Estava aqui em casa a arrumar uma papelada velha e deparei com um texto que me enviou um grande amigo, quando ele estava em Londres em Erasmus, há cerca de 10 anos.
Há coisas que jamais podemos esquecer. Este texto é uma dessas coisas. Desculpem os palavrões!
"A cona britânica, animal raro por bandas de Portugal mas abundante por estas águas, encontra-se um pouco por todo a parte. Característica única no entanto é o facto de quando húmida e quente não ter pejo em demonstrar seu afecto, criando ocasiões ricas em truncagem carnal. Com um cheiro de rosas, peixe podre, queijo camembert ligeiramente polvilhado de almíscar e rosas, a cona britânica está no seu melhor quando se deixa o molho ferver. Nessa altura destapa-se levemente e afagando-a com a palma da mão vê-se se está pronta a colher. Deve-se no entanto deixar inteira liberdade à dona da cona, porque do prazer percebem estas meninas e desde chupar sem remorso o menino todo até pensar que todos os buracos são válidos, vai um vasto campo a que ultimamente se pode dar uso.
Mas eu sou um homem fiel, não se esqueçam, tudo o que vos conto foi-me passado na mais inteira confiança por 'pessoas' dentro da matéria"
Nuno, Londres, 6 de Julho de 1994
Tudo começou em 2000 com a minha ida para a Califórnia para um estágio. As Crónicas foram servindo de diário da aventura. E continuam, mesmo depois de voltar... E de voltar a sair para Inglaterra, Japão, Luxemburgo, França, Finlândia, Holanda, São Tomé, etc...
Cada aventura ou momento que me permito partilhar está aqui nas Crónicas da Califórnia.
sábado, maio 29, 2004
quinta-feira, maio 27, 2004
Gelsenkirchen
Eu não sou portista, mas cresci na cidade do Porto. A Cláudia é portista. Hoje estou feliz porque o FCP é o vencedor da Liga dos Campeões. Festejando assim, me junto à grande massa portista. Parafraseado o velhinho João "pudim" Pinto - "hoje o meu coração só tem uma cor Azul e branco". Portugal hoje é Portista.
Assim fica para a história do futebol português uma cidade com um nome que todos achavam impronunciável e que já todos aprenderam a dizer (bem ou mal).
terça-feira, maio 25, 2004
Networking!
Há uns anos a Cláudia pediu-me, que na qualidade de Engenheiro, fosse falar com os alunos dela, da Escola Secundária de Albergaria-a-Velha, num dia dedicado às profissões e saídas profissionais. Eu ia representar a minha classe profissional, ao lado de um arquitecto, um agrónomo e já não me lembro quem mais, para mostrar aos rapazes e raparigas que passavam do 9º para o 10º ano de escolaridade, que a escolha que em breve iriam fazer era um passo para o seu futuro.
Na altura falei sobre se era fácil ou não tirar um curso universitário e lembro-me que, para mim, o mais importante do que disse era que o futuro não se fazia em casa em frente à televisão, mas que as oportunidades estão na rua, e que saíssem de casa e criassem as suas próprias oportunidades. Lembro-me que, no final, a psicóloga da escola me disse que se eu achava que o curso não tinha sido difícil o mesmo não se aplicava a outros, mas que tinha toda a razão na questão das oportunidades.
Isto tudo por causa do networking, um conceito muito engraçado, que aplicado aos negócios e à vida pode trazer resultados muito agradáveis. O conceito está sempre presente no nosso dia-a-dia, aliás como dizem o Ken e a Sue (o casal de ingleses que estão a construir uma casa na Alombada) nas suas crónicas de Portugal, que este é o país do networking, porque se precisarem de um seguro há sempre alguém que tem um primo que é casado com a filha de um tipo que até tem uns seguros porreiros. Ou se precisarem de um canalizador, há sempre aquele amigo do cunhado do primo do amigo do João que vive não sei onde e que trabalha em não sei o quê. Isso é o que se chama networking.
Às vezes é confundido com cunhas ou tráfico de influências, mas aí é a um nível muito mais alto da xadrez e é quando é usado para fins menos legais. O fazer networking é apenas o misturar de pessoas de diferentes backgrounds de modo que as oportunidades sejam concretizadas e até surjam sinergias. Isto parece paleio de economista, mas na verdade é muito simples.
Aliás existem sites de networking (quem ainda não ouviu falar do Orkut ou do LinkedIn?) e encontros de networking. E existem eventos que não sendo declaradamente de networking resultam em troca de contactos e conhecimentos que se podem chamar de networking. (Acho que já escrevi networking vezes suficientes para terem decorado o conceito)
Mas isto tudo porquê? Porque este fim-de-semana estive numa festa de inauguração da casa do meu amigo Miguel Monteiro em que voltei a encontrar velhos amigos que não via há anos e que é sempre bom manter o contacto, não só porque são velhos amigos mas porque podem resultar em boas oportunidades. Parece interesse ou oportunismo, mas não é! Aliás se oportunismo for "aproveitamento das situações de modo a chegar mais facilmente a um resultado favorável", como diz o dicionário, e se isso não prejudicar ninguém, não pode ser mal visto.
Na semana anterior fui a outra festa do Jorge Simões, onde novamente encontrei gente conhecida e que me levaram a conhecer mais gente. A um jantar com a Jacinta, ou mesmo uma saída à noite. E assim vamos criando uma rede de contactos.
Por outro lado uma rede convém ser mantida. E as Crónicas da (e depois da) Califórnia são uma maneira de manter o contacto.
Saiam de casa! Saiam da casca!
Na altura falei sobre se era fácil ou não tirar um curso universitário e lembro-me que, para mim, o mais importante do que disse era que o futuro não se fazia em casa em frente à televisão, mas que as oportunidades estão na rua, e que saíssem de casa e criassem as suas próprias oportunidades. Lembro-me que, no final, a psicóloga da escola me disse que se eu achava que o curso não tinha sido difícil o mesmo não se aplicava a outros, mas que tinha toda a razão na questão das oportunidades.
Isto tudo por causa do networking, um conceito muito engraçado, que aplicado aos negócios e à vida pode trazer resultados muito agradáveis. O conceito está sempre presente no nosso dia-a-dia, aliás como dizem o Ken e a Sue (o casal de ingleses que estão a construir uma casa na Alombada) nas suas crónicas de Portugal, que este é o país do networking, porque se precisarem de um seguro há sempre alguém que tem um primo que é casado com a filha de um tipo que até tem uns seguros porreiros. Ou se precisarem de um canalizador, há sempre aquele amigo do cunhado do primo do amigo do João que vive não sei onde e que trabalha em não sei o quê. Isso é o que se chama networking.
Às vezes é confundido com cunhas ou tráfico de influências, mas aí é a um nível muito mais alto da xadrez e é quando é usado para fins menos legais. O fazer networking é apenas o misturar de pessoas de diferentes backgrounds de modo que as oportunidades sejam concretizadas e até surjam sinergias. Isto parece paleio de economista, mas na verdade é muito simples.
Aliás existem sites de networking (quem ainda não ouviu falar do Orkut ou do LinkedIn?) e encontros de networking. E existem eventos que não sendo declaradamente de networking resultam em troca de contactos e conhecimentos que se podem chamar de networking. (Acho que já escrevi networking vezes suficientes para terem decorado o conceito)
Mas isto tudo porquê? Porque este fim-de-semana estive numa festa de inauguração da casa do meu amigo Miguel Monteiro em que voltei a encontrar velhos amigos que não via há anos e que é sempre bom manter o contacto, não só porque são velhos amigos mas porque podem resultar em boas oportunidades. Parece interesse ou oportunismo, mas não é! Aliás se oportunismo for "aproveitamento das situações de modo a chegar mais facilmente a um resultado favorável", como diz o dicionário, e se isso não prejudicar ninguém, não pode ser mal visto.
