segunda-feira, abril 11, 2005

A minha vida dava um filme do Jackie Chan

Hoje [11 de Abril de 2005] fui almoçar ao restaurante chinês, aqui a umas dezenas de metros do meu local de trabalho. Não é melhor nem pior que os outros restaurantes chineses aqui em Aveiro e nem é melhor nem pior que ir ali ao Centro Comercial (aquilo que chamamos de "Cantina").

Entrámos e ao todo éramos uns 7 (mas, não foi a Rosete que nos veio receber e nem a malta estava a tremer – se calhar já nem se lembram desta música, mas...). Sentámo-nos na mesa maior, ao fundo da sala, junto ao balcão. O dono do restaurante falava ao telemóvel em chinês. Junto a ele estavam dois homens com uma série de documentos em cima de uma das mesas, como se esperassem qualquer coisa por parte dele.

Um dos homens, que estava com um polo azul onde dizia a branco "GANT", de cabelo grisalho estava com um ar apreensivo e o amigo que parecia que estava de férias, olhava o chinês com ar de quem queria resolver o assunto depressa. Chegámos a pensar que houvesse algum problema devido a um acidente automóvel e estivessem a resolver problemas de seguros.

No entretanto, o único empregado que se encontrava a servir às mesas, tomou conta dos nossos pedidos e dirigiu-se à cozinha. Nesse momento entram mais três homens e depois de alguma troca de palavras com o dono de restaurante, um deles, de óculos e baixo, diz em volta alta "o senhor está detido e vai ter que nos acompanhar" para o empregado. Lá se foi o nosso pedido?

No entretanto começámos a reparar que não havia ninguém na cozinha. Os únicos funcionários, no restaurante, eram o dono e o tal empregado, que não parava de sorrir, mesmo depois de ter ouvido a ordem de prisão. Vestiu o casaco, mas nessa altura entrou a esposa do dono e mostrou os documentos do empregado, pelo que este pode continuar a servir os clientes que àquela hora enchiam um terço da sala. Sempre com um sorriso enorme.

Os cinco homens continuavam a insistir nas identidades do resto dos empregados e que tinham fugido pela porta das traseiras, quando eles entraram. Já sabiam que eram em número de 3. O dono arranjava umas desculpas para justificar o facto de que não sabia onde moravam e porque estavam de folga naquele dia.

No entretanto entrou um chinês que foi logo identificado, mas como tinha os documentos em ordem, pôde ir trabalhar para a cozinha. Já estávamos a pensar ir embora, quando vieram os crepes. Os fiscais foram-se embora, satisfeitos com os documentos apreendidos e nós podemos apreciar a comida, que apesar de ser feita por um cozinheiro arranjado a correr, sabia exactamente ao mesmo do costume.

E o empregado sorria!

1 comentário:

Anónimo disse...

Interessante. Não é igual mas, a propósito de emigrantes, uma vez encontrei um ucraniano deitado no chão da minha rua, visivelmente fraco e doente, a quem acabei por oferecer o almoço e uns cobertores (que ele me pediu). Trabalhava nas obras e não lhe pagavam havia éne tempo, mas era médico na Ucrania. Disse-me ele, e eu acreditei.