São os votos do Baltasar e pais...
Tudo começou em 2000 com a minha ida para a Califórnia para um estágio. As Crónicas foram servindo de diário da aventura. E continuam, mesmo depois de voltar... E de voltar a sair para Inglaterra, Japão, Luxemburgo, França, Finlândia, Holanda, São Tomé, etc...
Cada aventura ou momento que me permito partilhar está aqui nas Crónicas da Califórnia.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
terça-feira, dezembro 12, 2006
Zona de Conforto
Este passado fim-de-semana teve início, aqui em Aveiro, o curso de professores de Kundalini Yoga, que eu me encontro a frequentar. Eu não acredito muito em sorte, mas em coincidências e oportunidades. A sorte é uma boa oportunidade criada por uma circunstância ou coincidência, muitas vezes fruto de uma acção nossa, ou de um grupo de acções nosso. O azar será o contrário… Embora, se eu não acredito na sorte, menos acredito no azar.
A verdade é que este curso é fruto de uma série de coincidências que levaram a oportunidades, e com a vontade das diferentes partes envolvidas resultou numa boa oportunidade final. Se não quem se lembraria de juntar 16 alunos espanhóis e 13 alunos portugueses, mais uma professora portuguesa (que vive em Inglaterra há 30 anos), dois ingleses, uma mexicana e um espanhol no mesmo caldeirão, mexer e fazer a poção? Isto em duas cidades, uma em Portugal (Aveiro) e outra em Espanha (Vigo).
É difícil explicar em poucas palavras a emoção que isto me transmite, porque afinal este é o fruto de um trabalho árduo, e por vezes ingrato, de vários anos. É o acreditar de muita gente!
Mas, a semana passada deparei-me com pensamentos do género – “Eu sempre desejei isto. Cheguei a pensar fazê-lo em Inglaterra ou em Madrid. Mas agora vai acontecer aqui e eu estou a organizá-lo. Mas acontece numa altura em que não faço Yoga há 6 meses, onde a minha vontade de o fazer está no mínimo e onde as minhas crenças estão de rastos.” Acho que isto acontece por ser um teste… E durante o fim-de-semana deparei-me com pessoas que se questionavam sobre o mesmo. “O que estou aqui a fazer?” “Quero me ir embora” deve ter passado, e passou, pela cabeça de vários alunos.
Mas na verdade é que mexe com a nossa zona de conforto. É muito mais fácil não querer e ficar em casa a ver televisão ou nem me preocupar com o que como ou faço. Parece aquela frase do J. Rentes de Carvalho, que o Luís pôs como comentário ao meu post sobre as minhas viagens, “A viagem ideal? Atravessar a Índia com um bom livro sem sair da cama.” Pois! Muito sinceramente tenho muita pena do senhor J.R.C., porque sinceramente deve ser uma pessoa muito triste e sozinha. E pouco dada a mudanças! Porque sinceramente não consigo ler um livro sobre S. Tomé que consiga traduzir o que senti lá, posso experimentar de novo as sensações de lá ter estado ao ler o livro, mas ninguém me tira o prazer de ter vivido, cheirado, provado, comido ou privado com o povo, a terra ou os recursos do local. No fundo porque saí da minha zona de conforto e experimentei!
Por acaso, será que o Sr. J.R.C. tem sexo com um livro sem sair da cama? Ou come um bom prato, lendo um livro, sem sair da cama? Ou mesmo… Será que já teve um filho por ler um livro… Sem sair da cama?
É a diferença entre o saber ensinado e o saber experimentado. Um implica algum conforto e pouco tempo, o outro implica algum esforço, mais tempo, mas mais benefícios. Eu prefiro continuar a experimentar e espero um dia atravessar a Índia, com um bom livro… Para escrever as minhas experiências!
A verdade é que este curso é fruto de uma série de coincidências que levaram a oportunidades, e com a vontade das diferentes partes envolvidas resultou numa boa oportunidade final. Se não quem se lembraria de juntar 16 alunos espanhóis e 13 alunos portugueses, mais uma professora portuguesa (que vive em Inglaterra há 30 anos), dois ingleses, uma mexicana e um espanhol no mesmo caldeirão, mexer e fazer a poção? Isto em duas cidades, uma em Portugal (Aveiro) e outra em Espanha (Vigo).
É difícil explicar em poucas palavras a emoção que isto me transmite, porque afinal este é o fruto de um trabalho árduo, e por vezes ingrato, de vários anos. É o acreditar de muita gente!
Mas, a semana passada deparei-me com pensamentos do género – “Eu sempre desejei isto. Cheguei a pensar fazê-lo em Inglaterra ou em Madrid. Mas agora vai acontecer aqui e eu estou a organizá-lo. Mas acontece numa altura em que não faço Yoga há 6 meses, onde a minha vontade de o fazer está no mínimo e onde as minhas crenças estão de rastos.” Acho que isto acontece por ser um teste… E durante o fim-de-semana deparei-me com pessoas que se questionavam sobre o mesmo. “O que estou aqui a fazer?” “Quero me ir embora” deve ter passado, e passou, pela cabeça de vários alunos.
Mas na verdade é que mexe com a nossa zona de conforto. É muito mais fácil não querer e ficar em casa a ver televisão ou nem me preocupar com o que como ou faço. Parece aquela frase do J. Rentes de Carvalho, que o Luís pôs como comentário ao meu post sobre as minhas viagens, “A viagem ideal? Atravessar a Índia com um bom livro sem sair da cama.” Pois! Muito sinceramente tenho muita pena do senhor J.R.C., porque sinceramente deve ser uma pessoa muito triste e sozinha. E pouco dada a mudanças! Porque sinceramente não consigo ler um livro sobre S. Tomé que consiga traduzir o que senti lá, posso experimentar de novo as sensações de lá ter estado ao ler o livro, mas ninguém me tira o prazer de ter vivido, cheirado, provado, comido ou privado com o povo, a terra ou os recursos do local. No fundo porque saí da minha zona de conforto e experimentei!
Por acaso, será que o Sr. J.R.C. tem sexo com um livro sem sair da cama? Ou come um bom prato, lendo um livro, sem sair da cama? Ou mesmo… Será que já teve um filho por ler um livro… Sem sair da cama?
É a diferença entre o saber ensinado e o saber experimentado. Um implica algum conforto e pouco tempo, o outro implica algum esforço, mais tempo, mas mais benefícios. Eu prefiro continuar a experimentar e espero um dia atravessar a Índia, com um bom livro… Para escrever as minhas experiências!
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Semi-aniversário
Seis meses de sorrisos, choros, cólicas, fraldas, chichis na cama, horas de sono a menos, sustos, medos, sonhos, brinquedos, mimos, cocós fedorentos, banhos molhados, tosse, leite, bombas, biberões, bodies, babygrows… Meio ano de alegria!
(a composição é da autoria da Cláudias. As fotos são dos dois!)
terça-feira, novembro 28, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
José Pinto dos Santos
Há pessoas que valem por si sós! Que mudaram, e continuam a mudar, a minha vida. Pessoas que me fazem acreditar que este país ainda é possível. Uma dessas pessoas, e que tenho sempre enorme prazer em ouvir, esteve ontem à noite na Grande Entrevista com a Judite de Sousa. O seu nome é José (Pinto dos Santos) como ele pediu para ser chamado. Infelizmente não pude ver a entrevista toda (porque o Baltasar também queria tomar banho) mas, irei fazê-lo, e vocês podem também ouvi-la (e vê-la) aqui. E oiçam com atenção...
Foi assim que foi apresentado, José Pinto dos Santos:
"O que é que há de comum entre Belmiro de Azevedo... Américo Amorim... Henrique Granadeiro... João Pereira Coutinho... Paulo Teixeira Pinto... e Ricardo Espírito Santo Salgado?
Estes homens vão reunir-se com mais 20 dirigentes das maiores multinacionais do mundo, numa iniciativa do Presidente da República, para ouvirem um dos maiores mestres de gestão de empresas.
Português... filho de um alfaiate do Porto, a viver fora do país há 20 anos e professor na maior Escola de Gestão do Mundo... José dos Santos vai dar uma lição a empresários e banqueiros mas... antes fala aos portugueses... na GRANDE ENTREVISTA, quinta-feira, logo após o Telejornal."
Estejam atentos pois penso que irão ouvir falar dele mais vezes. Foi um dos mentores do programa Contacto.
Foi assim que foi apresentado, José Pinto dos Santos:
"O que é que há de comum entre Belmiro de Azevedo... Américo Amorim... Henrique Granadeiro... João Pereira Coutinho... Paulo Teixeira Pinto... e Ricardo Espírito Santo Salgado?
Estes homens vão reunir-se com mais 20 dirigentes das maiores multinacionais do mundo, numa iniciativa do Presidente da República, para ouvirem um dos maiores mestres de gestão de empresas.
Português... filho de um alfaiate do Porto, a viver fora do país há 20 anos e professor na maior Escola de Gestão do Mundo... José dos Santos vai dar uma lição a empresários e banqueiros mas... antes fala aos portugueses... na GRANDE ENTREVISTA, quinta-feira, logo após o Telejornal."
Estejam atentos pois penso que irão ouvir falar dele mais vezes. Foi um dos mentores do programa Contacto.
quinta-feira, novembro 09, 2006
Recordar: O que eu não fiz...
Em Moçambique, nasci, mas nunca mais lá voltei.
Em Portugal, fui à Madeira de barco-à-vela, mas nunca fui à Malcata.
Em Espanha, comi tapas, mas não fui a Cuenca.
Em França, bebi Bordeaux, mas não bebi champagne.
No México, bebi Tecate, mas não bebi tequilla.
Na Escócia, comi black pudding, mas não bebi whiskey.
Nos Estados Unidos, visitei 5 estados, mas não fui ao Burning Man.
Na Bélgica, bebi muita cerveja, mas não visitei a Leffe.
Na Holanda, fui a um coffee shop, mas não comi um space cake.
No Canadá, estive um fim-de-tarde, mas não jantei.
Em São Tomé, comi muita fruta exótica, mas não provei os caracóis.
Em Andorra, comprei um DVD, mas não fiz ski.
Na Finlândia, tomei banho nos lagos, mas não fiz sauna.
Na Croácia, fiz muita praia, mas não fiz nudismo.
Na Alemanha, tive tão ocupado que já nem sei o que fiz.
No Japão, bebi muito saké, mas não fui ao karaoke.
Na Bósnia-Herzegovina, fui a Mostar, mas não fui a Sarajevo.
No Luxemburgo, visitei os jardins, mas não visitei as catacumbas.
Na Irlanda, fiz muitos quilómetros, mas não fui feliz.
No País de Gales, passei e quase nem parei.
Na Inglaterra, aprendi muito, mas... Porque é que não fiquei lá?
Já só me faltam visitar 172 países neste planeta. Pelo que, mesmo à razão de visitar dois países por ano, eram preciso mais 86 anos para visitar todos. E mesmo que eu quisesse ter uma média de visita de um país por ano de vida, ainda me faltam 16. Pelo que teria que nos próximos 16 anos visitar dois por ano para poder estabelecer essa marca.
O melhor é nem pensar muito nisso.
Em Portugal, fui à Madeira de barco-à-vela, mas nunca fui à Malcata.
Em Espanha, comi tapas, mas não fui a Cuenca.
Em França, bebi Bordeaux, mas não bebi champagne.
No México, bebi Tecate, mas não bebi tequilla.
Na Escócia, comi black pudding, mas não bebi whiskey.
Nos Estados Unidos, visitei 5 estados, mas não fui ao Burning Man.
Na Bélgica, bebi muita cerveja, mas não visitei a Leffe.
Na Holanda, fui a um coffee shop, mas não comi um space cake.
No Canadá, estive um fim-de-tarde, mas não jantei.
Em São Tomé, comi muita fruta exótica, mas não provei os caracóis.
Em Andorra, comprei um DVD, mas não fiz ski.
Na Finlândia, tomei banho nos lagos, mas não fiz sauna.
Na Croácia, fiz muita praia, mas não fiz nudismo.
Na Alemanha, tive tão ocupado que já nem sei o que fiz.
No Japão, bebi muito saké, mas não fui ao karaoke.
Na Bósnia-Herzegovina, fui a Mostar, mas não fui a Sarajevo.
No Luxemburgo, visitei os jardins, mas não visitei as catacumbas.
Na Irlanda, fiz muitos quilómetros, mas não fui feliz.
No País de Gales, passei e quase nem parei.
Na Inglaterra, aprendi muito, mas... Porque é que não fiquei lá?
Já só me faltam visitar 172 países neste planeta. Pelo que, mesmo à razão de visitar dois países por ano, eram preciso mais 86 anos para visitar todos. E mesmo que eu quisesse ter uma média de visita de um país por ano de vida, ainda me faltam 16. Pelo que teria que nos próximos 16 anos visitar dois por ano para poder estabelecer essa marca.
O melhor é nem pensar muito nisso.
quarta-feira, novembro 01, 2006
Mensário 5
O mês passado não escrevi aqui nada sobre o "mensário" do Baltasar. Não que me tenha esquecido, aliás porque houve festa no devido sítio, mas porque achei por bem não fazê-lo.
Mas este mês temos fotografias novas e como andam sempre a pedir-me para enviar, fica aqui mais uma. Dos seus 5 meses...
sexta-feira, outubro 06, 2006
Yoga com fartura...
É já para a semana que iremos desfrutar da visita de Jai Kartar Kaur, uma professora de Kundalini Yoga, proveniente do Reino Unido e que vem cumprir o seu propósito na vida - partilhar os conhecimentos do Kundalini Yoga.
Assim, em dois dias, um em Aveiro, (sábado, 14 de Outubro) e outro em Lisboa (no domingo, 15 de Outubro), Jai Kartar Kaur irá mostra-nos como nos podemos libertar das armadilhas da nossa mente e encontrar o nosso caminho pessoal e irá ensinar-nos como nos podemos tornar mais prósperos e como lidar com o nosso potencial criativo, em dois workshops "Sente o verdadeiro Eu" e "A fonte da criatividade, oportunidade e prosperidade está dentro de nós".
Vejam todos os detalhes em www.ojardimdelotus.net/jkk/ (mais um site feito por mim), escrevam-nos um e-mail ou telefonem que teremos todo o prazer em tirar as vossas dúvidas. Não deixem é de usufruir desta excelente oportunidade.
Um mês depois teremos a visita da internacionalmente conhecida professora de Kundalini Yoga, e música, Sada Sat Kaur. Com dois CDs editados e é conhecida mundialmente pela agradável combinação que faz nas suas aulas, da sua voz, com o Kundalini Yoga e a meditação.
Sada Sar Kaur irá levar-nos a ouvir a nossa voz interior, através de uma agradável experiência e irá guiar-nos nesta viagem para abrir o caminho do nosso coração, para sentirmos paz e a nossa união com o todo em dois workshops "Desenvolve a tua intuição" e "Abre o teu coração para uma mente serena", que decorrerão em Lisboa (sábado, 18 novembro) e Aveiro (domingo, 19 novembro).
Vejam todos os detalhes em www.ojardimdelotus.net/ssk/ (ainda mais um site feito por mim).
Não percam estas oportunidades de conhecer o Kundalini Yoga.
Assim, em dois dias, um em Aveiro, (sábado, 14 de Outubro) e outro em Lisboa (no domingo, 15 de Outubro), Jai Kartar Kaur irá mostra-nos como nos podemos libertar das armadilhas da nossa mente e encontrar o nosso caminho pessoal e irá ensinar-nos como nos podemos tornar mais prósperos e como lidar com o nosso potencial criativo, em dois workshops "Sente o verdadeiro Eu" e "A fonte da criatividade, oportunidade e prosperidade está dentro de nós".
Vejam todos os detalhes em www.ojardimdelotus.net/jkk/ (mais um site feito por mim), escrevam-nos um e-mail ou telefonem que teremos todo o prazer em tirar as vossas dúvidas. Não deixem é de usufruir desta excelente oportunidade.
Um mês depois teremos a visita da internacionalmente conhecida professora de Kundalini Yoga, e música, Sada Sat Kaur. Com dois CDs editados e é conhecida mundialmente pela agradável combinação que faz nas suas aulas, da sua voz, com o Kundalini Yoga e a meditação.
Sada Sar Kaur irá levar-nos a ouvir a nossa voz interior, através de uma agradável experiência e irá guiar-nos nesta viagem para abrir o caminho do nosso coração, para sentirmos paz e a nossa união com o todo em dois workshops "Desenvolve a tua intuição" e "Abre o teu coração para uma mente serena", que decorrerão em Lisboa (sábado, 18 novembro) e Aveiro (domingo, 19 novembro).
Vejam todos os detalhes em www.ojardimdelotus.net/ssk/ (ainda mais um site feito por mim).
Não percam estas oportunidades de conhecer o Kundalini Yoga.
quarta-feira, outubro 04, 2006
Parque tecnológico da Covilhã vai acolher 13 empresas brasileiras
A ligação ao Parkurbis vai surgir através de um Agrupamento Complementar de Empresas
O Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã, o Parkurbis, vai acolher no inicio do próximo ano 13 empresas brasileiras da área do software, oriundas de Blumenau, do estado de Santa Catarina, que têm como objectivo entrar no mercado europeu. Estas firmas vão surgir ligadas ao Parkurbis por via da criação de um Agrupamento Complementar de Empresas (ACE), no qual alinharão quatro portuguesas já sediadas no parque.
A ideia de criar um agrupamento entre empresas do Parkurbis e de Blumenau foi avançada em Maio deste ano, altura em que uma comitiva brasileira visitou a Covilhã e responsáveis das duas cidades geminadas se encontraram pela terceira vez. A constituição do agrupamento vai levar à assinatura de dois documentos, de forma "a obedecer às leis do direito português e brasileiro", explicou o presidente da câmara, Carlos Pinto, durante a reunião da assembleia municipal de anteontem. O primeiro documento será assinado a 4 de Outubro, no Brasil, enquanto o segundo - conforme à legislação portuguesa - será assinado até final deste ano.
De entre as empresas de Blumenau - que produzem software para as indústrias do turismo, química e automóvel - "algumas são marcas líderes na América do Sul" e contam com 100 a 120 engenheiros nos seus quadros, notou Carlos Pinto.
Para já, o principal objectivo do agrupamento está em estabelecer contactos com o mercado europeu.
Para que as empresas brasileras se venham a fixar definitivamente na Covilhã, o Parkurbis terá de dispor de mais um edifício, visto que o actual está já completo, com 13 empresas. Segundo adiantou Carlos Pinto, o parque tecnológico está apostado em conseguir dinheiros comunitários para erguer aquele segundo edifício, que deverá custar um milhão e cem mil euros e ter uma área de 3500 metros quadrados. O que se pretende é aproveitar as verbas que ainda estão disponíveis no actual quadro comunitário de apoio, sendo que foi já aprovada uma précandidatura.
Por ser uma sociedade anónima, uma candidatura do parque de tecnologia dificilmente ultrapassaria uma comparticipação na ordem dos 40 ou 45 por cento, frisou Carlos Pinto, ao notar que o regulamento dos fundos comunitários no âmbito do Ministério da Economia prevê uma majoração para os espaços de incubação que sejam liderados por uma associação. Com a criação da Associação Parkurbis Incubação pretende-se conseguir um apoio de 75 por cento. Farão parte desta associação, com capital social na ordem dos 25 mil euros, actuais accionistas do parque tecnológico.
por Sandra Invêncio in Público , Domingo, 17 SET 2006
O Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã, o Parkurbis, vai acolher no inicio do próximo ano 13 empresas brasileiras da área do software, oriundas de Blumenau, do estado de Santa Catarina, que têm como objectivo entrar no mercado europeu. Estas firmas vão surgir ligadas ao Parkurbis por via da criação de um Agrupamento Complementar de Empresas (ACE), no qual alinharão quatro portuguesas já sediadas no parque.
