terça-feira, abril 20, 2004

Half frame

Há umas semanas atrás comprei no eBay uma câmara fotográfica quase tão velha como eu. Comprei uma Olympus Pen EE-3. Eu não sei exactamente de que data é o exemplar que tenho, mas o modelo foi lançado em Maio de 1973. Na altura do lançamento custava 15.800 yens (ao câmbio actual €122,5), a mim custou-me (com os portes) pouco mais de €29,5. Uma desvalorização de 4,5% ao ano...

Olympus Pen EE-3

Mas não comprei porque faço colecção de câmaras antigas ou porque tenho um qualquer fetiche com coisas antigas. Não! Comprei porque já há uns tempos queria ter uma câmara simples sem qualquer tipo de automatismos das normais SLRs. Já tinha pedido ao meio pai a PAX dele, que aliás era muito mais antiga que esta, mas que por estar há tantos anos sem funcionar, não colaborou e nem arranjo tem.

A juntar a este desejo de voltar atrás no tempo, esta Olympus Pen EE-3 tem a faculdade de fazer de um rolo de 24 fotos, 48. Ou seja, a câmara é o que se chama de half frame e tira, em cada fotograma de um normal rolo de 35mm, duas fotos. Mas em vez de tirar fotos em formato panorâmico (landascape), tira em formato retrato (portrait), ou seja, para tirar fotografias no formato normal tem que se rodar a câmara 90 graus, o que nas câmaras normais acontecia quando se queria tirar fotos no formato que esta tira. Confuso?!

Se quiserem ver as especificações vejam em Olympus PEN EE-3.

Outra das razões é porque comprei há uns tempos rolo a preto e branco a metro (Ilford HP5 Plus) e a minha Canon EOS 300 não gosta muito dos copos onde eu o enrolo. E nada como voltar atrás no tempo e tirar a preto e branco numa câmara própria da época (ou quase).

Parece estranho este voltar atrás (haviam de ver a cara das funcionárias do laboratório de revelação quando lá apareci com a máquina) numa altura que toda a gente pensa em ter uma máquina digital. A verdade é que eu já tenho uma máquina digital há quase três anos e ando farto de tirar fotos a granel e tê-las guardadas no computador sem lhes dar uso algum (não é que em papel faça grande uso delas). E além disso até já tenho câmara fotográfica no telemóvel (a montagem das férias foi feita com fotos do meu telemóvel). Mas eu quero voltar ao básico, ao simples, aos primórdios da fotografia, porque aí é que se aprendem os princípios.

Mas isto tudo para dizer que hoje recebi o primeiro rolo tirado com esta câmara, revelado. A revelação é tão má que me faz pensar que deitei dinheiro à rua quando comprei a câmara. E que mais vale arrumar as botas, porque nunca me sentirei satisfeito com fotos como estas, pelo que o melhor é nem tirar nenhumas.

Ou nunca mais revelo fotografias naquele laboratório!

Na verdade estou à espera de comprar um digitalizador que me permita digitalizar o negativo e depois tratar as fotos em casa a meu gosto. Agora é que estraguei tudo, né! Então ando a tirar fotografias numa câmara de 1973 para depois a tratar em computador? Pois! É que o básico da fotografia posso aprender com a câmara, mas o básico da revelação se calhar já não o quero aprender com ampliadores e químicos.

Um dia destes mostro-vos umas fotos.