Quinta-feira [13 de Maio de 2004], dia de Nossa Senhora de Fátima, dia do desfile do Enterro do Ano em Aveiro, fui com a Cláudia beber uns finos e ver o pôr-do-sol numa esplanada na Barra – Boca da Barra, mesmo ao lado do Farol. Estávamos ambos de mau humor com a vida e apeteceu-nos sair da rotina. Estava um fim de dia magnífico!
Por acaso no café, a jantar, estava um senhor já nos seus cinquentas a comer um polvo. Era sueco! Perguntamo-lhe e tivemos quase uma hora na conversa com ele. Tinha vindo só de moto, desde a Suécia, e o fim da estrada era ali, a Barra.
Conseguimos sair da rotina. De tal maneira que ele me conseguiu pôr uma "pastilha" de tabaco entre as gengivas e lábio, uma típica coisa sueca ou nórdica. Sinceramente não era desagradável, mas depois de três finos e em jejum, nicotina no sangue só me fez disparar a ebriedade. Além disso era perfumado e enjoou-me um pouco.
Falámos das Åland (lê-se Ôland), um grupo de ilhotas perdidas no Mar da Finlândia, algures entre Helsínquia e Estocolmo, onde eu e a Cláudia passámos uns dias fantásticos no verão de 2001. Ilhas com nomes tão esquisitos como Kökar (lê-se Iêkar), Brandö ou Mariehamn e que nunca nos esqueceremos. Umas ilhas onde a língua predominante é o sueco, apesar de ser um território (autónomo) da Finlândia, e desmilitarizado. Um lugar que aos olhos de um nórdico em nada era atractivo para dois portugueses que tinham umas praias tão bonitas como aquela que estava à nossa frente.
"Vocês devem ter orgulho no vosso país", disse-nos, falando das praias, do tempo e até das estradas. Tinha acabado de fazer a IP5 e achou que era bastante calma, bonita e de borla. Teve sorte.
Nós temos orgulho no nosso país! E dissemo-lo! Se assim não fosse já teríamos escolhido outro para viver. Queixámo-nos apenas da falta de oportunidades e dos ordenados baixos. E da falta de capacidade da maioria das pessoas que gerem os interesses do país e da maioria das empresas portuguesas.
Esses enchem-me de vergonha!
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