
Nas noites de Verão, ao longo dos canais do centro.

O bar certo
Harry's Bar. Não tem nada a ver com o seu homónimo de Veneza e caberão lá dez clientes, mas os cocktails justificam a visita.

A melhor livraria
Athenaeum Boekhandel. Até livros em português vende!

A melhor rua de compras
A. P. C. Hooftstraat. Melhor apenas no sentido de muito cara, mas com um interessante ambiente à tarde. Passeia então por lá um tipo de gente de vários dinheiros, que só por si vale como espectáculo.

A galeria de arte?
Não faço ideia, são lugares que não frequento.

O meu museu favorito
O Van Gogh, enquanto o Rijksmuseum continuar fechado para obras.

O segredo mais bem guardado de Amesterdão
Amesterdão é uma porta aberta. Só tem segredos a fingir.


Tome nota:

Hotel The Grand
Oudezijds Voorburgwal 197
http://www.thegrand.nl/

Restaurante Bordewijk
Noordermarkt 7
http://www.bordewijk.nl/

Harry's Bar
Spuistraat 285
www.harrysbaramsterdam.com

Livraria Athenaeum
http://www.athenaeum.nl/

Museu Van Gogh
http://www3.vangoghmuseum.nl/vgm/index.jsp?lang=nl

Rijksmuseum
http://www.rijksmuseum.nl/

Saiba mais sobre o escritor

quarta-feira, julho 01, 2009

iQLês?

Pyongyang: Journey in North Korea
Guy Delisle

Depois de ler Bruma Chronicles e Shenzen (ver ultimo iQLês) tinha que ler o mais conhecido livro de viagens em países oprimidos feito por este canadiano. Mais do que saber alguma coisa sobre a Coreia do Norte e do seu regime fiquei a saber que os franceses usam a mão de obra barata coreana para criarem quase todos os desenhos animados que passam na TV. Porque também pouco ou nada o jovem viu do país, porque o regime pouco deixa ver a alguém que tem que estar SEMPRE acompanhado por um guia apontado pelo governo.
Drawn & Quarterly, 2005




Berlin: City of Stones / Berlin: City of Smoke
Jason Lutes

Li o primeiro volume e fui logo comprar o segundo, porém terei que esperar alguns anos (talvez uns 8) pelo terceiro e último (à razão que é publicado). A história de Berlim entre 1928 e 1933, nos últimos dias da República Weimar e ascensão Nazi. A cruzilhada das vidas de uma alemã da província que se envolve com um jornalista, uma mãe comunista que se separa de um pai nazi, um judeu que ajuda os comunistas, um grupo de jazz negro americano e o sangrento 1º de Maio de 1929. Numa narrativa fluida e um desenho que, a preto e branco, chega a parecer-se com a linha clara franco-belga.
Drawn & Quarterly, 2000 e 2008



Eightball #22 e #23
Daniel Clowes

Os últimos dois números deste comic americano escrito por um dos mais imaginativos e esquizofrénico criador de BD do outro lado do Atlântico. Se o #23 conta uma série de histórias passadas numa povoação perdida nos Estados Unidos com o nome de Ice Haven, todas completando o enredo e tornando-se em algo de coerente, o #24 é uma amálgama de histórias sem nexo à volta de um rapaz geneticamente alterado pelo pai e que adquire uma força extraordinária fumando cigarros e que herdou uma pistola desintegradora (Death Ray). Vale pelo oversize e pela alienação.
Fantagraphics, 2001 e 2004



A Drifting Life
Yoshihiro Tatsumi

Que dizer de um único livro com 840 páginas sobre a história de um criador de Mangá no Japão do pós-guerra e a criação do género Gekiga (mangá underground). É um interessante e revelador documento histórico mas ao mesmo tempo uma história da vontade de fazer algo diferente e vencer num mundo muitas vezes redutor. Uma leitura cheia de nomes, lugares e épocas muito longe do aqui e agora. Mas muito actual e capaz de criar ligações com o leitor.
Drawn & Quarterly, 2009






