domingo, fevereiro 27, 2005

Falta de humor britânico

José Mourinho

José Mourinho. Eu nem gosto muito dele. Acho-o arrogante e pedante. (Nem treinou o Sporting.) Mas considero-o um dos mais importantes gestores portugueses. Um gestor que percebeu que o importante, numa equipa, são as pessoas. Não interessa se é uma equipa de futebol ou uma equipa de trabalho (aliás porque uma equipa de futebol é uma equipa de trabalho), mas só se conseguem resultados se todas as partes da equipa estão motivadas para esses resultados. Nem sempre se conseguem os resultados (como provam as duas derrotas da semana passada) mas de certeza que não se conseguem se não houver motivação para os conseguir.

Tenho pena, tenho realmente muita pena, da grande maioria dos gestores portugueses que continuam a achar que as pessoas são o menos importa nas suas empresas. Tenho ainda mais pena das pessoas que não têm outra hipótese de vida senão trabalhar para gestores que desse nome têm apenas a capacidade para gerirem... Não me lembro de nada! Porque em casa quem gere é a esposa ou os filhos. Não conseguem gerir o seu dinheiro porque não têm que se preocupar com isso. E, nem sequer a cabeça deles conseguem gerir. Eu já trabalho há 10 anos e neste tempo, poucos gestores portugueses conheci que conseguem gerir.

Mas estou a fugir ao tema: O Chelsea ganhou a sua primeira taça de há muito tempo. Ganhou sob a gestão do nosso conterrâneo José Mourinho. Ganhou e mandou calar a sempre inconveniente impressa inglesa. Por isso foi expulso do campo, mas no fim calou-os... Semeando o ódio pelos periódicos tablóides ingleses. Pelos ingleses! De uma maneira que só ele sabe fazer, semeia o ódio de modo a que aqueles façam pressão sobre ele e sobre a equipa. Mas ele alimenta-se da pressão e a pressão traz a motivação. Porque quando lhes dizem que não vão conseguir é quando eles se esforçam mais para o atingir. E é assim que o Chelsea ainda vai conseguir mais umas taças esta época.

Por fim dedicou a vitória a quem merecia. Aos jogadores que não ganhavam nada há muito. E, como ele diz “É muito difícil ganhar pela primeira vez”.

(Obrigado Frederico pelas declarações do José Mourinho)

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Humor britânico?

7 Year Old Challenges Judge

Courtroom drama custody ruling.

A seven year old boy was at the centre of a courtroom drama today when he challenged a court ruling over who should have custody of him.

The boy has a history of being beaten by his parents and the judge awarded custody to his aunt.

The boy however confirmed that his aunt beat him more than his parents, and refused to live there. When the judge suggested that he live with his grandparents the boy cried out that they beat him more than anyone.

Then in an unprecedented move, the judge dramatically allowed the boy to choose who should have custody of him.

In a final ruling yesterday, custody was granted to the England Rugby Team as the boy firmly believes that they are not capable of beating anyone.

"They wouldn't hurt a fly. I doubt they can even beat Italy they're so gentle and kind." Well informed young lad

In BBC News

: : : 1-big-O [v8.0]

Divas & Contrabaixos

Confesso que sou um mau convivas cibernético. Nunca procuro andar a comentar os blogs dos outros. Sou muito "ciber-taciturno", um voyeur exibicionista que observa os outros e deixa-se observar, na maioria das vezes, em silêncio. Mas, confesso que gosto dos comentários dos outros, são um feedback positivo, uma maneira de sabermos que não estamos a "falar" para as paredes.

E, gosto quando sou referido. Faz-me sentir presente, notado, existente... Mais do que vivo! Mas gosto de ser notado de uma maneira positiva, mais do que sou notado negativamente.

Esta semana fui notado, por boas razões, pela Maria do Rosário Fardilha do blog Divas & Contrabaixos. Vejam como ela gostou das minhas fotografias. Eu gostei de ter sido notado, por isso comentei!

Obrigado!

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

1ª Exposição Colectiva do grupo FOTOAVEIRO

O grupo FOTOAVEIRO foi formado em meados de 2001 com o objectivo de reunir pessoas, da zona de Aveiro, interessadas em fotografia. Com a Universidade de fundo – por Aveiro muitos passam, mas nem todos ficam – rapidamente se alargou a outras zonas geográficas. No entanto a referência foi e será sempre Aveiro.

O objectivo da sua criação foi fomentar e facilitar o contacto, troca de ideias e partilha de informação entre fotógrafos amadores. Pretendeu-se que cada um pudesse expandir os seus “horizontes” fotográficos observando e comentando o trabalho dos outros, formando uma comunidade dinâmica e interactiva que permitisse a todos evoluir.
Um dos 'eixos' directores do grupo é o contacto pessoal entre os vários membros, promovendo encontros, passeios fotográficos, “workshops”, exposições, etc.

O grupo FOTOAVEIRO apresenta agora publicamente os trabalhos de alguns dos seus membros, naquela que será a 1ª Exposição Colectiva do grupo. Com o apoio da Associação de Funcionários da Universidade de Aveiro a exposição estará patente ao público, na Galeria de Exposições da Livraria dos Serviços de Acção Social da Universidade de Aveiro, nos dias 7 a 31 de Março de 2005.

Pretende-se com esta iniciativa dinamizar a fotografia individual, proporcionando um espaço de descoberta de valores ao nível da fotografia amadora, que este grupo encerra, dando-lhes desta forma a possibilidade de mostrarem imagens, conforme a sua visão e dentro dos seus temas preferenciais.