Na semana anterior fui a outra festa do Jorge Simões, onde novamente encontrei gente conhecida e que me levaram a conhecer mais gente. A um jantar com a Jacinta, ou mesmo uma saída à noite. E assim vamos criando uma rede de contactos.
Por outro lado uma rede convém ser mantida. E as Crónicas da (e depois da) Califórnia são uma maneira de manter o contacto.
Saiam de casa! Saiam da casca!
sexta-feira, maio 21, 2004
Everyday is like Sunday
Trudging slowly over wet sand
Back to the bench where your clothes were stolen
This is the coastal town
That they forgot to close down
Armageddon - come Armageddon!
Come, Armageddon! Come!
Everyday is like Sunday
Everyday is silent and grey
Hide on the promenade
Etch a postcard :
"How I Dearly Wish I Was Not Here"
In the seaside town
...that they forgot to bomb
Come, Come, Come - nuclear bomb
Everyday is like Sunday
Everyday is silent and grey
Trudging back over pebbles and sand
And a strange dust lands on your hands
(And on your face...)
(On your face ...)
(On your face ...)
(On your face ...)
Everyday is like Sunday
"Win Yourself A Cheap Tray"
Share some greased tea with me
Everyday is silent and grey
por Morrissey
Back to the bench where your clothes were stolen
This is the coastal town
That they forgot to close down
Armageddon - come Armageddon!
Come, Armageddon! Come!
Everyday is like Sunday
Everyday is silent and grey
Hide on the promenade
Etch a postcard :
"How I Dearly Wish I Was Not Here"
In the seaside town
...that they forgot to bomb
Come, Come, Come - nuclear bomb
Everyday is like Sunday
Everyday is silent and grey
Trudging back over pebbles and sand
And a strange dust lands on your hands
(And on your face...)
(On your face ...)
(On your face ...)
(On your face ...)
Everyday is like Sunday
"Win Yourself A Cheap Tray"
Share some greased tea with me
Everyday is silent and grey
por Morrissey
quarta-feira, maio 19, 2004
A Vaynessa!
Para comemorar a passagem de ano, minha e do meu irmão, o meu pai decidiu comprar uma bicicleta para os dois. Uma bicicleta cor-de-laranja, em segunda mão e sem velocidades. O suficiente para começarmos a andar.
Já não me lembro quando foi, mas deve ter sido no fim da quarta classe do meu irmão, por isso no fim da minha segunda. Tinha 8 anos!
Eu nem queria andar. A bicicleta era grande para mim e além disso o meu irmão monopolizava-a. Ele fazia a rua toda sem mãos e até subia passeios sem mãos. Eu acho que tinha inveja e nem sequer queria andar na bicicleta.
Em Agosto de 1979, na praia de Esmoriz, ganhei o concurso de construções na areia do Diário de Notícias. Fiz um barco de areia, com remos de madeira, amarrado por uma alga a um cais, também de areia. Acho que ganhei não pela qualidade do trabalho em si, mas pela originalidade de usar algas e paus que antecipadamente levava no bolso dos meus calções de banho. Tinha quase 10 anos e adorava aqueles calções que tinham um velcro na zona da braguilha.
Lembro-me que estava com os meus pais numa roulotte de venda de comida junto à praia velha de Esmoriz, junto ao bairro dos pescadores. Tive que ir a pé até junto à praia nova, mais a norte, sozinho, para a entrega dos prémios. Na altura não sabia ainda que tinha ganho. Fiquei feliz por ter ganho, mas queria ter ficado com o segundo prémio que era composto pela obra completa d'"Os Cinco", "Os Sete" e a "Colecção Mistério" da Enid Blyton. Eu ganhei uma bicicleta, mas nem sabia andar de bicicleta e gostava de ler aqueles livros de aventura. Além disso a bicicleta tinha quadro de menina.
Uns dois ou três anos mais tarde ganhei num sorteio nacional uma outra bicicleta. Foi num concurso da "Topo Topo", um gelado-bebida muito semelhante ao "Fá", e que estava ligado ao programa de televisão do Topo Gigio, aquele rato idiota italiano que dava na RTP (a única emissora na altura) apresentado por o não menos idiota Rui Guedes (que será feito deste senhor?). Tinha que responder a umas perguntas do Guinness cujas respostas saiam nos gelados e enviar para o sorteio. Um colega meu da escola tinha o Guinness e nem precisámos de comprar assim tantos gelados.
A bicicleta era uma Tip Top. Uma BMX! Foram-ma levar a casa, pois na altura foram apenas premiadas 21 pessoas a nível nacional. O primeiro ganhou uma viagem a Itália e os outros ganharam bicicletas. Eu ganhei a minha terceira bicicleta e nem sequer sabia andar para tirar as fotografias para a posteridade (ainda tenho essas fotos que eu depois postarei aqui).
Uns dias mais tardes decidi que era altura de começar a andar de bicicleta. Aliás aquela BMX era mesmo bonita e fazia a inveja dos miúdos todos da rua. Tinha 13 anos. Saí à rua com a minha Tip Top e segui os conselhos do meu irmão – "Não olhes para a roda da frente". Montei em cima da bicicleta, comecei a andar como se sempre soubesse fazê-lo. Acho que de tanto observar os outros aprendi a andar sem o fazer fisicamente.
Quando ia brincar nunca saía de casa sem ser de bicicleta. Era tão mais simples. Adorava fazer quilómetros e aventurar-me pelos pinhais da vizinhança na minha BMX. Não era muito habilidoso, mas só deixei a Tip Top quando parti o quadro pela segunda vez, quando já nem com a soldadura habilidosa de um vizinho o consegui ressuscitar novamente. Não sei que idade tinha, mas já devia ter uns 16 ou 17.
Já que não podia reaver o quadro, mudei todo o material da Tip Top para a bicicleta que tinha ganho em Esmoriz e que nunca tinha andado. Pintei-a com uns sprays de tinta, para ficar com mais estilo e tinha uma bicicleta nova. Uma BMX com quadro de senhora de passeio e pintada de verde às pintas amarelas. Só visto!!!!
No entretanto também dobrei o quadro da "pintas" e mudei-me para a Universidade de Aveiro. Durante 4 anos não tive bicicleta alguma. Andava aqui ou ali com as bicicletas de amigos, mas não tinha capacidade de comprar uma para mim. Além disso Aveiro é uma cidade pequena e fácil de percorrer a pé.
No último ano do curso [1994], quando já trabalhava a dar aulas na Esc. Sec. José Estêvão em Aveiro, comprei uma BTT. Como ia dar aulas de bicicleta, os alunos chamavam-me o "BTT" (esqueci-me desta alcunha no outro post). Era uma Marvil e tinha 21 velocidades Shimano. Essa compra tem uma longa história associada, mas isso fica para outra vez.
Novamente o quadro sofreu danos irreparáveis na preparação de uma prova de orientação em BTT na Serra do Sicó, em 1996. A organização pagou-me parte do quadro e comprei um Sunn Revolt 2, novo. A minha primeira bicicleta não nacional. O brilho dos meus olhos.
Era linda. O quadro era uma edição especial polida e envernizada. Pedi a um amigo para me mandar uma suspensão RockShox dos Estados Unidos. Raiei eu as rodas e montei todas as peças com o maior carinho. Era a MINHA bicicleta. Toda feita com o melhor material que o meu dinheiro podia comprar. Linda!
