quarta-feira, maio 27, 2009

Coxo

Este fim-de-semana fui participar numa prova de orientação em BTT (ou Ori-BTT) em Barcelos. Já não andava de bicicleta há algumas semanas e já não compito há alguns anos. E apenas fiz uma prova de Ori-BTT com uma carta de 1:10 000 em toda a minha vida. Mas queria voltar a sentir a adrenalina da corrida, a vontade de competir e a sensação de me perder em cima de uma bicicleta.

Escolhi a versão de dificuldade média da prova, para me testar. Consistia em realizar 15 pontos marcados na carta, na ordem estabelecida, no menor tempo possível. A prova tinha uns míseros 9,5 km de extensão estimada, pois poderia ter muito mais dependendo da (des)orientação do concorrente.

Domingo. Parti às 10:30 da manhã de uma localidade de Barcelos chamada Palme. A prova começava a subir... Fiz o primeiro ponto, ainda dentro da povoação e a partir daí foram quase 2 km a subir com uma inclinação de cerca de 10%. Estava de tal maneira desnorteado quando acabei a subida que tive que voltar uma centena de metros atrás para fazer o segundo ponto, pois falhei o caminho onde deveria virar.

Não conseguia pensar bem e demorei a habituar-me à escala e informação da carta. Perdi-me entre o segundo e terceiro ponto. Nem bússola levava... Não havia sol para tirar referências. Mas através das curvas de nível e dos caminhos consegui me localizar na carta. Subi uma enorme ladeira e encontrei o ponto três.

Marquei o ponto no cartão de controlo, desmontei da bicicleta, despi o casaco, respirei fundo e acalmei. Respirei fundo algumas vezes até recuperar o fôlego e a calma. Olhei para a carta durante uns minutos delineando a minha estratégia. E a partir daí nunca mais me perdi. Fui papando os pontos de controlo uns atrás dos outros.

Até que entre o nono e o décimo ponto tive um acidente! Ia a subir muito bem num caminho marcado pelos rodados de um carro, num nível abaixo das bermas e a olhar para a carta. De repente um galho de pinheiro com uns 7 cm de diâmetro que estava na berma é apanhado pela perna esquerda, no seu movimento de pedalada para a frente, e perfura-me a carne. Parei e deparei-me com um golpe profundo acima do tornozelo. Tirei o Camelbak e molhei bem a ferida procurando limpar e estancar o sangue.


Estava a uns 2 ou 3 km da civilização. Passam uns ciclistas que me querem ajudar, mas eu digo-lhes para seguir. Subi o resto do caminho a pé e montei só para descer. Fiz o ponto dez a caminho da chegada. O sangue estancou e não sentia dores. Mas assim que chego ao ponto onze um tipo que tirava fotografias inspecciona a ferida e aconselha-me a voltar o mais rapidamente para a chegada.

Ainda fiz o posto 14 e 15, antes de encontrar os bombeiros que me desinfectam a ferida e fui para o hospital. No hospital dão-me os dois pontos (na perna) que não fiz na prova...

Foi este o meu percurso:


Espero estar pronto para a próxima prova, a 21 de Junho em Águeda!

1 comentário:

Susana G Santos disse...

Não sei se és valente ou insensível...
Determinado de certeza.