domingo, agosto 27, 2006

O resto da conversa com...

... António Câmara, Prof. da FCT-UNL e CEO da YDreams, que comentou o meu post "Inovar é Preciso" de há umas semanas atrás.

RGa: Eu compreendo que o artigo que escreveu tem de ser muito limitado em extensão, e por vezes não é possível explicar tudo convenientemente, mas não fui o único a interpretar que se referia a Lisboa, não como a única, mas a mais provável região para que seja mais "vibrante e rica". Eu simplesmente dei a minha opinião, mas em conversas com alguns amigos e empreendedores locais, a verdade é que foi unanime que se tratou de um artigo típico do "autismo" próprio de quem está em Lisboa e não consegue ver o resto do país, provavelmente porque há outras regiões com o mesmo potencial e que precisam mais de ajudas concertadas do que Lisboa, que já tem bastantes.

AC: Houve uma interpretação errada mas não acho que Lisboa tenha ajudas concertadas. Aliás neste momento temos menos acesso a fundos europeus do que as outras regiões do país.

RGa: Acha possível uma estratégia concertada como a de Barcelona em Portugal? Eu acho que os empresários portugueses, na maioria dos casos (as generalizações são sempre uma armadilha perigosa) estão mais preocupados com os lucros mais imediatos do que com o futuro e uma medida dessas demora muito tempo a criar retornos. [...]

AC: Tanto é perfeitamente possível ter uma estratégia concertada que em combinação com algumas das maiores empresas portuguesas (em que apenas uma é de Lisboa), grupos universitários de classe internacional, e uma grande grupo económico, estamos a montar uma. Será divulgada em meados de Setembro.

RGb: Obrigado pela resposta! Não vou argumentar mais, vou esperar pelo anúncio, da estratégia que fala, em Setembro. Espero sinceramente que funcione e produza os resultados esperados, e que os ultrapasse mesmo.

RGa: Como é que nunca se referiu a ajudas externas e nem do estado quando diz que em Barcelona "os impostos sobre rendimentos na região foram também reduzidos para atrair residentes estrangeiros baseando-se numa tarifa plana de 20%"? Não será o estado, ou as autarquias como parte do estado, responsável por esta redução dos impostos? Posso não ter percebido, porque não tive tempo de seguir o link, mas as universidades, empresas ou bancos suportam o restante valor dos impostos? A verdade é que com essa frase entende-se que se espera ajuda do estado...

AC: A redução de impostos beneficia uma região: atrai investimento, gera empregos e acaba por criar um rendimento superior (que apesar de taxado numa menor percentagem acaba por contribuir para uma receita publica superior como é o caso das experiências bálticas, EUA e até Barcelona).
Num cenário em que qualquer empresa se pode localizar onde quiser não é uma ajuda; é uma condição de partida. Aliás veja-se onde se localizam as sedes das maiores empresas portuguesas.
Por isso em vez de ajudas na forma de subsídios (a que não aludi), o que pretendia dizer é que o governo deve criar condições de partida competitivas.


RGa: Concordo plenamente que ainda não existem Universidades de classe internacional em Portugal. E infelizmente continuo de acordo quando diz que o problema " fundamental reside no actual sistema de gestão de recursos humanos". [...]

RGa: Por fim UK e USA. Não tive noção que no UK fosse assim, mas nos EUA, não me surpreende. A verdade é que neste momento penso que no UK (e nos EUA) a maioria dos funcionários são talentos importados. [...]

RGa: Há uma coisa que depois foca no seu artigo a seguir, que para mim Lisboa-cidade não tem, qualidade de vida. Comparativamente a São Francisco, que é pouco maior que o Porto, Lisboa é demasiado grande, demasiada poluída (este verão até houve graves problemas nos arredores) e o nível de vida é demasiado alto para os ordenados.

AC: Essa é uma opinião subjectiva. Os portugueses e estrangeiros que trabalham na YDreams adoram a qualidade de vida na Caparica (onde temos a praia a 5 minutos) e de Alcântara (onde temos os escritórios comerciais).

RGb: Quanto a Lisboa, não me interprete mal, eu adoro Lisboa, onde passei muito tempo na minha juventude. Mas comparativamente com Aveiro, a qualidade de vida pode ser inferior. E claro, a Caparica é diferente... Mas tudo isto é sempre subjectivo!

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