Será também uma forma de estimular a interpretação da fotografia como linguagem visual, levando o público a ver fotografia como uma forma de manifestação artística e porque não, muitas vezes, de trabalho. Constituirá ainda, um espaço de aprendizagem e um incentivo para o espectador menos atento, criando estímulos para participar nesta e em futuras iniciativas, incentivando uma dinamização cultural mais vasta.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Passatempo - 1ª Exposição Fotoaveiro

Os membros da mailinglist fotoaveiro vão expor os seus trabalhos de fotografia na Livraria da Universidade de Aveiro de 5 a 31 de Março de 2005. Como membro da mailinglist tenho a possibilidade de expor 10 das minhas fotografias. Numa procura rápida pelos meus arquivos seleccionei 24 fotos que são dignas de serem expostas. Porém, num acto de indecisão minha e em absoluta confiança nos gostos dos meus habituais leitores proponho que sejam V. Exas. a escolher as fotografias que irei expor.

Assim, proponho que vão a http://www.ruigo.net/fotoaveiro e das fotografias lá presentes escolham as 10 que gostam mais. Coloquem aqui um comentário com a lista dos nomes dessas fotografias e habilitam-se ao sorteio de uma entrada grátis na exposição.

Ah! Já disse que a entrada na exposição é grátis?

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Uma glande?

Glandes Pilas

Isto de vivermos rodeados de estrangeiros que tentam exprimir-se na nossa língua produz algumas situações engraçadas. Dantes não era assim. Éramos todos portugueses e quando muito era o sotaque específico de uma dada região o motivo de chacota. Agora com a normal "invasão" de estrangeiros ao nosso país, há sempre uma razão para uma gargalhada. Assim, como quando nós cometemos gaffes, quando tentamos falar em "estrangeiro" e pedimos, na Ingleterrra, uma "fresh water" (água acabada de colher) em vez de "cool water" (água fresca). Claro que nos Estados Unidos isto até era inteligível, mas em Inglaterra soa a "estrangeiro" mal traduzido.

Uns ingleses amigos, a residirem em Portugal, aqui há umas semanas mandaram-me uma mensagem com um "CU" a finalizar em modo de cumprimento. O que vale é que eu já sei o significado destas duas letras juntas, em inglês, que nada tem a ver com aquela proeminência muscular, formado pelos glúteos, ali ao fundo das costas. Mas, quando estive no Estados Unidos e mandei uma mensagem, a uma amiga portuguesa, com o mesmo final quase que fui insultado. É que separados o 'C' e o 'U', em inglês ("see you") soam de uma forma muito mais inofensiva que juntos, em português.

De uma forma semelhante, uma colega de trabalho galega, nos seus primeiros dias em solo nacional, passou uma tarde inteira a percorrer as relojoarias de Aveiro à procura de um "pila" que desse no seu relógio. Imagino o que a maioria dos caquécticos relojoeiros desta cidade devem ter pensado da coitada rapariga que necessitava de semelhante instrumento num relógio de pulso. Uma coisa redonda a achatada que fizesse o relógio funcionar...

E, hoje ao almoço, no chinês ali do lado, quando os meus colegas pediram uma garrafa de água, o empregado com um sorriso malandro perguntou "Uma glande?". Eu suponho que ele não saiba o que disse, mas a nossa primeira reacção foi rir, mas atendendo que o erro partiu de um "estrangeiro" sentimo-nos mal em fazê-lo. Mal sabia o rapaz que a glande é parte da pila, mas não da que a galega queria para o relógio. Eles apenas queriam "cool water".

Um glande CU para vocês e que nunca vos falhe a pila.

Happy When It Rains

Hoje estou assim!!!

Step back and watch the sweet thing
breaking everything she sees
she can take my darkest feeling
tear it up till i'm on me knees
plug into her electric cool
where things bend and break
and shake to the rule
talking fast couldn't tell me something
i would shed my skin for you
talking fast on the edge of nothing
i would break my back for you
don't know why, don't know why
things vaporise and rise to the sky
and we tried so hard
and we looked so good
and we lived our lives in black
but something about you felt like pain
you were my sunny day rain
you were the clouds in the sky
you were the darkest sky
but your lips spoke gold and honey
that's why i'm happy when it rains
i'm happy when it pours

looking at me enjoying something
that feels like feels like pain
to my brain

and if i tell you something
you take me back to nothing
i'm on the edge of something
you take me back
and i'm happy when it rains


The Jesus and Mary Chain Ouvir excerto

domingo, fevereiro 20, 2005

No meu Moleskine (1)

Um Lótus a desabrochar?

Diário de uma prática : : : Dia 0

Dia 40 : : : Domingo, 20/02/2005 : : : 10:50
Peso: 76,2 Kg
- 1m em Sirsasana
- 1m de repouso
- 1m em Stretch Pose
- 1m de relaxamento
- 1m em Sat Kriya
- 2m de relaxamento

O Sat Kriya anda a custar a fazer. Reduzi-o para 1m. Acho que assim o faço melhor. A Stretch Pose no entanto tornou-se mesmo um hábito enraizado. Acelerei o breath-of-fire na Stretch Pose para ver onde andava a minha força de vontade. Superei-me, mas estava quase a rebentar quando soou o alarme.

Dia 0. Consegui, até já me esquecia de aqui escrever. Não posso deixar de fazer a minha prática só porque consegui chegar aos 40 dias. Tenho que a aumentar...

A prática passou quase a ser uma rotina matinal da qual já não consigo fugir. Os efeitos positivos da mesma fazem-me ansiar por fazê-la. Faço-a assim que acordo e o dia sabe melhor.