A ideia de criar um agrupamento entre empresas do Parkurbis e de Blumenau foi avançada em Maio deste ano, altura em que uma comitiva brasileira visitou a Covilhã e responsáveis das duas cidades geminadas se encontraram pela terceira vez. A constituição do agrupamento vai levar à assinatura de dois documentos, de forma "a obedecer às leis do direito português e brasileiro", explicou o presidente da câmara, Carlos Pinto, durante a reunião da assembleia municipal de anteontem. O primeiro documento será assinado a 4 de Outubro, no Brasil, enquanto o segundo - conforme à legislação portuguesa - será assinado até final deste ano.
De entre as empresas de Blumenau - que produzem software para as indústrias do turismo, química e automóvel - "algumas são marcas líderes na América do Sul" e contam com 100 a 120 engenheiros nos seus quadros, notou Carlos Pinto.
Para já, o principal objectivo do agrupamento está em estabelecer contactos com o mercado europeu.
Para que as empresas brasileras se venham a fixar definitivamente na Covilhã, o Parkurbis terá de dispor de mais um edifício, visto que o actual está já completo, com 13 empresas. Segundo adiantou Carlos Pinto, o parque tecnológico está apostado em conseguir dinheiros comunitários para erguer aquele segundo edifício, que deverá custar um milhão e cem mil euros e ter uma área de 3500 metros quadrados. O que se pretende é aproveitar as verbas que ainda estão disponíveis no actual quadro comunitário de apoio, sendo que foi já aprovada uma précandidatura.
Por ser uma sociedade anónima, uma candidatura do parque de tecnologia dificilmente ultrapassaria uma comparticipação na ordem dos 40 ou 45 por cento, frisou Carlos Pinto, ao notar que o regulamento dos fundos comunitários no âmbito do Ministério da Economia prevê uma majoração para os espaços de incubação que sejam liderados por uma associação. Com a criação da Associação Parkurbis Incubação pretende-se conseguir um apoio de 75 por cento. Farão parte desta associação, com capital social na ordem dos 25 mil euros, actuais accionistas do parque tecnológico.
por Sandra Invêncio in Público , Domingo, 17 SET 2006
Classificação na Maratona
Aqui fica a classificação dos 4 que partimos juntos. Desses, no final, chegámos três juntos - eu, o Pisco e o Nuno.
Posição | Tempo | Tempo | Atleta |
94 | 3:03:16 | 225 | António Miguel Almeida Filipe Gonçalves |
239 | 4:03:10 | 384 | Rui Gonçalves |
240 | 4:03:16 | 376 | Nuno Monteiro |
241 | 4:03:20 | 35 | Ricardo Hélder Lopes Rodrigues |
segunda-feira, outubro 02, 2006
A minha vida dava um filme do Hugh Hudson
Ontem acordei às 7:00, vesti uns calções e camisa de lycra, e coloquei a bicicleta no tejadilho do carro do Pisco. Fomos para uma terra com um nome que nunca pensámos existir. Crastovães, ali para os lados da Trofa do Vouga. Íamos fazer a Maratona do Vale do Vouga, na sua versão mais curta, de 40 km.
Nem consigo lembrar-me da última vez que andei uma distância na minha bicicleta – a Vaynessa - digna de ser memorizada. A última que me lembro foi há cerca de um ano, numa tarde de sábado pelos campos do Vouga e sem subidas, mas com uma sandes de leitão em Angeja para temperar forças. Uma coisa é certa, há 4 meses que não faço nenhum exercício com regularidade, a não ser mudar fraldas e carregar os quase 7kg do Baltasar.
Tentei preparar-me para o evento. Andei uns quilómetros na semana passada. 25 na quarta-feira, 18 na quinta-feira e 12 no sábado. Depois de 25km que fiz na quarta-feira, na quinta-feira senti alguma dificuldade em sentar-me. Já não sabia o que era essa sensação há uma dezena de anos. Ontem quando me sentei na bicicleta ainda sentia alguma dor nas nádegas. É tempo a mais sem andar sentado naqueles bancos e peso a mais sobre os glúteos.
Às 9:20 foi dada a partida e seguimos durante 2km em grupo até à largada. Foi a confusão. Cerca de 400 ciclistas a tentarem passar em caminhos que, nalguns sítios, mal dava para estarem dois a par. "À esquerda", "à direita" e lá iam eles, todos cheios de pressa. Eu mantinha-me ali, no meu ritmo e à espera que me deixassem em paz, porque eu fui passear.
Mal entrámos na lama apercebi-me que não ia ser fácil. A bicicleta já não era branca, azul ou vermelha, era castanha e havia barulhos que não eram normais. A velocidade mais baixa não entrava com a lama a atrapalhar e as primeiras subidas tiveram que ser feitas a pé, a empurrar a bicicleta. Mas não podia ser de outra maneira porque nessas alturas aglomerava a horda de ciclistas mais lentos, ciclistas com pneus que deslizavam na lama ou ciclistas mais azarados com avarias.
Perdi os meus companheiros. Alguns conhecidos passavam e cumprimentavam. Eu seguia o meu ritmo, cada vez mais desejoso que passassem todos e ficasse para último. O civismo de alguns deixava muito a desejar. O Pisco esperou por mim e mais à frente encontrei-o. O Nuno teve um furo, juntámo-nos e seguimos os três em ritmo de passeio. Estradões largos, lama, água e bastante alcatrão, algumas das coisas que não agradam muito a um bttista.
Quase no final da temida "grande subida" estava o Ken e a Sue à minha espera (as fotos são deles), mas ainda estava a meio caminho. Pensando que eram 40km, como dizia no site, fiquei contente quando, no fim da descida, o conta-quilómetros marcava 30km. Mas seguiu-se a pior subida. Uma parede de escalada com lama, para quem já tinha tantos quilómetros em cima. Mas o ponto fulcral de desmoralização foi quando marcou 40km e estava ainda na ponte medieval perto de Lamas do Vouga, sabendo que Crastovães ficava lá em cima do monte, que naquela altura era já muito alto. Pensei em telefonar para a organização e dizer que não passava dali, porque só tinha pago para andar os 40km.
Mas subi tudo! Mesmo com as chatas das motos da organização a passar sem qualquer tipo de respeito pelos concorrentes e com a desmoralização de ver quatro tipos que tinham feito 80km, passarem por mim como se tivessem acabado de partir. Ainda tive um princípio de cãibras e caí por causa disso, num local em que um tipo disse estar lá o diabo, porque o levou a sair do caminho e quase cair. Acho que eu ainda conseguia estar melhor que ele, pois não vi o demo.
Cheguei ao fim, depois de 4h de bicicleta para fazer 47km. O meu objectivo era fazer os 40km antes das 13:00, uma vez que a partida era para ser às 9:00, o que daria uma média superior a 10km/h. Fiz os 40km às 12:30, quando partimos às 9:20 e fiz no final uma média próxima dos 11,5km/h. Bati o meu objectivo!
Hoje dói-me todos os músculos, tendões, articulações e ossos do meu corpo. Há partes do meu corpo que, ou não sabia que existiam, ou já não me lembrava que faziam parte da minha existência física. Não tive problemas cardíacos ou respiratórios, pois esses orgãos ainda são os que mais têm trabalhado, mas tudo isto mexeu com a moral. Mesmo sabendo que cumpri os meus objectivos sei que podia fazer muito melhor e como dizia o outro "does the mind rules the body or does the body rules the mind?" E no estado de cansaço físico que estou hoje é complicado pôr a mente a trabalhar.
Tenho que andar mais de bicicleta! Quando vamos dar outra volta?
Nota: Dedico esta crónica ao meu amigo Nuno Arroteia que se cortou numa mão, ao colocar a bicicleta no carro, quando se preparava para ir à Maratona. Apanhou 9 pontos e não pode participar.
Nem consigo lembrar-me da última vez que andei uma distância na minha bicicleta – a Vaynessa - digna de ser memorizada. A última que me lembro foi há cerca de um ano, numa tarde de sábado pelos campos do Vouga e sem subidas, mas com uma sandes de leitão em Angeja para temperar forças. Uma coisa é certa, há 4 meses que não faço nenhum exercício com regularidade, a não ser mudar fraldas e carregar os quase 7kg do Baltasar.
Tentei preparar-me para o evento. Andei uns quilómetros na semana passada. 25 na quarta-feira, 18 na quinta-feira e 12 no sábado. Depois de 25km que fiz na quarta-feira, na quinta-feira senti alguma dificuldade em sentar-me. Já não sabia o que era essa sensação há uma dezena de anos. Ontem quando me sentei na bicicleta ainda sentia alguma dor nas nádegas. É tempo a mais sem andar sentado naqueles bancos e peso a mais sobre os glúteos.
Às 9:20 foi dada a partida e seguimos durante 2km em grupo até à largada. Foi a confusão. Cerca de 400 ciclistas a tentarem passar em caminhos que, nalguns sítios, mal dava para estarem dois a par. "À esquerda", "à direita" e lá iam eles, todos cheios de pressa. Eu mantinha-me ali, no meu ritmo e à espera que me deixassem em paz, porque eu fui passear.
Mal entrámos na lama apercebi-me que não ia ser fácil. A bicicleta já não era branca, azul ou vermelha, era castanha e havia barulhos que não eram normais. A velocidade mais baixa não entrava com a lama a atrapalhar e as primeiras subidas tiveram que ser feitas a pé, a empurrar a bicicleta. Mas não podia ser de outra maneira porque nessas alturas aglomerava a horda de ciclistas mais lentos, ciclistas com pneus que deslizavam na lama ou ciclistas mais azarados com avarias.
Perdi os meus companheiros. Alguns conhecidos passavam e cumprimentavam. Eu seguia o meu ritmo, cada vez mais desejoso que passassem todos e ficasse para último. O civismo de alguns deixava muito a desejar. O Pisco esperou por mim e mais à frente encontrei-o. O Nuno teve um furo, juntámo-nos e seguimos os três em ritmo de passeio. Estradões largos, lama, água e bastante alcatrão, algumas das coisas que não agradam muito a um bttista.
Quase no final da temida "grande subida" estava o Ken e a Sue à minha espera (as fotos são deles), mas ainda estava a meio caminho. Pensando que eram 40km, como dizia no site, fiquei contente quando, no fim da descida, o conta-quilómetros marcava 30km. Mas seguiu-se a pior subida. Uma parede de escalada com lama, para quem já tinha tantos quilómetros em cima. Mas o ponto fulcral de desmoralização foi quando marcou 40km e estava ainda na ponte medieval perto de Lamas do Vouga, sabendo que Crastovães ficava lá em cima do monte, que naquela altura era já muito alto. Pensei em telefonar para a organização e dizer que não passava dali, porque só tinha pago para andar os 40km.
Mas subi tudo! Mesmo com as chatas das motos da organização a passar sem qualquer tipo de respeito pelos concorrentes e com a desmoralização de ver quatro tipos que tinham feito 80km, passarem por mim como se tivessem acabado de partir. Ainda tive um princípio de cãibras e caí por causa disso, num local em que um tipo disse estar lá o diabo, porque o levou a sair do caminho e quase cair. Acho que eu ainda conseguia estar melhor que ele, pois não vi o demo.
Cheguei ao fim, depois de 4h de bicicleta para fazer 47km. O meu objectivo era fazer os 40km antes das 13:00, uma vez que a partida era para ser às 9:00, o que daria uma média superior a 10km/h. Fiz os 40km às 12:30, quando partimos às 9:20 e fiz no final uma média próxima dos 11,5km/h. Bati o meu objectivo!
Hoje dói-me todos os músculos, tendões, articulações e ossos do meu corpo. Há partes do meu corpo que, ou não sabia que existiam, ou já não me lembrava que faziam parte da minha existência física. Não tive problemas cardíacos ou respiratórios, pois esses orgãos ainda são os que mais têm trabalhado, mas tudo isto mexeu com a moral. Mesmo sabendo que cumpri os meus objectivos sei que podia fazer muito melhor e como dizia o outro "does the mind rules the body or does the body rules the mind?" E no estado de cansaço físico que estou hoje é complicado pôr a mente a trabalhar.
Tenho que andar mais de bicicleta! Quando vamos dar outra volta?
Nota: Dedico esta crónica ao meu amigo Nuno Arroteia que se cortou numa mão, ao colocar a bicicleta no carro, quando se preparava para ir à Maratona. Apanhou 9 pontos e não pode participar.
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A minha vida dava um filme...
quinta-feira, setembro 28, 2006
Inovar-te, a revista de inovação
Hoje, pelas 20h08, é apresentada na Livraria da UA a nova revista Inovar-te. Com o slogan «A Ideia é pessoal, mas transmissível», esta publicação é dirigida a indivíduos e a organizações das mais diversas áreas, que possuam interfaces ou interesse na temática da inovação, nas faixas etárias compreendidas entre os 25 e os 65 anos, designadamente universitários, gestores e quadros superiores e intermédios das empresas, empreendedores, investigadores e tecnólogos. Não percam o primeiro número, que chega às bancas no dia 29.
Do seu Conselho Editorial, o órgão consultivo composto por um conjunto de personalidades relevantes da produção de conhecimento sobre inovação e da sociedade em geral, constam nomes como: Carlos Zorrinho, Diogo Vasconcelos, Guta Moura Guedes, João Caraça, João Paulo Girbal, João Picoito, Joaquim Borges Gouveia, Jorge Alves, José Félix Ribeiro, José Miguel Júdice, Luís Mira Amaral, Miguel Matias e Teresa Lago.
Eu vou lá estar a convite de um dos membros do Clube de Inovação Innoveight!
Do seu Conselho Editorial, o órgão consultivo composto por um conjunto de personalidades relevantes da produção de conhecimento sobre inovação e da sociedade em geral, constam nomes como: Carlos Zorrinho, Diogo Vasconcelos, Guta Moura Guedes, João Caraça, João Paulo Girbal, João Picoito, Joaquim Borges Gouveia, Jorge Alves, José Félix Ribeiro, José Miguel Júdice, Luís Mira Amaral, Miguel Matias e Teresa Lago.
Eu vou lá estar a convite de um dos membros do Clube de Inovação Innoveight!
quarta-feira, setembro 27, 2006
Acordar bem disposto...
Portugal cai três lugares no índice de competitividade global
Portugal caiu três lugares na edição deste ano do Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial (vulgo Fórum de Davos) - está em 34.º lugar, atrás da maior parte dos países da União Europeia, numa lista encabeçada pela Suíça e com vários países nórdicos nos primeiros lugares.
O ranking do Fórum Económico Mundial (FEM) incorpora uma série de factores quantitativos e qualitativos (qualidade de instituições públicas, capacidade de inovação, sistema de ensino, etc.) para medir a competitividade das economias de 125 países.
Portugal é beneficiado por alguns indicadores ligados sobretudo à sua estabilidade política (pouca vulnerabilidade ao terrorismo e ao crime organizado) e à qualidade da sua infra-estrutura de transportes e ao enquadramento jurídico da economia. Onde as coisas correm pior é em indicadores macroeconómicos (o défice) e do sistema de ensino.
Esses defeitos são também apontados na parte qualitativa do índice, resultante de inquéritos: os três factores mais problemáticos para o ambiente empresarial em Portugal são "sector público ineficaz", "leis do trabalho demasiado restritivas" e "força de trabalho mal preparada".
O líder do índice é a Suíça (5,81 pontos na escala de 0 a 7); no último lugar da lista de 125 países está Angola (2,5 pontos).
A Confederação Helvética está no topo da lista graças a uma "combinação de uma capacidade de inovação ímpar e de uma cultura empresarial altamente sofisticada". A Suíça ultrapassa o líder de 2005, os Estados Unidos, que caíram para a sexta posição.
Os EUA continuam a ser líderes mundiais em vários indicadores, como "eficiência dos mercados, ensino superior e sofisticação do sector privado"; mas a economia americana é prejudicada por alguns indicadores macroeconómicos, nomeadamente o seu grande défice externo, e porque os "níveis de eficiência e transparência das suas instituições públicas" não estão a par dos registados na Europa.
Há três nações nórdicas (Finlândia, Suécia, Dinamarca) entre os quatro primeiros, reflectindo a sua excelente situação macroeconómica e a qualidade dos seus sistemas de saúde e educação.
As outras posições cimeiras da lista são ocupadas por nações do Extremo Oriente ou da União Europeia. Portugal fica atrás de países da "Velha Europa" como a França, a Alemanha ou a Espanha, e também de nações do alargamento, como a Estónia e a República Checa.
Os piores da Zona Euro são a Itália (42.º) e a Grécia (47.ª); o país da União mais mal classificado é a Polónia (48.ª).
in Público online, 27.09.2006 - 07h21 Pedro Ribeiro
Se quiserem ver o top 50.
Portugal caiu três lugares na edição deste ano do Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial (vulgo Fórum de Davos) - está em 34.º lugar, atrás da maior parte dos países da União Europeia, numa lista encabeçada pela Suíça e com vários países nórdicos nos primeiros lugares.
O ranking do Fórum Económico Mundial (FEM) incorpora uma série de factores quantitativos e qualitativos (qualidade de instituições públicas, capacidade de inovação, sistema de ensino, etc.) para medir a competitividade das economias de 125 países.
Portugal é beneficiado por alguns indicadores ligados sobretudo à sua estabilidade política (pouca vulnerabilidade ao terrorismo e ao crime organizado) e à qualidade da sua infra-estrutura de transportes e ao enquadramento jurídico da economia. Onde as coisas correm pior é em indicadores macroeconómicos (o défice) e do sistema de ensino.
Esses defeitos são também apontados na parte qualitativa do índice, resultante de inquéritos: os três factores mais problemáticos para o ambiente empresarial em Portugal são "sector público ineficaz", "leis do trabalho demasiado restritivas" e "força de trabalho mal preparada".
O líder do índice é a Suíça (5,81 pontos na escala de 0 a 7); no último lugar da lista de 125 países está Angola (2,5 pontos).
A Confederação Helvética está no topo da lista graças a uma "combinação de uma capacidade de inovação ímpar e de uma cultura empresarial altamente sofisticada". A Suíça ultrapassa o líder de 2005, os Estados Unidos, que caíram para a sexta posição.
Os EUA continuam a ser líderes mundiais em vários indicadores, como "eficiência dos mercados, ensino superior e sofisticação do sector privado"; mas a economia americana é prejudicada por alguns indicadores macroeconómicos, nomeadamente o seu grande défice externo, e porque os "níveis de eficiência e transparência das suas instituições públicas" não estão a par dos registados na Europa.
Há três nações nórdicas (Finlândia, Suécia, Dinamarca) entre os quatro primeiros, reflectindo a sua excelente situação macroeconómica e a qualidade dos seus sistemas de saúde e educação.
As outras posições cimeiras da lista são ocupadas por nações do Extremo Oriente ou da União Europeia. Portugal fica atrás de países da "Velha Europa" como a França, a Alemanha ou a Espanha, e também de nações do alargamento, como a Estónia e a República Checa.
Os piores da Zona Euro são a Itália (42.º) e a Grécia (47.ª); o país da União mais mal classificado é a Polónia (48.ª).
in Público online, 27.09.2006 - 07h21 Pedro Ribeiro
Se quiserem ver o top 50.
Novo livro dos autores da Novíssima Cartilha Ilustrada
O Pá Natal - que rouba aos miúdos para dar aos graúdos - avisa que faltam quatro dias para o lançamento do opúsculo satírico "Não pagamos ao palhaço!", da autoria da dupla Monteiro & Monteiro, que terá lugar no café Santa Cruz, em Coimbra, no próximo dia 30 de Setembro, Sábado, pelas 18h00:
- Está no ir, pá! Avia-te, pá!
Aqui estão os convites - um mais sóbrio, outro mais abichanado - para o lançamento do novo livro dos irmãos Monteiro, intitulado "Não pagamos ao palhaço!".
Queiram fazer o obséquio de divulgar a boa nova.
Dia 30 de Setembro (Sábado, 18 Horas, Café Santa Cruz, Coimbra.
Apresentação Doutor Louzã Henriques.
terça-feira, setembro 12, 2006
Porque não em Aveiro?