Sleepwalk and Other Stories / Summer Blonde
Adrian Tomine

Depois de ter lido "32 Stories: The Complete Optic Nerve Mini-Comics" devo ter tido a mesma sensação do então editor e resolvi comprar o resto dos trabalhos deste autor de Berkeley na Califórnia. Comecei por ordem cronológica e já estou a pensar comprar o próximo. São histórias simples de um quotidiano normalíssimo mas contadas com um pormenor cinematográfico que cativam. Tão bonitas como um pôr-do-sol, simples e tão normal que raramente temos tempo para parar e observar com a atenção devida. Uma bela pausa para leitura.
Drawn & Quarterly, 1998 e 2002



Tout Seul

Christophe Chabouté

Há muito que não lia em francês e há muito que não lia algo de tão bom. Um livro com quase 400 páginas onde apenas há diálogos em cerca de umas três dezenas delas. Quase uma banda desenhada japonesa, mas com um ritmo europeu e um olhar cinematográfico. A história de um Quasímodo num farol num rochedo no meio do oceano. Um homem deformado, cujos pais faroleiros morreram há muito, e que não tem a coragem de se aventurar para fora daquele rochedo onde vive num farol automatizado. É alimentado por um pescador que nunca o viu e que acaba de contratar um ajudante que tenta saber o porquê de toda aquela situação e ajudar o solitário (daí o título) habitante do farol. Este vive apenas com a sua imaginação que estimula lendo o dicionário, atirando-o ao ar e lendo uma palavra aleatoriamente imaginando o que significará, limitado ao seu universo. Como quando procura o génio em todas as lâmpadas do farol depois de ler o significado da palavra Aladino… Todos temos um bocado disto?
Vents d'Ouest, 2008

sexta-feira, junho 05, 2009

3 anos

No sábado rumámos à Cabreia bem cedo. Chegámos às 11 da manhã e já não tínhamos lugar para estacionar. Ufa! Que susto… Eram apenas caminheiros!



Pusemos a mesa, metemos as bebidas no gelo, o bolo ao fresco e sentámo-nos à espera dos convidados. Estava um calor...



Os miúdos deliraram com a água fria do Rio Mau, num dia de muito calor. Os adultos gozaram a paz do lugar (apesar de estar muita gente) e até houve quem dormisse. O Baltasar adorou o bolo...



Depois seguiram-se mais dois dias de festa, porque se não somos ciganos, invejamo-los.

sexta-feira, maio 29, 2009

Indigente

Terça-feira, por volta das dez e meia, quando me preparava para deitar, toca o telemóvel. Quem seria? Não era o toque do meu irmão e o número não fazia parte da minha agenda.

Atendo e ouve-se do outro lado:
- Rui Gonçalves? Daqui fala Paulo Castelo da Antena 3. Estás recordado de ter participado no passatempo dos Placebo? Pois... Desculpa estar a ligar tão em cima da hora, mas estavas como primeiro suplente e um dos finalistas não pode...

Ou seja, eu ia entrar em directo daí a uma hora no programa Indigente do Nuno Calado para me "gladiar" com um outro concorrente sobre uma viagem a Colónia para ver os Placebo na sua apresentação do seu novíssimo álbum. Isto porque eu tinha me divertido a fazer uma lista de músicas que para mim fariam o alinhamento para um concerto "de sonho" da banda.

Foi-me explicado que o Nuno Calado iria pôr no ar excertos de temas, num total de 5, e quem adivinhasse mais ganhava. Se ao final dos 5 temas persistisse um empate, passaríamos ao regime de morte súbita, ou seja, o primeiro que acertasse num tema ganhava.

Ok! Aceitei. Porque não? Do outro lado podia estar um tipo que soubesse menos que eu...
Peguei no portátil e estive a ouvir excertos de temas que achava que o Nuno Calado iria passar. Fui ouvindo e tentando memorizar os nomes, enquanto não adormecia. E assim, fui passando aquela hora, até que tocou o telefone.