I encontro de bloggers em Aveiro

Não foi o primeiro encontro de bloggers de Aveiro, mas o primeiro encontro de bloggers em Aveiro e ainda foram alguns os que apareceram, como podem ver aqui no blog Divas & Contrabaixos da incentivadora do evento.

Podem também ver as fotos em 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 (onde apareço eu), 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 ou no Bagaço Amarelo.

Até ao próximo encontro.

sábado, fevereiro 19, 2005

A minha vida dava um filme do Woody Allen

Numa livraria carregada de cultura, rodeado de pessoas interessantes, a ouvir Jazz e com um copo de vinho na mão (devia de ser Whiskie eu sei) a ter conversas intermináveis sobre nada em especial e típicas de necessidades de terapia, e transporto-me subitamente para Nova York e sinto-me perfeitamente uma personagem de um filme woodyalliano.

Era um encontro, hoje à noite, de bloggers de Aveiro na Navio de Espelhos.

Pena que não estivesse lá uma das muitas mulheres do realizador, mas no campo das actuais estrelas tivemos a presença do Michael Moore.

(Obrigado Mestre)

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Hallmarks Of Felinity

Hallmarks Of Felinity - No. 19 Spontaneous expressions of camaraderie

Podem ver as tiras todas em versão frames ou em versão sem frames.

(Obrigado Sílvia!)

A minha vida dava um filme do David Fincher

Se7en


Gula
Quando era miúdo, e não queria comer a sopa, cantavam-me a história do tal Sebastião que comia tudo sem parar, sem uma colher, que chegava a casa e dava pancada na mulher. Pois agora parece-me que o Sebastião se candidatou a primeiro-ministro depois de o ter sido sem mérito, ter sido despedido e se ter despedido. Depois de ter sido presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, primeiro-ministro, só lhe falta ser Presidente da República, que eventualmente será a sua próxima gulodice. E não acreditem que ele deixa a direcção do partido depois da derrota!
E neste domingo deve voltar a casa e dar pancada na mulher quando souber o resultado das eleições. Uma das mulheres, porque até nisso o homem é guloso.

Preguiça
Há uns dias ouvi a história de uma miúda que perguntou à mãe que "se o homem descende dos macacos e do Adão e a Eva, quer dizer que o Adão e a Eva eram macacos?". Eu não queria que o Partido Comunista evoluísse para um estado destes em que as pessoas fiquem confusas com diferentes doutrinas e até tenho muito respeito pela coerência demonstrada pelos seus líderes (talvez exceptuado o Camarada Carvalhas cuja filha conheci e pouco tinha a ver com a doutrina Marxista). Mas, gostava de deixar de ouvir a história dos "aumentos" e a "diminuição das horas de trabalho" do "proletariado" dos "estaleiros navais de Viana de Castelo" ou da "Lisnave". Falem do acesso à formação de qualidade e necessária ao melhor desempenho das funções reais dos trabalhadores de todas as áreas. Falem do aumento da qualidade do nosso trabalho e os aumentos vêem por acréscimo. Não era melhor para todos?

Inveja
Que pensar de um partido que afinal é uma aglutinação de vários partidos, várias doutrinas e várias lutas. Um partido pequeno que gostava de ser grande. Será que vou votar num bloco de nichos que defende os funcionários-das-padarias-que-vendem-e-
-fabricam-bolas-de-berlim-feitas-da-parte-da-manhã ou os vendedores-de-ligas-de-
-polimento-fabricadas-com-extractos-de-alúminio-a-90%? São uma voz necessária para defenderem os interesses daqueles que não se conseguem fazer ouvir e mais vale unir esforços de muitas minorias do que tentarem cada um por si fazerem-se ouvir. Mas será que eles defendem o funcionário-da-empresa-de-software-japonesa-em-Aveiro-que-se-
-senta-na-secretária-ali-entre-a-janela-e-a-parede?

Luxúria
É um luxo, ganhar a direcção do partido com as maiores intenções de voto umas semanas antes do governo ser demitido pelo camarada presidente da república, uns meses depois do primeiro-ministro eleito fugir para longe para não ver o país a se afundar e ter como principal adversário um guloso que mais parece um elefante numa loja de cristais. É que isso só podia acontecer a alguém que veste de luxo (embora ultimamente se veja mais modestinho), mas que se diz um dia socialista e que não pode ficar indiferente à pobreza e no outro diz que se aproxima mais da social-democracia nórdica.
Mas este luxo torna as coisas muito fáceis e por isso é que não se ouviu nem uma proposta concreta de mudança para o país para além do "Choque tecnológico" que ninguém sabe esclarecer como será feito, para além do "inglês desde o primeiro ciclo".

Ganância
Nas listas de candidatos do Partido Popular pelo círculo eleitoral de Aveiro existe apenas uma mulher, em 4º lugar dos substitutos. Suponho que a única razão para que tenha sido incluída foi a de se chamar Pinto Paula (PP). Não compreendo (aliás até compreendo) como é que isto é possível. Será que não gostaram da Cardona?
Mas não é disso que se trata a ganância do director do partido. Como é que é possível que se vote nele quando ele próprio não assume a sua própria natureza, nega-se e nega direitos aos seus semelhantes (não estou a falar de ele ser careca).
Há uns tempos um familiar, referindo-se a essa personagem, disse "aqui está um homem inteligente, eu até votei nele nas últimas eleições"... Realmente isso prova que essa personagem demoníaca é inteligente, e é sem dúvida nenhuma o candidato mais inteligente nestas eleições, mas também provou que fez de pouco inteligente quem votou nele.