Penso que uma estratégia concertada entre os actores (CMA, EMA, Inova-Ria, UA, Min. Economia, AIDA, ...) no sentido de se criar um parque tecnológico em Aveiro, ligado às telecomunicações e novas tecnologias (ITs) e eventualmente usar para isso as instalações do Estado Municipal, podia criar um valor acrescentado a todas as entidades e sobretudo à região, que dessa maneira ganharia notoriedade e captar investimento nacional e estrangeiro, através da colocação de empresas na região. Além disso, usar-se-iam as instalações do Estado Municipal que aparentemente continuam sem utilização, para além de actividades pontuais.
Volto a focar que Aveiro tem potencial de atracção de investimento estrangeiro nestas áreas, com um aeroporto a cerca de 1h de distância e Lisboa a menos de 2h.
Volto a focar que Aveiro tem potencial de atracção de investimento estrangeiro nestas áreas, com um aeroporto a cerca de 1h de distância e Lisboa a menos de 2h.
Os 'clusters' valem a pena
Portugal está na média da União Europeia, muito à frente de Espanha, mas distante dos líderes na criação de aglomerações empresariais competitivas. Um inquérito da Gallup a 21 mil gestores
Cerca de 1/4 das empresas portuguesas estarão inseridas em «clusters» e vêm vantagem nisso para fomentar a inovação e competitividade.
Eis a principal conclusão de um inquérito telefónico realizado entre Junho e Julho passado pela Consulmark para a The Gallup Organization junto de mais de 800 fundadores e principais donos, CEO e responsáveis financeiros portugueses de firmas com mais de 20 empregados.
A posição portuguesa estaria na "média" da União Europeia (UE), segundo este inquérito realizado junto de mais de 21 mil empresas em 32 países europeus. A posição portuguesa está longe dos campeões europeus da aglomeração geográfica e sectorial — os ingleses (pais do conceito de "distrito industrial", desde que o economista Alfred Marshall o teorizou ainda no século XIX) e irlandeses — e teria muito a aprender, também, com os italianos (o exemplo de antologia é o muito afamado «distretto industriale» têxtil de Prato, na Toscânia) e os austríacos, Com posição similar à portuguesa está a Croácia e a Noruega.
Ponto curioso é o facto do nosso vizinho, a Espanha, estar no grupo da cauda deste «ranking», com uma inserção em aglomerações sectoriais e geográficas que não chega aos 10%.
Contudo, 35% das próprias empresas portuguesas inseridas efectivamente em «clusters» não tinham consciência disso, e 39% actuam passivamente ou mesmo acantonam-se numa atitude "isolacionista" desaproveitando as oportunidades criadas por essas aglomerações — o que são pontos fracos do tecido português, a "corrigir". Nesse capítulo, seria útil aprender com os nórdicos. Outro ponto fraco detectado pelo inquérito é a fraca diversidade de parcerias realizadas pelas empresas dentro do «cluster».
Desapego aos subsídios
O estudo permitiu, também, detectar o que reivindicam os gestores em relação aos poderes públicos em termos de fomento dos «clusters».No caso português, as três prioridades colocadas por 89% dos inquiridos nada têm a ver com subsídios, mas sim com apoio ao fomento de redes empresariais, maior transferência de informação estratégia ca para os gestores e desburocratização.
O conceito de «cluster», definido por Michael Porter em 1990» foi, agora, adaptado e utilizado por este inquérito encomendado pela Direcção Geral da Empresa e Indústria da Comissão Europeia, Em Portugal a palavra foi muito divulgada, aquando das visitas de Porter.
Pode ser consultado em: http://cordis.europa.eu/innovation/en/policy/innobarometer2006.htm
Jorge Nascimento Rodrigues
in Expresso 9 de Setembro de 2006
Cerca de 1/4 das empresas portuguesas estarão inseridas em «clusters» e vêm vantagem nisso para fomentar a inovação e competitividade.
Eis a principal conclusão de um inquérito telefónico realizado entre Junho e Julho passado pela Consulmark para a The Gallup Organization junto de mais de 800 fundadores e principais donos, CEO e responsáveis financeiros portugueses de firmas com mais de 20 empregados.
A posição portuguesa estaria na "média" da União Europeia (UE), segundo este inquérito realizado junto de mais de 21 mil empresas em 32 países europeus. A posição portuguesa está longe dos campeões europeus da aglomeração geográfica e sectorial — os ingleses (pais do conceito de "distrito industrial", desde que o economista Alfred Marshall o teorizou ainda no século XIX) e irlandeses — e teria muito a aprender, também, com os italianos (o exemplo de antologia é o muito afamado «distretto industriale» têxtil de Prato, na Toscânia) e os austríacos, Com posição similar à portuguesa está a Croácia e a Noruega.
Ponto curioso é o facto do nosso vizinho, a Espanha, estar no grupo da cauda deste «ranking», com uma inserção em aglomerações sectoriais e geográficas que não chega aos 10%.
Contudo, 35% das próprias empresas portuguesas inseridas efectivamente em «clusters» não tinham consciência disso, e 39% actuam passivamente ou mesmo acantonam-se numa atitude "isolacionista" desaproveitando as oportunidades criadas por essas aglomerações — o que são pontos fracos do tecido português, a "corrigir". Nesse capítulo, seria útil aprender com os nórdicos. Outro ponto fraco detectado pelo inquérito é a fraca diversidade de parcerias realizadas pelas empresas dentro do «cluster».
Desapego aos subsídios
O estudo permitiu, também, detectar o que reivindicam os gestores em relação aos poderes públicos em termos de fomento dos «clusters».No caso português, as três prioridades colocadas por 89% dos inquiridos nada têm a ver com subsídios, mas sim com apoio ao fomento de redes empresariais, maior transferência de informação estratégia ca para os gestores e desburocratização.
O conceito de «cluster», definido por Michael Porter em 1990» foi, agora, adaptado e utilizado por este inquérito encomendado pela Direcção Geral da Empresa e Indústria da Comissão Europeia, Em Portugal a palavra foi muito divulgada, aquando das visitas de Porter.
Pode ser consultado em: http://cordis.europa.eu/innovation/en/policy/innobarometer2006.htm
Jorge Nascimento Rodrigues
in Expresso 9 de Setembro de 2006
Málaga é modelo na tecnologia
Em quinze anos, a província de Málaga alterou a sua especialização produtiva implantando a economia do conhecimento no seu dia-a-dia.
O «milagre» deveu-se à criação em 1992 do Parque Tecnológico da Andaluzia (PTA), nos arredores da cidade de Málaga, terra natal de Pablo Picasso. No ano passado, o PTA facturou mais de 1000 milhões de euros (mais do que o Taguspark, o maior parque tecnológico português) através das 375 empresas e entidades ali sediadas, a maioria das quais nasceu ali. Só nos últimos doze meses, foram criadas 100 «start-ups».
De uma zona agro-turística, inserida na conhecida Costa del Sol andaluza, o PTA mudou radicalmente a paisagem económica, equivalendo hoje a 1/4 do PIB gerado pelo turismo e representando 1,5 vezes o produto gerado pela agricultura local. Este papel de mudança valeu-lhe ser considerado, internacionalmente, como modelo de pólo tecnológico em regiões menos desenvolvidas. «Representamos, de facto, um exemplo de como se pode transformar toda uma região, criando um ambiente de inovação e de economia do conhecimento onde anteriormente nada existia», afirmou ao EXPRESSO Felipe Romera Lubias, director-geral do PTA, que é, também, presidente da Associação dos Parques Científicos e Tecnológicos de Espanha (APTE). O próprio impacto em toda a Andaluzia (7,3 milhões de habitantes) é significativo — o investimento privado em Investigação & Desenvolvimento (I&D) no pólo tecnológico representa 25% de todo o investimento empresarial na região andaluza.
O PTA criou «excelente visibilidade tecnológica numa região que não o era de todo», sublinha Romera, que acrescenta: «Se em alternativa tivéssemos investido no turismo os 150 milhões de euros de fundos públicos — 25% de um total de 600 milhões investido no parque desde 1992 —, duvido que os resultados viessem a ser semelhantes. Não creio que criássemos um novo sector de desenvolvimento, o do conhecimento, que tem muito mais valor acrescentado do que os sectores tradicionais».
Líder em Espanha
O peso tecnológico do PTA é hoje reconhecido em Espanha: lidera em número de projectos de I&D financiados por fundos públicos em parques tecnológicos e ocupa, por ora, o primeiro lugar em investimento público, logo seguido pelo Parque de Investigação Biomédica de Barcelona (que abriu em Maio deste ano e que já mobilizou uma verba de 11 o milhões).
O modelo é, por isso, «cobiçado» na América Latina e no Magrebe. «Mais do que os nossos êxitos em transformar uma região agro-turística, procuramos transmitir-lhes os nossos erros, para que não os repitam», conclui Felipe Romera.
Jorge Nascimento Rodrigues
in Expresso 2 de Setembro de 2006
O «milagre» deveu-se à criação em 1992 do Parque Tecnológico da Andaluzia (PTA), nos arredores da cidade de Málaga, terra natal de Pablo Picasso. No ano passado, o PTA facturou mais de 1000 milhões de euros (mais do que o Taguspark, o maior parque tecnológico português) através das 375 empresas e entidades ali sediadas, a maioria das quais nasceu ali. Só nos últimos doze meses, foram criadas 100 «start-ups».
De uma zona agro-turística, inserida na conhecida Costa del Sol andaluza, o PTA mudou radicalmente a paisagem económica, equivalendo hoje a 1/4 do PIB gerado pelo turismo e representando 1,5 vezes o produto gerado pela agricultura local. Este papel de mudança valeu-lhe ser considerado, internacionalmente, como modelo de pólo tecnológico em regiões menos desenvolvidas. «Representamos, de facto, um exemplo de como se pode transformar toda uma região, criando um ambiente de inovação e de economia do conhecimento onde anteriormente nada existia», afirmou ao EXPRESSO Felipe Romera Lubias, director-geral do PTA, que é, também, presidente da Associação dos Parques Científicos e Tecnológicos de Espanha (APTE). O próprio impacto em toda a Andaluzia (7,3 milhões de habitantes) é significativo — o investimento privado em Investigação & Desenvolvimento (I&D) no pólo tecnológico representa 25% de todo o investimento empresarial na região andaluza.
O PTA criou «excelente visibilidade tecnológica numa região que não o era de todo», sublinha Romera, que acrescenta: «Se em alternativa tivéssemos investido no turismo os 150 milhões de euros de fundos públicos — 25% de um total de 600 milhões investido no parque desde 1992 —, duvido que os resultados viessem a ser semelhantes. Não creio que criássemos um novo sector de desenvolvimento, o do conhecimento, que tem muito mais valor acrescentado do que os sectores tradicionais».
Líder em Espanha
O peso tecnológico do PTA é hoje reconhecido em Espanha: lidera em número de projectos de I&D financiados por fundos públicos em parques tecnológicos e ocupa, por ora, o primeiro lugar em investimento público, logo seguido pelo Parque de Investigação Biomédica de Barcelona (que abriu em Maio deste ano e que já mobilizou uma verba de 11 o milhões).
O modelo é, por isso, «cobiçado» na América Latina e no Magrebe. «Mais do que os nossos êxitos em transformar uma região agro-turística, procuramos transmitir-lhes os nossos erros, para que não os repitam», conclui Felipe Romera.
Jorge Nascimento Rodrigues
in Expresso 2 de Setembro de 2006
quinta-feira, setembro 07, 2006
Curso de Formação de Professores de Kundalini Yoga
Está agora a fazer dois anos que fui à minha primeira aula de Kundalini Yoga. Ainda me lembra como fosse hoje. As sensações, a vontade de sair da sala e de chamar nomes aos outros praticantes. Porque estávamos nós ali? Porque é que subir e descer de cócoras me dava vontade de berrar? Ou porque é que cantar e dançar me davam vontade de fugir, mas depois me fazia sentir tão bem, tão liberto?
Nestes dois anos, muitas experiências houveram pelo meio, e até houve várias visitas a Portugal de várias professoras de Kundalini Yoga, vindas de Inglaterra, organizadas por mim e umas amigas, porque cá não existem professores dessa linha de Yoga. As coisas foram crescendo e os sonhos de alguns também. E, quando se junta os sonhos de alguns consegue-se avançar e chegar mais além. E, por isso, tenho o prazer de vos anunciar que irá decorrer em Portugal o 1º Curso de Formação de Professores de Kundalini Yoga (Nível 1: Instrutor).
O curso é uma colaboração entre O Jardim de Lótus em Aveiro, a Karam Kriya School de Londres e o Centro de Yoga Kundalini "Narayan" em Vigo, e arrancará em Dezembro. Vejam tudo em http://www.kundaliniyogaportugal.com.
Mais uma página feita por mim.
Nestes dois anos, muitas experiências houveram pelo meio, e até houve várias visitas a Portugal de várias professoras de Kundalini Yoga, vindas de Inglaterra, organizadas por mim e umas amigas, porque cá não existem professores dessa linha de Yoga. As coisas foram crescendo e os sonhos de alguns também. E, quando se junta os sonhos de alguns consegue-se avançar e chegar mais além. E, por isso, tenho o prazer de vos anunciar que irá decorrer em Portugal o 1º Curso de Formação de Professores de Kundalini Yoga (Nível 1: Instrutor).
O curso é uma colaboração entre O Jardim de Lótus em Aveiro, a Karam Kriya School de Londres e o Centro de Yoga Kundalini "Narayan" em Vigo, e arrancará em Dezembro. Vejam tudo em http://www.kundaliniyogaportugal.com.
Mais uma página feita por mim.
terça-feira, setembro 05, 2006
Os Leões de Cuangar
Do meu amigo José Pinto Carneiro, que há uns anos se estreou com o romance O Estranho Caso Da Boazona Que Me Entrou Pelo Escritório Adentro, que de vez em quando povoa a blogosfera com o seu Senhor Carne e que agora raramente pega na sua BTT, porque Lisboa não é uma cidade amiga das bicicletas, chega agora às livrarias as desventuras de um português no massacre de Cuangar de 30 de Outubro de 1914.
Até ele me falar nele, eu nunca tinha ouvido falar deste episódio da nossa história em que o posto português de Cuangar, na margem esquerda do rio Cubango, no Sul de Angola, é atacado por alemães armados de metralhadoras. São mortos dois oficiais, um sargento, cinco soldados europeus e treze africanos, o comerciante Sousa Machado e uma mulher, num total de 22 pessoas. Um dos mortos é a personagem central do novo livro do Carneiro - "Os Leões de Cuangar".
"Angola, 1914. Numa época em que a Europa vive os primeiros episódios de uma guerra sangrenta, em África os Alemães ameaçam atacar a fronteira sudoeste do território colonial português. Com o posto de Cuangar em perigo iminente, um destacamento militar é enviado da costa para sua defesa. Entre as hostes nacionais destaca-se um anti-herói igual a tantos outros, o pacato soldado 35. Atraído a África pela perspectiva de leões e aventura, cedo irá descobrir o que lhe reserva o continente profundo. A História está repleta de notas de rodapé feitas de gente anónima, cujos desejos também serviram para tecer a malha do mundo que somos hoje. Esta é a história de um desses soldados desconhecidos. Alguém (ainda aqui permanecerá anónimo) que viveu um quotidiano de deslumbramentos, angústias, alegrias, medos, que ganhou e perdeu, como qualquer um de nós. Ou talvez mais. E que morreu e desapareceu, digerido pelo tempo. De tal maneira que talvez nem tenha existido."
Vão aí à livraria mais próxima e peçam! São só €9,90...
Até ele me falar nele, eu nunca tinha ouvido falar deste episódio da nossa história em que o posto português de Cuangar, na margem esquerda do rio Cubango, no Sul de Angola, é atacado por alemães armados de metralhadoras. São mortos dois oficiais, um sargento, cinco soldados europeus e treze africanos, o comerciante Sousa Machado e uma mulher, num total de 22 pessoas. Um dos mortos é a personagem central do novo livro do Carneiro - "Os Leões de Cuangar".
"Angola, 1914. Numa época em que a Europa vive os primeiros episódios de uma guerra sangrenta, em África os Alemães ameaçam atacar a fronteira sudoeste do território colonial português. Com o posto de Cuangar em perigo iminente, um destacamento militar é enviado da costa para sua defesa. Entre as hostes nacionais destaca-se um anti-herói igual a tantos outros, o pacato soldado 35. Atraído a África pela perspectiva de leões e aventura, cedo irá descobrir o que lhe reserva o continente profundo. A História está repleta de notas de rodapé feitas de gente anónima, cujos desejos também serviram para tecer a malha do mundo que somos hoje. Esta é a história de um desses soldados desconhecidos. Alguém (ainda aqui permanecerá anónimo) que viveu um quotidiano de deslumbramentos, angústias, alegrias, medos, que ganhou e perdeu, como qualquer um de nós. Ou talvez mais. E que morreu e desapareceu, digerido pelo tempo. De tal maneira que talvez nem tenha existido."
Vão aí à livraria mais próxima e peçam! São só €9,90...
domingo, setembro 03, 2006
A Blue Planet
Há uns meses um amigo pediu-me para lhe fazer uma página simples. Uma página onde, quem quisesse, podia lhe enviar o seu endereço de email pessoal para que mais tarde pudesse receber informações suas ou de uma hipotética empresa sua de nome "A Blue Planet". A página não foi assim tão fácil de fazer porque o servidor onde está alojada e que era usado para enviar os mails, ao meu amigo, necessitava de autenticação e estive até às 4h da manhã a fazer a "página simples". Tinha que estar pronta nessa noite, uma vez que no dia seguinte ele deixava o seu emprego em Londres e estava de volta a Portugal, e queria divulgá-lo aos ex-colegas.
Uns meses depois deu-me de prenda de anos um livro inspirador, que ainda só desfolhei, chamado "80 homens para mudar o mundo: 80 casos de criatividade empresarial, 80 casos de sucesso empresarial" de Sylvian Darnil e Mathieu Le Roux. E, só de desfolhar e ler algumas passagens, já sei onde ele se inspirou para a "A Blue Planet".
Será que eu me inspirarei?
Uns meses depois deu-me de prenda de anos um livro inspirador, que ainda só desfolhei, chamado "80 homens para mudar o mundo: 80 casos de criatividade empresarial, 80 casos de sucesso empresarial" de Sylvian Darnil e Mathieu Le Roux. E, só de desfolhar e ler algumas passagens, já sei onde ele se inspirou para a "A Blue Planet".
Será que eu me inspirarei?
sexta-feira, setembro 01, 2006
Mensário
Há três meses, faz hoje às 22:21, aconteceu uma revolução na nossa vida com uma dimensão sem igual. Esta casa jamais será a mesma.
A fotografia é da Inês Domingues.
A fotografia é da Inês Domingues.
quarta-feira, agosto 30, 2006
A minha vida dava um filme do Alfred Hitchcock (pt. 9)
Há cinco meses atrás, durante uma formação, tinha telemóvel em silêncio e recebi uma chamada sem me ter apercebido e, portanto, sem atender. Deixaram uma mensagem na caixa de voz e fui ouvir... Era a senhora da Fodicis que me tinha ligado há duas semanas exigindo que eu pagasse o empréstimo, que não fiz, e que eles aceitaram com documentos claramente falsificados com os meus dados pessoais. Deixou uma mensagem pedindo para eu ligar de volta para saber se havia alterações ao processo do Mistério Púbico.
Eram cerca das 18:15, quando fizemos o intervalo, e eu retribuí a chamada. Não devia, porque afinal de contas não tinha contraído nenhum empréstimo e estava a entrar em despesas por culpa da falta de rigor da Fodicis. A senhora não estava e atendeu-me um homem:
- "Por favor diga-me o seu número de contribuinte!" - pediu-me ele - "Aguarde um momento para poder aceder ao seu processo..."
Aguardei, embora renitente, porque afinal de contas era eu que estava a pagar a chamada.