Foi minha companheira de muitas provas e passeios. Acho que foi a bicicleta que mais quilómetros fez comigo fora de estrada e que me fez gozar mais adrenalina. Desde Serpa a Beja, Chaves a Vila Real, Marvão a Portalegre, em Aveiro, em Castelo de Vide ou em Entre-os-rios, ajudou-me a ganhar algumas taças e medalhas, mas acima de tudo fez-me um amante da natureza e do prazer de chegar cada vez mais alto.
Mas como todas as anteriores teve que "morrer". No final do verão de 1999 tive que trocar o meu belo quadro polido por um outro, porque tinha havido um problema no envernizamento e o quadro começou a ganhar ferrugem nas soldaduras. Felizmente um dos importadores da Sunn (na altura) é meu amigo e numa visita à fábrica, em Andorra, trocou-me por um quadro Urge Un Flex.
Até pouco antes eu trabalhava na Sociedade Comercial do Vouga, o importador nacional da Shimano, e graças a uns contactos e umas amostras consegui montar a bicicleta com o de melhor havia no mercado, quase sem custos. A bicicleta só ficou pronta, como está agora, em Janeiro de 2000, uma semana antes de voar em direcção às minhas aventuras na Califórnia. E a Vaynessa, o nome que dei a esta bicicleta, acompanhou-me quase para todo o lado e em todo o tempo que estive no Golden State.
Isto tudo porque pedalei na Vaynessa para o trabalho. Depois de algumas semanas parada, porque dobrei a ponteira do quadro num tombo, finalmente arranjei-a e já posso de novo usar a Vaynessa como meio de transporte.
Já não ando tanto como andava há uns anos e já não me dedico tanto à bicicleta como o fazia na altura da Revolt 2, mas continuo a fazer uns quilómetros de vez em quando. Com o maior dos prazeres.
Já não me lembro quando foi, mas deve ter sido no fim da quarta classe do meu irmão, por isso no fim da minha segunda. Tinha 8 anos!
Eu nem queria andar. A bicicleta era grande para mim e além disso o meu irmão monopolizava-a. Ele fazia a rua toda sem mãos e até subia passeios sem mãos. Eu acho que tinha inveja e nem sequer queria andar na bicicleta.
Em Agosto de 1979, na praia de Esmoriz, ganhei o concurso de construções na areia do Diário de Notícias. Fiz um barco de areia, com remos de madeira, amarrado por uma alga a um cais, também de areia. Acho que ganhei não pela qualidade do trabalho em si, mas pela originalidade de usar algas e paus que antecipadamente levava no bolso dos meus calções de banho. Tinha quase 10 anos e adorava aqueles calções que tinham um velcro na zona da braguilha.
Lembro-me que estava com os meus pais numa roulotte de venda de comida junto à praia velha de Esmoriz, junto ao bairro dos pescadores. Tive que ir a pé até junto à praia nova, mais a norte, sozinho, para a entrega dos prémios. Na altura não sabia ainda que tinha ganho. Fiquei feliz por ter ganho, mas queria ter ficado com o segundo prémio que era composto pela obra completa d'"Os Cinco", "Os Sete" e a "Colecção Mistério" da Enid Blyton. Eu ganhei uma bicicleta, mas nem sabia andar de bicicleta e gostava de ler aqueles livros de aventura. Além disso a bicicleta tinha quadro de menina.
Uns dois ou três anos mais tarde ganhei num sorteio nacional uma outra bicicleta. Foi num concurso da "Topo Topo", um gelado-bebida muito semelhante ao "Fá", e que estava ligado ao programa de televisão do Topo Gigio, aquele rato idiota italiano que dava na RTP (a única emissora na altura) apresentado por o não menos idiota Rui Guedes (que será feito deste senhor?). Tinha que responder a umas perguntas do Guinness cujas respostas saiam nos gelados e enviar para o sorteio. Um colega meu da escola tinha o Guinness e nem precisámos de comprar assim tantos gelados.
A bicicleta era uma Tip Top. Uma BMX! Foram-ma levar a casa, pois na altura foram apenas premiadas 21 pessoas a nível nacional. O primeiro ganhou uma viagem a Itália e os outros ganharam bicicletas. Eu ganhei a minha terceira bicicleta e nem sequer sabia andar para tirar as fotografias para a posteridade (ainda tenho essas fotos que eu depois postarei aqui).
Uns dias mais tardes decidi que era altura de começar a andar de bicicleta. Aliás aquela BMX era mesmo bonita e fazia a inveja dos miúdos todos da rua. Tinha 13 anos. Saí à rua com a minha Tip Top e segui os conselhos do meu irmão – "Não olhes para a roda da frente". Montei em cima da bicicleta, comecei a andar como se sempre soubesse fazê-lo. Acho que de tanto observar os outros aprendi a andar sem o fazer fisicamente.
Quando ia brincar nunca saía de casa sem ser de bicicleta. Era tão mais simples. Adorava fazer quilómetros e aventurar-me pelos pinhais da vizinhança na minha BMX. Não era muito habilidoso, mas só deixei a Tip Top quando parti o quadro pela segunda vez, quando já nem com a soldadura habilidosa de um vizinho o consegui ressuscitar novamente. Não sei que idade tinha, mas já devia ter uns 16 ou 17.
Já que não podia reaver o quadro, mudei todo o material da Tip Top para a bicicleta que tinha ganho em Esmoriz e que nunca tinha andado. Pintei-a com uns sprays de tinta, para ficar com mais estilo e tinha uma bicicleta nova. Uma BMX com quadro de senhora de passeio e pintada de verde às pintas amarelas. Só visto!!!!
No entretanto também dobrei o quadro da "pintas" e mudei-me para a Universidade de Aveiro. Durante 4 anos não tive bicicleta alguma. Andava aqui ou ali com as bicicletas de amigos, mas não tinha capacidade de comprar uma para mim. Além disso Aveiro é uma cidade pequena e fácil de percorrer a pé.
No último ano do curso [1994], quando já trabalhava a dar aulas na Esc. Sec. José Estêvão em Aveiro, comprei uma BTT. Como ia dar aulas de bicicleta, os alunos chamavam-me o "BTT" (esqueci-me desta alcunha no outro post). Era uma Marvil e tinha 21 velocidades Shimano. Essa compra tem uma longa história associada, mas isso fica para outra vez.
Novamente o quadro sofreu danos irreparáveis na preparação de uma prova de orientação em BTT na Serra do Sicó, em 1996. A organização pagou-me parte do quadro e comprei um Sunn Revolt 2, novo. A minha primeira bicicleta não nacional. O brilho dos meus olhos.
Era linda. O quadro era uma edição especial polida e envernizada. Pedi a um amigo para me mandar uma suspensão RockShox dos Estados Unidos. Raiei eu as rodas e montei todas as peças com o maior carinho. Era a MINHA bicicleta. Toda feita com o melhor material que o meu dinheiro podia comprar. Linda!
Foi minha companheira de muitas provas e passeios. Acho que foi a bicicleta que mais quilómetros fez comigo fora de estrada e que me fez gozar mais adrenalina. Desde Serpa a Beja, Chaves a Vila Real, Marvão a Portalegre, em Aveiro, em Castelo de Vide ou em Entre-os-rios, ajudou-me a ganhar algumas taças e medalhas, mas acima de tudo fez-me um amante da natureza e do prazer de chegar cada vez mais alto.
Mas como todas as anteriores teve que "morrer". No final do verão de 1999 tive que trocar o meu belo quadro polido por um outro, porque tinha havido um problema no envernizamento e o quadro começou a ganhar ferrugem nas soldaduras. Felizmente um dos importadores da Sunn (na altura) é meu amigo e numa visita à fábrica, em Andorra, trocou-me por um quadro Urge Un Flex.