Cobiça
Uma vítima da ganância cega do actual líder do PP, o director do Partido da Nova Democracia (?) quer voltar à vida política activa. Mas que é que ele fez para que agora mereça a confiança de um voto? Qual é o pecado mais capital?

Ira
Em pleno século XXI, o Partido Nacional Renovador faz campanha prometendo "desmantelar os bandos étnicos de delinquentes" e "expulsar os delinquentes estrangeiros". "A abertura total das fronteiras, imposta por Bruxelas e pelos sucessivos governos provoca insegurança e desemprego", num país em que um quinto da nação vive e trabalha fora do país parece deslocado? "A família é uma prioridade nacional" soa um bocado a Salazar, não?
Oiçam, que vale a pena, a campanha deles aqui.


Qual devo (ass)assinar, John Doe?
"Long is the way. And hard, that out of hell leads up to light".


N.R.1: Dos restantes partidos a concurso e que têm listas de candidatos pelo círculo eleitoral de Aveiro sobram o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) do incansável Garcia Pereira e o Partido Humanista (o único partido, para além do Partido Democrático do Atlântico que não tem sede em Lisboa). O único pecado que estes partidos cometem é o de serem demasiado silenciosos. Não é um pecado capital.

N.R.2: Eu sei que este elenco também daria para um post baseado nos "Suspeitos do Costume", do Bryan Singer, mas nesse filme não se sabe quem é o protagonista até ao fim do filme. Por outro lado também daria para um "Reservoir Dogs", do Quentin Tarantino, mas esse filme tem diálogos que estes protagonistas não conseguem reproduzir.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Bacalhaus

A época festiva já passou, mas por aqui, no fim-de-semana passado, ainda se arranjavam grandes peixes.

Bacalhaus

Aquele post de anteontem...

Há muito tempo que não escrevia algo tão grande como o post Liberdade, tempo útil e tempo de qualidade. Tenho andado algo pouco menos melancólico, mais positivo com a vida, e por isso escrevo menos sobre o lado cinzento da minha vida.

Mas o post suscitou algumas reacções agradáveis dos leitores habituais do blog, que merecem algum destaque também aqui. Para além dos incentivos do género "estive a ler o teu blog. Lindo!", "é lindo o q escreves" ou "acho mt interessante ler-te", houve quem me deixasse perceber a sua opinião sobre o assunto.

Assim, do outro lado do Canal da Mancha, um amigo "disse-me" que "Gostei do artigo, e principalmente faz-me sentir ainda melhor ao facto de estar no "estrangeiro". Sim! Eu também o digo no post que quando estive fora de Portugal tinha bastante tempo para estar comigo, porque, como a minha amiga Mariana dizia, "Sinto saudades de não ser conhecido". A verdade é que quando não se é conhecido, ou não se conhece um sítio, temos mais tempo para apreciar a nossa companhia. Ninguém nos interrompe para cumprimentar e não temos que ir a correr ao encontro de alguém que conhecemos. Estamos mais sós! O que também é dito, por esse amigo, quando escreve "Claro entram aqui os amigos, e as saudades deles, mas são coisas que uma pessoa tem que aguentar.". Mas "a família estar longe fisicamente, mas perto de um telefone, faz com que eu tenha mais tempo para mim, e tempo para a " minha cara-metade, quando estamos longe.

Mas estar só é diferente de estar comigo ou dedicar tempo a mim mesmo. Eu não gosto da solidão. Na altura em que estive na Califórnia apercebi-me bem, e escrevi sobre isso ("É tão fácil ser homeless nesta cidade"), que a linha que separa a solidão do desespero é muito ténue. Porque como diz uma amiga lá de baixo, que vive quase sempre só, "A princípio, admito, que foi fantástico, fazer o que queria, comer onde queria, sentar no sofá como queria, ver os canais que queria na televisão, ouvir a música que gosto e que " ele "odeia". "Ao fim de algum tempo perdeu a piada..." "Odeio estar comigo, ter tempo para mim..." "Tem as suas vantagens, mas ao fim de algum tempo pensas demasiado, analisas tudo e como não há feedback acabas por encucar coisas que SABES que são parvoíce mas..."

Esta é a diferença entre estar só e ter tempo para nós, sós! Nem tempo a mais só, nem tempo a menos para nós... É difícil eu sei, mas "ter alguém a ocupar o mesmo espaço físico que nós e a azucrinar-nos o juízo quando queremos ver algo, ouvir algo, comer algo ou não fazer nada tem o seu lado bom!". Eu diria que prefiro não ter muito tempo para mim e nunca estar só, do que sentir a solidão. E compreendo perfeitamente que "só percebemos a falta que as coisas fazem quando não as temos mais.". E por isso é que sinto a falta de estar comigo, ultimamente, porque nunca estou só... O que é muito bom!

E receber este retorno ao post fez-me perceber, ainda mais, que não estou só e que de alguma maneira ajudo aqueles que assim se sentem a, pelo menos naqueles momentos que lêem o blog, não se sentirem sozinhos.

Eu estou só convosco, aqui! Obrigado!

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Liberdade, tempo útil e tempo de qualidade

Estar fechado num escritório, pelo menos, 8 horas por dia faz com que a minha noção de liberdade mude. Todos os segundos que passo fora destas quatro paredes são muito valiosos. Há quem me pergunte como é que eu tenho tempo para fazer tudo o que faço e cada vez mais ando a chegar à conclusão que o meu tempo é-me muito valioso e que não o posso desperdiçar. Por essa razão faço o máximo possível, daquilo que gosto, no mínimo tempo que tenho. Porque no resto do tempo faço o que não gosto, mas que sou obrigado a fazer. Por isso, me enerva e entristece-me quando sou "obrigado" a estar num sítio onde me sinta desconfortável ou a "gastar" o meu precioso tempo a fazer coisas que considero "menores", adiáveis ou desnecessárias.