- "Então diga-me Sr. Rui, quando é que pensa pagar aquilo as prestações em atraso?" - perguntou ele, com um tom meio ameaçador. Eu pensei, que das duas uma, ou ele não sabia nada do caso ou então estava-se a fazer de ignorante, uma vez que era das cobranças.
- "Como já expliquei à sua colega, não faço intenção nenhuma de pagar nem um tostão desse empréstimo, aliás porque não fui eu que o contraí..." - disse eu, tentando manter a calma – "... e porque ele só existe por um erro dos vossos serviços, porque se tivessem dois dedos de testa teriam visto que as cópias dos documentos apresentadas são falsas, aliás como já provei quando aí fui, às instalações da Fodicis, mostrar os meus documentos pessoais. E..."
Ao que fui interrompido, em tom mais agressivo:
- "Pelo facto de ter mostrado os seus documentos não prova que estes sejam falsos, porque os seus podem ser segundas vias." – disse ele, mostrando claramente que nunca tinha olhado nem para uns nem para os outros – "E acha que pelo facto de dizer, a um juiz, que estes documentos são falsos, ele lhe vai dar razão?" – continuou aumentando o tom da voz , porque eu tentei falar, e falando com ar jocoso. E continuou – "A Fodicis não é uma entidade de peritagem de identidades."
- "Mas posso falar?" – perguntei eu, já perdendo a calma e ficando algo alterado. E fiz um pequeno período de silêncio, para que ele me pudesse responder.
- "Sim! Diga..." – disse a voz do outro lado, algo alterado, também.
- "Eu estou a telefonar porque a sua colega me telefonou a averiguar se havia dados novos sobre os meus contactos com o Banco BETS no sentido de esta entidade confirmar o facto de a conta, naquele banco também ter sido aberta com os documentos falseados, uma vez que à data de abertura não era obrigatório a presença do cliente." – disse eu tentando acalmar-me – "Isto porque a sua colega disse que estava na eminência de divulgarem o meu nome ao Banco de Portugal..."
- "Oh, meu senhor! O seu nome há muito está no Banco de Portugal!" – disse ele, não aguentando mais estar calado, interrompendo-me e com um arzito de gozo. E continuou, em tom ameaçador – "O que está aqui em causa é se o senhor paga ou não o que deve?"
Nesse momento, a minha paciência tinha-se esgotado e a minha calma evaporado e apenas rematei:
- "Como já lhe disse não vou pagar nem um tostão desse empréstimo, por isso, se quiserem avançar com a sua cobrança coerciva, até agradeço, porque ainda tenho a receber uma indemnização por causa disso, incluindo uma parte por este telefonema. Boa Tarde!" E desliguei, mas não consegui voltar à sala de formação, sem apanhar uma golfada de ar e acalmar-me.
Quando cheguei a casa nessa noite, ainda algo alterado com a incompetência e prepotência do tipo, escrevi dois e-mails a duas amigas advogadas explicando a situação desde o início. Depois de uma breve troca de mensagens, com as duas, foi-me sugerido que expusesse o caso ao Banco de Portugal, a entidade reguladora do sector bancário, e fizesse uma queixa por violação de regras de segurança e diligência contra as duas instituições, a Fodicis e o Banco BETS.
A queixa seguiu há duas semanas, depois da recepção da notificação do Mistério Púbico dando conta do arquivamento dos autos do processo uma vez que a investigação não resultou em indícios suficientes sobre a identidade do autor do crime. No mesmo dia seguiu uma carta para a Fodicis, com a mesma notificação e expondo este episódico telefonema, que agora penso ter enterrado.
Mas ainda há um outro episódio para contar. Aguardem!
Eram cerca das 18:15, quando fizemos o intervalo, e eu retribuí a chamada. Não devia, porque afinal de contas não tinha contraído nenhum empréstimo e estava a entrar em despesas por culpa da falta de rigor da Fodicis. A senhora não estava e atendeu-me um homem:
- "Por favor diga-me o seu número de contribuinte!" - pediu-me ele - "Aguarde um momento para poder aceder ao seu processo..."
Aguardei, embora renitente, porque afinal de contas era eu que estava a pagar a chamada.
- "Então diga-me Sr. Rui, quando é que pensa pagar aquilo as prestações em atraso?" - perguntou ele, com um tom meio ameaçador. Eu pensei, que das duas uma, ou ele não sabia nada do caso ou então estava-se a fazer de ignorante, uma vez que era das cobranças.
- "Como já expliquei à sua colega, não faço intenção nenhuma de pagar nem um tostão desse empréstimo, aliás porque não fui eu que o contraí..." - disse eu, tentando manter a calma – "... e porque ele só existe por um erro dos vossos serviços, porque se tivessem dois dedos de testa teriam visto que as cópias dos documentos apresentadas são falsas, aliás como já provei quando aí fui, às instalações da Fodicis, mostrar os meus documentos pessoais. E..."
Ao que fui interrompido, em tom mais agressivo:
- "Pelo facto de ter mostrado os seus documentos não prova que estes sejam falsos, porque os seus podem ser segundas vias." – disse ele, mostrando claramente que nunca tinha olhado nem para uns nem para os outros – "E acha que pelo facto de dizer, a um juiz, que estes documentos são falsos, ele lhe vai dar razão?" – continuou aumentando o tom da voz , porque eu tentei falar, e falando com ar jocoso. E continuou – "A Fodicis não é uma entidade de peritagem de identidades."
- "Mas posso falar?" – perguntei eu, já perdendo a calma e ficando algo alterado. E fiz um pequeno período de silêncio, para que ele me pudesse responder.
- "Sim! Diga..." – disse a voz do outro lado, algo alterado, também.
- "Eu estou a telefonar porque a sua colega me telefonou a averiguar se havia dados novos sobre os meus contactos com o Banco BETS no sentido de esta entidade confirmar o facto de a conta, naquele banco também ter sido aberta com os documentos falseados, uma vez que à data de abertura não era obrigatório a presença do cliente." – disse eu tentando acalmar-me – "Isto porque a sua colega disse que estava na eminência de divulgarem o meu nome ao Banco de Portugal..."
- "Oh, meu senhor! O seu nome há muito está no Banco de Portugal!" – disse ele, não aguentando mais estar calado, interrompendo-me e com um arzito de gozo. E continuou, em tom ameaçador – "O que está aqui em causa é se o senhor paga ou não o que deve?"
Nesse momento, a minha paciência tinha-se esgotado e a minha calma evaporado e apenas rematei:
- "Como já lhe disse não vou pagar nem um tostão desse empréstimo, por isso, se quiserem avançar com a sua cobrança coerciva, até agradeço, porque ainda tenho a receber uma indemnização por causa disso, incluindo uma parte por este telefonema. Boa Tarde!" E desliguei, mas não consegui voltar à sala de formação, sem apanhar uma golfada de ar e acalmar-me.
Quando cheguei a casa nessa noite, ainda algo alterado com a incompetência e prepotência do tipo, escrevi dois e-mails a duas amigas advogadas explicando a situação desde o início. Depois de uma breve troca de mensagens, com as duas, foi-me sugerido que expusesse o caso ao Banco de Portugal, a entidade reguladora do sector bancário, e fizesse uma queixa por violação de regras de segurança e diligência contra as duas instituições, a Fodicis e o Banco BETS.
A queixa seguiu há duas semanas, depois da recepção da notificação do Mistério Púbico dando conta do arquivamento dos autos do processo uma vez que a investigação não resultou em indícios suficientes sobre a identidade do autor do crime. No mesmo dia seguiu uma carta para a Fodicis, com a mesma notificação e expondo este episódico telefonema, que agora penso ter enterrado.
Mas ainda há um outro episódio para contar. Aguardem!
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A minha vida dava um filme...
terça-feira, agosto 29, 2006
: : : 1-big-O [v20.1]
Se gostaram das minhas fotos de que vos falei ontem, podem ver as outras que já tirei e que se incluêm no mesmo trabalho fotográfico. Podem ver a fotografia do ensaios FP branco 2005, do Lokal Calcário 2003, do Lokal Silex 2004, do ensaios FP Tinto 2004, do FLP ou do Espumante 3b.
Mas ainda melhor que fotografar as garrafas é abri-las e beber... Em breve aparecerão aqui as fotografias dos copos... Vazios!
Mas ainda melhor que fotografar as garrafas é abri-las e beber... Em breve aparecerão aqui as fotografias dos copos... Vazios!
segunda-feira, agosto 28, 2006
: : : 1-big-O [v20.0]
Há uns tempos a Filipa Pato pediu-me para fazer um trabalho fotográfico sobre um ano de vindima. Há uns meses fui tirar fotografias à vinha, antes desta começar a rebentar, mas chovia e eu andei, uma manhã quase toda, a tirar fotografias sem memória na máquina e das poucas fotografias que tirei poucas se aproveitaram.
No entretanto a vinha cresceu e nasceu o Baltasar e as coisas ficaram paradas. E, como já toda a gente sabe andei algo ocupado entre fraldas e noites mal passadas. Mas a semana passada a Filipa telefonou-me, no dia em que cheguei de "férias", porque no dia seguinte ia fazer a vindima para o espumante. E eu fui tirar fotografias na manhã do meu dia de nascimento (ou de aniversário).
Depois de uma noite atribulada, porque o Baltasar fica sempre um pouco alterado com viagens (ainda não se habituou), quase com o sol a pino (porque eu cheguei tarde) e sob 32º C, lá se fizeram umas fotos da apanha da uva para espumante.
Da sessão resultou um conjunto engraçado de fotografias que podem ver mais em pormenor aqui ou aqui.
Para aqueles mais curiosos, e que acham estranho apanhar a uva tão cedo: apanha-se agora a uva para espumante de modo a libertar a uva que será usada para fazer o vinho, para que esta mature melhor. Chama-se a esse processo "monda" (está-se sempre a aprender)!
No entretanto a vinha cresceu e nasceu o Baltasar e as coisas ficaram paradas. E, como já toda a gente sabe andei algo ocupado entre fraldas e noites mal passadas. Mas a semana passada a Filipa telefonou-me, no dia em que cheguei de "férias", porque no dia seguinte ia fazer a vindima para o espumante. E eu fui tirar fotografias na manhã do meu dia de nascimento (ou de aniversário).
Depois de uma noite atribulada, porque o Baltasar fica sempre um pouco alterado com viagens (ainda não se habituou), quase com o sol a pino (porque eu cheguei tarde) e sob 32º C, lá se fizeram umas fotos da apanha da uva para espumante.
Da sessão resultou um conjunto engraçado de fotografias que podem ver mais em pormenor aqui ou aqui.
Para aqueles mais curiosos, e que acham estranho apanhar a uva tão cedo: apanha-se agora a uva para espumante de modo a libertar a uva que será usada para fazer o vinho, para que esta mature melhor. Chama-se a esse processo "monda" (está-se sempre a aprender)!
domingo, agosto 27, 2006
O resto da conversa com...
... António Câmara, Prof. da FCT-UNL e CEO da YDreams, que comentou o meu post "Inovar é Preciso" de há umas semanas atrás.
RGa: Eu compreendo que o artigo que escreveu tem de ser muito limitado em extensão, e por vezes não é possível explicar tudo convenientemente, mas não fui o único a interpretar que se referia a Lisboa, não como a única, mas a mais provável região para que seja mais "vibrante e rica". Eu simplesmente dei a minha opinião, mas em conversas com alguns amigos e empreendedores locais, a verdade é que foi unanime que se tratou de um artigo típico do "autismo" próprio de quem está em Lisboa e não consegue ver o resto do país, provavelmente porque há outras regiões com o mesmo potencial e que precisam mais de ajudas concertadas do que Lisboa, que já tem bastantes.
AC: Houve uma interpretação errada mas não acho que Lisboa tenha ajudas concertadas. Aliás neste momento temos menos acesso a fundos europeus do que as outras regiões do país.
RGa: Acha possível uma estratégia concertada como a de Barcelona em Portugal? Eu acho que os empresários portugueses, na maioria dos casos (as generalizações são sempre uma armadilha perigosa) estão mais preocupados com os lucros mais imediatos do que com o futuro e uma medida dessas demora muito tempo a criar retornos. [...]
AC: Tanto é perfeitamente possível ter uma estratégia concertada que em combinação com algumas das maiores empresas portuguesas (em que apenas uma é de Lisboa), grupos universitários de classe internacional, e uma grande grupo económico, estamos a montar uma. Será divulgada em meados de Setembro.
RGb: Obrigado pela resposta! Não vou argumentar mais, vou esperar pelo anúncio, da estratégia que fala, em Setembro. Espero sinceramente que funcione e produza os resultados esperados, e que os ultrapasse mesmo.
RGa: Como é que nunca se referiu a ajudas externas e nem do estado quando diz que em Barcelona "os impostos sobre rendimentos na região foram também reduzidos para atrair residentes estrangeiros baseando-se numa tarifa plana de 20%"? Não será o estado, ou as autarquias como parte do estado, responsável por esta redução dos impostos? Posso não ter percebido, porque não tive tempo de seguir o link, mas as universidades, empresas ou bancos suportam o restante valor dos impostos? A verdade é que com essa frase entende-se que se espera ajuda do estado...
AC: A redução de impostos beneficia uma região: atrai investimento, gera empregos e acaba por criar um rendimento superior (que apesar de taxado numa menor percentagem acaba por contribuir para uma receita publica superior como é o caso das experiências bálticas, EUA e até Barcelona).
Num cenário em que qualquer empresa se pode localizar onde quiser não é uma ajuda; é uma condição de partida. Aliás veja-se onde se localizam as sedes das maiores empresas portuguesas.
Por isso em vez de ajudas na forma de subsídios (a que não aludi), o que pretendia dizer é que o governo deve criar condições de partida competitivas.
RGa: Concordo plenamente que ainda não existem Universidades de classe internacional em Portugal. E infelizmente continuo de acordo quando diz que o problema " fundamental reside no actual sistema de gestão de recursos humanos". [...]
RGa: Por fim UK e USA. Não tive noção que no UK fosse assim, mas nos EUA, não me surpreende. A verdade é que neste momento penso que no UK (e nos EUA) a maioria dos funcionários são talentos importados. [...]
RGa: Há uma coisa que depois foca no seu artigo a seguir, que para mim Lisboa-cidade não tem, qualidade de vida. Comparativamente a São Francisco, que é pouco maior que o Porto, Lisboa é demasiado grande, demasiada poluída (este verão até houve graves problemas nos arredores) e o nível de vida é demasiado alto para os ordenados.
AC: Essa é uma opinião subjectiva. Os portugueses e estrangeiros que trabalham na YDreams adoram a qualidade de vida na Caparica (onde temos a praia a 5 minutos) e de Alcântara (onde temos os escritórios comerciais).
RGb: Quanto a Lisboa, não me interprete mal, eu adoro Lisboa, onde passei muito tempo na minha juventude. Mas comparativamente com Aveiro, a qualidade de vida pode ser inferior. E claro, a Caparica é diferente... Mas tudo isto é sempre subjectivo!
RGa: Eu compreendo que o artigo que escreveu tem de ser muito limitado em extensão, e por vezes não é possível explicar tudo convenientemente, mas não fui o único a interpretar que se referia a Lisboa, não como a única, mas a mais provável região para que seja mais "vibrante e rica". Eu simplesmente dei a minha opinião, mas em conversas com alguns amigos e empreendedores locais, a verdade é que foi unanime que se tratou de um artigo típico do "autismo" próprio de quem está em Lisboa e não consegue ver o resto do país, provavelmente porque há outras regiões com o mesmo potencial e que precisam mais de ajudas concertadas do que Lisboa, que já tem bastantes.
AC: Houve uma interpretação errada mas não acho que Lisboa tenha ajudas concertadas. Aliás neste momento temos menos acesso a fundos europeus do que as outras regiões do país.
RGa: Acha possível uma estratégia concertada como a de Barcelona em Portugal? Eu acho que os empresários portugueses, na maioria dos casos (as generalizações são sempre uma armadilha perigosa) estão mais preocupados com os lucros mais imediatos do que com o futuro e uma medida dessas demora muito tempo a criar retornos. [...]
AC: Tanto é perfeitamente possível ter uma estratégia concertada que em combinação com algumas das maiores empresas portuguesas (em que apenas uma é de Lisboa), grupos universitários de classe internacional, e uma grande grupo económico, estamos a montar uma. Será divulgada em meados de Setembro.
RGb: Obrigado pela resposta! Não vou argumentar mais, vou esperar pelo anúncio, da estratégia que fala, em Setembro. Espero sinceramente que funcione e produza os resultados esperados, e que os ultrapasse mesmo.
RGa: Como é que nunca se referiu a ajudas externas e nem do estado quando diz que em Barcelona "os impostos sobre rendimentos na região foram também reduzidos para atrair residentes estrangeiros baseando-se numa tarifa plana de 20%"? Não será o estado, ou as autarquias como parte do estado, responsável por esta redução dos impostos? Posso não ter percebido, porque não tive tempo de seguir o link, mas as universidades, empresas ou bancos suportam o restante valor dos impostos? A verdade é que com essa frase entende-se que se espera ajuda do estado...
AC: A redução de impostos beneficia uma região: atrai investimento, gera empregos e acaba por criar um rendimento superior (que apesar de taxado numa menor percentagem acaba por contribuir para uma receita publica superior como é o caso das experiências bálticas, EUA e até Barcelona).
Num cenário em que qualquer empresa se pode localizar onde quiser não é uma ajuda; é uma condição de partida. Aliás veja-se onde se localizam as sedes das maiores empresas portuguesas.
Por isso em vez de ajudas na forma de subsídios (a que não aludi), o que pretendia dizer é que o governo deve criar condições de partida competitivas.
RGa: Concordo plenamente que ainda não existem Universidades de classe internacional em Portugal. E infelizmente continuo de acordo quando diz que o problema " fundamental reside no actual sistema de gestão de recursos humanos". [...]
RGa: Por fim UK e USA. Não tive noção que no UK fosse assim, mas nos EUA, não me surpreende. A verdade é que neste momento penso que no UK (e nos EUA) a maioria dos funcionários são talentos importados. [...]
RGa: Há uma coisa que depois foca no seu artigo a seguir, que para mim Lisboa-cidade não tem, qualidade de vida. Comparativamente a São Francisco, que é pouco maior que o Porto, Lisboa é demasiado grande, demasiada poluída (este verão até houve graves problemas nos arredores) e o nível de vida é demasiado alto para os ordenados.
AC: Essa é uma opinião subjectiva. Os portugueses e estrangeiros que trabalham na YDreams adoram a qualidade de vida na Caparica (onde temos a praia a 5 minutos) e de Alcântara (onde temos os escritórios comerciais).
RGb: Quanto a Lisboa, não me interprete mal, eu adoro Lisboa, onde passei muito tempo na minha juventude. Mas comparativamente com Aveiro, a qualidade de vida pode ser inferior. E claro, a Caparica é diferente... Mas tudo isto é sempre subjectivo!
terça-feira, agosto 22, 2006
O meu nascimento (não é aniversário, notem bem)!
Era uma vez num país muito distante... Podia começar assim, mas não! Os meus pais numa viagem pela metrópole decidiram, algures entre Vendas Novas e Lisboa (segundo eles), que o meu irmão, recentemente nascido, não poderia passar sem um irmão (aliás, uma irmã, era o plano).
Uns meses depois (naquele tempo podiam-se tirar férias de 6 meses) retornaram a Moçambique, de navio (acho que é daí que vem a minha paixão pelas viagens e em especial pelo mar). E, depois de uns 9 meses de gestação, nasci eu, em pleno Inverno de Agosto, quando tinha já sido feito no Inverno de Dezembro. Cruzei os dois hemisférios, e passei o equador, sem ainda saber o que era este mundo.
terça-feira, agosto 08, 2006
We Hate It When Our Friends Become Successful
Não é muito o meu feitio, mas a verdade é que nos faz pensar!
"We hate it when our friends become successful,
We hate it when our friends become successful.
[...]
You see, it should have been me.
It could have been me.
Everybody knows, everybody says so."
