terça-feira, dezembro 21, 2004

"Já não me lembra de te ver!"

O meu Avô Zé Carneiro

Há três semanas numa visita que fiz a casa dos meus avós maternos, o meu Avô, que não reconhecia a minha mãe desde Abril, passou o tempo todo a olhar para mim a tentar reconhecer-me e quando me despedi disse-me "Mané, já não me lembra de te ver!". Eu disse-lhe "Adeus Avô!" porque naquele momento senti que me estava a despedir dele pela última vez. Senti que provavelmente nunca o voltaria a ver com vida e senti que ele sabia disso.

Sábado estava a sair de Almendra, a terra dele, e a chegar a Castelo Melhor, a terra do pai dele, e meu bisavô, quando a minha mãe e a minha irmã me telefonaram. Não consegui falar com elas, mas soube logo o que se passava. No sopé do monte de S. Gabriel, o arcanjo anunciante, recebi a notícia que o meu Avô José Caetano Carneiro nos tinha deixado.

Aos 95 anos de idade e consciente até quase ao fim da sua vida mostrou ser um homem rijo e um exemplo. Jamais me esquecerei das instruções para dar de comer aos coelhos, que eu cumpria escrupulosamente, quando ele ia no Verão para Almendra. Jamais me esquecerei do modo como, já depois dos 90, fazia calar toda a sala cheia de netos, filhos, genros e noras, quando queria ver a televisão. Era de um feitio decidido!

Parte 16 anos depois do meu Avô José Maria, do qual nunca tive a oportunidade de me despedir.

"Adeus Avô!"

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