Há uns anos a Cláudia pediu-me, que na qualidade de Engenheiro, fosse falar com os alunos dela, da Escola Secundária de Albergaria-a-Velha, num dia dedicado às profissões e saídas profissionais. Eu ia representar a minha classe profissional, ao lado de um arquitecto, um agrónomo e já não me lembro quem mais, para mostrar aos rapazes e raparigas que passavam do 9º para o 10º ano de escolaridade, que a escolha que em breve iriam fazer era um passo para o seu futuro.
Na altura falei sobre se era fácil ou não tirar um curso universitário e lembro-me que, para mim, o mais importante do que disse era que o futuro não se fazia em casa em frente à televisão, mas que as oportunidades estão na rua, e que saíssem de casa e criassem as suas próprias oportunidades. Lembro-me que, no final, a psicóloga da escola me disse que se eu achava que o curso não tinha sido difícil o mesmo não se aplicava a outros, mas que tinha toda a razão na questão das oportunidades.
Isto tudo por causa do networking, um conceito muito engraçado, que aplicado aos negócios e à vida pode trazer resultados muito agradáveis. O conceito está sempre presente no nosso dia-a-dia, aliás como dizem o Ken e a Sue (o casal de ingleses que estão a construir uma casa na Alombada) nas suas crónicas de Portugal, que este é o país do networking, porque se precisarem de um seguro há sempre alguém que tem um primo que é casado com a filha de um tipo que até tem uns seguros porreiros. Ou se precisarem de um canalizador, há sempre aquele amigo do cunhado do primo do amigo do João que vive não sei onde e que trabalha em não sei o quê. Isso é o que se chama networking.
Às vezes é confundido com cunhas ou tráfico de influências, mas aí é a um nível muito mais alto da xadrez e é quando é usado para fins menos legais. O fazer networking é apenas o misturar de pessoas de diferentes backgrounds de modo que as oportunidades sejam concretizadas e até surjam sinergias. Isto parece paleio de economista, mas na verdade é muito simples.
Aliás existem sites de networking (quem ainda não ouviu falar do Orkut ou do LinkedIn?) e encontros de networking. E existem eventos que não sendo declaradamente de networking resultam em troca de contactos e conhecimentos que se podem chamar de networking. (Acho que já escrevi networking vezes suficientes para terem decorado o conceito)
Mas isto tudo porquê? Porque este fim-de-semana estive numa festa de inauguração da casa do meu amigo Miguel Monteiro em que voltei a encontrar velhos amigos que não via há anos e que é sempre bom manter o contacto, não só porque são velhos amigos mas porque podem resultar em boas oportunidades. Parece interesse ou oportunismo, mas não é! Aliás se oportunismo for "aproveitamento das situações de modo a chegar mais facilmente a um resultado favorável", como diz o dicionário, e se isso não prejudicar ninguém, não pode ser mal visto.
Na semana anterior fui a outra festa do Jorge Simões, onde novamente encontrei gente conhecida e que me levaram a conhecer mais gente. A um jantar com a Jacinta, ou mesmo uma saída à noite. E assim vamos criando uma rede de contactos.
Por outro lado uma rede convém ser mantida. E as Crónicas da (e depois da) Califórnia são uma maneira de manter o contacto.
Saiam de casa! Saiam da casca!
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