quarta-feira, março 31, 2004

Prauntos! Já comestes? Obrigadinhos!!!

Há coisas que me enervam. Eu nem escrevo nenhum português rebuscado e aliás uso o corrector ortográfico para não dar grandes calinadas. Mas, falho a pontuação, as vírgulas têm tendência a não existir e o vocabulário anda pela rua da amargura. Desde que falo mais inglês que português, que o meu vocabulário de ambas as línguas se cinge a meia centena de vocábulos. (Aliás agora até japonês ando a aprender).

Mas isto tudo por causa das calinadas que me enervam. Aqui à volta de Aveiro é normal dizer-se a segunda pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo de um verbo com um 's' no fim: "tu fostes", "tu olhastes", "tu entornastes", "tu saístes", "tu beijastes", "tu quisestes", "tu cagastes" etc... Eu sei que todas as outras formas verbais na segunda pessoa do singular têm um 's' no fim, mas esta não. Mas, pior é escrever as mesmas palavras com hifen: "fizes-tes", "perguntas-te", etc... Como alguém que me escreveu no outro dia "Fizes-te bem em expor a tua posição". Que nervos!!!!

Também me enerva o "Prauntos" e ainda mais o "Obrigados" e "Obrigadinhos". Soa a má onda! Má vontade! Mal agradecidos! Que nervos!!!!

Isto fez-me lembrar uma vez que fui a uma entrevista a Lisboa, com o Pipa, e quisemos ir visitar o estádio de Alvalade, como bons sportinguistas. Perguntámos ao segurança, no INETI, onde decorreu a tal entrevista, qual o melhor transporte para lá chegar. Ele começou a falar e nós interrompemos a dizer que queríamos ir para a famosa porta 10A. Ele disse "Mais prupriamente para a porta 10A..." (o "prupriamente" é propositado). Um aparte!

Para acabar estas coisas, há ainda os regionalismos, que não me enervam mas que me fazem sempre rir. Sempre que vou ao Porto e oiço as pessoas a falar dá-me vontade de rir. É impressionante como vivi lá tantos anos e hoje rio-me do sotaque que antigamente era normal. E no Alentejo? É sempre diferente. E mesmo em Foz Côa que, se fico lá algum tempo, volto a cantar e a pôr um 't' antes de todos os 'ch's.

Mas o sotaque de Lisboa enerva-me. Aquela maneira de falar sem abrir a boca e dizer "Treuze" (13) e "Tiu" (tio). É muito melhor quando oiço um "Curenta" (40) , "Aqui há atrasado" (esta mata-me) ou "Engelhei o fato"... Lindo! Em qualquer parte do mundo!

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