Até pouco antes eu trabalhava na Sociedade Comercial do Vouga, o importador nacional da Shimano, e graças a uns contactos e umas amostras consegui montar a bicicleta com o de melhor havia no mercado, quase sem custos. A bicicleta só ficou pronta, como está agora, em Janeiro de 2000, uma semana antes de voar em direcção às minhas aventuras na Califórnia. E a Vaynessa, o nome que dei a esta bicicleta, acompanhou-me quase para todo o lado e em todo o tempo que estive no Golden State.
Isto tudo porque pedalei na Vaynessa para o trabalho. Depois de algumas semanas parada, porque dobrei a ponteira do quadro num tombo, finalmente arranjei-a e já posso de novo usar a Vaynessa como meio de transporte.
Já não ando tanto como andava há uns anos e já não me dedico tanto à bicicleta como o fazia na altura da Revolt 2, mas continuo a fazer uns quilómetros de vez em quando. Com o maior dos prazeres.
terça-feira, maio 18, 2004
Aprender com os erros!
Na minha modesta opinião, uma das maiores demonstrações de falta de inteligência é o facto de não se conseguir aprender com os erros cometidos. E há tanta gente que não quer aprender...
Deixo-vos com uma história simpática.
Thomas Edison testou dois mil materiais diferentes na tentativa de encontrar um que pudesse ser usado no filamento das lâmpadas. Depois de nenhum deles dar resultados satisfatórios, o seu assistente lamentou-se "Todo o nosso trabalho foi em vão. Não aprendemos nada."
Edison respondeu confiante, "Oh, percorremos um longo caminho e aprendemos muito. Sabemos agora que existem dois mil elementos que não podem ser usados no fabrico de uma boa lâmpada."
Deixo-vos com uma história simpática.
Thomas Edison testou dois mil materiais diferentes na tentativa de encontrar um que pudesse ser usado no filamento das lâmpadas. Depois de nenhum deles dar resultados satisfatórios, o seu assistente lamentou-se "Todo o nosso trabalho foi em vão. Não aprendemos nada."
Edison respondeu confiante, "Oh, percorremos um longo caminho e aprendemos muito. Sabemos agora que existem dois mil elementos que não podem ser usados no fabrico de uma boa lâmpada."
segunda-feira, maio 17, 2004
O Sueco e os Portugueses!
Esqueci-me de vos dizer que o sueco, que veio sozinho de moto desde a Suécia, ficou a dormir no Parque de Campismo da Barra. E acreditem que deve ter e ganhar mais dinheiro que muitos portugueses, o que até lhe permitia dormir num bom hotel de Aveiro. Mas ele preferiu o sossego da Barra (nesta altura do ano).
Gostava de ver alguns portugueses a fazer o mesmo. Quantos são capazes de deixar de ir ao Algarve no verão e ir dormir em parques de campismo para poderem conhecer outras culturas? Não! Para quê? As férias são para descansar e não fazer absolutamente nada. E gastar uma pipa de dinheiro em 15 dias. Ficar preso em filas de trânsito e esperar horas por uma mesa num restaurante que faz comida a granel sem qualidade nenhuma e se faz cobrar como se fosse o melhor. E é! É o melhor da sua rua e naquela rua naquela altura existem centenas de pessoas com fome.
Férias são para descansar! Sim! São para fugir da rotina! Para se esquecer do trabalho. E nada melhor que mudar de cultura para se esquecer tudo. Infelizmente este ano não posso mudar muito, mas vou tentar.
Gostava de ver alguns portugueses a fazer o mesmo. Quantos são capazes de deixar de ir ao Algarve no verão e ir dormir em parques de campismo para poderem conhecer outras culturas? Não! Para quê? As férias são para descansar e não fazer absolutamente nada. E gastar uma pipa de dinheiro em 15 dias. Ficar preso em filas de trânsito e esperar horas por uma mesa num restaurante que faz comida a granel sem qualidade nenhuma e se faz cobrar como se fosse o melhor. E é! É o melhor da sua rua e naquela rua naquela altura existem centenas de pessoas com fome.
Férias são para descansar! Sim! São para fugir da rotina! Para se esquecer do trabalho. E nada melhor que mudar de cultura para se esquecer tudo. Infelizmente este ano não posso mudar muito, mas vou tentar.
Orgulho no meu país!
Quinta-feira [13 de Maio de 2004], dia de Nossa Senhora de Fátima, dia do desfile do Enterro do Ano em Aveiro, fui com a Cláudia beber uns finos e ver o pôr-do-sol numa esplanada na Barra – Boca da Barra, mesmo ao lado do Farol. Estávamos ambos de mau humor com a vida e apeteceu-nos sair da rotina. Estava um fim de dia magnífico!
Por acaso no café, a jantar, estava um senhor já nos seus cinquentas a comer um polvo. Era sueco! Perguntamo-lhe e tivemos quase uma hora na conversa com ele. Tinha vindo só de moto, desde a Suécia, e o fim da estrada era ali, a Barra.
Conseguimos sair da rotina. De tal maneira que ele me conseguiu pôr uma "pastilha" de tabaco entre as gengivas e lábio, uma típica coisa sueca ou nórdica. Sinceramente não era desagradável, mas depois de três finos e em jejum, nicotina no sangue só me fez disparar a ebriedade. Além disso era perfumado e enjoou-me um pouco.
Falámos das Åland (lê-se Ôland), um grupo de ilhotas perdidas no Mar da Finlândia, algures entre Helsínquia e Estocolmo, onde eu e a Cláudia passámos uns dias fantásticos no verão de 2001. Ilhas com nomes tão esquisitos como Kökar (lê-se Iêkar), Brandö ou Mariehamn e que nunca nos esqueceremos. Umas ilhas onde a língua predominante é o sueco, apesar de ser um território (autónomo) da Finlândia, e desmilitarizado. Um lugar que aos olhos de um nórdico em nada era atractivo para dois portugueses que tinham umas praias tão bonitas como aquela que estava à nossa frente.
"Vocês devem ter orgulho no vosso país", disse-nos, falando das praias, do tempo e até das estradas. Tinha acabado de fazer a IP5 e achou que era bastante calma, bonita e de borla. Teve sorte.
Nós temos orgulho no nosso país! E dissemo-lo! Se assim não fosse já teríamos escolhido outro para viver. Queixámo-nos apenas da falta de oportunidades e dos ordenados baixos. E da falta de capacidade da maioria das pessoas que gerem os interesses do país e da maioria das empresas portuguesas.
Esses enchem-me de vergonha!
Por acaso no café, a jantar, estava um senhor já nos seus cinquentas a comer um polvo. Era sueco! Perguntamo-lhe e tivemos quase uma hora na conversa com ele. Tinha vindo só de moto, desde a Suécia, e o fim da estrada era ali, a Barra.
Conseguimos sair da rotina. De tal maneira que ele me conseguiu pôr uma "pastilha" de tabaco entre as gengivas e lábio, uma típica coisa sueca ou nórdica. Sinceramente não era desagradável, mas depois de três finos e em jejum, nicotina no sangue só me fez disparar a ebriedade. Além disso era perfumado e enjoou-me um pouco.
Falámos das Åland (lê-se Ôland), um grupo de ilhotas perdidas no Mar da Finlândia, algures entre Helsínquia e Estocolmo, onde eu e a Cláudia passámos uns dias fantásticos no verão de 2001. Ilhas com nomes tão esquisitos como Kökar (lê-se Iêkar), Brandö ou Mariehamn e que nunca nos esqueceremos. Umas ilhas onde a língua predominante é o sueco, apesar de ser um território (autónomo) da Finlândia, e desmilitarizado. Um lugar que aos olhos de um nórdico em nada era atractivo para dois portugueses que tinham umas praias tão bonitas como aquela que estava à nossa frente.