Quanto mais tempo passo num escritório, mais compreendo o Franz Kafka. Eu sou daqueles que acredita que o tipo tinha um verdadeiro sentido de humor e só olhando com um humor corrosivo se pode sobreviver neste submundo dos escritórios. (Ainda hoje dei comigo a olhar à volta e a rir-me porque "A minha vida dava um filme dos Marretas".)

Ultimamente dou comigo a deixar que os outros giram as minhas tarefas diárias no escritório, sem questionar. Aceito as tarefas e avalio, apenas, até que ponto as pessoas conseguem inventar trabalho quando ele não existe e como conseguem atribuir tarefas sem sequer saberem de que estão a falar. E o mais impressionante é ver como as tarefas são atribuídas sem noção de objectivos a atingir ou de prazos a cumprir. Na verdade a realidade de um escritório é kafkiana. E o pior é que se não fazemos as tarefas habilitamo-nos a'"O Processo".

É por todas estas razões que me questiono todos os dias "O que faço eu aqui?" e quando daqui saio só me apetece fugir. Fugir para um sítio onde goste de estar, com pessoas de quem gosto de estar e fazer coisas de que gosto. Não quer dizer que "aqui" tudo seja mau. Não! Aliás tenho estado muito com colegas de escritório fora das horas de trabalho, mas a fazer coisas de que todos gostamos. E aliás, ultimamente já nem falamos do "escritório", aquele bicho que nos suga a juventude e nos corrói até aos ossos. Qual quimera!

Mas o Belerofonte desta história, é aquilo que os ingleses chamam de quality time. Aquele tempo útil em que realmente temos qualidade de vida, ou dedicamos àquilo que realmente gostamos ou a quem gostamos. E ultimamente tenho tido algum tempo de qualidade dedicado àqueles de quem gosto mas pouco tempo para dedicar a mim mesmo e sinto muita falta disso. Não que não faça coisas que goste mas falta-me tempo para mim. Tempo para estar comigo!

Ontem, dia dos namorados, na rádio alguém dizia que ia dedicar o dia a ele próprio, a pessoa que mais amava. Que ia com ele próprio jantar fora e depois iam "os dois" ao cinema... Não comento os gostos cinéfilos do tipo, mas de certa maneira ele tinha razão, porque dedicar um bocado de tempo a nós próprios é essencial.

Quando era mais novo e, finalmente, tive um quarto só para mim, passava muito tempo comigo. Tinha mais de 200 cassetes de música e meia centena de discos de vinil, sabia as letras das minhas músicas preferidas e lia muito. Mas acima de tudo passava muito tempo comigo. Quando fui para os Estados Unidos, Japão ou Inglaterra passei muito tempo comigo. Se estar só muito tempo não é bom, estar comigo algum tempo é muito bom.

Mas se não tenho tido tempo ou não tenho dedicado tempo a mim, a culpa é minha e só minha. Porque aceito ir fazer coisas de que gosto (andar de bicicleta ou beber um copo) com uns amigos ou porque convido pessoas de que gosto a virem passar algum tempo comigo. Ou porque simplesmente acho que tenho sempre algo mais a aprender e inscrevi-me em dois cursos em regime pós-laboral que me "rouba" tempo precioso.

E o facto de andar de Laura (a Vespa), se por um lado me dá mais liberdade, faz com que tenha sempre mais pressa e isso faz com que tenha menos paz de espírito para me sentar comigo, ouvir um disco e ler um livro nas calmas, porque estou sempre a correr para outro lado. Mesmo o Yoga não me tem dado essa paz, porque a minha prática matinal é curta e, com a formação, não tenho ido às aulas. O que me faria, de novo, andar a correr.

Sinto falta de estar só, comigo! Do silêncio... De caminhar pelas ruas da cidade e observar as pessoas. De apenas estar. De sentir que existo em mim e não só existo para os outros. Sinto falta de me ditar! De meditar!

Quando coloco os auscultadores para me concentrar em mim, aqui no escritório, logo aparece alguém que tem uma dúvida inadiável, uma conversa que não pode esperar ou uma reunião que tem de ser AGORA. Enquanto escrevia isto, que demoraria cerca de 15m sem interrupções, fui interrompido pelo menos uma meia dúzia de vezes. E ainda o estou a escrever... Em vez de estar comigo!

Posso?

Professor Baltazar

Quem não se lembra daquele cientista jugoslavo? Até tem um clube de fãs e foi candidato aos Óscars.

Professor Baltazar

Podem ouvir o genérico aqui Ouvir excerto

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Inveja

Eu sei que não é bonito ter inveja, mas eu tenho. Não de uma maneira má, em que deseje mal aos outros porque lhe tenho inveja, mas porque gostava de por momentos estar na pele deles.

Hoje tenho inveja do meu colega de trabalho, Filipe. Não tenho inveja das 13 ou 14 horas de trabalho que ele tem tido, sozinho, nem do frio que está por lá, mas tenho inveja porque ele está lá e mesmo que haja momentos menos bons, há outros que compensam.

Ele está em Sapporo na ilha de Hokkaido no Norte do Japão. Eu só lá estive uma semana e pouco vi. Ele está lá há um mês e vai ficar mais um.

Filipe em Sapporo

E já tem amigos como podem ver aqui.

