Há uns anos trabalhei numa empresa comercial (cujo nome não vou dizer, mas que podem ver no meu Curriculum Vitae), numa altura que decidi que podia ser bom experimentar outras áreas de trabalho para além das Telecomunicações.
Foi uma boa má experiência. Boa, porque todas as experiências são boas, quando delas sabemos extrair ilações para não voltarmos a cometer os mesmos erros duas vezes. Má, porque empresas familiares e que resistem em se modernizar acumulam vícios contra os quais é difícil combater só.
Mas foi também uma boa experiência porque conheci muita gente, algumas delas com quem ainda convivo e outras com quem não convivo mas que gostaria, mas simplesmente custa-me lá voltar e encarar outras pessoas com quem não gostei de conviver. Mas sei que deixei lá algumas amizades.
O que mais me custou foi ver que as pessoas que mais tinham a ganhar com a modernização da empresa e que mais tinham a ganhar em se dedicarem à mesma, eram precisamente aquelas que menos queria saber de problemas e consecutivamente adiavam as decisões. E ainda me chocou mais ver que esses eram da minha geração e eram pessoas com formação académica.
Custou-me sentir só, sem o apoio da direcção, sem responsabilidades definidas ou adquiridas e a lutar contra uma cultura enraizada em que o all-mighty patrão dá ordens e os serventes cumprem, mesmo sabendo que essas seriam prejudiciais à empresa e iam contra as expectativas de todos os empregados. E onde estes todos os dias tentam "apunhalar" o colega pelas costas, pois só assim conseguem subir na hierarquia.
Quatro anos depois sinto que estou a reviver uma experiência semelhante.
É pena que em pleno séc. XXI pessoas formadas e a trabalhar em áreas tecnológicas de ponta ainda pensem em gerir recursos humanos da mesma forma que o dono da mercearia ao lado de minha casa. É pena que com estas maneiras de gerir recursos humanos o país não avance e que mais tarde sejamos todos "empregados públicos". É pena que empresas com capacidade de serem inovadoras e maiores, se sintam bem na mediocridade, se isso implicar a manutenção dos poderes adquiridos.
Prezo muito pessoas que são capazes de delegar responsabilidades e confiar nos seus empregados em cumprir as suas tarefas convenientemente. Dar é poder exigir! Se não se der não se podem pedir responsabilidades. É por isso que a minha experiência nos Estados Unidos foi uma boa experiência, porque mal cheguei foram me dadas responsabilidades. Ainda não sabiam dizer o meu nome e já estava na outra costa do país a representar a empresa em exposições.
Aqui, em Portugal, continuamos a viver como na mercearia do Sr. Ribeiro.
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