quarta-feira, janeiro 03, 2007

Apostar No Empreendedorismo Exige Novas Mentalidades

Vem este artigo na sequência de algumas reuniões que tive na mesma semana, e que raramente começaram a horas... Serei eu que estou mal?

Apostar No Empreendedorismo Exige Novas Mentalidades
Celestino Flórido Quaresma

Portugal ainda está preso a uma mentalidade de ignorância, de iliteracia, de isolamento, de débil capacidade de liderança, de desejo de trabalhar por conta de outrem. Para grande parte dos jovens, o único objectivo é ter emprego e receber um vencimento ao fim do mês. Sem nenhum entusiasmo, sem nenhuma apetência para criar a sua própria ocupação, geradora de riqueza

O nosso Governo está a apostar no chamado Plano Tecnológico. Mas, para termos um plano tecnológico, precisamos primeiro de um plano eficaz para mudar as mentalidades. Para que se incuta em todos nós um espírito de exigência, de qualidade, de rigor e de pontualidade. A todos os níveis, na escola, na vida profissional e mesmo na nossa vida pessoal. Exigência para com os professores, para com os alunos, para com os nossos fornecedores de bens ou serviços, para com os nossos colegas e, sobretudo, exigência para com nós próprios; Para incutir em cada um de , nós um espírito de inovação. Um espírito empreendedor. Em todas as actividades em que estejamos envolvidos! Enquanto estudamos. Enquanto trabalhamos por conta própria ou por conta de outrem.

Se aumentarmos o nosso espírito de iniciativa, tornamos mais empreendedoras, mais rigorosas e mais exigentes as pessoas que nos rodeiam. A começar pela exigência de pontualidade. Eliminemos, mesmo, o quarto de hora académico e coimbrão. Incentivemos, sobretudo nas escolas, o culto da pontualidade.

Portugal ainda está fortemente preso a uma mentalidade consequente da ignorância, da iliteracia, do isolamento, da débil capacidade de liderança, do desejo de trabalhar por conta de outrem. Para grande parte dos jovens, o único objectivo é ter emprego. Para receber um vencimento ao fim do mês. Sem nenhum entusiasmo por aquilo que quer fazer, nem pela sua realização pessoal. Sem nenhum entusiasmo pela produção. Sem nenhuma apetência para criar a sua própria ocupação, geradora de riqueza.

Os jovens diplomados vêm de meios académicos pródigos em praxes e em festas. Neste ambiente, paira-se num mundo maravilhoso, onde parece não haver riscos. Mas a vida real não é assim e isso complica tudo quando se sai desse mundo para um outro bem diferente. Surgiram algumas licenciaturas novas nas últimas décadas, com designações impensáveis, sem nenhum conteúdo que dê resposta às reais necessidades da comunidade. E fogem para esses cursos aqueles que buscam facilidades mas que vão ser vítimas delas. Ficam vazias as licenciaturas com conteúdos científicos e tecnológicos que levam à capacidade de decisão e à criatividade fundamentadas no conhecimento científico. Porque, nessas licenciaturas, ainda se exige algum esforço. Temos hoje excesso de licenciados em coisa nenhuma. Que nem, ao menos, trazem cultura geral. Que têm, no fim do curso, a sensação de uma total inutilidade. É importante aprender. É importante saber. É urgente alertar para isso os estudantes. Para não serem enganados pelas notas altas dos professores que não exigem. Para não serem enganados por diplomas que pouco ou nada valem. Hoje, quem avalia o valor das pessoas, o seu saber e a sua competência é o mercado de trabalho!

É urgente levar o rigor, a exigência e o culto do saber a todos os graus de ensino. Promover o culto da pontualidade. Promover o respeito pelo tempo, porque o tempo é um bem escasso e, por isso, é fundamental e precioso. É importante que os jovens se habituem a pensar e a lançar as suas ideias, a sugerir novos processos de trabalho e de relacionamento entre as pessoas no ambiente de trabalho, a lutar contra dificuldades de toda a ordem. A lutar pelas soluções e pelos rumos em que se acredita. A serem ambiciosos e exigentes consigo próprios e com os outros. A inovação e o empreendedorismo só resultam em sucesso com muito trabalho, muito esforço e muita persistência. E tudo isto com entusiasmo, com boa disposição e bom humor, quer a trabalhar por conta de outrem quer na criação do seu próprio trabalho. Só é inovador e empreendedor quem gosta do que faz, quem tem entusiasmo e anda bem disposto. É assim que se tem êxito profissional. É assim que se faz Inovação e se é Empreendedor.

In Espaço Público, Público, Domingo, 24 de Dezembro de 2006

2 comentários:

Anónimo disse...

Como sabes gosto muito do teu Blog e sempre que me lembro venho espreitar... para saber das tuas novidades.
Só queria deixar aqui o meu comentário a este artigo: em todo ele eu destaco as últimas 4 frases, que por sinal são as mais optimistas e que estão um pouco em contradição com o resto do artigo porque "quem gosta do que faz, quem tem entusiasmo e anda bem disposto"...não precisa de trabalhar muito, esforçar-se muito e ter muita persistência... para ter "êxito profissional". Porque quem escolhe permanecer nesse estado de espírito (de boa disposição) tudo se torna mais fácil, o trabalho rende mais e sem esforço... Isto é o que eu penso!... concordas?

Desejo-te neste ano de 2007, acima de tudo, boa disposição e bom humor e é assim... que o bom trabalho e Muito Êxito Profissional são atraídos para ti, quase sem fazeres grande esforço.

Jinhos para Cláudia e o Baltazar.
IR

Celestino Quaresma disse...

Sou Celestino F. Quaresma, autor deste artigo e fiquei muito "vaidoso" por me sentir acompanhado nas ideias que pretendi transmitir.
Desejo o maior êxito ao seu blog.
Muito obrigado.
Este é o meu email:
cfquaresma@gmail.com