"We Hate It When Our Friends Become Successful" - Morrissey
"We hate it when our friends become successful,
We hate it when our friends become successful.
[...]
You see, it should have been me.
It could have been me.
Everybody knows, everybody says so."
"We Hate It When Our Friends Become Successful" - Morrissey
segunda-feira, agosto 07, 2006
Inovar é Preciso
Há umas semanas, mais precisamente a 8 de Julho, no caderno Económico do jornal Expresso, na coluna de opinião "Inovar é Preciso", o Prof. da FCT-UNL e presidente da YDreams, o mediático (nem por isso inovador, como irão ver, como a maioria dos que escrevem nessa coluna) António Câmara (asc@mail.fct.unl.pt) dizia:
"Talentos e Regiões
Lisboa é bem mais atractiva do que a maioria dos portugueses pensa
Paul Graham em How to be Silicon Valley (ver http://paulgraham.com/siliconvalley.htmI) enumera quatro factores decisivos para o sucesso das regiões na economia de conhecimento: a existência de universidades de classe mundial; investidores, talentos e exemplos de empreendedores de sucesso.
A ausência de apenas um dos factores explica o insucesso de cidades como Pittsburg e New Haven, segundo Graham. A primeira tem Carnegie Mellon University e talento abundante. Mas poucos são os investidores que querem viver na inclemente Pittsburgh. New Haven tem o talento de Yale e em Connecticut reside um número substancial de investidores, mas não existem exemplos de empreendedores bem sucedidos. Entre os quatro factores, a atracção de talentos é certamente o primordial. As principais universidades e empresas americanas têm recrutado investigadores, inventores, artistas e gestores em to do o mundo desde a 2a Guerra Mundial. Este talento atraiu o investimento que ajudou a criar riqueza.
Na última década, países e, sobretudo, cidades europeias acordaram para a necessidade de reter os seus talentos e atrair os provenientes de outros locais. Por exemplo, a Irlanda tem hoje programas como as Young Presidential Investigator Awards para apoiar os seus jovens cientistas mais talentosos. Dublin oferece até ateliês para os mais prometedores arquitectos internacionais.
Na vizinha Barcelona, criou-se uma iniciativa (http://www.bcn.es/22@bcn/) para transformar a cidade num magnete de talento mundial nas áreas dos novos «media» e biotecnologia. Essa iniciativa associa as principais universidades, empresas e entidades bancárias de Barcelona. Os impostos sobre rendimentos na região foram também reduzidos para atrair residentes estrangeiros baseando-se numa tarifa plana de 20% (muitos dizem que na origem deste valor estão os casos dos talentosos futebolistas e técnicos estrangeiros do principal clube local). A recente instalação do laboratório europeu de investigação da Yahoo demonstra a crescente atractividade da cidade.
Tendo passado este último ano a recrutar talentos (alguns deles internacionais) para a YDreams, verifiquei que a região de Lisboa é bem mais atractiva do que a maioria, dos portugueses pensa. Uma estratégia concertada entre , actores como os referidos para o caso catalão ajudaria certamente a criar uma região mais vibrante e rica."
Eu não pude deixar de comentar, e umas duas semanas depois, quando gozei de uns minutos entre fraldas, choros ou banhos do Baltasar, escrevi um mail ao "inovador" Sr. António Câmara. Nunca recebi uma resposta.
"Boa noite,
Desde o seu início que tenho lido a coluna "Inovar é Preciso" no caderno Económico do Expresso. Por diversas razões, porque que nutro uma especial admiração pelo Nicolau Santos, porque tenho interesse em saber o que pensam os mais mediáticos gestores da novas tecnologias em Portugal... Porque penso que, depois de ter trabalhado nos Estados Unidos, Inglaterra e Japão, posso comparar maneiras de pensar destes com a minha experiência.
Por isso, o seu artigo de 8 de Julho suscitou o meu interesse, mais do que é normal. Porém, entre as fraldas e os choros do meu recém-nascido filho não me foi possível comentar mais cedo, embora o tenha comentado entre amigos algumas vezes.
Confesso que o artigo me abriu o interesse pelo estudo feito pelo Paul Graham, mas ainda não tive a hipótese de me dedicar ao mesmo. Uma vez que me inscrevi esta semana numa pós-graduação em gestão, penso que estas fontes de informação são sempre de guardar para posterior análise. Mas o que mais me impressionou no seu artigo foi a comparação entre Barcelona e Lisboa, ou o assumir que Lisboa teria exemplos de empreendedores de sucesso, ou ainda que as empresas possam gozar de estratégias exteriores em vez de essa função passar pelas próprias empresas.
Assim e começando pela analogia entre Barcelona e Lisboa, poderemos ver que Barcelona terá adoptado a referida estratégia de transformar a cidade num magnete de talento estrangeiro, porque Madrid, a capital espanhola, não precisa dessa estratégia. Ou seja, Lisboa, como capital portuguesa, provavelmente não precisasse tanto dessa estratégia como outras cidades portuguesas. Além de que Lisboa é sem dúvida a cidade portuguesa com maior percentagem de estrangeiros em Portugal, pelo que adopção de uma taxa plana não iria trazer mais atracção a estrangeiros (ou ia definir o que era um talento de um qualquer imigrante?). Além disso, a YDreams não fica no distrito de Setúbal?
Depois enumere-me os empreendedores de sucesso em Lisboa... Assim de repente lembro-me como grandes empreendedores em Portugal, os nomes de Belmiro de Azevedo, Rui Nabeiro ou Américo Amorim e parece-me que nenhum deles é de Lisboa. Parece-me que Lisboa, é verdade, goza dos outros três factores, mas este sinceramente não é o melhor exemplo que obtemos de Lisboa.
O que nos leva ao meu terceiro comentário, acho que em Lisboa, e em Portugal, as empresas continuam à espera que sejam elementos exteriores os elementos de mudança e melhoria das suas estratégias. Confesso que quando trabalhei na Bay Area de San Francisco (tecnicamente não trabalhei em Silicon Valley), na mesma empresa onde trabalhou o vosso colaborador A.A.* (que conheci lá), eram as empresas as principais responsáveis para a fixação dos seus quadros, estrangeiros ou não. Além de que, como deve saber, Silicon Valley não é um exemplo de sustentabilidade, e como deve saber poucas são as empresas que sobreviveram ao pós-911 e à era Bush. E não estou a falar em criar bem estar só dos gelados Haggan Das (que também sei já não são normais nem na YDreams).
Permita-me este comentário, sem que não deixe de concordar com algumas coisas que diz, mas não para a região de Lisboa. Sim! Porque a Critical consegue fixar talentos estrangeiros em Coimbra, sem ajudas de "uma estratégia concertada" de actores referidos. Aveiro, com a sua qualidade de vida, poderia fixar esses talentos se se encontrassem investidores interessados (coisa que em Lisboa não falta). Ou Braga que sem ajudas vai todos os dias aumentando o número de talentos que por lá se fixam. Ou pergunte ao seu colaborador P.P.* se não preferia trabalhar numa zona mais periférica de Lisboa (fizemos BTT em tempos).
Confesso que Inglaterra, sem o sol que tanto gostamos, consegue neste momento ser o maior íman de talentos na Europa e não goza de nenhum estatuto especial para estrangeiros como Barcelona. Será porque a estratégia das empresas não passa por aí? Passa por outras... E sou-lhe sincero se por razões de qualidade de vida gostava de ter ficado a viver no norte da Califórnia, em condições de trabalho (ordenado, formação, organização de trabalho, liderança, objectivos...) preferia trabalhar na Inglaterra. Mas optei por retornar a Portugal, para poder aqui aplicar os conhecimentos e a experiência que adquiri.
Infelizmente, por excesso de currículo, estou desempregado... Assim se fixam os talentos em Portugal!
Cumprimentos
Rui"
De qualquer maneira o artigo gerou discussão, o que é sempre muito bom!
* Os nomes foram substituídos pelas inicias por questões de privacidade das pessoas em causa.
"Talentos e Regiões
Lisboa é bem mais atractiva do que a maioria dos portugueses pensa
Paul Graham em How to be Silicon Valley (ver http://paulgraham.com/siliconvalley.htmI) enumera quatro factores decisivos para o sucesso das regiões na economia de conhecimento: a existência de universidades de classe mundial; investidores, talentos e exemplos de empreendedores de sucesso.
A ausência de apenas um dos factores explica o insucesso de cidades como Pittsburg e New Haven, segundo Graham. A primeira tem Carnegie Mellon University e talento abundante. Mas poucos são os investidores que querem viver na inclemente Pittsburgh. New Haven tem o talento de Yale e em Connecticut reside um número substancial de investidores, mas não existem exemplos de empreendedores bem sucedidos. Entre os quatro factores, a atracção de talentos é certamente o primordial. As principais universidades e empresas americanas têm recrutado investigadores, inventores, artistas e gestores em to do o mundo desde a 2a Guerra Mundial. Este talento atraiu o investimento que ajudou a criar riqueza.
Na última década, países e, sobretudo, cidades europeias acordaram para a necessidade de reter os seus talentos e atrair os provenientes de outros locais. Por exemplo, a Irlanda tem hoje programas como as Young Presidential Investigator Awards para apoiar os seus jovens cientistas mais talentosos. Dublin oferece até ateliês para os mais prometedores arquitectos internacionais.
Na vizinha Barcelona, criou-se uma iniciativa (http://www.bcn.es/22@bcn/) para transformar a cidade num magnete de talento mundial nas áreas dos novos «media» e biotecnologia. Essa iniciativa associa as principais universidades, empresas e entidades bancárias de Barcelona. Os impostos sobre rendimentos na região foram também reduzidos para atrair residentes estrangeiros baseando-se numa tarifa plana de 20% (muitos dizem que na origem deste valor estão os casos dos talentosos futebolistas e técnicos estrangeiros do principal clube local). A recente instalação do laboratório europeu de investigação da Yahoo demonstra a crescente atractividade da cidade.
Tendo passado este último ano a recrutar talentos (alguns deles internacionais) para a YDreams, verifiquei que a região de Lisboa é bem mais atractiva do que a maioria, dos portugueses pensa. Uma estratégia concertada entre , actores como os referidos para o caso catalão ajudaria certamente a criar uma região mais vibrante e rica."
Eu não pude deixar de comentar, e umas duas semanas depois, quando gozei de uns minutos entre fraldas, choros ou banhos do Baltasar, escrevi um mail ao "inovador" Sr. António Câmara. Nunca recebi uma resposta.
"Boa noite,
Desde o seu início que tenho lido a coluna "Inovar é Preciso" no caderno Económico do Expresso. Por diversas razões, porque que nutro uma especial admiração pelo Nicolau Santos, porque tenho interesse em saber o que pensam os mais mediáticos gestores da novas tecnologias em Portugal... Porque penso que, depois de ter trabalhado nos Estados Unidos, Inglaterra e Japão, posso comparar maneiras de pensar destes com a minha experiência.
Por isso, o seu artigo de 8 de Julho suscitou o meu interesse, mais do que é normal. Porém, entre as fraldas e os choros do meu recém-nascido filho não me foi possível comentar mais cedo, embora o tenha comentado entre amigos algumas vezes.
Confesso que o artigo me abriu o interesse pelo estudo feito pelo Paul Graham, mas ainda não tive a hipótese de me dedicar ao mesmo. Uma vez que me inscrevi esta semana numa pós-graduação em gestão, penso que estas fontes de informação são sempre de guardar para posterior análise. Mas o que mais me impressionou no seu artigo foi a comparação entre Barcelona e Lisboa, ou o assumir que Lisboa teria exemplos de empreendedores de sucesso, ou ainda que as empresas possam gozar de estratégias exteriores em vez de essa função passar pelas próprias empresas.
Assim e começando pela analogia entre Barcelona e Lisboa, poderemos ver que Barcelona terá adoptado a referida estratégia de transformar a cidade num magnete de talento estrangeiro, porque Madrid, a capital espanhola, não precisa dessa estratégia. Ou seja, Lisboa, como capital portuguesa, provavelmente não precisasse tanto dessa estratégia como outras cidades portuguesas. Além de que Lisboa é sem dúvida a cidade portuguesa com maior percentagem de estrangeiros em Portugal, pelo que adopção de uma taxa plana não iria trazer mais atracção a estrangeiros (ou ia definir o que era um talento de um qualquer imigrante?). Além disso, a YDreams não fica no distrito de Setúbal?
Depois enumere-me os empreendedores de sucesso em Lisboa... Assim de repente lembro-me como grandes empreendedores em Portugal, os nomes de Belmiro de Azevedo, Rui Nabeiro ou Américo Amorim e parece-me que nenhum deles é de Lisboa. Parece-me que Lisboa, é verdade, goza dos outros três factores, mas este sinceramente não é o melhor exemplo que obtemos de Lisboa.
O que nos leva ao meu terceiro comentário, acho que em Lisboa, e em Portugal, as empresas continuam à espera que sejam elementos exteriores os elementos de mudança e melhoria das suas estratégias. Confesso que quando trabalhei na Bay Area de San Francisco (tecnicamente não trabalhei em Silicon Valley), na mesma empresa onde trabalhou o vosso colaborador A.A.* (que conheci lá), eram as empresas as principais responsáveis para a fixação dos seus quadros, estrangeiros ou não. Além de que, como deve saber, Silicon Valley não é um exemplo de sustentabilidade, e como deve saber poucas são as empresas que sobreviveram ao pós-911 e à era Bush. E não estou a falar em criar bem estar só dos gelados Haggan Das (que também sei já não são normais nem na YDreams).
Permita-me este comentário, sem que não deixe de concordar com algumas coisas que diz, mas não para a região de Lisboa. Sim! Porque a Critical consegue fixar talentos estrangeiros em Coimbra, sem ajudas de "uma estratégia concertada" de actores referidos. Aveiro, com a sua qualidade de vida, poderia fixar esses talentos se se encontrassem investidores interessados (coisa que em Lisboa não falta). Ou Braga que sem ajudas vai todos os dias aumentando o número de talentos que por lá se fixam. Ou pergunte ao seu colaborador P.P.* se não preferia trabalhar numa zona mais periférica de Lisboa (fizemos BTT em tempos).
Confesso que Inglaterra, sem o sol que tanto gostamos, consegue neste momento ser o maior íman de talentos na Europa e não goza de nenhum estatuto especial para estrangeiros como Barcelona. Será porque a estratégia das empresas não passa por aí? Passa por outras... E sou-lhe sincero se por razões de qualidade de vida gostava de ter ficado a viver no norte da Califórnia, em condições de trabalho (ordenado, formação, organização de trabalho, liderança, objectivos...) preferia trabalhar na Inglaterra. Mas optei por retornar a Portugal, para poder aqui aplicar os conhecimentos e a experiência que adquiri.
Infelizmente, por excesso de currículo, estou desempregado... Assim se fixam os talentos em Portugal!
Cumprimentos
Rui"
De qualquer maneira o artigo gerou discussão, o que é sempre muito bom!
* Os nomes foram substituídos pelas inicias por questões de privacidade das pessoas em causa.
sexta-feira, agosto 04, 2006
Esclarecimento ao Rodrigo
Serve o presente post para esclarecer o Sr. Rodrigo, que anonimamente, decidiu comentar o meu último post e de alguma maneira me insultar.
Começo por comentar o facto de me acusar de ter escrito que a tradução teria sido feita por um brasileiro, o que não fiz, pois o que está lá escrito é "à brasileira" e não "por um brasileiro". Ou seja, eu nunca acusei nenhum cidadão de nacionalidade brasileira de ter efectuado a tradução. O que fiz foi associar ao facto do uso típico do "te" antes do verbo, pelo brasileiros (como em "te amo" ou "te insulto"), a uma tradução mal feita para português, aliás usando o também típico "você" tanto usado no português do outro lado do oceano. Obviamente, e com a utilização massificada destes brasileirismos, na língua portuguesa deste lado do oceano, é muito provável que a tradução até tenha sido feita por algum cidadão de nacionalidade portuguesa. Ou até, quem sabe, pelo próprio dono da tenda (vêem até eu estou a usar uma palavra espanhola para definir um estabelecimento de venda). Não interessa para o caso!
Mas a declaração mais grave, feita pelo Sr. Rodrigo, prende-se com o facto de eu ser racista. Confesso que tenho muitos amigos e todos eles são da mesma raça – da raça humana. Uns são brancos, outros pretos, alguns amarelos e até tenho amigos que devem ter sangue vermelho. Porém acho que o difere os portugueses dos brasileiros, e o que está aqui em questão, não é uma questão de racismo. E contesto veemente a acusação, aliás porque tenho diversos amigos brasileiros. E, até ponho o meu corpo nas mãos de um brasileiro preto, que considero meu amigo, para que de duas em duas semanas me espete agulhas, em sessões de acupunctura. Se calhar ele é racista? Porque eu não sou xenófobo.
Sim! Sou burro. Confesso que não sou um "sabixão" (em português escrever-se-ia Sabichão, mas...) e nem tento ser. Sou estúpido e talvez o facto de aqui estar a responder só me torna mais estúpido, mas acho que acusações deste género, cobardemente prenunciadas, são típicas de pessoas que me acusa ser, e não pretendo dar-lhe razão.
Começo por comentar o facto de me acusar de ter escrito que a tradução teria sido feita por um brasileiro, o que não fiz, pois o que está lá escrito é "à brasileira" e não "por um brasileiro". Ou seja, eu nunca acusei nenhum cidadão de nacionalidade brasileira de ter efectuado a tradução. O que fiz foi associar ao facto do uso típico do "te" antes do verbo, pelo brasileiros (como em "te amo" ou "te insulto"), a uma tradução mal feita para português, aliás usando o também típico "você" tanto usado no português do outro lado do oceano. Obviamente, e com a utilização massificada destes brasileirismos, na língua portuguesa deste lado do oceano, é muito provável que a tradução até tenha sido feita por algum cidadão de nacionalidade portuguesa. Ou até, quem sabe, pelo próprio dono da tenda (vêem até eu estou a usar uma palavra espanhola para definir um estabelecimento de venda). Não interessa para o caso!
Mas a declaração mais grave, feita pelo Sr. Rodrigo, prende-se com o facto de eu ser racista. Confesso que tenho muitos amigos e todos eles são da mesma raça – da raça humana. Uns são brancos, outros pretos, alguns amarelos e até tenho amigos que devem ter sangue vermelho. Porém acho que o difere os portugueses dos brasileiros, e o que está aqui em questão, não é uma questão de racismo. E contesto veemente a acusação, aliás porque tenho diversos amigos brasileiros. E, até ponho o meu corpo nas mãos de um brasileiro preto, que considero meu amigo, para que de duas em duas semanas me espete agulhas, em sessões de acupunctura. Se calhar ele é racista? Porque eu não sou xenófobo.
Sim! Sou burro. Confesso que não sou um "sabixão" (em português escrever-se-ia Sabichão, mas...) e nem tento ser. Sou estúpido e talvez o facto de aqui estar a responder só me torna mais estúpido, mas acho que acusações deste género, cobardemente prenunciadas, são típicas de pessoas que me acusa ser, e não pretendo dar-lhe razão.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Lost In Translation
Ontem fui à Viagem Medieval em Terras de Santa Maria. Numa tenda que vendia ervas aromáticas e terapêuticas, junto a um cesto com uma quantidade enorme de uma erva esverdeada, dizia num placar em espanhol, a língua materna do dono da tenda - "Te Menta" (sim, sem acento). Por cima, numa tradução, à brasileira, para português, dizia "Você Menta"...
Para quem não sabe Té em espanhol quer dizer o mesmo que chá em português. Pelos vistos quem traduziu não sabia.
Para quem não sabe Té em espanhol quer dizer o mesmo que chá em português. Pelos vistos quem traduziu não sabia.
AS CINCO RESPOSTAS DO ECONOMISTA DISFARÇADO
Os conselhos de Tim Harford*
Há alguma teoria económica que explique porque é que ninguém fala de outra coisa, por estes dias, que não seja o CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL?
