quinta-feira, outubro 20, 2005

Máquina de Passar Tempo

Ainda na senda do tempo.

Hoje nuns 5 minutos que naveguei aqui pela blogosfera, encontrei este texto que tomei a liberdade de trascrever partilhando-o convosco. Podem encontrá-lo escrito, no seu blog, por Rui Werneck de Capistrano.

Está em português do Brasil!

"MÁQUINA DE PASSAR TEMPO

Não, você não leu direito o título. Ele não queria inventar a Máquina do Tempo. A perseguida por tantos e tantos cientistas sérios ou malucos. Aquela de ir e vir no tempo. De visitar a infância ou a velhice. O que ele queria mesmo era inventar a Máquina de Passar Tempo. Só isso. Por onde começar? Que apetrechos usar? Melhor pensar. Sentou-se na melhor poltrona da casa e lá ficou. Zen. Quase nem. Sem porém. Cinco horas mais tarde, ainda estava pensando. Precisaria energia elétrica? Pneus de bicicleta, acelerador de partículas, cartas de baralho? Indeciso, pensava. Logo mais apalpou a poltrona, o tecido macio, e resolveu começar por ela. Adaptou um volante de automóvel, um dial de rádio, motor de liquidificador. Daí em diante, foi fácil. Uma cúpula de abajur, dois garfos e uma faca, uma pá de ventilador, roldanas de persiana. Ficou dois dias indeciso entre uma ou cinco cordas de violão. Decidiu por cinco. Pelos dez dias seguintes visitou ferros-velhos e catou tudo que parecia bom de usar. A família estranhou, os vizinhos balançaram a cabeça. Noite e dia ele pregava, serrava, soldava. Lógico que correu a notícia de que ele endoidara. Pirou. Está dando milho para bicicleta. Jogando queda de braço com toca-discos. Até que, num belo dia de chuva, ele abriu a casa para os curiosos.

— Vejam! Vejam! Inventei a Máquina de Passar Tempo!

Risos, muxoxos, bocas franzidas.

— Não acreditam, né? Pois, olhem: comecei a fabricá-la no dia 29 de novembro de 1993. O calendário mostra que hoje é 23 de novembro de 1994 e eu nem senti o tempo passar. Ele fez passar um ano inteiro! E o melhor vem agora: ela nem está pronta ainda! Pelos meus cálculos e estudos, acho que preciso de mais uns dez ou doze anos. Isso se eu achar todas as peças. Agora, pronta, pronta, funcionando sem nenhum barulhinho, leva ainda uns trinta anos. Aí, posso requerer patente. E revender. Mas isso, isso se eu não descobrir um jeito de modernizá-la, colocando peças tecnologicamente mais avançadas, ecologicamente corretas. Bom, aí vão mais uns cinqüenta anos. Acreditam? Não? Esperam pra ver. Esperem pra ver..."

1 comentário:

Anónimo disse...

Aí, Rui... Tudo bem? Gostei de ver meu texto atravessando o Atlântico. Cá do Brasil, envio minhas saudações a todos os colegas portugueses que se dão ao trabalho de pôr no blog suas aventuras, no texto ou na vida real. Abraços.