O Paulo Castelo voltou a explicar tudo e passou-me ao Nuno Calado. Falei uns momentos com o Nuno Calado e ele pôs-me a ouvir o som da mesa de mistura e que estava a ser emitido. Ele colocou no ar o tema "36 Degrees" dos Placebo e quando acabou apresentou-nos - a mim e à Amanda Fernandes, uma estudante de Sintra.

Eu disse que estive mais atento ao princípio da carreira dos Placebo e que com o advento do mp3 deixei de associar os nomes aos temas. Mas que ia tentar dar o meu melhor!

O Nuno Calado começou a passar os temas... "Slave To The Wage", "Protege-Moi" e "Because I want You (Russell Lissack Bloc Party Remix)" e… Eu não acertei um! E ficámos por ali e a Amanda deve ir no dia 3 de Junho a Colónia ver os Placebo.

E eu fui dormir (de qualquer maneira no dia 3 tenho que ir tirar os pontos)!

Ah! Fica aqui o mail que mandei ao Nuno Calado com a lista de temas dos Placebo para um concerto memorável:

"Aqui segue o setlist que idealizo para um excelente concerto dos Placebo.
Longe de ser um best of (apenas 9 dos 23 temas estão no "Once More with Feeling") é o meu best of para um bom concerto. Com muitos convidados - Johnny Marr, David Bowie, Kim Deal, Martin Gore e Alison Mosshart (que substitui o Michael Stipe no tema "Broken Promise" onde uma voz feminina tornaria o tema mais profundo).

Já estou a imaginar o público a entrar em êxtase quando se houve a Kim Deal a começar o coro do "Where is my mind" e o Brian Molko diz "STOP"... Ou a cara de surpresa com o primeiro tema do primeiro encore.

Aqui está ele:

01. Battle For The Sun [Battle For The Sun]
02. Pure Morning [Without You I'm Nothing]
03. Nancy Boy [Placebo]
04. Special K [Black Market Music]
05. Bigmouth Strikes Again (feat. Johnny Marr) [Nancy Boy CD1 B-Side / Covers]
06. Theme From Funky Reverend [Taste In Men CD1 B-Side]
07. Black-Eyed [Black Market Music]
08. For What It's Worth [Battle For The Sun]
09. This Picture [Sleeping With Ghosts]
10. Without You I'm Nothing (feat. David Bowie) [Without You I'm Nothing CDS]
11. Commercial For Levi [Black Market Music]
12. Special Needs [Sleeping With Ghosts]
13. Where Is My Mind (feat. Kim Deal) [This Picture CDS B-Side / Covers]
14. Protège Moi [Once More with Feeling]
15. Speak in Tongues [Battle For The Sun]
16. Every You Every Me [Without You I'm Nothing]
17. I Feel You (feat. Martin Gore) [Fanclub Cassette / Covers]

1º Encore
18. Mars Landing Party [Pure Morning CD1 B-Side]
19. My Sweet Prince [Without You I'm Nothing]
20. Meds (feat. Alison Mosshart) [Meds]
21. Broken Promise (feat. Alison Mosshart) [Meds]

2º Encore
22. Burguer Queen (Français) [Burguer Queen Français CDS]
23. Song To Say Goodbye [Meds]
"

quarta-feira, maio 27, 2009

Coxo

Este fim-de-semana fui participar numa prova de orientação em BTT (ou Ori-BTT) em Barcelos. Já não andava de bicicleta há algumas semanas e já não compito há alguns anos. E apenas fiz uma prova de Ori-BTT com uma carta de 1:10 000 em toda a minha vida. Mas queria voltar a sentir a adrenalina da corrida, a vontade de competir e a sensação de me perder em cima de uma bicicleta.

Escolhi a versão de dificuldade média da prova, para me testar. Consistia em realizar 15 pontos marcados na carta, na ordem estabelecida, no menor tempo possível. A prova tinha uns míseros 9,5 km de extensão estimada, pois poderia ter muito mais dependendo da (des)orientação do concorrente.