Cinzas na Felinus e Cia

Por iniciativa da Margarida a Cinzas passou a constar da galeria do site da Felinus e Cia. Até com um relativo sucesso, como podem ver aqui.

Apesar da má recepção que teve por parte da Cinzas, aquando da sua visita. Mas como retorno da amabilidade aqui ficam umas fotografias da bela Margarida.

Margarida

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

: : : 1-big-O [v7.0]

Partindo de um design original da própria Filipa Pato, com alguns retoques e muita limpeza minha, nasceu um novo site.

filipa pato | FP wines & sparklings

E promete crescer...

Diário de uma prática : : : Dia –10

Dia 30 : : : Quinta-feira, 10/02/2005 : : : 08:45
Peso: ?? Kg
- 3m em Sirsasana
- 1m de repouso
- 1m em Stretch Pose
- 1m de relaxamento
- 2m em Sat Kriya
- 2,5m de relaxamento

É muito complicado manter a rotina de prática quando a rotina pessoal diária é completamente alterada. Adiar a prática, porque aquele não é o melhor espaço ou momento faz com que depois nunca encontremos o momento e local certo durante o resto do dia. Se aquele sítio ou hora não serve, vai ser muito difícil encontrá-los depois porque se encontramos o local, não é a hora certa, ou se é a hora certa, não é o local certo. E acabamos por fazer a prática em qualquer lado a qualquer hora só porque a devemos fazer. Foi o que aconteceu durante a passada semana. Mas não posso deixar de fazer o mínimo, como aconteceu na época de Natal. Não vai ser agora o Carnaval a derrotar-me, por isso nem que seja à 1:10 da manhã, mas fiz a minha prática mínima (1m em Stretch Pose). Mas depois o retorno não é o mesmo e o aproveitamento da prática não é conseguido.

Não fiz o Navel Power no fim-de-semana.

O Sirsasana anda a ser muito longo para já. Baixei de novo os tempos para os três minutos, altura em que ainda me sinto muito confortável na posição. Talvez um dia volte aos 4m. A Stretch Pose é sempre difícil, mas já não é nada do outro mundo. Às vezes, até já parece que acaba depressa. Mas o Sat Kriya gera um calor que começa a subir pelo corpo acima e que só acalma depois de 2m de relaxamento. Ando a gostar da sensação! Quando chegar aos 3m (um dia) acho que vou perceber, em pleno, o poder deste Kriya.

Sinto-me bem!

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

A Cinzas (5 meses)

A Cinzas com 5 meses

   4 mesesGato Preto

A Cinzas (4 meses)

A Cinzas com 4 meses

Gato Preto5 meses2 meses e meioGato Preto

Autógrafos II - Dave Mckean

Em Outubro de 1993, no 7º Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto, no Mercado Ferreira Borges, conheci um grande senhor da banda desenhada anglo-americana contemporânea. O seu nome é Dave Mckean. Dele são a totalidade das ilustrações das capas da série Sandman, mas para mim ficará para sempre marcado pelos desenhos na obra prima sobre a loucura humana de "Arkham Asylum" (com Grant Morrison na escrita), o qual também me autografou, nessa altura.

Arkham Asylum

Mas o autógrafo dele que mais gosto é aquele que desenhou no "Signal to Noise" (escrito por Neil Gaiman) e que aqui reproduzo em formato reduzido (tem o tamanho A4).

Dave Mckean

Só esta semana é que passou a fazer parte da decoração da minha casa, quase 12 anos depois! Mas fica muito bem...

Emigrantes outra vez?

"Há pouco mais de um mês dois familiares meus, na casa dos 40 anos, resolveram emigrar. Quando soube, fiquei admirado. No entanto, não foi difícil perceber esta decisão.

Para eles, deixara de fazer sentido viver em Portugal. Com o resultado do seu trabalho não estavam a conseguir o nível de vida que ambicionavam.

Curiosamente, na última semana, por mais de uma vez, em conversas de circunstância com amigos meus, ouvi falar em vontade de sair daqui. Não era de fuga que se falava mas de não querer continuar a pactuar com um sistema que não funciona, que transpira imobilismo e que se afunda na ineficiência. Portugal não está a conseguir cativar e reter os seus recursos (humanos), e a emigração volta a ser a alternativa. Está instalada a desilusão.
"

Vitor Andrade no caderno Emprego do Expresso, 05/02/2005

Este post vem na sequência de "O que interessa o que eu acho?"

Palhaça: Podia ser...

As próximas citações são as 10 melhores de um concurso levado a cabo por uma revista. A ideia era que os leitores enviassem tiradas dos seus superiores e que estivessem dentro do espírito do Dilbert.

Não são da Palhaça (aliás porque na SEC não se fala "estrangeiro"), mas podia ser! Na verdade até acho que algumas já lá foram ouvidas!

10. One day my Boss asked me to submit a status report to him concerning a project I was working on. I asked him if tomorrow would be soon enough. He said, "If I wanted it tomorrow, I would have waited until tomorrow to ask for it!"
Hallmark Cards executive

9. "We know that communication is a problem, but the company is not going to discuss it with the employees."
Switching supervisor, AT&T Long Lines Division

8. My sister passed away and her funeral was scheduled for Monday. When I told my Boss, he said she died on purpose so that I would have to miss work on the busiest day of the year. He then asked if we could change her burial to Friday. He said, "That would be better for me."
Shipping executive, FTD Florists

7. Quote from the Boss: "Teamwork is a lot of people doing what I say."
Marketing executive, Citrix Corporation

6. "No one will believe you solved this problem in one day! We've been working on it for months. Now, go act busy for a few weeks and I'll let you know when it's time to tell them."
R&D supervisor, Minnesota Mining and Manufacturing/3M Corp.