"Vocês devem ter orgulho no vosso país", disse-nos, falando das praias, do tempo e até das estradas. Tinha acabado de fazer a IP5 e achou que era bastante calma, bonita e de borla. Teve sorte.
Nós temos orgulho no nosso país! E dissemo-lo! Se assim não fosse já teríamos escolhido outro para viver. Queixámo-nos apenas da falta de oportunidades e dos ordenados baixos. E da falta de capacidade da maioria das pessoas que gerem os interesses do país e da maioria das empresas portuguesas.
Esses enchem-me de vergonha!
Pontualidade!
Eu era pontual. Tinha por norma chegar, ao local de encontro, sempre um quarto de hora antes da hora marcada. E ficava furioso quando não o conseguia fazer, porque na maioria das vezes, que isso acontecia, era por causa de terceiros.
Juro que era pontual! E cheguei a estar uma hora à espera de outras pessoas. No tempo em que não havia telemóveis e não havia maneira de avisar que se estava atrasado ou maneira de se saber quais os motivos do atraso.
Mas, hoje em dia, deixei de ser pontual. Olho à minha volta e não vejo ninguém que seja como eu (excepto a Cláudia). Os meus amigos, tirando um ou outro, NUNCA chegam a horas. Dizem que estão a chegar e ainda estão a sair (uma táctica que passei a adoptar com alguns, também). Mas, esses são meus amigos e aprendi a viver com isso.
No emprego, perdi a minha fé na pontualidade! Não há uma reunião de trabalho que comece a horas! E só se lembram disso quando já passou um quarto de hora da hora de começo. Mesmo quando a reunião é com ingleses, os portugueses teimam em chegar atrasados. Eu já tentei explicar aos ingleses que o tempo em Portugal anda de quarto em quarto de hora, entre os 15, 30, 45 minutos ou a hora, não há tempo. Se uma reunião não começa aos 30, nunca vai começar antes dos 45.
Deixei de ser pontual. Acho falta de respeito! Enerva-me! E não tenho tempo para estar à espera.
Juro que era pontual! E cheguei a estar uma hora à espera de outras pessoas. No tempo em que não havia telemóveis e não havia maneira de avisar que se estava atrasado ou maneira de se saber quais os motivos do atraso.
Mas, hoje em dia, deixei de ser pontual. Olho à minha volta e não vejo ninguém que seja como eu (excepto a Cláudia). Os meus amigos, tirando um ou outro, NUNCA chegam a horas. Dizem que estão a chegar e ainda estão a sair (uma táctica que passei a adoptar com alguns, também). Mas, esses são meus amigos e aprendi a viver com isso.
No emprego, perdi a minha fé na pontualidade! Não há uma reunião de trabalho que comece a horas! E só se lembram disso quando já passou um quarto de hora da hora de começo. Mesmo quando a reunião é com ingleses, os portugueses teimam em chegar atrasados. Eu já tentei explicar aos ingleses que o tempo em Portugal anda de quarto em quarto de hora, entre os 15, 30, 45 minutos ou a hora, não há tempo. Se uma reunião não começa aos 30, nunca vai começar antes dos 45.
Deixei de ser pontual. Acho falta de respeito! Enerva-me! E não tenho tempo para estar à espera.
domingo, maio 16, 2004
As últimas semanas
Estas duas semanas foram de doidos. Desde trabalhar num sábado feriado, num feriado e até pedir a minha recolocação na seio da empresa, deslocando-me para um outro grupo de trabalho.
As duas primeiras ocorrências deveram-se a problemas de incompatibilidade de desempenho entre o nosso software e o dos japoneses. Aliás entre o código dos japoneses e aquilo que dizem os seus documentos sobre o mesmo. Isso fez com que andássemos perdidos durante semanas, porque por outro lado também não conseguíamos ver o que se passava entre os diferentes níveis de software (fazer debug) porque estamos a testar mesmo no telemóvel. Um belo telemóvel de terceira geração com uns fios pendurados com o qual tentamos ligar ao sistema de GPS para obtermos a nossa localização.
O insucesso era de tal ordem que há umas semanas disse ao Simon, o meu congénere inglês, que só achava que se conseguiria algo, a tempo de ser mostrado para a semana que vem aos japoneses, se acontecesse um milagre de Fátima. Na quarta [12 de Maio de 2004], véspera de Nossa Senhora de Fátima, disse aos meus colegas que se conseguíssemos íamos todos jantar a Fátima. E no dia de Nossa Senhora de Fátima, quinta-feira [13 de Maio de 2004], tudo começou a bater certo. E no fim do dia havia algo pronto e demonstrável.
Eu não acredito em milagres mas que vou jantar a Fátima, vou.
Aliás lembram-se do post que aqui coloquei sobre Vilarinho das Furnas? Pois eu acho que Fátima é um sítio também cheio de energia e uma energia muito boa e tranquilizante. Não tem nada a ver com religião. Como o líder espiritual da comunidade Hindu de Portugal, que lá foi há umas semanas, e disse que o fazia por ser um dos lugares santos do mundo e porque se sentia a energia do lugar, não porque se pensasse Católico.
Mas estou a fugir à conversa. Sim! Pedi para mudar de grupo! Decidi que sou mais útil na empresa num grupo onde não esteja em conflito com o meu Team Leader e nem que para isso tenha que perder regalias de carreira, se é que naquela empresa existe tal coisa como carreira. O pedido foi aceite e será atendido assim que for possível, segundo palavras do administrador. Eu comuniquei o facto ao meu Team Leader e comprometi-me a cumprir as minhas funções no meu grupo actual até que a recolocação tome efeito. Ponto final!
As duas primeiras ocorrências deveram-se a problemas de incompatibilidade de desempenho entre o nosso software e o dos japoneses. Aliás entre o código dos japoneses e aquilo que dizem os seus documentos sobre o mesmo. Isso fez com que andássemos perdidos durante semanas, porque por outro lado também não conseguíamos ver o que se passava entre os diferentes níveis de software (fazer debug) porque estamos a testar mesmo no telemóvel. Um belo telemóvel de terceira geração com uns fios pendurados com o qual tentamos ligar ao sistema de GPS para obtermos a nossa localização.
O insucesso era de tal ordem que há umas semanas disse ao Simon, o meu congénere inglês, que só achava que se conseguiria algo, a tempo de ser mostrado para a semana que vem aos japoneses, se acontecesse um milagre de Fátima. Na quarta [12 de Maio de 2004], véspera de Nossa Senhora de Fátima, disse aos meus colegas que se conseguíssemos íamos todos jantar a Fátima. E no dia de Nossa Senhora de Fátima, quinta-feira [13 de Maio de 2004], tudo começou a bater certo. E no fim do dia havia algo pronto e demonstrável.
Eu não acredito em milagres mas que vou jantar a Fátima, vou.
Aliás lembram-se do post que aqui coloquei sobre Vilarinho das Furnas? Pois eu acho que Fátima é um sítio também cheio de energia e uma energia muito boa e tranquilizante. Não tem nada a ver com religião. Como o líder espiritual da comunidade Hindu de Portugal, que lá foi há umas semanas, e disse que o fazia por ser um dos lugares santos do mundo e porque se sentia a energia do lugar, não porque se pensasse Católico.