Domingo. Parti às 10:30 da manhã de uma localidade de Barcelos chamada Palme. A prova começava a subir... Fiz o primeiro ponto, ainda dentro da povoação e a partir daí foram quase 2 km a subir com uma inclinação de cerca de 10%. Estava de tal maneira desnorteado quando acabei a subida que tive que voltar uma centena de metros atrás para fazer o segundo ponto, pois falhei o caminho onde deveria virar.

Não conseguia pensar bem e demorei a habituar-me à escala e informação da carta. Perdi-me entre o segundo e terceiro ponto. Nem bússola levava... Não havia sol para tirar referências. Mas através das curvas de nível e dos caminhos consegui me localizar na carta. Subi uma enorme ladeira e encontrei o ponto três.

Marquei o ponto no cartão de controlo, desmontei da bicicleta, despi o casaco, respirei fundo e acalmei. Respirei fundo algumas vezes até recuperar o fôlego e a calma. Olhei para a carta durante uns minutos delineando a minha estratégia. E a partir daí nunca mais me perdi. Fui papando os pontos de controlo uns atrás dos outros.

Até que entre o nono e o décimo ponto tive um acidente! Ia a subir muito bem num caminho marcado pelos rodados de um carro, num nível abaixo das bermas e a olhar para a carta. De repente um galho de pinheiro com uns 7 cm de diâmetro que estava na berma é apanhado pela perna esquerda, no seu movimento de pedalada para a frente, e perfura-me a carne. Parei e deparei-me com um golpe profundo acima do tornozelo. Tirei o Camelbak e molhei bem a ferida procurando limpar e estancar o sangue.


Estava a uns 2 ou 3 km da civilização. Passam uns ciclistas que me querem ajudar, mas eu digo-lhes para seguir. Subi o resto do caminho a pé e montei só para descer. Fiz o ponto dez a caminho da chegada. O sangue estancou e não sentia dores. Mas assim que chego ao ponto onze um tipo que tirava fotografias inspecciona a ferida e aconselha-me a voltar o mais rapidamente para a chegada.

Ainda fiz o posto 14 e 15, antes de encontrar os bombeiros que me desinfectam a ferida e fui para o hospital. No hospital dão-me os dois pontos (na perna) que não fiz na prova...

Foi este o meu percurso:


Espero estar pronto para a próxima prova, a 21 de Junho em Águeda!

quinta-feira, maio 21, 2009

A minha vida dava um filme do Roberto Benigni

2008, Março

Na altura tinha decidido deixar a empresa onde era sócio e estava activamente à procura de emprego.

Quinta-feira à noite. Cerca das 22:50, toca o telemóvel. Não é nada normal receber chamadas a essa hora (e não era o meu irmão).
- Boa noite! – ouve-se do outro lado – Rui Gonçalves?
- Sim! Boa noite – respondi.
- Daqui fala da empresa Leash, na sequência da sua candidatura à vaga de Versioning Engineer gostaríamos de agendar uma entrevista para a próxima terça-feira pelas 11:30. É possível?
Se havia coisa que eu tinha nessa altura era uma agenda simples e bastante disponibilidade.
- Sim! – respondi de novo.
- Fica então confirmado, terça-feira às 11:30 aqui nos nossos escritórios. – respondeu. Ao que se seguiu uma pequena explicação da localização dos escritórios e como lá chegar.

Quando desliguei o telemóvel fiquei a pensar que tipo de funcionário de uma empresa, como aquela (com algum prestígio), telefona a candidatos de emprego às 22:50 de uma quinta-feira, para marcar uma entrevista para a semana seguinte, para uma terça-feira. Será que não poderia telefonar na sexta-feira ou mesmo na segunda-feira da manhã? – pensei – É um teste! O tipo está a testar a disponibilidade das pessoas… - e fui dormir.

Segunda-feira à noite. Cerca das 21:50, toca o telemóvel. De novo um número desconhecido.
- Boa noite! – ouve-se do outro lado – Rui Gonçalves?
- Sim! Boa noite – respondi.
- Daqui fala da empresa Leash, na sequência da entrevista marcada para amanhã às 11:30 para a vaga de Versioning Engineer. Seria possível anteciparmos a entrevista em meia-hora?
- Sim! – respondi de novo.
- Fica então confirmado, a entrevista para as 11:00, amanhã, aqui nos nossos escritórios. – respondeu.