5. "Doing it right is no excuse for not meeting the schedule."
Plant manager, Delco Corporation

4. "This project is so important, we can't let things that are more important interfere with it."
Advertising/Marketing manager, United Parcel Service

3. "E-mail is not to be used to pass on information or data. It should be used only for company business."
Accounting manager, Electric Boat Company

2. "What I need is an exact list of specific unknown problems we might encounter!!"
Lykes Lines Shipping


E o vencedor...

1. "As of tomorrow, employees will only be able to access the building using individual security cards. Pictures will be taken next Wednesday and employees will receive their cards in two weeks."
Fred Dales at Microsoft Corp. in Redmond,WA.

A minha vida dava um filme do Emir Kusturica

Na segunda-feira [7 de Fevereiro de 2005], véspera de Carnaval, na senda de uma farmácia de serviço permanente, eu e a Cláudia, fomos até à Gafanha da Nazaré. Uma expedição à CIDADE da Gafanha da Nazaré dava bastantes argumentos para persuadir Emir Kusturika a realizar um filme em Portugal. O ambiente é em tudo semelhante à sua ex-Juguslávia. Senão vejamos...

Qualquer visita aos Estados Unidos das Gafanhas (de Aquém, da Boa Vista, da Nazaré, da Encarnação e do Carmo) é uma aventura de carácter surrealista. A maioria da população é de origem humildes e gente do mar. Gente que em tempos navegavam, meses a fio, num bacalhoeiro em terras geladas, muito a Norte, para que não faltasse o bacalhau na mesa dos portugueses. Gente rude, que viviam isolados pelas águas da ria, e que ultimamente sofrem a invasão dos "simprinhas" da cidade que rumam ali à procura de casa mais barata. É o preço a pagar pelo progresso e pela IP5.

Mas naquele fim de tarde, início de noite, véspera de Carnaval, quando virámos para a Avenida José Estêvão, que corta a cidade de Este a Oeste, depois de atravessar os armazéns de bacalhau do terminal portuário, tudo pareceu muito diferente. Logo no início da Avenida uma cena de pancadaria. Quando vimos um grupo de pessoas, e sem reparar na zaragata, pensámos em parar para indagar pela farmácia. Mas estávamos à procura de uma farmácia, e não nos interessava ir parar ao hospital.

Um jovem gesticulava com um pão, enquanto as mulheres berravam e o levavam dali. Ele fazia força para voltar e medir forças com o outro macho, que calmamente fazia de conta que nada era com ele. Na verdade pouco vimos da cena, porque andámos em frente pela Avenida, que parecia ser em Sarajevo, depois de um bombardeamento Sérvio. Aliás desde o Porto Marítimo que o ambiente era de um pós-bombardeamento, sem luzes e com crateras no asfalto.

Mais à frente paro junto a um casal de idade, para perguntar pela farmácia. Ele tinha ar de pescador aposentado, de camisola de lã. Ela tinha ar de vareira aposentada. A Cláudia baixa o vidro:
- Olhe desculpe, sabe me dizer onde é a farmácia?
O homem seguiu o seu caminho como se nada passasse, mas a mulher que seguia mais atrás, parou e com uma voz muito rouca, perguntou:
- O quê? - mal se fazendo ouvir. Ao que a Cláudia repete:
- A farmácia...
No entretanto, o homem vendo que já não era perseguido pela mulher, volta-se e grita:
- O QUE É?
A mulher fazendo um esforço enorme para levantar a voz, repete ao mesmo tempo que a Cláudia:
- A FARMÁCIA...
- Ah! É MESMO LOGO A SEGUIR À IGREJA. - diz o homem de maneira que toda a gente fique a saber onde é a farmácia mais próxima.
A mulher abana a cabeça em sinal de afirmação, pois devia de ter dado cabo da pouca voz que ainda lhe restava. Sim, porque viver com um surdo e estar rouca deve ser um grande problema.

Seguimos até à igreja! A farmácia estava fechada, mas havia uma de serviço na mesma Avenida, com o nome de Farmácia Branco. Seguimos à procura! Sempre até ao fim da Avenida. Uns dois quilómetros de rua esburacada e quase sem gente na rua.

Finalmente no fim da Avenida um par de homens com uns sacos de compras que nos podiam ajudar.
- Olhe desculpe, sabe me dizer onde é a farmácia? - pergunto.
Os homens sorriem e respondem:
- Nou, Portugal? - com um belo sotaque ucraniano do Sul.

Voltámos para trás e começámos a fazer a Avenida em sentido contrário. Até que encontrámos alguém que nos disse:
- Vai sempre a direito! Não te desvias! Passa a GNR e 100m depois, do lado direito há-de aparecer escrito "Farmácia Branco". Não te desvias! Vai sempre a direito! Não te desvias!
Não me desviei, passei a GNR e não vi a "Farmácia Branco", porque esta estava fechada e com as luzes apagadas. Do outro lado da rua da cena de pancadaria do início da história.

