quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Aquele post de anteontem...

Há muito tempo que não escrevia algo tão grande como o post Liberdade, tempo útil e tempo de qualidade. Tenho andado algo pouco menos melancólico, mais positivo com a vida, e por isso escrevo menos sobre o lado cinzento da minha vida.

Mas o post suscitou algumas reacções agradáveis dos leitores habituais do blog, que merecem algum destaque também aqui. Para além dos incentivos do género "estive a ler o teu blog. Lindo!", "é lindo o q escreves" ou "acho mt interessante ler-te", houve quem me deixasse perceber a sua opinião sobre o assunto.

Assim, do outro lado do Canal da Mancha, um amigo "disse-me" que "Gostei do artigo, e principalmente faz-me sentir ainda melhor ao facto de estar no "estrangeiro". Sim! Eu também o digo no post que quando estive fora de Portugal tinha bastante tempo para estar comigo, porque, como a minha amiga Mariana dizia, "Sinto saudades de não ser conhecido". A verdade é que quando não se é conhecido, ou não se conhece um sítio, temos mais tempo para apreciar a nossa companhia. Ninguém nos interrompe para cumprimentar e não temos que ir a correr ao encontro de alguém que conhecemos. Estamos mais sós! O que também é dito, por esse amigo, quando escreve "Claro entram aqui os amigos, e as saudades deles, mas são coisas que uma pessoa tem que aguentar.". Mas "a família estar longe fisicamente, mas perto de um telefone, faz com que eu tenha mais tempo para mim, e tempo para a " minha cara-metade, quando estamos longe.

Mas estar só é diferente de estar comigo ou dedicar tempo a mim mesmo. Eu não gosto da solidão. Na altura em que estive na Califórnia apercebi-me bem, e escrevi sobre isso ("É tão fácil ser homeless nesta cidade"), que a linha que separa a solidão do desespero é muito ténue. Porque como diz uma amiga lá de baixo, que vive quase sempre só, "A princípio, admito, que foi fantástico, fazer o que queria, comer onde queria, sentar no sofá como queria, ver os canais que queria na televisão, ouvir a música que gosto e que " ele "odeia". "Ao fim de algum tempo perdeu a piada..." "Odeio estar comigo, ter tempo para mim..." "Tem as suas vantagens, mas ao fim de algum tempo pensas demasiado, analisas tudo e como não há feedback acabas por encucar coisas que SABES que são parvoíce mas..."

Esta é a diferença entre estar só e ter tempo para nós, sós! Nem tempo a mais só, nem tempo a menos para nós... É difícil eu sei, mas "ter alguém a ocupar o mesmo espaço físico que nós e a azucrinar-nos o juízo quando queremos ver algo, ouvir algo, comer algo ou não fazer nada tem o seu lado bom!". Eu diria que prefiro não ter muito tempo para mim e nunca estar só, do que sentir a solidão. E compreendo perfeitamente que "só percebemos a falta que as coisas fazem quando não as temos mais.". E por isso é que sinto a falta de estar comigo, ultimamente, porque nunca estou só... O que é muito bom!

E receber este retorno ao post fez-me perceber, ainda mais, que não estou só e que de alguma maneira ajudo aqueles que assim se sentem a, pelo menos naqueles momentos que lêem o blog, não se sentirem sozinhos.

Eu estou só convosco, aqui! Obrigado!

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