terça-feira, março 08, 2005

A minha vida dava um filme do Wes Anderson

Não tenho escrito muito ultimamente, porque, apesar de haver muito sobre o que escrever, a verdade é que me tenho imiscuído de o fazer por pudor. Pudor porque não quero que pareça que menosprezo as causas dos outros (porque não o faço) ou porque prefiro falar quando os factos forem reais e não ser interpretado como um "anjo da desgraça".

Nunca cheguei a comentar os resultados das eleições, porque acho que toda a gente as comentou e eu pouco tinha a acrescentar ao universo político nacional. Aliás porque, quem me conhece sabe, eu não sou muito de partidos, sou mais inteiro, como se dizia quando era miúdo. Mas nos últimos dias tenho estado a ajudar um amigo a levar avante uma luta pela maior democracia no ex-partido do ex-governo. É uma luta que não me diz muito, porque não sou militante, mas tento ajudar um amigo a lutar por aquilo que acredita piamente e isso, nos dias de hoje, é bonito.

Porém, isso tem feito que receba diariamente alguns e-mails e telefonemas de pessoas que não conheço, a debater assuntos que não me dizem nada, sobre um partido que quase se auto-implodiu, num mundo que não pretendo explorar. Até já fui convidado a ir ao congresso... Com um bocado de sorte ainda vou lá fazer a rodagem ao carro e venho com uma maioria para casa,... na falta de melhor!

No entretanto e como resultado da exposição descobri que um dos tipos – André Silva - do grupo FotoAveiro, e que conheci numa churrascada há uns meses, foi meu aluno há mais dez anos, na José Estêvão. E o meu, então, colega e agora amigo, Luís Pitta, é amigo de uma amiga minha, que fez o estágio Contacto comigo, há quatro anos. E o João Quintela, que também expõe lá, é funcionário da empresa do D'Avó, que por sua vez é sócio do Pedro Soares, que por sua vez é meu sócio, amigo e meu ex-colega de apartamento.

Por falar em coincidências... Em consequência de um outro episódio, ocorrido nos últimos dias e de que já falarei, um colega de trabalho sugeriu, em tom de gozo, que concorrêssemos a um emprego numa empresa que anuncia como parte do pacote de pagamento "free, unlimited Haagen Dazs ice cream for everybody (all flavors). Não é que a empresa - Y Dreams - em questão inclui na sua pequena equipa duas pessoas que eu conheço. O Antão Almada que conheci nos Estados Unidos e que foi o responsável indirecto pela escolha da empresa onde eu fiz o meu estágio. Voltou na mesma altura que nós, em 2000, fazia BMX e curtia fotografia. E, o Pedro Pedrosa, que foi durante muito tempo responsável pelas provas de BTT no INATEL, onde fui vice-campeão em 1997. Deve estar na Patagónia a fazer uns trilhos de BTT nesta altura. Não só pelo Haagen Dazs, mas pela equipa e pelo tipo de trabalho fiquei de olho...

Porque, há dias, há cerca de uma semana, alguns boatos que pintavam um cenário negro, ali para os lados do lugar onde me sento todos os dias das nove às dezoito, foram confirmados pela gestão. Não passam de boatos e até ao momento não estão confirmados, mas o desconforto está instalado. É uma oportunidade de melhoria, diz-se, mas não vos vou dizer mais, porque acho que a montanha vai parir um rato...

Como tudo nesta vida quando se empola demais, as coisas acabam por implodir. Mas o melhor é estar daqui, de dentro, mas à distância, a assistir, calmamente e ver as coisas tomarem proporções caóticas, confirmando a segunda lei da termodinâmica “A entropia do Universo aumenta numa transformação espontânea e mantém-se constante numa situação de equilíbrio”. Em mantenho a entropia constante.

Esta semana fui para o trabalho com uma t-shirt com a bandeira branca e vermelha e a palavra "England" escrita no peito. Parecia um hooling. No crescente ambiente anti-britânico que paira no escritório caiu que nem uma cereja no topo do bolo. Amanhã levo uma t-shirt a dizer "Japan"...

 The Royal Tenenbaums

(Não perceberam nada? Pois... Estejam atentos aos próximos episódios e, no entretanto, vejam também o filme "Os Tenenbaums/The Royal Tenenbaums" e pode ser que sintam um pouco do que se passa por aqui e vejam algumas personagens na minha vida actual.)

(Como banda sonora oiçam "My Way" versão Sex Pistols)

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