Quando leram o post de sábado, sobre a minha nova tatuagem, podem ter ficado a pensar que foi uma inconsciência minha fazê-la, principalmente quando disse que foi sem razão aparente. Porém, acho que o acto de fazer uma tatuagem é um dos actos mais conscientes que se deve tomar, porque embora seja reversível, não o é sem um preço a pagar, em termos monetários, sociais e até físicos. Marcar o nosso corpo tem de ser um acto bem ponderado e bem consciente.
Como eu disse, demorei 1288 dias para fazer a segunda tatuagem e que já há 2 anos e meio que tinha o desenho na minha cabeça. O sítio no meu corpo, onde a iria fazer, veio mais tarde, mas a decisão há muito que estava a ser tomada. Em tempos li que se ao fim de dois anos ainda pensarmos fazer aquela tatuagem naquele sítio, então é altura de a fazer. Isto sobre tatuagens em adolescentes, porque estes por vezes fazem coisas por influência de outros, ou por moda, sem terem consciência do que estão a fazer e que mais tarde se arrependem.
Eu demorei este tempo todo, não que tivesse dúvidas se queria ou não fazer uma tatuagem, mas porque não sabia se era aquela mesma que queria fazer. A primeira foi muito marcante e simbolizava a minha passagem pela Califórnia, um belo momento da minha vida, e esperava que a próxima tivesse o mesmo peso. Mas finalmente decidi que seria quase impossível fazer uma tatuagem com o mesmo sentimento da primeira. A primeira é sempre a primeira...
Se é importante ter consciência de que se quer fazer uma tatuagem, o mesmo se aplica ao desenho que se quer fazer. Aqui em Portugal ainda não há muita gente com tatuagens, mas na Califórnia quem não tem tatuagens é um anormal (aqui quem as tem é que é anormal) e fazer uma marca eterna no nosso corpo que se repete em cada ser tatuado com que nos cruzamos é como ouvir eternamente um CD com a mesma faixa repetida consecutivamente. Como devem imaginar é uma seca e soa a falta de originalidade.
Isto faz-me lembrar um amigo que, sabendo que eu tinha uma tatuagem há algum tempo, mostrou-me a sua, feita por coincidência no mesmo sítio do corpo que a minha, e que era um carácter chinês, cujo significado já não me lembro. Eu nestas coisas sou bastante honesto e disse-lhe que era muito bonita, mas que eu jamais a faria pois sabia que a tinha feito por uma questão de moda e que mais tarde me iria arrepender de a ter feito. Aliás com a quantidade de gente que faz tatuagens hoje em dia, mais tarde ou mais cedo iria ver alguns mais com aquela tatuagem e eu não gosto disso.
E o sítio? Sim! Também é muito importante. Li uma vez, também, uma frase de um rapper americano que repetindo uma frase do pai dizia “Faz as tatuagens, mas fá-las sempre onde um juiz não a veja”. É triste mas a verdade é que muita gente pensa que quem tem tatuagens é um irresponsável, mas por todas as razões que aqui apontei acho que podem estar errados. Eu não recrimino ninguém por não ter tatuagens. Não façam juízos errados...
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