Pelos vistos algumas pessoas, principalmente aqueles que já foram emigrantes portugueses, foram as que mais comentaram o meu post sobre o retorno de férias. Alguns fizeram-no por mail dizendo "deixa de te martirizar tanto com os lusos problemas, não é culpa tua" ou verbalmente "acho que estás a ser muito negativo".
A verdade é que sempre fui algo negativista nos momentos maus. Depressivo mesmo. Acho que é próprio na minha natureza portuguesa. Mas o facto de que este país pára em Agosto (Julho e Setembro) torna-o algo depressivo para quem quer andar para a frente com a sua vida. Além de que ter que ir trabalhar quando os outros estão todos de férias torna qualquer um num ser revoltado.
Mas também sou um optimista e um ser positivista em todas as outras alturas e sei ver o que é que este país tem de bom em relação a todos aqueles onde já vivi, trabalhei ou visitei.
Portugal é sem dúvida um país onde se vive mais a vida que nos Estados Unidos. Aqui temos a noção clara de quem é nosso amigo. Temos amigos, não somos seres individuais, estanques e intocáveis. Um emprego aqui, em Portugal, rege-se por regras contratuais e é supervisionado por sindicatos e instituições públicas. Há alguma segurança no trabalho, há segurança social e há serviço nacional de saúde. O estado tem intervenção na vida pública.
Em Portugal tem-se a noção que ao fim de algumas horas de trabalho as pessoas não produzem o mesmo que quando começaram. Aqui, ao contrário do Japão, não é necessário esperar pelo chefe para sair da empresa e há condições mínimas de higiene e segurança no trabalho. Há espaço para se respirar e temos tempo para o desfrutar. Nós temos férias, coisa que os Japoneses e Americanos só usufruem raramente.
Ao contrário de Inglaterra temos sol. Ainda mais sol que na Finlândia. Temos um clima ameno que, por vezes, até permite-nos já fazer praia em Maio. Ao contrário dos ingleses, somos frontais, dizemos o que temos a dizer na cara. Não somos falsos, sorrindo pela frente, mas espetando a faca pelas costas. Falta-nos é a alegria dos Espanhóis, mas resta-nos a paz de viver num país pacífico e cujas fronteiras não mudam há séculos. Estável!
Somos muito mais amistosos que os franceses e sobretudo sabemos compreender melhor as diferenças culturais que eles ou os alemães. Somos muito menos parolos que os italianos e sabemos respeitar o próximo...
E, temos as melhores praias da Europa!
Claro que tudo isto são generalizações, mas penso nisto quase todos os dias. E vêem-me sempre as lágrimas aos olhos quando vejo que as qualidades do nosso país são apreciadas e divulgadas (por vezes bem melhor) por estrangeiros.
Há umas semanas vi um filme (num ciclo de cinema cá em Aveiro) de seu nome "A Cidade Branca" de um realizador suíço – Alain Tanner – passado numa Lisboa do início dos anos 80. O protagonista – representado pelo Bruno Ganz das "Asas do desejo" ou mais recentemente do "A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich" – um marinheiro suíço que desembarca em Lisboa e apaixona-se pela vida pacata e pela beleza da cidade.
O filme tem 20 e poucos anos. E ver Lisboa nessa altura faz-nos pensar como muita coisa mudou em Portugal nestes anos. Nós é que estamos embebidos na mudança e não nos apercebemos.
Mas podemos ser melhores!
1 comentário:
E eu só descubro este blog agora...! Parabéns.
Nuno, lusodescendente que decidiu viver em Portugal...
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