domingo, junho 13, 2004

Lisboa, amigos, Pixies, futebol, praia e eleições

Este fim-de-semana prolongado foi curto para tanta coisa. Um verdadeiro fim-de-semana de acontecimentos em catadupa que culminam num domingo descansado e repousante. Por isso vos escrevo hoje.

Tudo começou na noite de quarta-feira [09 de Junho de 2004], véspera de feriado. Depois da minha aula de japonês e da reunião da Cláudia, depois de arrumar as coisas no saco, rumámos à capital, onde chegámos já por volta da uma da manhã. Estava um calor...

O dia de Portugal [10 de Junho de 2004] foi passado a descobrir o que a capital do nosso belo país tem para oferecer a um par de turistas sedentos de ver coisas bonitas. Aliás não éramos os únicos. Pelo contrário, Lisboa estava cheia de estrangeiros à procura de sítios bonitos, com sombra e onde houvesse uma bebida fresca. Por momentos tive a sensação de que estava noutro país... Aquela Lisboa é outro país!

Felizmente era feriado e estava calor (não tão felizmente), pelo que a maioria dos alfacinhas rumaram para as praias deixando a cidade à mercê de quem gosta de a visitar. E nós gostámos! Eu gosto muito de Lisboa! Acho uma cidade bonita e cheia de luz. Tem montes de coisas típicas das cidades mediterrânicas mas já cheira a atlântico. É uma cidade que em nada fica atrás de muitas por onde já passei. E se visito as outras no estrangeiro, porque não visitar esta que aqui está ao lado e onde aliás falam a mesma língua que eu.

Bem! Falam a mesma língua, mas com um sotaque diferente e com um vocabulário esquisito. Como ao pequeno-almoço nos Restauradores, que peço um Pastel de Carne e o homem pergunta-me se é um croquete que eu quero. Mas pelo menos já sabem o que é um fino. Qualquer dia já sabem dizer "tio" e "treze" ("tiú" e "treuze" em alfancês) como deve ser.

Subimos ao Castelo de S. Jorge por Alfama e depois de desfrutarmos a vista almoçámos umas sardinhas (as primeiras do ano) enquanto por ali se preparava o arraial de S. António. Apareceu o PP e a Sílvia que nos acompanharam na descida de volta à Pr. da Figueira, antes de partirem à sua vida. Nós rumámos ao Chiado e daí ao Bairro Alto, mas nem parámos, pois tinha combinado com a Mariana no Cais do Sodré. Uma longa caminhada sob um calor que puxava a umas cervejas.

Já não ia ao centro de Lisboa há alguns anos. Acho que desde que a Geni se casou e fui com ela, à embaixada de França, por causa do visto dela para ir à Lua-de-mel a Bora Bora. Há 5 anos! E já não via a Mariana desde que voltei dos Estados Unidos, há quase 4 anos. Foi um fim-de-semana de voltar a recordar e reencontrar lugares e pessoas de que gosto muito. Como o PP e a Sílvia. Como o João, o Zé, o Gonçalo, o Pedro, o Pitta, o Nuno e o Daniel que encontrei no Super Bock Super Rock, na noite de sexta-feira [11 de Junho de 2004].

Acho que retornei à minha juventude ao percorrer as ruas do Chiado. Quando ia para a Reboleira, para casa da minha avó e em vez de ir para Carcavelos, para a praia, usava o bilhete de comboio para ir para o Chiado comprar discos de vinil. Na velha Valentim de Carvalho (agora transformada) onde comprei o Ocean Rain dos Echo and The Bunnymen ou o This is the Sea dos Waterboys.

Mas não foi por muito tempo. Foi mesmo a correr! O tempo passa quando estamos distraídos e de repente estava na hora de nos encontrarmos com a Mariana. No entretanto ainda encontrámos o Toninho e a Carla, mas já estávamos a correr... Para beber umas cervejas, com a Mariana, à beira rio e pôr a conversa em dia, depois de quatro anos sem nos vermos.

Foi bom. De novo tive a sensação que há amigos que não vão deixar de o ser por causa do tempo de ausência. Há pessoas com quem vivemos momentos tão importantes que jamais deixarão de ser nossos amigos. E na verdade só o são porque é assim, porque o à-vontade e o conhecimento mútuo fez diluir as barreiras que muitas vezes separam as pessoas. Gostei muito!

À noite foi a vez de dar espaço à cultura. Popular é verdade, mas é cultura. Fomos ao teatro ver o "Deixa-me Rir" e digo-vos que me ri. É uma crítica acertada à maioria dos políticos modernos que põem o seu cargo acima dos seus ideais e ao progresso e bem estar no país onde governam. O primeiro-ministro chamavam-no de DB... Embora fosse uma adaptação de uma peça inglesa, a verdade é que encaixava perfeitamente ao nosso país. Mas não posso falar disso porque hoje é dia de eleições e suposto não se fazer campanha.

Chegámos tarde a casa, depois de um prego no Saldanha e uma saída mal programada do autocarro que nos fez andar um quarteirão em vão.

Sexta-feira [11 de Junho de 2004] foi dia de Super Bock Super Rock. Que dizer? Os concertos foram bons (excepto o chato e entediante Lenny Kravitz), mas a organização jamais deveria deixar entrar tanta gente. Não havia condições! Estive uma hora para comprar um cachorro-quente que devorei em dois minutos, a seco pois era impossível chegar às tendas de bebidas. Já não tenho idade para estas coisas... Não que esteja ou me sinta velho, mas porque já lá estive, já vivi aquilo, já sei como é e prefiro ver um bom concerto com melhor condições. Festivais só se forem no campo.

Salvaram-se os X-Wife, Liars, Pixies e Massive Attack. Mas mesmo os concertos foram curtos, só para festival. Prefiro ver as bandas em recintos mais intimistas e em que lá está, está para ver verdadeiramente o concerto, não porque quer beber um copo.

Quando actuaram os Massive Attack estava de rastos. A Cláudia viu meio concerto e eu saí na última música do encore - Special Cases. É o segundo concerto que vejo deles e este, apesar de mais curto, foi muito melhor. O som estava excelente, enquanto que aquele que vi no Pavilhão Atlântico estava mesmo muito mau.

Mas para mim a banda da noite foram os Liars. Um misto de Sonic Youth com Nirvana e Blur. São de Nova York e devem andar em muito más companhias, mas a ouvir coisas muito boas. São um pouco barulhentos, mas fazem o meu género.

Não tenho muito mais a dizer a não ser que voltámos [12 de Junho de 2004], descansámos e fomos à praia hoje de manhã [13 de Junho de 2004]. Já votei e agora vou visitar mais uns amigos que não vejo há uns tempos – a Geni e o Anésio.

Até amanhã! Logo vos falarei da minha nova descoberta gastronómica/paisagística aqui da região de Aveiro – o Bico da Murtosa.

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