No dia seguinte lá fui para o Porto, de maneira a estar nos escritórios da empresa antes das 11:00. Cheguei bem cedo, estacionei, revi umas coisas sobre versionamento e aplicações de controlo de versões de software.
Às 10:50 estava a falar com a recepcionista, que me pediu para aguardar.
A empresa tinha mudado de instalações há muito pouco tempo e ainda se notava que as pessoas não estavam ambientadas ao seu novo local de trabalho. Havia algum reboliço nos corredores, pessoas sempre a entrar e sair, técnicos a instalar cabos e a fazerem furos.
A dada altura um jovem entrou e perguntou, a recepcionista, se podia entregar o seu currículo. E ela ficou com ele. A tipa era eficiente, mas muito bruta. Esteve um bocado a falar com a responsável da empresa de limpeza, a chamar a atenção para a conduta de uma sua funcionária.
E assim fui passando o tempo. Observando o normal funcionamento da empresa Leash, que me ia entrevistar e que poderia até ser o meu próximo local de trabalho.

Aguardei 45 minutos até que apareceu o entrevistador, já passavam 5 minutos da hora agendada (11:30) até à noite anterior. Às 11:45 estávamos prontos para a entrevista, eu, o tipo dos Recursos Humanos que me telefonou e dois engenheiros da empresa.
A sala era pequena, e foi preciso ir buscar mais umas cadeiras para nos podermos sentar todos. Penso que era o gabinete do tipo dos Recursos Humanos.
A entrevista seguiu os trâmites normais. Com a apresentação das pessoas e seguiu-se uma resenha da minha vida profissional e…. A dada altura abre-se a porta por detrás de mim (os outros três estavam de frente para mim e para a porta) e oiço uma voz feminina, algo exaltada e quase aos gritos:
- Oube lá! Roubaste-me a cadeira!

Não me lembro de muito mais da entrevista. Mas lembro-me de pensar "Como é que esta empresa tem o prestígio que tem e consegue ter os clientes que tem?" e ainda pensei pior quando me disseram que não faziam controlo de versões de software, num projecto com quase 100 colaboradores e que mexe com protecção dos dados pessoais. "Que desorganização..."

A partir desse momento devo ter enterrado a entrevista, porque nunca mais me disseram nada.

terça-feira, maio 19, 2009

Festival de Yoga 2009


Festival de Yoga
Aveiro, 26, 27 e 28 de Junho de 2009


Este ano o Festival de Yoga acontece a Cor de Laranja a 26, 27 e 28 de Junho na Costa Nova, em Aveiro.

Já está disponível toda a informação sobre o mesmo no site do Festival.

Esta que será a sua Quinta edição, terá:
- Dois dias e meio cheios de workshops de yoga e não só. Muito divertimento e descontracção.

- Instrutores de Kundalini e Hatha Yoga, de Portugal, Espanha e Inglaterra.
Uma excelente oportunidade para conhecer diferentes estilos e professores de Yoga que irão partilhar connosco a sua experiência pessoal de prática de Yoga.

- Actividades para crianças em paralelo com as actividades do Festival.
Incluem brincadeiras, actividades, acompanhamento constante e também yoga para crianças.

O Jardim de Lótus

- Serviço de refeições vegetarianas, desta vez incluídas no preço para potencializar o convívio entre os participantes.

- Começa já a sonhar com o TEU Festival de Yoga. Inscreve-te antes de 7 de Junho e usufrui do preço especial.

Tudo isto no Parque de Campismo da Costa Nova que é um pequeno paraíso tão perto e tão longe da cidade de Aveiro, inserido numa envolvente natural privilegiada entre a Ria e o Mar.

Mais informações aqui.

segunda-feira, maio 11, 2009

iQLês?

