segunda-feira, abril 19, 2004

Escravo?!!

Há uns tempos que não ando bem! Não é nada físico, mas ando com graves perdas de concentração e memória. Não sei se é velhice, mas presumo que ainda é cedo para estas coisas. Acho que tem mais a ver com faltas de horas de sono e demasiada perda de tempo com problemas que com os quais não me deveria de preocupar tanto.

De há uns tempos para cá que tenho mais responsabilidades no emprego e acho que ando a confundir isso com a minha vida particular. Quando era apenas um engenheiro saia do emprego e deixava lá os meus problemas. Aquele if que não estava a funcionar ou aquele interface que não estava especificado ficavam na sala de trabalho. Agora em que passei a lidar com pessoas em vez de máquinas, muitas vezes é difícil esquecer atritos ou desentendimentos que ocorrem num normal dia de trabalho. As minhas decisões ou opiniões podem ter influência na maneira como outras pessoas me vêm e querendo ou não isso mexe comigo. De alguma maneira tenho que aprender a lidar com isso e acima de tudo não posso deixar que isso influencie a maneira como procedo na minha vida pessoal. Os meus entes queridos e amigos não têm que pagar com isso.

Além disso quando temos demasiadas coisas na cabeça é difícil dormir profundamente (Oh! Carneiro como se dorme bem depois de andar de bicicleta) e quando passamos o dia tensos é muito difícil estarmos atentos. Por isso é que ultimamente só penso em férias e fugir das minhas responsabilidades. Fugir da minha vida!

Mas não é fácil fugir! Como dizia alguém no outro dia na televisão há os empregos "paybill" e os empregos "career building". O meu emprego actual está na fase de passar de "career building" para "paybill", pois já não é um emprego que me deixe demasiado fascinado, me surpreenda enormemente ou que me projecte numa carreira empolgante, mas sim um emprego que me paga as contas. E nesta fase que os empregos não abundam, principalmente os "career building", há que encontrar neste motivos de interesse para pelo menos não entrarmos em stress. E tentar ao máximo aproveitar todas as oportunidades de "career building", porque ainda as há. O que não posso deixar é que os problemas passem da porta para fora.

Isto faz-me lembrar um amigo meu americano que se despediu a semana passada. O Darren disse-me há uns tempos que queria aprender português porque me queria visitar. Esta semana perguntei-lhe quando estava a pensar fazê-lo. Respondeu que se tinha despedido porque estava farto do emprego e de estar fechado num escritório (ele trabalhava na Lucas Arts). A conversa acabou com ele a chamar-me escravo...

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