Mas estou a fugir à conversa. Sim! Pedi para mudar de grupo! Decidi que sou mais útil na empresa num grupo onde não esteja em conflito com o meu Team Leader e nem que para isso tenha que perder regalias de carreira, se é que naquela empresa existe tal coisa como carreira. O pedido foi aceite e será atendido assim que for possível, segundo palavras do administrador. Eu comuniquei o facto ao meu Team Leader e comprometi-me a cumprir as minhas funções no meu grupo actual até que a recolocação tome efeito. Ponto final!
quarta-feira, maio 12, 2004
Feriado de alguns
Hoje é feriado em Aveiro... Dia de Santa Joana Princesa! Um dia santo para alguns!
Um dia de trabalho para outros!
Um dia de trabalho para outros!
segunda-feira, maio 10, 2004
12 anos!
Há uns tempos que pensava que este ano fazia dez anos de namoro com a Cláudia. Ontem descobri que afinal são doze. Foi sexta-feira. Nem nos lembrámos!
Ficam aqui umas palavras de outros, mas que podiam ser minhas, para celebrar o feliz evento:
"One love we don't need another love
One love one heart and one soul
We can have it all
Easy peasy
Any time you want me
Any time at all
Any time you need me
All you gotta do is call"
Em "One Love"- Stone Roses
Ficam aqui umas palavras de outros, mas que podiam ser minhas, para celebrar o feliz evento:
One love one heart and one soul
We can have it all
Easy peasy
Any time you want me
Any time at all
Any time you need me
All you gotta do is call"
Em "One Love"- Stone Roses
quinta-feira, maio 06, 2004
Acerca dos nomes...
Ando a ler uma mini-série de banda desenhada chamada "The Books of Magic" (a primeira) em quatro números e escrita por Neil Gaiman, o escritor de Sandman, uma das mais aclamadas séries da banda desenhada actual. Esta é uma obra inicialmente editada em finais de 1990 e inícios de 1991, uma meia dúzia de anos antes do Harry Potter, mas que tem algumas semelhanças com aquelas histórias. É também a história de um miúdo que entra para o mundo da magia, mas aqui a história tem contornos muito pouco perceptíveis a menores de idade, pois o miúdo vive no nosso mundo e é levado a conhecer o lado negro da magia a ponto de quase não retornar.
Mas isto para falar dos nomes. Acontece que uma das primeiras coisas que o Timothy Hunter (é o nome do miúdo) aprende, e que é constantemente dito ao longo da sua caminhada pelo mundo da magia, é que saber o verdadeiro nome de uma pessoa é ter poder sobre ela, e que esse apenas pode ser revelado à aqueles que realmente confiamos.
Eu não concordo com esta perspectiva, porque se calhar não vivo no mundo da magia, mas na verdade há muita gente que não me conhece pelo verdadeiro nome e nem sequer imagina qual é.
A Cláudia no outro dia disse "quando ele ainda era Mané", mas na verdade ainda sou Mané para toda a minha família e antigos vizinhos na Maia. E a maioria dessas pessoas nem sabe e nem imagina que me chamo Rui, pois o Mané vem do meu segundo nome Manuel (e não de tolo ou palerma). Ainda há umas semanas encontrei a Susana e a Zaira, minhas amigas de infância e elas cumprimentaram-me como Mané.
Mas a Cláudia tinha razão, porque esse foi o "nome" que me acompanhou toda a infância e juventude. Só deixei de ser Mané, para a maioria dos meus amigos, quando vim estudar para Aveiro. Aliás em Aveiro apenas o meu primeiro colega de quarto – o Quim - é que me chamava esse nome e apenas por influência do meu irmão. Mas já voltamos a Aveiro.
No entretanto, na escola secundária (Fontes Pereira de Melo) era conhecido por "Canário". É cómico mas nunca me importei que me chamassem por alcunhas, desde que estas fossem usadas com respeito. Acho que é preferível assumir-mos as razões porque nos chamam esse nomes e aceitarmos as alcunhas, do que as usarem nas nossas costas para nos ofenderem. Ainda hoje o Miguel (Monteiro) me trata por "Canário" e foi por causa disso que me lembrei de escrever isto.
Mas se "Canário" pode parecer depreciativo, pois estava ligado ao facto de eu usar constantemente um casaco amarelo nesse tempo, a minha alcunha na universidade é bem mais chocante e prende-se ao facto de usar sempre cabelo comprido. Ainda hoje há (mesmo) muita gente que me chama "Lóló" porque não sabe o meu verdadeiro nome. E até a minha irmã, que veio para Aveiro depois de mim, herdou a alcunha.
Há um tipo que reclama que o "Lóló" vem do facto do meu irmão ser alcunhado de "Lúlú" (Luís) na Universidade de Aveiro, mas nada tem a ver. A verdade é que quando me mudei para Aveiro, em 1989, a cidade e a universidade eram muito conservadoras e tirando o (Luís) Pitta mais ninguém usava cabelo comprido. Por azar (ou por sorte) eu mudei no ano em que os caloiros só entraram em Janeiro, devido a greves dos professores, pelo que eu era um dos únicos caloiros na universidade, usava cabelo comprido e frequentava as aulas do segundo e terceiro ano de Electrónica. Era visível em qualquer ambiente, o que provocou algumas invejas.
Acontece que como caloiro (estrangeiro) ninguém sabia o meu nome, mas sabiam quem eu era. E era normal dividir a gasolina com uns conhecidos, à sexta-feira, para ir para o Porto. Numa dessas sextas-feiras, o João (Guerra) e o Novais dividiam os interessados na boleia pelos seus carros e o João para explicar quem era o tal Rui que ia com o Novais, chamou-me de "Lóló".
Primeiro foi uma alcunha um pouco depreciativa, mas com o tempo o João e todos aqueles que me viam com maus olhos, tornaram-se os meus melhores amigos na universidade e a alcunha passou a ser um termo carinhoso.
E é bonito ver um amigo telefonar para o meu local de trabalho e perguntar pelo "Lóló". Como eu não estava pediu para falar com o "Pipa" (Sérgio Santiago). E como ele também não estava pediu para dizer que era o "Vitó".
Mas isto para falar dos nomes. Acontece que uma das primeiras coisas que o Timothy Hunter (é o nome do miúdo) aprende, e que é constantemente dito ao longo da sua caminhada pelo mundo da magia, é que saber o verdadeiro nome de uma pessoa é ter poder sobre ela, e que esse apenas pode ser revelado à aqueles que realmente confiamos.
Eu não concordo com esta perspectiva, porque se calhar não vivo no mundo da magia, mas na verdade há muita gente que não me conhece pelo verdadeiro nome e nem sequer imagina qual é.
A Cláudia no outro dia disse "quando ele ainda era Mané", mas na verdade ainda sou Mané para toda a minha família e antigos vizinhos na Maia. E a maioria dessas pessoas nem sabe e nem imagina que me chamo Rui, pois o Mané vem do meu segundo nome Manuel (e não de tolo ou palerma). Ainda há umas semanas encontrei a Susana e a Zaira, minhas amigas de infância e elas cumprimentaram-me como Mané.
Mas a Cláudia tinha razão, porque esse foi o "nome" que me acompanhou toda a infância e juventude. Só deixei de ser Mané, para a maioria dos meus amigos, quando vim estudar para Aveiro. Aliás em Aveiro apenas o meu primeiro colega de quarto – o Quim - é que me chamava esse nome e apenas por influência do meu irmão. Mas já voltamos a Aveiro.
No entretanto, na escola secundária (Fontes Pereira de Melo) era conhecido por "Canário". É cómico mas nunca me importei que me chamassem por alcunhas, desde que estas fossem usadas com respeito. Acho que é preferível assumir-mos as razões porque nos chamam esse nomes e aceitarmos as alcunhas, do que as usarem nas nossas costas para nos ofenderem. Ainda hoje o Miguel (Monteiro) me trata por "Canário" e foi por causa disso que me lembrei de escrever isto.
