quinta-feira, novembro 22, 2007

Trabalho não produtivo custa 5,5% do PIB português

Anualmente, a economia nacional perde cerca de 7600 milhões de euros com horas de trabalho desperdiçadas

Os portugueses têm fama de ser pouco pontuais e de todos os dias perderem muito tempo de trabalho que poderia ser aproveitado. O relatório anual da Proudfoot Consulting, consultora especializada em produtividade, revela alguns dados que ajudam a sustentar esta ideia. Anualmente, Portugal perde cerca de 11 mil milhões de dólares (7626 milhões de euros) com horas de trabalho não produtivas no sector privado. São 47 dias de trabalho desperdiçados todo anos e que representam 5,5% do produto interno bruto (PIB) português.

A Proudfoot Consulting, neste sétimo relatório anual, coloca a economia portuguesa como a segunda com maior percentagem de tempo desperdiçado. Ao todo, o trabalho não produtivo em 2005-2006 representou 35,6% do total e apenas foi ultrapassada pela Espanha (45,2%) e pela França (36%).

Para estes especialistas, é possível eliminar trabalho desperdiçado até chegar aos 15% através da melhoria da gestão das empresas. É precisamente este ganho que poderia ajudar a economia nacional a eliminar este peso morto superior a 5% do PIB.

Principais Problemas
■ Deficiências no planeamento e controlo do trabalho ao nível dos dirigentes
■ Chefias intermédias pouco preparadas acabam por comprometer a eficácia
no terreno
■ Fraca motivação dos trabalhadores

Gestores são responsáveis
São vários os factores que explicam este problema, que em Portugal se agravou nos últimos anos. "A principal razão é o deficiente planeamento e controlo ao nível dos dirigentes", afirma Dário Lourenço, vice-presidente da Proudfoot Consulting para Portugal. O responsável adianta que este motivo, por si só, explica quase metade das horas desperdiçadas pelos trabalhadores portugueses todos os anos (40%).

"Outra razão importante, em particular em Portugal, são as chefias intermédias e a dificuldade que têm em levar objectivos locais", acrescenta Dário Lourenço. Um factor que muitas vezes está relacionado com falta de formação das pessoas que ocupam estes cargos muito importantes para o funcionamento das empresas. "Normalmente confunde-se capacidade técnica com capacidade de chefia", lembra Dário Lourenço.

Juntamente, estes dois problemas ao nível organizacional representam quase 80% do tempo perdido pelas empresas. Há depois outros motivos com menos impacto, como é por exemplo a motivação dos trabalhadores.

Os países com menor percentagem de trabalho não produtivo são a África do Sul (27,8%) e os EUA (29,1%). Nos restantes analisados, o indicador fica sempre acima dos 30% e em Espanha passa mesmo os 45%.

por João Silvestre jsilvestre@expresso.pt
in Expresso, 03 de Novembro de 2007

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