Burma Chronicles
Guy Delisle

Um estrangeiro na Birmânia (Mianmar). O país que se fechou ao mundo visto a partir de dentro por um canadiano casado com uma médica dos Médicos Sem Fronteiras destacada no país, com um filho bebé. Uma narrativa fluída e apaixonante com uns desenhos naïve quase a fazer lembrar Art Spiegelman.
Drawn & Quarterly, 2008









Shenzhen
Guy Delisle

Depois de ler o "Burma Chronicles" tinha que ler o que antes tinha feito o autor. Este é um registo de viagem da sua passagem pela China, como realizador de filmes de animação. O desenho é mais cru, mas também bastante interessante uma vez que vemos, pelos olhos de um ocidental, situações caricatas de uma aventura (quase como as Crónicas da Califórnia, mas ilustrado).








Exit Wounds
Rutu Modan

Uma história de um amor não correspondido num país em constante estado de emergência. Uma mulher que procura o seu amante desaparecido, num morto não identificado num atentado em Israel, na "esperança" de não ter sido rejeitada. Para isso procura o filho do amante, que não fala com o pai há anos, para tentar identificar o cadáver. Uma história muito interessante com desenhos simples e claros.
Drawn & Quarterly, 2008









A Tetralogia do Monstro
(O Sono do Monstro, 32 de Dezembro, Encontro em Paris e Quatro?)
Enki Bilal

Demorou a terminar a edição desta saga de Enki Bilal. Inicialmente anunciada como uma trilogia acabou por se tornar numa Tetralogia. Percebe-se a ideia dos quatro volumes, mas com tanto enredo não seria pior se fossem só três. Há partes da história que o autor se perde no meio do enredo. Mas mesmo assim é um verdadeiro universo Bilal.
Meribérica/Liber, 1999 - Asa, 2009







quarta-feira, maio 06, 2009

O mais das viagens...

Depois de uma conversa resolvi ver quais os pontos mais extremos, em termos de latitude e longitude, onde já estive.

Assim, sem contar com viagens de avião, onde já terei passado muito perto do Pólo Norte algumas vezes, os locais mais extremos onde já assentei os pés são:

Norte

Kristiinankaupunki, Finlândia N 62° 16.858'
Edinburgh, Escócia, N 55° 59.411'
Amsterdão, Holanda, N 52° 22.677'

Sul

Maputo, Moçambique S 25° 59.012'
Porto Alegre, S. Tomé, S 0° 2.148'

Oeste

Humboldt, CA, USA W 123° 50.244'
Poynt Reyes, CA, USA W 123° 1.421'

Leste

Noberibetsu-Onsen, Japão E 141° 5.598'
Tokyo, Japão, E 139° 45.558'

Ou seja, já percorri 88º 65,870' de Norte a Sul, e 264º 55,842 de Oeste a Leste.
Portanto, faltam-me ainda quase 100º de Latitude e quase os mesmos de Longitude.

A estes adicionei o sítio mais alto e o mais baixo em que já estive (sem contar com os aviões, novamente).

Mais alto

Perto do Mount Whitney, CA, USA, a cerca de 3000m de altitude

Mais baixo

Badwater, Death Valley National Park, CA, USA, 86m a baixo do nível do mar.

Curiosamente estive nestes dois sítios no espaço de poucas horas, pois distam um do outro apenas 122 km (o suficiente para quase ficar sem gasolina).

Mas aqui ainda me faltam subir uns 5800m para chegar ao ponto mais alto da Terra (Everest, Nepal-Tibet, 8848m) e descer uns 330m para chegar ao ponto mais baixo da Terra (Mar Morto, Israel, -418m).

Ah! E em termos de temperatura?

Temperatura Mais Alta

Death Valley, CA, USA, uns 47º

Temperatura Mais Baixa

Budapeste, Hungria, uns -7º

Referência: Lista de extremos da Terra.

quinta-feira, abril 30, 2009

Fotografias de Heidelberg


Heidelberger Schloss - O Castelo de Heidelberg



Vista lá de cima do Castelo



Mesmo em frente ao Hotel



Alten Brücke - A Ponte Velha



Mesmo ao lado da cervejaria Vetter
(reparem nas mantas nas cadeiras)




Heiliggeistkirche - Igreja do Espírito Santo