A semana passada no caderno emprego do jornal Expresso chamava a atenção na capa, com "Meritocracia – lugar à competência", para um artigo que questionava, logo no início "Em Portugal impera a cultura da meritocracia ou ainda prevalece o factor 'cunha'?".
O artigo não diz nada de novo, aliás é apenas a colagem mal feita de uma série de dados e declarações de uns tantos professores. Gostei de ver a dada altura, quando um tal de Rafael Mora, que supostamente é um "partner" da consultora Heidrick & Struggles, que diz que "há já vários casos de sucesso de gestão pelo mérito em Portugal", que até posso concordar. Mas, quando ele enumera alguns exemplos e neles inclui casos como a PT e a Galp, escrevi o nome da consultora no meu Moleskine para me lembrar de NUNCA lhes pedir qualquer tipo de consultoria.
Mais adiante gostei do que escreveu a Sra. Maria Márcia Trigo, docente e directora da Business School da UAI em Portugal, quando afirma "os talentos são mais incómodos para as organizações porque questionam e se questionam, são muito exigentes com as chefias, com as condições de trabalho, precisam de maior espaço de decisão, convivem mal com as injustiças, não suportam burocracias e exercem grande pressão sobre os colegas, as chefias e administração". E acaba dizendo "este mercado global do talento que está em expansão, assusta empresários, executivos, quadros e até os próprios talentosos".
Eu não me considero um talentoso, mas tenho a mesma sensação quando trabalho numa empresa em Portugal (não o senti tanto em Inglaterra). Pelos vistos sou eu que tenho que mudar, porque as empresas não vão mudar. Se calhar tenho que deixar de ter espírito empreendedor, e achar que consigo mudar as empresas para melhor. Afinal de contas as empresas querem continuar a ser más! Amadoras, mas descansadas...
E o mesmo se passa no recrutamento. Quando recebo um mail a dizer "a sua candidatura não se enquadra no perfil definido para o recrutamento dos actuais projectos" de uma tal empresa, depois de ter ido a quatro entrevistas e as pessoas se mostrarem interessadas no meu perfil. E dias depois fazem uma proposta a vários colegas meus com qualificações inferiores às minhas, sem nunca me terem proposto nada, só me faz pensar que afinal tenho currículo a mais e não se premeia o mérito.
Se calhar sou "muita areia para muita camioneta". Serei assim tanta "areia"... Ou as "camionetas" é que são pequenas e não querem levar tanta "areia". Para quê? É mais confortável levar a "areia" que sempre levaram.
Eu aprendo a ser "areia"! Que arranha a engrenagem?
2 comentários:
Como costumavam cantar os Bad Religion,
"Against the grain
That's where I'll stay
Swimming up stream
I maintain against the grain"
As "camionetas" precisam muito da areia e de areia que ajude a construção!!! As "camionetas" têm receio de a "areia" não se sentir bem neste caminho comum. Mas não te deixes levar apenas pela opinião de uma das condutoras;).
Vamos falando.
Enviar um comentário