Com certeza! Talvez pense que não há nada de interessante no futebol. Mas como pessoa sensível que é, percebe que outras pessoas podem saber coisas que você desconhece. Quer aprender com elas - o que muitas vezes significa fazer o mesmo que elas. Na bolsa de valores, venderá, quando outros venderem, não por ser irracional, mas por pensar que eles sabem mais qualquer coisa. Se vir muitos carros estacionados em cima de um passeio, pode presumir que os condutores sabiam não haver polícias por perto a passar multas, e estacionará ali, com segurança, também. E se toda a gente começar a ver futebol, você também o fará, porque, provavelmente, pensará que outras pessoas conseguem ver alguma coisa que você não ainda não viu. Os economistas chamam a isso «herding theory» («teoria da manada»).
Porque é que Portugal continua a ser o PAÍS MAIS POBRE DA ZONA EURO? Não somos assim tão diferentes dos Camarões?
Enquanto economista sob disfarce, gosto sempre de julgar os países, tendo por base aquilo que vejo e que vivo - e eu não visito Portugal desde o último Europeu de futebol. Portanto, não quero adiantar muito. Mas um dos problemas é que não tem sido fácil montar negócios que criem empregos e produtos que as pessoas queiram comprar. De acordo com o Banco Mundial, no início de 2005, criar uma pequena empresa em Portugal demorava 54 dias. O mesmo tempo que no Quénia e na Bósnia. Agora, Portugal tem um novo sistema de criação de empresas [empresa na hora]. A situação pode, pois, melhorar (não mudará em alguns meses apenas, estas coisas levam o seu tempo). Que outras regras para se fazer negócio poderiam ser simplificadas e tornadas mais rápidas? [Ver http://www.doingbusiness.org/]
Sendo a economia portuguesa, e os portugueses, os mais deprimidos da Europa, porque é que ainda NÃO FUGIMOS TODOS PARA INGLATERRA?
Porventura por causa do bom clima, do peixe, queijo e vinho maravilhosos, ou por causa da importância dos amigos e da família. Economia é sobre aquilo que as pessoas querem, aquilo que recebem e o que fazem - mas não é, necessariamente, sobre dinheiro. Há mais na vida para além disso, e provamo-lo todos, no dia-a-dia.
No século XXII, ESTAREMOS TODOS A FALAR CHINÊS?
É uma boa pergunta, mas duvido que tenha qualquer significado daqui a cem anos. No séc. XIX assistiu-se a um desenvolvimento económico e tecnológico até então nunca visto (Karl Max estava naturalmente maravilhado). O cidadão médio era três vezes mais rico em 1900 do que em 1800. Os anos de 1900 tornaram-se ainda mais velozes. Apesar do comunismo e das duas guerras mundiais, o mundo tornou-se muito mais rico e desenvolveu-se muito mais depressa. O cidadão médio tornou-se oito vezes mais rico. Os dois últimos anos figuram, na História, entre aqueles em que houve mais crescimento económico mundial. E é muito provável que os próximos cem anos mudem ainda mais rapidamente que os últimos cem. A ser assim, não há muito que se possa dizer sobre o ano 2100. Excepto que o mundo estará irreconhecível.
Eu quero muito, MUITO, SER RICO. Por onde devo começar?
Não há problema. Para ser rico, precisa de investir o mais que puder e gastar o menos possível. O melhor investimento é um grau universitário: arranje um, talvez dois. Não gaste nada: viva num apartamento minúsculo e coma apenas pão e água. Arranje o emprego mais bem pago que conseguir, e um segundo emprego, aos fins-de-semana. Invista todo o seu dinheiro em imobiliário, acções e contas de poupança -espalhe por aí. Passado pouco tempo, será muito rico. Não tenho a certeza de que seja feliz - a maior parte de nós prefere um emprego agradável e gastar dinheiro. Mas boa sorte!
in Visão nº694 (22 a 28 Junho 2006) por Carla Alves Ribeiro
* Tim Harford é o autor do Livro "O Economista Disfarçado"
(Se não souberem o que me oferecer nos anos, que estão aí à porta, podem dar-me este livro ou o "Freakonomics: o Estranho Mundo da Economia - o Lado Escondido de Todas as Coisas" de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, ou um qualquer do Jack Welch, que eu não me importo. Combinem é entre vocês porque só quero um exemplar de cada!)
Há alguma teoria económica que explique porque é que ninguém fala de outra coisa, por estes dias, que não seja o CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL?
Com certeza! Talvez pense que não há nada de interessante no futebol. Mas como pessoa sensível que é, percebe que outras pessoas podem saber coisas que você desconhece. Quer aprender com elas - o que muitas vezes significa fazer o mesmo que elas. Na bolsa de valores, venderá, quando outros venderem, não por ser irracional, mas por pensar que eles sabem mais qualquer coisa. Se vir muitos carros estacionados em cima de um passeio, pode presumir que os condutores sabiam não haver polícias por perto a passar multas, e estacionará ali, com segurança, também. E se toda a gente começar a ver futebol, você também o fará, porque, provavelmente, pensará que outras pessoas conseguem ver alguma coisa que você não ainda não viu. Os economistas chamam a isso «herding theory» («teoria da manada»).
Porque é que Portugal continua a ser o PAÍS MAIS POBRE DA ZONA EURO? Não somos assim tão diferentes dos Camarões?
Enquanto economista sob disfarce, gosto sempre de julgar os países, tendo por base aquilo que vejo e que vivo - e eu não visito Portugal desde o último Europeu de futebol. Portanto, não quero adiantar muito. Mas um dos problemas é que não tem sido fácil montar negócios que criem empregos e produtos que as pessoas queiram comprar. De acordo com o Banco Mundial, no início de 2005, criar uma pequena empresa em Portugal demorava 54 dias. O mesmo tempo que no Quénia e na Bósnia. Agora, Portugal tem um novo sistema de criação de empresas [empresa na hora]. A situação pode, pois, melhorar (não mudará em alguns meses apenas, estas coisas levam o seu tempo). Que outras regras para se fazer negócio poderiam ser simplificadas e tornadas mais rápidas? [Ver http://www.doingbusiness.org/]
Sendo a economia portuguesa, e os portugueses, os mais deprimidos da Europa, porque é que ainda NÃO FUGIMOS TODOS PARA INGLATERRA?
Porventura por causa do bom clima, do peixe, queijo e vinho maravilhosos, ou por causa da importância dos amigos e da família. Economia é sobre aquilo que as pessoas querem, aquilo que recebem e o que fazem - mas não é, necessariamente, sobre dinheiro. Há mais na vida para além disso, e provamo-lo todos, no dia-a-dia.
No século XXII, ESTAREMOS TODOS A FALAR CHINÊS?
É uma boa pergunta, mas duvido que tenha qualquer significado daqui a cem anos. No séc. XIX assistiu-se a um desenvolvimento económico e tecnológico até então nunca visto (Karl Max estava naturalmente maravilhado). O cidadão médio era três vezes mais rico em 1900 do que em 1800. Os anos de 1900 tornaram-se ainda mais velozes. Apesar do comunismo e das duas guerras mundiais, o mundo tornou-se muito mais rico e desenvolveu-se muito mais depressa. O cidadão médio tornou-se oito vezes mais rico. Os dois últimos anos figuram, na História, entre aqueles em que houve mais crescimento económico mundial. E é muito provável que os próximos cem anos mudem ainda mais rapidamente que os últimos cem. A ser assim, não há muito que se possa dizer sobre o ano 2100. Excepto que o mundo estará irreconhecível.
Eu quero muito, MUITO, SER RICO. Por onde devo começar?
Não há problema. Para ser rico, precisa de investir o mais que puder e gastar o menos possível. O melhor investimento é um grau universitário: arranje um, talvez dois. Não gaste nada: viva num apartamento minúsculo e coma apenas pão e água. Arranje o emprego mais bem pago que conseguir, e um segundo emprego, aos fins-de-semana. Invista todo o seu dinheiro em imobiliário, acções e contas de poupança -espalhe por aí. Passado pouco tempo, será muito rico. Não tenho a certeza de que seja feliz - a maior parte de nós prefere um emprego agradável e gastar dinheiro. Mas boa sorte!
in Visão nº694 (22 a 28 Junho 2006) por Carla Alves Ribeiro
* Tim Harford é o autor do Livro "O Economista Disfarçado"
(Se não souberem o que me oferecer nos anos, que estão aí à porta, podem dar-me este livro ou o "Freakonomics: o Estranho Mundo da Economia - o Lado Escondido de Todas as Coisas" de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, ou um qualquer do Jack Welch, que eu não me importo. Combinem é entre vocês porque só quero um exemplar de cada!)
quarta-feira, julho 26, 2006
Speak Easy
As a person with a tendency toward impulsive speech, I've often found it helpful to use an inner protocol that helps me determine whether the remark I'm about to make would be better left unsaid. A teacher of mine once remarked that before you speak, it's a good idea to ask yourself three questions:
She called these questions the three gates of speech; versions of them can be found in many contemporary Buddhist and Hindu teachings. Remembering to ask them will at least give you pause, and that pause can be enough to hold back torrents of trouble.
IS WHAT I'M ABOUT TO SAY TRUE? One thing I like about these questions is that they open up a big space for contemplation. For example, does "true" mean only what is literally true? You know you're lying (hopefully!) when you willfully distort or deny facts. But what about slight exaggerations? If you leave out part of the story, is it still true? And where does opinion fit in? What is the "truth" about your friend's boyfriend, whom she sees as smart and interesting and you see as pretentious and arrogant? In sorting out truth from partial truth, lies or distortions, how do you account for personal perspective, which can alter our view of objective events to the point where two people can see one scene in radically different ways? Over time, you'll want to sort all this out for yourself. But in the short term, asking yourself "Is this true?" is a good way to become aware of certain dicey verbal tendencies — the slight exaggerations, unsupported assertions, and self-justifications that burble out of your mouth. Personally, I give myself a pass on storytelling. But when I catch myself saying in a tone of authority, "Patanjali never would have said that!" I've learned to ask myself, "Do I know that for sure?" Often, I'm forced to admit that I don't.
IS IT KIND? It may seem obvious that some remarks are kind and some are not. But what happens when kindness seems at odds with the truth? Are there certain truths that should not be spoken — even kindly — because they are simply too crushing? Or is it a form of cowardice to suppress a truth that you know will cause pain? What if your words could destroy a friendship, unmake a marriage, or ruin a life — do you speak them?
IS IT NECESSARY? "I've had words literally stick in my throat," a friend once told me, explaining why he had come to the conclusion that, when he's confronted with the conflict between kindness and truth, the best choice is simply to remain silent. But sometimes we must speak out even when we dread the consequences. It's obviously necessary — if we want to prevent wrongdoing — for an employee to let the boss know that the accountant is fudging the books, even if the accountant is a close friend. It's necessary at some point for a doctor to tell a terminally ill patient that she's likely to die soon. It's necessary to let your lover know that you're unhappy with him—before your un-happiness gets to the point where you're ready to pack your bags. But is it necessary to tell your friend that you saw his girlfriend with another guy? Or to join in the daily office discussions of the latest management screw-ups?
A few years ago, a young woman I'll call Greta spoke to me after a workshop. In her early teens, her father had sexually abused her. She'd been working with a therapist, and she'd decided that as part of her healing she needed to confront her father and also tell her sisters about it. She knew that this would shatter her very traditional family, humiliate her father, and perhaps not give her the satisfaction she wanted. She worried deeply about whether she was doing the right thing.
I suggested that Greta ask herself the three questions. To the first question "Is this true?" she had an unequivocal yes. She disposed of the "Is it kind?" question quickly and fiercely, believing that what she was about to do was a form of tough love. It was the third question, "Is this necessary?" that brought up her doubts.
Greta decided that speaking up was necessary, particularly because her sisters were still living at home. The effect on her family has been just as difficult and painful as she had feared; nonetheless, she believes she made the right decision. In this kind of process, we make decisions based on the best criteria we have. The consequences, intended or not, are not always in our hands.
I like to use these questions not as mechanisms for censorship but as reminders, as invitations to speak from the highest level of consciousness I'm capable of at any given moment. We all carry inside us multiple impulses, and we are all capable of operating from many layers of ourselves — from shadowy parts as well as from noble intentions and feelings.
But the magic of words is that they can, in and of themselves, transform our consciousness. Words and thoughts that vibrate at a higher level of resonance can change our inner state as well, and they certainly have an effect on the environment around us.
in "Me Talk Pretty" por Sally Kempton - Yoga Journal, Maio 2006
Is this true?
Is it kind?
Is it necessary?
She called these questions the three gates of speech; versions of them can be found in many contemporary Buddhist and Hindu teachings. Remembering to ask them will at least give you pause, and that pause can be enough to hold back torrents of trouble.
IS WHAT I'M ABOUT TO SAY TRUE? One thing I like about these questions is that they open up a big space for contemplation. For example, does "true" mean only what is literally true? You know you're lying (hopefully!) when you willfully distort or deny facts. But what about slight exaggerations? If you leave out part of the story, is it still true? And where does opinion fit in? What is the "truth" about your friend's boyfriend, whom she sees as smart and interesting and you see as pretentious and arrogant? In sorting out truth from partial truth, lies or distortions, how do you account for personal perspective, which can alter our view of objective events to the point where two people can see one scene in radically different ways? Over time, you'll want to sort all this out for yourself. But in the short term, asking yourself "Is this true?" is a good way to become aware of certain dicey verbal tendencies — the slight exaggerations, unsupported assertions, and self-justifications that burble out of your mouth. Personally, I give myself a pass on storytelling. But when I catch myself saying in a tone of authority, "Patanjali never would have said that!" I've learned to ask myself, "Do I know that for sure?" Often, I'm forced to admit that I don't.
IS IT KIND? It may seem obvious that some remarks are kind and some are not. But what happens when kindness seems at odds with the truth? Are there certain truths that should not be spoken — even kindly — because they are simply too crushing? Or is it a form of cowardice to suppress a truth that you know will cause pain? What if your words could destroy a friendship, unmake a marriage, or ruin a life — do you speak them?
IS IT NECESSARY? "I've had words literally stick in my throat," a friend once told me, explaining why he had come to the conclusion that, when he's confronted with the conflict between kindness and truth, the best choice is simply to remain silent. But sometimes we must speak out even when we dread the consequences. It's obviously necessary — if we want to prevent wrongdoing — for an employee to let the boss know that the accountant is fudging the books, even if the accountant is a close friend. It's necessary at some point for a doctor to tell a terminally ill patient that she's likely to die soon. It's necessary to let your lover know that you're unhappy with him—before your un-happiness gets to the point where you're ready to pack your bags. But is it necessary to tell your friend that you saw his girlfriend with another guy? Or to join in the daily office discussions of the latest management screw-ups?
A few years ago, a young woman I'll call Greta spoke to me after a workshop. In her early teens, her father had sexually abused her. She'd been working with a therapist, and she'd decided that as part of her healing she needed to confront her father and also tell her sisters about it. She knew that this would shatter her very traditional family, humiliate her father, and perhaps not give her the satisfaction she wanted. She worried deeply about whether she was doing the right thing.
I suggested that Greta ask herself the three questions. To the first question "Is this true?" she had an unequivocal yes. She disposed of the "Is it kind?" question quickly and fiercely, believing that what she was about to do was a form of tough love. It was the third question, "Is this necessary?" that brought up her doubts.
Greta decided that speaking up was necessary, particularly because her sisters were still living at home. The effect on her family has been just as difficult and painful as she had feared; nonetheless, she believes she made the right decision. In this kind of process, we make decisions based on the best criteria we have. The consequences, intended or not, are not always in our hands.
I like to use these questions not as mechanisms for censorship but as reminders, as invitations to speak from the highest level of consciousness I'm capable of at any given moment. We all carry inside us multiple impulses, and we are all capable of operating from many layers of ourselves — from shadowy parts as well as from noble intentions and feelings.
But the magic of words is that they can, in and of themselves, transform our consciousness. Words and thoughts that vibrate at a higher level of resonance can change our inner state as well, and they certainly have an effect on the environment around us.
in "Me Talk Pretty" por Sally Kempton - Yoga Journal, Maio 2006
sábado, julho 01, 2006
Enjoy The Silence
Serve o presente post para celebrar o primeiro mês do Baltasar e como aqui ainda não havia nenhuma foto ao colo do pai... Porém, agora só haverá mais fotos quando ele fizer um ano (ou se no entretanto se justificar por alguma razão), uma vez que este blog tende a ser mais que o blog do Baltasar. Além de que ele quer preservar a sua privacidade. Por outro lado quem o quiser ver, sabe onde ele mora e ele até gosta de visitas.
Fiquem com um recorte de jornal!
O tema que vos deixo aqui tem vários significados: o de que o Baltasar gosta do silêncio (assim como gosta de o quebrar quando tem fome), o de que eu gosto de o ter nos meus braços e o de que a partir de hoje haverá silêncio... Apareçam!
"All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm"
"Enjoy The Silence" - Depeche Mode (por Failure)
Fiquem com um recorte de jornal!
O tema que vos deixo aqui tem vários significados: o de que o Baltasar gosta do silêncio (assim como gosta de o quebrar quando tem fome), o de que eu gosto de o ter nos meus braços e o de que a partir de hoje haverá silêncio... Apareçam!
"All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm"
"Enjoy The Silence" - Depeche Mode (por Failure)
quinta-feira, junho 15, 2006
Mama, mama, papa, papa, bebe, bebe, chupa,chupa...
Esta semana tem sido dedicada ao novo elemento da casa. Nem nos apercebemos que existe um mundo lá fora. Portugal marca um golo aos 4m contra Angola, mas isso deixa de ser importante a partir do momento em que o Baltasar começa a chorar. Aliás porque desde esse momento até ao final da partida não vimos mais nada do jogo (e pelos vistos não perdemos muito).
A nossa vida tem sido, chora, mama, caga, limpa, dorme, chora, mama, caga, limpa, dorme... Não sei se conhecem a música dos Reporter Estrábico que se chama "Mamapapa" e cuja letra se repete "Mama, mama. Papa, papa. Bebe, bebe... Toma, toma. Chupa, chupa. Upa, upa. Come, come. Consome, consome" (eu ponho um excerto lá no fim), mas o ritmo é o mais acertado, porque não há muitos momentos de descanso. Quando achamos que podemos relaxar, estamos a perder momentos preciosos em que podíamos dormir ou se não relaxamos, damos em doidos. Sim! Porque de três em três horas, e mesmo de noite, repete-se a história.
Mas mesmo depois de duas noites em que o rapaz, desnorteado, sem saber se eram horas de dormir ou de chorar, não nos deixou dormir, disse-lhe calmamente, quando se acalmava: "Baltasar, podes chorar, mas podes ter a certeza que por maiores que sejam os prejuízos que nos vais trazer, nunca ultrapassarão os lucros de te ter aqui". E ele dormiu.
Ontem já foi passear e hoje passou a tarde toda fora de casa, numa churrascada. Esperemos que ele assim nos permita no futuro.
"Mamapapa" - Repórter Estrábico
quinta-feira, junho 08, 2006
We're A Happy Family
"We're a happy family
We're a happy family
We're a happy family
Me, mom and daddy"
"We're A Happy Family" - Ramones
Esta será o último post desta fase da nossa vida. Admito que o Baltasar (em português é com 's') me fez recomeçar a gostar de fotografar. (Até já tirei uma série de fotografias que me tinham encomendado e que ainda nem sequer tinha começado) E eu que sempre disse que não gostava de tirar fotografias a pessoas. Mutantur, nos et mutantur in illis.
Faz hoje uma semana a Cláudia passou um dia longo e eu fiz de tudo para que o tempo passasse mais depressa. Mas isso parece já tão longe e afinal foi só há UMA semana. As noites são mais curtas, mesmo com paragens de sono para mamar ou mudar a fralda. Os dias passam a correr e nem damos conta que já acabaram quando de repente já começa outro.
Mas, como dizia ontem a um amigo, isto de ser pai é daquelas sensações que me dava nervos quando alguém, que já o tinha sido, a descrevia que me escuso agora, eu, a descrevê-la porque corro o risco de parecer demasiado lamechas ou de provocar as mesmas sensações nos que agora me lêem.
