terça-feira, setembro 12, 2006

Os 'clusters' valem a pena

Portugal está na média da União Europeia, muito à frente de Espanha, mas distante dos líderes na criação de aglomerações empresariais competitivas. Um inquérito da Gallup a 21 mil gestores

Cerca de 1/4 das empresas portuguesas estarão inseridas em «clusters» e vêm vantagem nisso para fomentar a inovação e competitividade.

Eis a principal conclusão de um inquérito telefónico realizado entre Junho e Julho passado pela Consulmark para a The Gallup Organization junto de mais de 800 fundadores e principais donos, CEO e responsáveis financeiros portugueses de firmas com mais de 20 empregados.

A posição portuguesa estaria na "média" da União Europeia (UE), segundo este inquérito realizado junto de mais de 21 mil empresas em 32 países europeus. A posição portuguesa está longe dos campeões europeus da aglomeração geográfica e sectorial — os ingleses (pais do conceito de "distrito industrial", desde que o economista Alfred Marshall o teorizou ainda no século XIX) e irlandeses — e teria muito a aprender, também, com os italianos (o exemplo de antologia é o muito afamado «distretto industriale» têxtil de Prato, na Toscânia) e os austríacos, Com posição similar à portuguesa está a Croácia e a Noruega.

Ponto curioso é o facto do nosso vizinho, a Espanha, estar no grupo da cauda deste «ranking», com uma inserção em aglomerações sectoriais e geográficas que não chega aos 10%.

Contudo, 35% das próprias empresas portuguesas inseridas efectivamente em «clusters» não tinham consciência disso, e 39% actuam passivamente ou mesmo acantonam-se numa atitude "isolacionista" desaproveitando as oportunidades criadas por essas aglomerações — o que são pontos fracos do tecido português, a "corrigir". Nesse capítulo, seria útil aprender com os nórdicos. Outro ponto fraco detectado pelo inquérito é a fraca diversidade de parcerias realizadas pelas empresas dentro do «cluster».

Desapego aos subsídios
O estudo permitiu, também, detectar o que reivindicam os gestores em relação aos poderes públicos em termos de fomento dos «clusters».No caso português, as três prioridades colocadas por 89% dos inquiridos nada têm a ver com subsídios, mas sim com apoio ao fomento de redes empresariais, maior transferência de informação estratégia ca para os gestores e desburocratização.

O conceito de «cluster», definido por Michael Porter em 1990» foi, agora, adaptado e utilizado por este inquérito encomendado pela Direcção Geral da Empresa e Indústria da Comissão Europeia, Em Portugal a palavra foi muito divulgada, aquando das visitas de Porter.

Pode ser consultado em: http://cordis.europa.eu/innovation/en/policy/innobarometer2006.htm

Jorge Nascimento Rodrigues
in Expresso 9 de Setembro de 2006

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