sexta-feira, agosto 19, 2005

Voltei de férias...

Olá,

Voltei de férias, mas ainda não sei se voltei (des)cansado. Embora tenha dito, no último post antes de ir, que iria ficar triste por voltar, a verdade é que assim não foi. Fiquei com vontade de voltar, embora agora, neste momento, esteja a ser assolado por uma vontade de não ter voltado. Não porque tenha gostado por demais de lá ter estado, mas porque não tenho muita vontade de aqui estar.

A Croácia é um país bonito. Mas ainda não consegui digerir as hordas de veraneantes que, em Agosto, invadem as vilas e as pequenas “praias” da Croácia semeando um ambiente de terror de balneário da Europa. Eu vou deixar estas histórias para as Crónicas (que eventualmente escreverei no fim-de-semana) mas queria deixar-vos com a ideia que não foi a Croácia que fez querer voltar, mas os alemães, eslovenos, italianos, checos, austríacos, polacos, eslováquios, holandeses, belgas, luxemburgueses, franceses, espanhóis, croatas, bósnios, sérvios, búlgaros, albaneses, americanos, canadianos, moldavos, australianos e portugueses que enchem o país de carros, as ruas de gente, as praias de barulho e as águas de porcaria.

Mas chego aqui e... Este país deprime-me. Nós (portugueses) não queremos ser ajudados. Claramente tudo o que tem a ver com mudar não tem nada a ver com Portugal. Para quê mudar se está tudo bem assim. Reclamamos o tempo todo, mas quem quiser que mude as coisas, “porque agora não posso”. E em Agosto isto ainda se acentua mais.

Eu vi na Croácia um Portugal de há 15 ou 20 anos. Um Portugal saído há alguns anos de uma ditadura, evoluindo devagar, mas com esperança no futuro. Chego aqui e encontro um Portugal sem governo, parado no tempo e sem esperança nenhuma no futuro. A Croácia tem (e vai fazê-lo) a possibilidade de fazer melhor que nós assim que entrar na União Europeia. A Bósnia é um claro exemplo disso, porque se nota que entra no país muita ajuda externa e vê-se a sua clara aplicação.

Ficar em Portugal neste momento é a opção mais difícil. Tentar ajudar um país que claramente não quer ser ajudado é o décimo terceiro trabalho de Hércules. Não há emprego, não há condições, não há economia. Os incêndios estão a levar a única coisa que ainda sobrava de bom neste país, que era a qualidade de vida.

Quero emigrar!

2 comentários:

Anónimo disse...

Oi Rui,
Pelos Açores a experiência foi bem mais pacata, felizmente.
O meu radar olhou para o teu post e fez "ping".

Como diz uma foto tua, "hold on".

O ex-emigrante na Holanda,
Ba-ta-tas

Anónimo disse...

Vindo de outro ex-emigrante também com vontade de reiniciar nova diáspora...hold on é a palavra que de facto justifica-se a esta hora. De facto, uma ida ao feira-nova sábado à tarde, será mais que suficiente para simplesmente prosseguir mas há e terá sempre de haver qualquer coisa mais ou menos que nos faça não tomar esta ideia assim, tão livremente. Será sempre com uma certa pena e um constante "why" na nossa cabeça... Não sei, gostava de simplesmente falar mais sobre isto. Bem vindos e um até já. Vizinhos!
Alex