Por isso me fiquei pelas fotografias, porque para além disso é só baba.
(Obrigado a todos os que telefonaram, e-mailaram, SMSaram, messenjaram, comentaram ou pensaram em fazê-lo. Obrigado!)
(Obrigado João pela sugestão da música)
quarta-feira, junho 07, 2006
Hush Little Baby
"Hush, little baby, don't say a word,
Papa's gonna buy you a mockingbird.
If that mockingbird don't sing,
Papa's gonna buy you a diamond ring.
If that diamond ring turns to brass,
Papa's gonna buy you a looking glass.
If that looking glass gets broke,
Papa's gonna buy you a billy-goat.
If that billy-goat won't pull,
Papa's gonna buy you a cart and bull.
If that cart and bull turns over,
Papa's gonna buy you a dog named Rover.
If that dog named Rover won't bark,
Papa's gonna buy you a horse and cart.
If that horse and cart falls down,
You'll still be the sweetest little baby in town."
"Hush Little Baby" - Tradicional (interpretado por The Horse Flies)
terça-feira, junho 06, 2006
Happy House
"This is the happy house,
We're happy here,
In the happy house,
Oh! It's such fun!"
"Happy House" - Siouxsie And The Banshees
Aqui na Happy House hoje as coisas transitaram entre a alegria de retornar a casa, o desespero de um choro sem saber porquê e a calma de um sono profundo depois de um banho quente. It's such fun!
segunda-feira, junho 05, 2006
Baltazar
"Baltazar"
E para quem não leu um post que coloquei aqui há um ano e meio... Ah! E não! Não foi por causa das férias na Croácia (ex-Juguslávia) que ficou o nome.
domingo, junho 04, 2006
Canção de Embalar
"Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti"
"Canção de Embalar" - Zeca Afonso (interpretado por Jacinta)
sábado, junho 03, 2006
All Is Full Of Love
"you'll be given love
you'll be taken care of
you'll be given love
you have to trust it
...
all is full of love
all is full of love
all is full of love
all is full of love
all is full of love"
"All Is Full Of Love" - Björk
sexta-feira, junho 02, 2006
Softly
"Softly
Kissing you as you lie sleeping
Breathing
Gently with you in your slumber
Your face is the picture of contentment
My angel's dreaming, my angel's dreaming
(So happy with you)
I'm so happy with you"
"Softly" - Lamb
quinta-feira, junho 01, 2006
Into My Arms
"I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms"
"Into My Arms" - Nick Cave & The Bad Seeds
Nasceu hoje no Hospital de Aveiro às 22:21 com 2,340Kg o nosso filho, que ainda não tem nome próprio, mas que está bem. A mãe também está boa e feliz.
Um dia da Criança como não há memória cá em casa.
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms"
"Into My Arms" - Nick Cave & The Bad Seeds
Nasceu hoje no Hospital de Aveiro às 22:21 com 2,340Kg o nosso filho, que ainda não tem nome próprio, mas que está bem. A mãe também está boa e feliz.
Um dia da Criança como não há memória cá em casa.
segunda-feira, maio 29, 2006
(Ex)Citação XXIII
"Não existe uma casa, a não ser que a encontres dentro de ti mesmo!."
Osho
quinta-feira, maio 25, 2006
No meu Moleskine (3)
Desde puto que atraio malucos. Quando entrava num bar e se lá havia um bêbado, este, a primeira coisa que fazia era vir falar comigo.
Conhecia os maliquinhos todos do Bairro. O Quim confessava-me que as telenovelas brasileiras lhe faziam mal por causa das "gajas boas". E os drogados eram todos meus amigos, sendo muitas vezes associado a eles.
Na Universidade tinha um amigo que se divertia a partir dispositivos de incêndio para ouvir o som do alarme. Era o meu melhor "amigo" na Fac. de Ciências da Universidade do Porto.
Em Aveiro conhecia-os a todos. Do "Trafaria" que maluco não tinha nada ao "Stevan" que era o melhor aluno de Ambiente, mesmo sendo alcoólico, passando pelo Ramalheira, que vomitou numa prova de BTT porque começou o dia com um copo de leite.
No emprego, prefiro nem falar, porque me posso comprometer, mas...
E até nas mulheres. Namorei com a "Gasolina" depois com a "Botas da Tropa", mas sempre me aproximei de pessoas "extravagantes". A Cláudia não é excepção, ela própria uma pessoa singular.
E há outros casos que me escuso a falar.
Mas só me rodeio de "loucos", "malucos", "deslocados", "extravagantes" ou "freaks". Porquê esta atracção?
in Moleskine (2) 23/09/2005 23:24
Conhecia os maliquinhos todos do Bairro. O Quim confessava-me que as telenovelas brasileiras lhe faziam mal por causa das "gajas boas". E os drogados eram todos meus amigos, sendo muitas vezes associado a eles.
Na Universidade tinha um amigo que se divertia a partir dispositivos de incêndio para ouvir o som do alarme. Era o meu melhor "amigo" na Fac. de Ciências da Universidade do Porto.
Em Aveiro conhecia-os a todos. Do "Trafaria" que maluco não tinha nada ao "Stevan" que era o melhor aluno de Ambiente, mesmo sendo alcoólico, passando pelo Ramalheira, que vomitou numa prova de BTT porque começou o dia com um copo de leite.
No emprego, prefiro nem falar, porque me posso comprometer, mas...
E até nas mulheres. Namorei com a "Gasolina" depois com a "Botas da Tropa", mas sempre me aproximei de pessoas "extravagantes". A Cláudia não é excepção, ela própria uma pessoa singular.
E há outros casos que me escuso a falar.
Mas só me rodeio de "loucos", "malucos", "deslocados", "extravagantes" ou "freaks". Porquê esta atracção?
in Moleskine (2) 23/09/2005 23:24
quarta-feira, maio 24, 2006
Planear?
Durante a minha vida profissional trabalhei por diversas vezes fora do país. No meu currículo saliento os períodos em que vivi, ou estive destacado em trabalho, em três países do G8 (Estados Unidos da América, Japão e Inglaterra). Porém, já trabalhei por menor períodos em mais dois países desse grupo (França e Alemanha). E, já visitei a Finlândia (onde estive quase a estagiar no final da minha licenciatura) e a Irlanda, os tão aclamados exemplos europeus de países pequenos e periféricos com economias competitivas e de sucesso. Durante todas estas experiências de trabalho, fi-lo em contacto directo com europeus, americanos, asiáticos e africanos.
De todas estas experiências, mais ou menos longas, ou mais ou menos importantes, o que retiro é que nós, portugueses, somos bons profissionais. Não somos menos produtivos que os indivíduos de outras origens. É tudo uma questão de organização, gestão, formação e liderança.
E, nesse sentido saliento a organização inglesa. Os ingleses são conhecidos pela pontualidade, são muito metódicos e fazem uma análise muito cuidada dos "imprevistos" que podem ocorrer durante um projecto. Fazem planos! E estudam os projectos antes de os porém em prática. Eu acredito que os descobrimentos não teriam acontecido se o Infante D. Henrique não fosse fruto da capacidade empreendedora e de improviso dos portugueses aliada a uma educação inglesa originária da sua mãe Filipa de Lencastre (Lancaster).
Há dias um jovem empresário português exaltava a nossa capacidade de improviso, o vulgar "desenrascanço", e salientava o facto de os marinheiros portugueses, em tempos idos, serem contratados, por outras nações de exploradores, para fazerem parte das suas tripulações e cuja função era a do controlo do navio em caso de emergência. Mas esse mito conta também que a esses marinheiros não era permitido fazer mais nada para além disso no navio, porque a sua capacidade de improviso, sem controlo, podia pôr em causa a segurança de um navio organizado.
O mesmo empresário, na mesma conversa, disse-me que não planeava porque "perdia" quase tanto tempo a fazer o plano que a executar o projecto. Pois, na verdade quase todos os standards de gestão de projectos dizem que o planeamento é cerca de 40% do projecto, ou seja, se a execução será 50% a verdade é que planear demora quase tanto tempo como executar o projecto. A diferença é que em Portugal sem planeamento atingem-se os níveis de estabilidade ao mesmo tempo que o projecto demora a produzir um produto fiável "lá fora". E com planeamento se o produto precisar de ser melhorado sê-lo-á facilmente, colocando-se um produto novo no mercado em muito pouco tempo. Além de que quem planeia aprende a projectar produtos e sem planeamento vão se fazendo projectos.
Um amigo meu a estagiar na Irlanda, na HP, dizia-me há dias que por vezes se sentia deslocado, porque com a sua rotina diária de trabalho não tinha noção que estava na "grande HP". Ele, como a maioria de nós, imaginara que uma empresa de renome internacional e com uma dimensão planetária funcionaria de uma maneira completamente diferente daquilo que estamos habituados. Pois, na verdade, ele estava a ter a melhor das experiências que um estagiário português no estrangeiro pode trazer para "cá", a de que somos capazes de produzir e de competir "lá fora" com empresas como a "grande HP". Se quisermos!
Outro empresário, da mesma área, dizia-me que não se sente com capacidades técnicas para competir "lá fora". Porque "lá fora", "eles" estão mais preparados tecnicamente que "nós". Hoje em dia já não existe o "lá fora", porque as fronteiras deixaram de existir (ainda mais na área das TIs onde ele tem o seu negócio) e "eles" somos "nós". Eu lembra-me quando era miúdo que se dizia que ao atravessar a fronteira as estradas eram melhores, o sol era mais forte e as vacas davam mais leite. Na verdade, já não é tanto assim (embora a gasolina "lá" seja muito mais barata) e a vaca da vizinha não dá mais leite que a minha.
Vão lá e mujam-na e verão que o leite da vaca é branco e a quantidade e qualidade do que ela produz é tanta coma as das nossas vacas! Mas primeiro organizem-se e planeiem, porque "quem vai para o mar avia-se em terra"!
De todas estas experiências, mais ou menos longas, ou mais ou menos importantes, o que retiro é que nós, portugueses, somos bons profissionais. Não somos menos produtivos que os indivíduos de outras origens. É tudo uma questão de organização, gestão, formação e liderança.
E, nesse sentido saliento a organização inglesa. Os ingleses são conhecidos pela pontualidade, são muito metódicos e fazem uma análise muito cuidada dos "imprevistos" que podem ocorrer durante um projecto. Fazem planos! E estudam os projectos antes de os porém em prática. Eu acredito que os descobrimentos não teriam acontecido se o Infante D. Henrique não fosse fruto da capacidade empreendedora e de improviso dos portugueses aliada a uma educação inglesa originária da sua mãe Filipa de Lencastre (Lancaster).
Há dias um jovem empresário português exaltava a nossa capacidade de improviso, o vulgar "desenrascanço", e salientava o facto de os marinheiros portugueses, em tempos idos, serem contratados, por outras nações de exploradores, para fazerem parte das suas tripulações e cuja função era a do controlo do navio em caso de emergência. Mas esse mito conta também que a esses marinheiros não era permitido fazer mais nada para além disso no navio, porque a sua capacidade de improviso, sem controlo, podia pôr em causa a segurança de um navio organizado.
O mesmo empresário, na mesma conversa, disse-me que não planeava porque "perdia" quase tanto tempo a fazer o plano que a executar o projecto. Pois, na verdade quase todos os standards de gestão de projectos dizem que o planeamento é cerca de 40% do projecto, ou seja, se a execução será 50% a verdade é que planear demora quase tanto tempo como executar o projecto. A diferença é que em Portugal sem planeamento atingem-se os níveis de estabilidade ao mesmo tempo que o projecto demora a produzir um produto fiável "lá fora". E com planeamento se o produto precisar de ser melhorado sê-lo-á facilmente, colocando-se um produto novo no mercado em muito pouco tempo. Além de que quem planeia aprende a projectar produtos e sem planeamento vão se fazendo projectos.
Um amigo meu a estagiar na Irlanda, na HP, dizia-me há dias que por vezes se sentia deslocado, porque com a sua rotina diária de trabalho não tinha noção que estava na "grande HP". Ele, como a maioria de nós, imaginara que uma empresa de renome internacional e com uma dimensão planetária funcionaria de uma maneira completamente diferente daquilo que estamos habituados. Pois, na verdade, ele estava a ter a melhor das experiências que um estagiário português no estrangeiro pode trazer para "cá", a de que somos capazes de produzir e de competir "lá fora" com empresas como a "grande HP". Se quisermos!
Outro empresário, da mesma área, dizia-me que não se sente com capacidades técnicas para competir "lá fora". Porque "lá fora", "eles" estão mais preparados tecnicamente que "nós". Hoje em dia já não existe o "lá fora", porque as fronteiras deixaram de existir (ainda mais na área das TIs onde ele tem o seu negócio) e "eles" somos "nós". Eu lembra-me quando era miúdo que se dizia que ao atravessar a fronteira as estradas eram melhores, o sol era mais forte e as vacas davam mais leite. Na verdade, já não é tanto assim (embora a gasolina "lá" seja muito mais barata) e a vaca da vizinha não dá mais leite que a minha.
Vão lá e mujam-na e verão que o leite da vaca é branco e a quantidade e qualidade do que ela produz é tanta coma as das nossas vacas! Mas primeiro organizem-se e planeiem, porque "quem vai para o mar avia-se em terra"!
sexta-feira, maio 19, 2006
Será que?
Sempre fui criticado por ter tido muitos empregos, nos primeiros anos do meu currículo. Depois disso e durante anos dediquei-me quase a 100% a uma empresa só. A educação que tivemos fazem-nos pensar que um emprego é para o resto da vida, mas um dia as coisas acontecem e apercebemo-nos que afinal de contas estivemos ausentes de nós próprios e de repente despertamos para a realidade. Durante este período, não fomos nós, mas sim aquilo que alguém queria que nós fossemos. Um trabalhador exemplar. Um engenheiro "à-moda-antiga" que se dedica ao trabalho e que se esquece do que mais gosta. Esquece-se da família, dos amigos e dos hobbies.
Estar parado tem-me ajudado a pensar que se não dedicar bastante tempo àquilo que realmente gosto na verdade vou-me sempre sentir frustado. E que não sei até que ponto é que a engenharia me faz sentir verdadeiramente completo. Se calhar essas mudanças de emprego são um sinal disso, apenas eu não o vi. Acho que o que me fez ficar tanto tempo naquela empresa foram outras coisas que não a engenharia. Foram o bom ambiente no grupo de trabalho, os constantes contactos internacionais, as frequentes formações e as minhas funções de gestão.
Começo a achar que tenho que escolher um emprego que me permita conviver com pessoas de bem, onde tenha contactos internacionais, onde possa aprender e onde desempenhe uma função de gestão. O problema é que no currículo tenho apenas como formação académica Engenharia. Tenho que arranjar uma formação de Gestão.
Estar parado tem-me ajudado a pensar que se não dedicar bastante tempo àquilo que realmente gosto na verdade vou-me sempre sentir frustado. E que não sei até que ponto é que a engenharia me faz sentir verdadeiramente completo. Se calhar essas mudanças de emprego são um sinal disso, apenas eu não o vi. Acho que o que me fez ficar tanto tempo naquela empresa foram outras coisas que não a engenharia. Foram o bom ambiente no grupo de trabalho, os constantes contactos internacionais, as frequentes formações e as minhas funções de gestão.
Começo a achar que tenho que escolher um emprego que me permita conviver com pessoas de bem, onde tenha contactos internacionais, onde possa aprender e onde desempenhe uma função de gestão. O problema é que no currículo tenho apenas como formação académica Engenharia. Tenho que arranjar uma formação de Gestão.
terça-feira, abril 11, 2006
: : : 1-big-O [v19.0]
«Todos os dias estamos a aprender qualquer coisa e é na diferença que estamos a aprender»
Rui Gonçalves conta a sua experiência de «retorno ao Japão» através da exposição «nihon ni kaerimasu»
«Nihon ni kaerimasu», da autoria de Rui Gonçalves, é a exposição de fotografia e texto que está patente na Livraria o Navio de Espelhos até dia 7 de Abril, amanhã.
Esta exposição resulta de uma experiência de trabalho no Japão, em 2003, que Rui Gonçalves descreve como bastante intensa. É esta experiência pessoal que o autor procura compartilhar com o público. Tanto através das fotografias, como através dos textos. Durante uma conversa no espaço da Livraria o Navio de Espelhos, Rui Gonçalves partilhou com o CLIP alguns pormenores desta experiência e do conjunto ali exposto.
Esta exposição resulta de uma experiência de trabalho que o levou ao Japão. Tendo em conta que não faz da fotografia profissão, de que forma enquadra esta nas suas actividades em geral?
Eu sou licenciado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações. Mas digamos que o trabalho é uma coisa e a tua vida é outra. Embora hajam muitas pessoas que fazem aquilo que gostam, como o outro diz «sermos felizes era pagarem-nos por aquilo que faríamos de graça», a verdade é que nós fazemos muita coisa de graça que não nos dá dinheiro para sermos felizes. Então, para sermos felizes, temos que ir ganhar dinheiro numa profissão que muitas vezes não é necessariamente aquilo que nos preenche por completo. E procuramos escapes. Eu tenho a fotografia como tenho outras coisas como escape. Como faço BTT, como faço montanha, como faço outras coisas.
Portanto, a fotografia é um hobbie?
Para aí há dois anos era mais do que é agora. Não tenho tirado muitas fotografias ultimamente. Mas, por exemplo, no Japão estive sozinho e sou uma pessoa que gosta muito de observar. Aliás, a exposição não é só de fotografia também tem textos. E muitos deles são observações daquilo que se passava à minha volta. Com isso, tento trazer um pouco daquilo que observei lá (e noutros sítios). Ou, mesmo cá, uso a máquina não para guardar os momentos que vivo (esses só mesmo contando ou lembrando), mas para enquadrar certos pormenores que às vezes são difíceis de contar por palavras.
«Nihon ni kaerimasu» é o nome da exposição (suponho que é japonês). Em algumas palavras, como traduziria este título? Qual o porquê deste título?
«Nihon» é Japão, «ni», em japonês utilizam-se sempre elementos de ligação entre duas palavras, liga a um lugar, «kaerimasu» é retornar, de presente. Eles lêem de trás para a frente, portanto, traduz-se «retorno ao Japão». Este título porque, na segunda vez que voltei ao Japão a primeira crónica que escrevi foi «retornei a Kamoi», que era a cidade onde estava. E escrevi em japonês assim, «Kamoi ni kaerimasu». Então, acho que este título serve para tentar dizer que esta é também é uma viagem de regresso. Eu fui lá e agora voltei lá, mas trouxe comigo as coisas que me permitem mostrar às pessoas o que é estar lá. No sentido em que é o meu retorno mas, para quem vê, se calhar não é um retorno. É um «abrir de olhos» provavelmente.
Descreve que o período em que esteve no Japão foi de tal modo intenso que o levou a «cultivar um fascínio especial pelo país». Com que aspectos da cultura japonesa e do país se prende esse fascínio?
Acho que todo e qualquer português tem um fascínio enorme pelo Japão. Eu tinha-o antes de ir. Na inauguração da exposição esteve presente um colega que esteve comigo no Japão. E a última pergunta que nos fizeram aos dois foi «Passando por isso tudo que vocês passaram lá, voltavam ao Japão?». A resposta foi «Voltávamos». Porque foi um período curto de tempo (2 meses em duas vezes) e durante esse período de tempo a intensidade das coisas era tão grande. E não só em termos visuais, mas em termos culturais, em termos de vivência, em termos de trabalho. Tudo era tão intenso que eu voltaria outra vez para experimentar tudo mais uma vez. Obviamente que, de cada vez que cheguei a Portugal, eu não queria ouvir falar do Japão. É difícil quando chegamos, pois estamos muito cansados. Mas o Japão é um país cheio de estímulos. Eu dou o exemplo de quando fui a África, há pouco tempo. A América não é tão diferente da Europa, apesar de ser diferente. Mas nós vamos a África e é um encher de estímulos completamente diferente dos nossos. E a Ásia é igual. O Japão por ser um país muito mais desenvolvido, muito mais populoso e a maneira intensa como se vivem as coisas, torna-se fascinante. O Japão não um país propriamente de belezas naturais (embora as tenha, só que eu não as vi), mas a cultura em si, o próprio ritmo de trabalho e as pessoas são fascinantes por serem muito diferentes. Todos os dias estamos a aprender qualquer coisa e é na diferença que estamos a aprender.