Mas se "Canário" pode parecer depreciativo, pois estava ligado ao facto de eu usar constantemente um casaco amarelo nesse tempo, a minha alcunha na universidade é bem mais chocante e prende-se ao facto de usar sempre cabelo comprido. Ainda hoje há (mesmo) muita gente que me chama "Lóló" porque não sabe o meu verdadeiro nome. E até a minha irmã, que veio para Aveiro depois de mim, herdou a alcunha.
Há um tipo que reclama que o "Lóló" vem do facto do meu irmão ser alcunhado de "Lúlú" (Luís) na Universidade de Aveiro, mas nada tem a ver. A verdade é que quando me mudei para Aveiro, em 1989, a cidade e a universidade eram muito conservadoras e tirando o (Luís) Pitta mais ninguém usava cabelo comprido. Por azar (ou por sorte) eu mudei no ano em que os caloiros só entraram em Janeiro, devido a greves dos professores, pelo que eu era um dos únicos caloiros na universidade, usava cabelo comprido e frequentava as aulas do segundo e terceiro ano de Electrónica. Era visível em qualquer ambiente, o que provocou algumas invejas.
Acontece que como caloiro (estrangeiro) ninguém sabia o meu nome, mas sabiam quem eu era. E era normal dividir a gasolina com uns conhecidos, à sexta-feira, para ir para o Porto. Numa dessas sextas-feiras, o João (Guerra) e o Novais dividiam os interessados na boleia pelos seus carros e o João para explicar quem era o tal Rui que ia com o Novais, chamou-me de "Lóló".
Primeiro foi uma alcunha um pouco depreciativa, mas com o tempo o João e todos aqueles que me viam com maus olhos, tornaram-se os meus melhores amigos na universidade e a alcunha passou a ser um termo carinhoso.
E é bonito ver um amigo telefonar para o meu local de trabalho e perguntar pelo "Lóló". Como eu não estava pediu para falar com o "Pipa" (Sérgio Santiago). E como ele também não estava pediu para dizer que era o "Vitó".
quarta-feira, maio 05, 2004
God is a comedian…
Não é que eu acredite! Mas inspira-me, por vezes, ler o horóscopo. Não é que não acredite! Mas há dias que leio!
Mas há um dia da semana em que não deixo de ler o horóscopo. Mas não é um qualquer. É o Freewill Astrology, às quartas-feiras.
Foi um hábito que ganhei do meu tempo nos Estados Unidos. Acho que nos momentos menos bons procuramos saber se vão passar e agarramo-nos a oráculos que nos possam trazer respostas. Descobri este através do meu amigo Ben. Vale porque não nos dá respostas, mas leva-nos a pensar. Pode até não ter nada a ver com as estrelas, que dizem nos dita o destino ou pelo menos cria ambientes propícios a certas acções, mas todas as semanas põe-me a pensar em mudar qualquer coisa em mim no sentido da boa vontade (isto parece saído de uma qualquer religião).
É escrito por um "lunático" que por sinal vive em Marin County, Califórnia, a zona onde eu vivia quando por lá passei e onde vive toda aquela comunidade hippie que resultou dos loucos anos 60. O seu nome é Rob Brezsny, se isso interessa para alguma coisa. E no verão passado andou a casar gente no Burning Man, um festival inexplicável no meio do deserto do Nevada e que é uma das coisas que ainda me vai fazer voltar aos Estados Unidos, porque foi uma das coisas que me arrependo de não ter presenciado.
Mas, estava a falar dos horóscopos, e esta semana permito-me partilhar a mensagem que lá está para o meu signo (Leão):
"God is a comedian playing to an audience that is too afraid to laugh," meditou o filósofo francês do século XVIII Voltaire. O que é irónico, eu acrescentaria, é que no momento em que te enches de coragem para rir, as piadas de Deus tornam-se estimulantes mais do que cruéis. Têm um efeito purificador, e frequentemente tendem a destruir os obstáculos aos teus sonhos. Estás preparado para a transição, Leão? O presságio planetário sugere que amadureceste suficientemente para achares que o próximo murro divino é histericamente cómico.
Por outras palavras, se não tivermos capacidade de rir das coisas más que nos acontecem perdemos a capacidade de viver... felizes! Eu continuo a tentar rir-me todos os dias dos murros divinos. Às vezes é difícil, mas tento...
Mas há um dia da semana em que não deixo de ler o horóscopo. Mas não é um qualquer. É o Freewill Astrology, às quartas-feiras.
Foi um hábito que ganhei do meu tempo nos Estados Unidos. Acho que nos momentos menos bons procuramos saber se vão passar e agarramo-nos a oráculos que nos possam trazer respostas. Descobri este através do meu amigo Ben. Vale porque não nos dá respostas, mas leva-nos a pensar. Pode até não ter nada a ver com as estrelas, que dizem nos dita o destino ou pelo menos cria ambientes propícios a certas acções, mas todas as semanas põe-me a pensar em mudar qualquer coisa em mim no sentido da boa vontade (isto parece saído de uma qualquer religião).
É escrito por um "lunático" que por sinal vive em Marin County, Califórnia, a zona onde eu vivia quando por lá passei e onde vive toda aquela comunidade hippie que resultou dos loucos anos 60. O seu nome é Rob Brezsny, se isso interessa para alguma coisa. E no verão passado andou a casar gente no Burning Man, um festival inexplicável no meio do deserto do Nevada e que é uma das coisas que ainda me vai fazer voltar aos Estados Unidos, porque foi uma das coisas que me arrependo de não ter presenciado.
Mas, estava a falar dos horóscopos, e esta semana permito-me partilhar a mensagem que lá está para o meu signo (Leão):
"God is a comedian playing to an audience that is too afraid to laugh," meditou o filósofo francês do século XVIII Voltaire. O que é irónico, eu acrescentaria, é que no momento em que te enches de coragem para rir, as piadas de Deus tornam-se estimulantes mais do que cruéis. Têm um efeito purificador, e frequentemente tendem a destruir os obstáculos aos teus sonhos. Estás preparado para a transição, Leão? O presságio planetário sugere que amadureceste suficientemente para achares que o próximo murro divino é histericamente cómico.
Por outras palavras, se não tivermos capacidade de rir das coisas más que nos acontecem perdemos a capacidade de viver... felizes! Eu continuo a tentar rir-me todos os dias dos murros divinos. Às vezes é difícil, mas tento...
segunda-feira, maio 03, 2004
As fotos...
Hoje comprei um scanner novo que me permite digitalizar negativos. Um Epson Perfection 1670 Photo.
Estive a experimentar digitalizar uns filmes e experimentei com as fotos tiradas com a minha half frame Olympus PEN EE-3. Como prometido aqui estão as primeiras provas.
Estive a experimentar digitalizar uns filmes e experimentei com as fotos tiradas com a minha half frame Olympus PEN EE-3. Como prometido aqui estão as primeiras provas.
Quando ele ainda era Mané!
Vocês viram aquela foto do gajo! Eu conheci-o assim. Parecia que tinha 15 anos, apesar de já ter 18! E tinha as míudas todas atrás deles. E eu não entendia.
Usava uma "palinha" e as calças dobradas em baixo. Muito rockabilly.
Era tão puto!!!
Usava uma "palinha" e as calças dobradas em baixo. Muito rockabilly.
Era tão puto!!!
Diário de um Trabalhador
Ontem li no Expresso que três jornalistas d' "O Primeiro de Janeiro" tinham sido despedidos por causa de uns posts que tinham colocado num blog de seu nome Diário de um Jornalista. Hoje resolvi investigar!