Gato Preto Gato Branco

Naquele momento pareceu-me ouvir um porco a comer a chapa do meu carro.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

A minha vida dava um filme do Manoel de Oliveira

Hoje fui com a minha amiga Geni à Segurança Social.
Quando tirámos a senha de atendimento, passava um bocado das 11.30, deu para prever que iria demorar e resolvemos ir dar uma volta. Quando voltámos quase ninguém tinha sido atendido. Resolvemos sentar. As cadeiras eram tão velhas que afundámos nas almofadas, mas enfim, aquilo até está em obras!
A conversa ajudou a passar o tempo mas, a partir do meio-dia, começam a sair aos magotes de trabalhadores e a Geni começa a passar-se a dizer que às tantas não ficava lá ninguém a atender! Estavam tão poucas pessoas às espera que custava acreditar que aquilo andasse tão devagar...
Às 12.30 liga-me o Rui a dizer que ia almoçar. Eu disse-lhe que ainda estava demorado, para não esperar por mim.
A certa altura a Geni resolveu ir espreitar lá dentro...e aparentemente não estava ninguém a ser atendido. Ela reclama e lá começam lentamente a chamar alguns números. Entrámos por volta das 13.00. Naquela sala ainda se vive dos anos 60, com excepção dos computadores...muitas secretárias, quase todas vazias dada a hora de almoço, muitos papéis empilhados, cochichos e nada de sorrisos, nem de qualidade de atendimento.
A Geni queria simplesmente inscrever a empregada doméstica na Segurança Social!!! Mas resolveu perguntar se dado que era o primeiro emprego haveria lugar a descontos. A senhora, muito a custo, lá se levanta a lamentar ...que não sabia se haveria alguém àquela hora que a informasse...e fica uns 10 minutos ao telefone... entretanto eu distraia a Geni a contar-lhe baboseiras. A senhora volta, senta-se e lá diz que só as empresas têm direito a descontos nestes casos. A Geni pergunta se então podia inscrevê-la como empregada da empresa do marido! Ela lá se lamenta de novo e volta ao telefone, mais uns 10 minutos de onde volta com um papel rabiscado com as condições necessárias...Ufa...estava quase resolvido. Não fosse a Geni resolver pedir-lhe os formulários para preencher...
A senhora desaparece da sala... a Geni a ferver e eu a rir...demorou mais de 10 minutos. Juro. A Geni começava a levantar a voz...
A funcionária voltou a cheirar a café...entrega os formulários e em jeito de despedida diz à Geni uma frase inesquecível : "Que Deus e a ajude e a mim também que eu bem preciso".
Passava das 13.30. Portugal. 2005.

: : : 1-big-O [v6.0]

Pantufas a moda mundo com Terylene

É de algum modo, prática comum a chacota entre colegas quando um deles usa ou faz algo que sai fora do normal. Pelo menos aqui no escritório. Além disso é saudável o bom humor entre colegas.

Para quem não conhece o Victor é o pior gozador cá do burgo, mas a história mais conhecida de chacota "funcional" é dele. Um dia trouxe uns sapatos, género mocassins, e claro está os "machões" dos colegas perguntaram-lhe logo se tinha esquecido de calçar os sapatos e tinha vindo trabalhar de pantufas.

Nunca mais calçou os ditos sapatos!

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Diário de uma prática : : : Dia –17

Dia 23 : : : Quinta-feira, 03/02/2005 : : : 8:47
Peso: 75,7 Kg
- 1,5m em Sirsasana
- 0,5m de repouso
- 1m em Stretch Pose
- 1m de relaxamento
- 2m em Sat Kriya
- 3m de relaxamento

Os fins-de-semana são muito complicados porque se sai da rotina e além disso se não se faz a prática de manhã como de costume, já se torna muito difícil fazê-la noutra altura do dia. Além disso os efeitos são muito diferentes. Mas no domingo, fiz a prática de um DVD do Ravi Singh e da Ana Brett chamado Navel Power e que inclui no conjunto 1m de Stretch Pose.

Fazer um aula de uma hora não tem comparação com um conjunto solto de exercícios feitos sem qualquer tipo de ligação. Um kriya completo tem um outro poder que a prática de um exercício solto não tem. Mas na falta de dedicação à prática de um Kriya completo, a prática da Stretch Pose é-me muito útil, pois permite-me construir uma base sustentável para atingir esse objectivo mais tarde. Por sugestão da minha Guru Cristina vou começar a fazer o Navel Power aos fim-de-semana, mas continuo com a em>Stretch Pose até ao final dos 40 dias ou mais, como me propus a fazer no início.

Os 2m de Sat Kriya começam a dar bastante efeito. Começo a sentir-me mais criativo. Pode ser psicológico mas sinto que começo a olhar para a minha vida de uma maneira mais positiva, irónica e até criativa. Gosto de me ver como personagem da minha própria vida.

A Stretch Pose está muito mais bem feita. Mesmo, que por vezes tenha que a fazer com um nível mais lento de Breath of Fire. A minha concentração e capacidade de sacrifício está muito melhor. E isso vê-se nos 2m de Sat Kriya que já faço sem baixar os braços e sentindo um calor enorme a subir-me a coluna. Mas ainda não estou capaz de passar a 3m de Sat Kriya, apesar de os 2m serem relativamente atingíveis. Vou continuar mais uma semana com 2m e logo vejo.

Os efeitos do Sirsasana começam a ser menos acentuados do que aqueles que retiro da Stretch Pose ou do Sat Kriya. Estar em Sirsasana tornou-se muito difícil com problemas de equilíbrio e concentração. Desisti ao fim de um minuto e meio. Ando com problemas intestinais e estes andam a influenciar muito o meu equilíbrio.

O aquecimento colocado a semana passada na casa já me permite fazer a prática nu e sem frio, mesmo estando em relaxamento 4m. Parei o relaxamento depois do Sat Kriya, antes de chegar aos 4m porque o barulho da televisão no quarto ao lado estava a me desconcentrar. Tenho que me abstrair melhor destas distracções. Eventualmente pôr uma musica.