De que forma é que esses aspectos se exprimem nas fotografias que nos apresenta nesta exposição?
Eu preparei esta exposição há algum tempo. E fui pondo de parte as fotografias que achava que mais tinham a ver com os textos, mais do que escolher as melhores fotografias que tinha do Japão. Porque pretendia pôr as duas coisas. Provavelmente, algumas das fotografias escolhidas, se não tivessem os textos, não diziam nada a ninguém. E fui seleccionando as fotografias em função desta ideia. Inicialmente, fiz uma proposta para fazer a exposição para o «Anime Weekend» que foi recusada, por falta de dinheiro. Mas a exposição estava preparada e, portanto, a exposição veio para aqui [Livraria O Navio de Espelhos]. E foram as fotografias que já estavam, que não são necessariamente as melhores fotografias que tenho, mas foram aquelas que eu fui vendo que se enquadravam umas com as outras e com os textos.
E, no fundo, como é que se relaciona a fotografia e o texto neste trabalho?
A maior parte dos textos foi escrita quando eu estava lá. Eu retirei os textos das «Crónicas Depois Da Califórnia», que são textos que eu escrevia para os amigos quando estava lá, e que estão online. A maior parte das fotografias que estão aqui não foram tiradas a pensar nos textos, nem os textos a pensar nessas (fotografias. Foi a posteriori que fui vendo as fotografias e li os textos e vi as fotografias que se encaixavam melhor com os textos. Porque a ideia global é mostrar o que foi o Japão para mim. Daí o retorno meu ao Japão. Provavelmente, se olharmos para as fotografias até parece um sítio mais ou menos paradisíaco mas se lermos os textos que estão com algumas fotografias ficamos a perceber que o mundo não é assim tão fácil. E os textos enquadram-se nisso, são exactamente como escrevi no momento em estava lá.
Nesse caso, o texto e a fotografia podem funcionar de forma independente?
Os textos funcionam. Estão online no meu website, e as pessoas podem lê-lo na altura. As fotografias provavelmente as pessoas nunca as viram. Se pusesse aqui as fotografias sem os textos provavelmente o retorno não seria o mesmo para qualquer pessoa que viesse cá. E se expusesse os textos sem as fotografias, então não se percebia nada. No fundo a uma coisa tem que estar com a outra. E a ideia da exposição partiu daí. Não é só uma exposição de fotografia, do meu ponto de vista.
Pensa, ainda, vir a expor um conjunto mais alargado das fotografias que resultaram desta experiência no Japão?
É difícil. Normalmente quando faço uma exposição não a repito. Mas, haveria espaço para colocar mais fotografias. Após ter apresentado a proposta para esta exposição não tive tempo para preparar mais material. Então, fiz uma apresentação oral, falei sobre as fotografias e permiti que as pessoas me fizessem perguntas. Para tentar partilhar a experiência. Mais do que expor fotografias, partilhar a experiência.
No futuro poderemos esperar mais exposições de fotografia da sua autoria?
Bom, não sei. O que estou afazer neste momento, é um projecto com uma amiga minha que produz vinho. Estou a tentar fazer um projecto de um ano, provavelmente, desde a vinha em bruto, a crescer, a apanha da uva, o fazer o vinho. Pode ser que depois este trabalho resulte numa exposição, em conjunto com ela.
O CLIP pede desculpa a Rui Gonçalves pela publicação tardia desta entrevista que, por motivos técnicos, não foi publicada na edição anterior. Para aqueles que não tenham oportunidade de ver esta exposição ao vivo até amanhã, recomenda-se que espreitem o site pessoal do autor (http://ruigo.net/fotog/expo/nihon), onde poderão encontrar as fotografias e os textos originais dos excertos que a compõem, «Crónicas depois da Califórnia», escritos por Rui Gonçalves durante a sua estadia no Japão.
Cristina Fernandes
Outros trabalhos em Fotografia:
Março de 2001, exposição no 4S Concurso Nacional para Fotógrafos Amadores no FOTIMAG / Exponor; Setembro de 2001, foto vencedora no concurso Foto do Mês do Exit.pt; 2001/2002, foto vencedora de concurso de fotografia no NetViagens.com; menção honrosa no «Salón Internacional de Fotografia por Internet» do Centro Argentino de Fotografia.
in CLIP (suplemento do Diário de Aveiro) em 06/04/2006
Rui Gonçalves conta a sua experiência de «retorno ao Japão» através da exposição «nihon ni kaerimasu»
«Nihon ni kaerimasu», da autoria de Rui Gonçalves, é a exposição de fotografia e texto que está patente na Livraria o Navio de Espelhos até dia 7 de Abril, amanhã.
Esta exposição resulta de uma experiência de trabalho no Japão, em 2003, que Rui Gonçalves descreve como bastante intensa. É esta experiência pessoal que o autor procura compartilhar com o público. Tanto através das fotografias, como através dos textos. Durante uma conversa no espaço da Livraria o Navio de Espelhos, Rui Gonçalves partilhou com o CLIP alguns pormenores desta experiência e do conjunto ali exposto.
Esta exposição resulta de uma experiência de trabalho que o levou ao Japão. Tendo em conta que não faz da fotografia profissão, de que forma enquadra esta nas suas actividades em geral?
Eu sou licenciado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações. Mas digamos que o trabalho é uma coisa e a tua vida é outra. Embora hajam muitas pessoas que fazem aquilo que gostam, como o outro diz «sermos felizes era pagarem-nos por aquilo que faríamos de graça», a verdade é que nós fazemos muita coisa de graça que não nos dá dinheiro para sermos felizes. Então, para sermos felizes, temos que ir ganhar dinheiro numa profissão que muitas vezes não é necessariamente aquilo que nos preenche por completo. E procuramos escapes. Eu tenho a fotografia como tenho outras coisas como escape. Como faço BTT, como faço montanha, como faço outras coisas.
Portanto, a fotografia é um hobbie?
Para aí há dois anos era mais do que é agora. Não tenho tirado muitas fotografias ultimamente. Mas, por exemplo, no Japão estive sozinho e sou uma pessoa que gosta muito de observar. Aliás, a exposição não é só de fotografia também tem textos. E muitos deles são observações daquilo que se passava à minha volta. Com isso, tento trazer um pouco daquilo que observei lá (e noutros sítios). Ou, mesmo cá, uso a máquina não para guardar os momentos que vivo (esses só mesmo contando ou lembrando), mas para enquadrar certos pormenores que às vezes são difíceis de contar por palavras.
«Nihon ni kaerimasu» é o nome da exposição (suponho que é japonês). Em algumas palavras, como traduziria este título? Qual o porquê deste título?
«Nihon» é Japão, «ni», em japonês utilizam-se sempre elementos de ligação entre duas palavras, liga a um lugar, «kaerimasu» é retornar, de presente. Eles lêem de trás para a frente, portanto, traduz-se «retorno ao Japão». Este título porque, na segunda vez que voltei ao Japão a primeira crónica que escrevi foi «retornei a Kamoi», que era a cidade onde estava. E escrevi em japonês assim, «Kamoi ni kaerimasu». Então, acho que este título serve para tentar dizer que esta é também é uma viagem de regresso. Eu fui lá e agora voltei lá, mas trouxe comigo as coisas que me permitem mostrar às pessoas o que é estar lá. No sentido em que é o meu retorno mas, para quem vê, se calhar não é um retorno. É um «abrir de olhos» provavelmente.
Descreve que o período em que esteve no Japão foi de tal modo intenso que o levou a «cultivar um fascínio especial pelo país». Com que aspectos da cultura japonesa e do país se prende esse fascínio?
Acho que todo e qualquer português tem um fascínio enorme pelo Japão. Eu tinha-o antes de ir. Na inauguração da exposição esteve presente um colega que esteve comigo no Japão. E a última pergunta que nos fizeram aos dois foi «Passando por isso tudo que vocês passaram lá, voltavam ao Japão?». A resposta foi «Voltávamos». Porque foi um período curto de tempo (2 meses em duas vezes) e durante esse período de tempo a intensidade das coisas era tão grande. E não só em termos visuais, mas em termos culturais, em termos de vivência, em termos de trabalho. Tudo era tão intenso que eu voltaria outra vez para experimentar tudo mais uma vez. Obviamente que, de cada vez que cheguei a Portugal, eu não queria ouvir falar do Japão. É difícil quando chegamos, pois estamos muito cansados. Mas o Japão é um país cheio de estímulos. Eu dou o exemplo de quando fui a África, há pouco tempo. A América não é tão diferente da Europa, apesar de ser diferente. Mas nós vamos a África e é um encher de estímulos completamente diferente dos nossos. E a Ásia é igual. O Japão por ser um país muito mais desenvolvido, muito mais populoso e a maneira intensa como se vivem as coisas, torna-se fascinante. O Japão não um país propriamente de belezas naturais (embora as tenha, só que eu não as vi), mas a cultura em si, o próprio ritmo de trabalho e as pessoas são fascinantes por serem muito diferentes. Todos os dias estamos a aprender qualquer coisa e é na diferença que estamos a aprender.
De que forma é que esses aspectos se exprimem nas fotografias que nos apresenta nesta exposição?
Eu preparei esta exposição há algum tempo. E fui pondo de parte as fotografias que achava que mais tinham a ver com os textos, mais do que escolher as melhores fotografias que tinha do Japão. Porque pretendia pôr as duas coisas. Provavelmente, algumas das fotografias escolhidas, se não tivessem os textos, não diziam nada a ninguém. E fui seleccionando as fotografias em função desta ideia. Inicialmente, fiz uma proposta para fazer a exposição para o «Anime Weekend» que foi recusada, por falta de dinheiro. Mas a exposição estava preparada e, portanto, a exposição veio para aqui [Livraria O Navio de Espelhos]. E foram as fotografias que já estavam, que não são necessariamente as melhores fotografias que tenho, mas foram aquelas que eu fui vendo que se enquadravam umas com as outras e com os textos.
E, no fundo, como é que se relaciona a fotografia e o texto neste trabalho?
A maior parte dos textos foi escrita quando eu estava lá. Eu retirei os textos das «Crónicas Depois Da Califórnia», que são textos que eu escrevia para os amigos quando estava lá, e que estão online. A maior parte das fotografias que estão aqui não foram tiradas a pensar nos textos, nem os textos a pensar nessas (fotografias. Foi a posteriori que fui vendo as fotografias e li os textos e vi as fotografias que se encaixavam melhor com os textos. Porque a ideia global é mostrar o que foi o Japão para mim. Daí o retorno meu ao Japão. Provavelmente, se olharmos para as fotografias até parece um sítio mais ou menos paradisíaco mas se lermos os textos que estão com algumas fotografias ficamos a perceber que o mundo não é assim tão fácil. E os textos enquadram-se nisso, são exactamente como escrevi no momento em estava lá.
Nesse caso, o texto e a fotografia podem funcionar de forma independente?
Os textos funcionam. Estão online no meu website, e as pessoas podem lê-lo na altura. As fotografias provavelmente as pessoas nunca as viram. Se pusesse aqui as fotografias sem os textos provavelmente o retorno não seria o mesmo para qualquer pessoa que viesse cá. E se expusesse os textos sem as fotografias, então não se percebia nada. No fundo a uma coisa tem que estar com a outra. E a ideia da exposição partiu daí. Não é só uma exposição de fotografia, do meu ponto de vista.
Pensa, ainda, vir a expor um conjunto mais alargado das fotografias que resultaram desta experiência no Japão?
É difícil. Normalmente quando faço uma exposição não a repito. Mas, haveria espaço para colocar mais fotografias. Após ter apresentado a proposta para esta exposição não tive tempo para preparar mais material. Então, fiz uma apresentação oral, falei sobre as fotografias e permiti que as pessoas me fizessem perguntas. Para tentar partilhar a experiência. Mais do que expor fotografias, partilhar a experiência.
No futuro poderemos esperar mais exposições de fotografia da sua autoria?
Bom, não sei. O que estou afazer neste momento, é um projecto com uma amiga minha que produz vinho. Estou a tentar fazer um projecto de um ano, provavelmente, desde a vinha em bruto, a crescer, a apanha da uva, o fazer o vinho. Pode ser que depois este trabalho resulte numa exposição, em conjunto com ela.
O CLIP pede desculpa a Rui Gonçalves pela publicação tardia desta entrevista que, por motivos técnicos, não foi publicada na edição anterior. Para aqueles que não tenham oportunidade de ver esta exposição ao vivo até amanhã, recomenda-se que espreitem o site pessoal do autor (http://ruigo.net/fotog/expo/nihon), onde poderão encontrar as fotografias e os textos originais dos excertos que a compõem, «Crónicas depois da Califórnia», escritos por Rui Gonçalves durante a sua estadia no Japão.
Cristina Fernandes
Outros trabalhos em Fotografia:
Março de 2001, exposição no 4S Concurso Nacional para Fotógrafos Amadores no FOTIMAG / Exponor; Setembro de 2001, foto vencedora no concurso Foto do Mês do Exit.pt; 2001/2002, foto vencedora de concurso de fotografia no NetViagens.com; menção honrosa no «Salón Internacional de Fotografia por Internet» do Centro Argentino de Fotografia.
in CLIP (suplemento do Diário de Aveiro) em 06/04/2006
quarta-feira, abril 05, 2006
segunda-feira, abril 03, 2006
A minha vida dava um filme do Alfred Hitchcock (pt. 8)
Há umas semanas recebi uma carta para ir prestar depoimento ao Mistério Púbico (N.R.: Nome fictício) de Aveiro, relativamente à queixa-crime, sobre desconhecido por uso abusivo dos meus dados, que apresentei na polícia em dezembro do ano passado.
Na data prevista, uns 10 minutos antes da hora prevista, dirijo-me ao edifício do Tribunal e apresento-me na recepção com a carta de notificação.
- "É naquela sala!" – aponta a senhora, para o canto mais escuro do edifício - "Pergunte à senhora que está no guichet à entrada."
Atravessei o hall e andei cerca de 20 metros para encontrar por detrás da porta daquela sala apontada, um outro guichet onde uma senhora, mais ou menos da mesma idade, me disse, depois de olhar para a notificação:
- "É ali naquele balcão!" – apontou para o fim da sala - "Pode sentar-se e aguardar!"
"Lindo! Não era mais simples usar umas placas?" – pensei eu e sentei-me. Reconheço uma cara conhecida, que se levanta da secretária e dirige-se a mim. Apresento-lhe a notificação e depois de consultar um colega, diz-me para aguardar.
No entretanto reparo numa rapariga gira, bem vestida, de pé e com um portátil a tiracolo que muda de perna de apoio como se estivesse impaciente. Aparentemente estava ali antes de mim... Mas um dos funcionários, mais novo e com ar de engatatão, vem à frente e pede-lhe desculpa, porque aparentemente ninguém a tinha visto. Como se fosse possível...
Nessa altura sou chamado pelo funcionário que está a tratar do "meu caso". Um homem de meia idade com ar de quem não gosta muito de ali estar, mas que poucas outras chances teve na vida. Sento-me junto à sua secretária para fazer o meu depoimento. E começa ele:
- "Explique-me lá o que se passou!" - e começo com a triste história do abuso de identidade (vide episódios anteriores desta série). E acrescento os dados novos sobre a conta bancária, que ainda não faziam parte do processo, porque não eram conhecidas à data da queixa.
- "O senhor sabe que isto não vai dar em nada? Não se preocupe, o que mais há por aí é casos desses e não dão em nada." – diz-me ele com ar de quem não está para se preocupar muito com o meu depoimento – "Tem a certeza que quer manter a queixa?"
- "Obviamente! Até que estejam as coisas resolvidas e a minha inocência seja provada a queixa mantém-se!" – digo eu convicto.
- "Ok! Então vamos escrever o seu depoimento!" - diz ele com algum tédio.
E pega num modelo de depoimento com o típico "No dia tantos do tal o depoente fulano de tal declarou que"... ao que acrescentou, mais à frente, conforme
- "A assinatura não é a minha, embora a escrita de alguns dos nomes sejam parecidos, como se tivesse tido acesso a parte da minha assinatura!" – eu depus.
Ao que ele escreveu:
- "o deopetne dclaruo equ a assiantrura no contratco não è a sua mas quie amdiety podasa ser mer portew semerlasmntrew" - parando de seguida a contemplar a sua escrita e voltou atrás ao início da frase e apagou e voltou a escrever palavra a palavra até que finalmente ficou:
- "o depoente declarou que a assinatura no contracto não è a sua mas que admite possa ser em porte semelhante."
E continuamos assim durante duas páginas de depoimento.
Na data prevista, uns 10 minutos antes da hora prevista, dirijo-me ao edifício do Tribunal e apresento-me na recepção com a carta de notificação.
- "É naquela sala!" – aponta a senhora, para o canto mais escuro do edifício - "Pergunte à senhora que está no guichet à entrada."
Atravessei o hall e andei cerca de 20 metros para encontrar por detrás da porta daquela sala apontada, um outro guichet onde uma senhora, mais ou menos da mesma idade, me disse, depois de olhar para a notificação:
- "É ali naquele balcão!" – apontou para o fim da sala - "Pode sentar-se e aguardar!"
"Lindo! Não era mais simples usar umas placas?" – pensei eu e sentei-me. Reconheço uma cara conhecida, que se levanta da secretária e dirige-se a mim. Apresento-lhe a notificação e depois de consultar um colega, diz-me para aguardar.
No entretanto reparo numa rapariga gira, bem vestida, de pé e com um portátil a tiracolo que muda de perna de apoio como se estivesse impaciente. Aparentemente estava ali antes de mim... Mas um dos funcionários, mais novo e com ar de engatatão, vem à frente e pede-lhe desculpa, porque aparentemente ninguém a tinha visto. Como se fosse possível...
Nessa altura sou chamado pelo funcionário que está a tratar do "meu caso". Um homem de meia idade com ar de quem não gosta muito de ali estar, mas que poucas outras chances teve na vida. Sento-me junto à sua secretária para fazer o meu depoimento. E começa ele:
- "Explique-me lá o que se passou!" - e começo com a triste história do abuso de identidade (vide episódios anteriores desta série). E acrescento os dados novos sobre a conta bancária, que ainda não faziam parte do processo, porque não eram conhecidas à data da queixa.
- "O senhor sabe que isto não vai dar em nada? Não se preocupe, o que mais há por aí é casos desses e não dão em nada." – diz-me ele com ar de quem não está para se preocupar muito com o meu depoimento – "Tem a certeza que quer manter a queixa?"
- "Obviamente! Até que estejam as coisas resolvidas e a minha inocência seja provada a queixa mantém-se!" – digo eu convicto.
- "Ok! Então vamos escrever o seu depoimento!" - diz ele com algum tédio.
E pega num modelo de depoimento com o típico "No dia tantos do tal o depoente fulano de tal declarou que"... ao que acrescentou, mais à frente, conforme
- "A assinatura não é a minha, embora a escrita de alguns dos nomes sejam parecidos, como se tivesse tido acesso a parte da minha assinatura!" – eu depus.
Ao que ele escreveu:
- "o deopetne dclaruo equ a assiantrura no contratco não è a sua mas quie amdiety podasa ser mer portew semerlasmntrew" - parando de seguida a contemplar a sua escrita e voltou atrás ao início da frase e apagou e voltou a escrever palavra a palavra até que finalmente ficou:
- "o depoente declarou que a assinatura no contracto não è a sua mas que admite possa ser em porte semelhante."
E continuamos assim durante duas páginas de depoimento.
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