Se ontem tinha esperança na mudança deste país, hoje começo a ver que afinal nada mudou em 30 anos de liberdade de expressão.
Choca-me que uma empresa ameace os seus trabalhadores com despedimento por estes se encontrarem num café, fora das horas de trabalho, com ex-trabalhadores da mesma empresa e que se mudaram para a concorrência. Mas mais me choca que o concretize.
Será que o "Pasquim" é caso único? Naaaaaa...
Se ontem tinha esperança na mudança deste país, hoje começo a ver que afinal nada mudou em 30 anos de liberdade de expressão.
Choca-me que uma empresa ameace os seus trabalhadores com despedimento por estes se encontrarem num café, fora das horas de trabalho, com ex-trabalhadores da mesma empresa e que se mudaram para a concorrência. Mas mais me choca que o concretize.
Será que o "Pasquim" é caso único? Naaaaaa...
domingo, maio 02, 2004
Inspiração
Hoje [Domingo, 02 de Maio de 2004] no jornal Público vem um artigo sobre o Luís Pato, o pai da Filipa. Aliás o artigo inclui uma parte sobre a filha... Mas na verdade é bom ler coisas que nos dão razão e vindas de alguém com a experiência do Mr. Baga da Bairrada (como é chamado no artigo), dá-nos força, porque às vezes chego a pensar que estou só e errado.
Gosto especialmente de frases como "não é Portugal que é pequeno, os seus vinhos é que podem ser grandes lá fora se os produtores estiverem dispostos a ceder na sua orgulhosa auto-insuficiência" que me fazem pensar até que ponto é que isto não se pode aplicar a empresas como a que eu trabalho. Porque não ceder e deixarmo-nos ajudar? Mas com ideias! Não podemos ficar eternamente à espera dos subsídios.
"Sempre tivemos um espírito de pobreza e aí o salazarismo foi marcante, na falta de rasgo, de perspectiva." Porque temos sempre que pensar como pensava Salazar quando dizia "Orgulhosamente Sós"? Sermos portugueses já não acaba em Vilar Formoso, podemos sê-lo em qualquer parte do mundo e as fronteiras acabaram há muitos anos. O mercado é o mundo! E sozinhos não vamos a lado nenhum... Especialmente quando a União Europeia passou a ter quase o dobro das nações e o dobro dos mercados. O "orgulhosamente sós" aplicava-se quando o Salazar sabia que ao pertencer a qualquer comunidade teria que ceder o seu poder. O mesmo se aplica à direcção de algumas empresas que acham que pertencer a uma organização europeia implica perda de poder, quando juntos teremos muito mais poder para negociar com organizações maiores. Portugal é pequeno em telecomunicações, mas a Europa é suficientemente grande para competir com o Japão, Estados Unidos ou China.
"Muitos dos meus colegas produtores achavam caro viajar". Para mim esta traduz em muito a perspectiva da maioria dos gestores portugueses. Todos os anos vão de férias para o Algarve, ou para o local habitual, porque é aí que têm a sua casa de praia, e não conseguem aperceber-se que perdem as referências e não conseguem introduzir ideias novas. Quem se limita ao território nacional "não tem padrões de comparação, só faz o que sempre fez, não evolui nem quer evoluir".
Depois há a inovação. "Cultivo a inquietação. Quando deixar de fazer experiências, deixo de ser Luís Pato." Onde há inovação em Portugal? Nós fazemos o que nos mandam e não temos tempo para procurar ideias novas. Além disso não as procuramos porque as nossas referências continuam a ser os vizinhos da mesma rua. É surpreendente como numa empresa de tecnologia de ponta como a que trabalho continue a comparar-se a empresas da mesma rua e não a empresas do mesmo mercado e dimensão.
Somos pequenos, vemo-nos como tal e aceitamos que assim somos. Felizmente há bons exemplos de quem procura a excelência - "quero ser o melhor, não o maior" - em vez de se vender mais barato. E melhor é ver que este exemplo vem de uma região marcadamente conservadora e tradicionalista, uma "região imbuída de orgulho pela sua tradição vinícola", mas onde há excepções.
Há esperança!
Gosto especialmente de frases como "não é Portugal que é pequeno, os seus vinhos é que podem ser grandes lá fora se os produtores estiverem dispostos a ceder na sua orgulhosa auto-insuficiência" que me fazem pensar até que ponto é que isto não se pode aplicar a empresas como a que eu trabalho. Porque não ceder e deixarmo-nos ajudar? Mas com ideias! Não podemos ficar eternamente à espera dos subsídios.
"Sempre tivemos um espírito de pobreza e aí o salazarismo foi marcante, na falta de rasgo, de perspectiva." Porque temos sempre que pensar como pensava Salazar quando dizia "Orgulhosamente Sós"? Sermos portugueses já não acaba em Vilar Formoso, podemos sê-lo em qualquer parte do mundo e as fronteiras acabaram há muitos anos. O mercado é o mundo! E sozinhos não vamos a lado nenhum... Especialmente quando a União Europeia passou a ter quase o dobro das nações e o dobro dos mercados. O "orgulhosamente sós" aplicava-se quando o Salazar sabia que ao pertencer a qualquer comunidade teria que ceder o seu poder. O mesmo se aplica à direcção de algumas empresas que acham que pertencer a uma organização europeia implica perda de poder, quando juntos teremos muito mais poder para negociar com organizações maiores. Portugal é pequeno em telecomunicações, mas a Europa é suficientemente grande para competir com o Japão, Estados Unidos ou China.
"Muitos dos meus colegas produtores achavam caro viajar". Para mim esta traduz em muito a perspectiva da maioria dos gestores portugueses. Todos os anos vão de férias para o Algarve, ou para o local habitual, porque é aí que têm a sua casa de praia, e não conseguem aperceber-se que perdem as referências e não conseguem introduzir ideias novas. Quem se limita ao território nacional "não tem padrões de comparação, só faz o que sempre fez, não evolui nem quer evoluir".
Depois há a inovação. "Cultivo a inquietação. Quando deixar de fazer experiências, deixo de ser Luís Pato." Onde há inovação em Portugal? Nós fazemos o que nos mandam e não temos tempo para procurar ideias novas. Além disso não as procuramos porque as nossas referências continuam a ser os vizinhos da mesma rua. É surpreendente como numa empresa de tecnologia de ponta como a que trabalho continue a comparar-se a empresas da mesma rua e não a empresas do mesmo mercado e dimensão.
Somos pequenos, vemo-nos como tal e aceitamos que assim somos. Felizmente há bons exemplos de quem procura a excelência - "quero ser o melhor, não o maior" - em vez de se vender mais barato. E melhor é ver que este exemplo vem de uma região marcadamente conservadora e tradicionalista, uma "região imbuída de orgulho pela sua tradição vinícola", mas onde há excepções.
Há esperança!
sábado, maio 01, 2004
Dia do Trabalhador
Hoje, sábado, dia 1 de Maio de 2004, dia internacional do Trabalhador, eu estou a trabalhar.
Tomei o meu pequeno-almoço, já fiz o meu chá de Tília, pus os auscultadores, coloquei o "(the best of) NewOrder" no leitor de CDs do PC e vou começar a árdua tarefa de fazer aquilo que os outros não querem fazer.
Porque esse é o meu trabalho.
Tomei o meu pequeno-almoço, já fiz o meu chá de Tília, pus os auscultadores, coloquei o "(the best of) NewOrder" no leitor de CDs do PC e vou começar a árdua tarefa de fazer aquilo que os outros não querem fazer.
Porque esse é o meu trabalho.
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