quarta-feira, julho 01, 2009

iQLês?

Pyongyang: Journey in North Korea
Guy Delisle

Depois de ler Bruma Chronicles e Shenzen (ver ultimo iQLês) tinha que ler o mais conhecido livro de viagens em países oprimidos feito por este canadiano. Mais do que saber alguma coisa sobre a Coreia do Norte e do seu regime fiquei a saber que os franceses usam a mão de obra barata coreana para criarem quase todos os desenhos animados que passam na TV. Porque também pouco ou nada o jovem viu do país, porque o regime pouco deixa ver a alguém que tem que estar SEMPRE acompanhado por um guia apontado pelo governo.
Drawn & Quarterly, 2005




Berlin: City of Stones / Berlin: City of Smoke
Jason Lutes

Li o primeiro volume e fui logo comprar o segundo, porém terei que esperar alguns anos (talvez uns 8) pelo terceiro e último (à razão que é publicado). A história de Berlim entre 1928 e 1933, nos últimos dias da República Weimar e ascensão Nazi. A cruzilhada das vidas de uma alemã da província que se envolve com um jornalista, uma mãe comunista que se separa de um pai nazi, um judeu que ajuda os comunistas, um grupo de jazz negro americano e o sangrento 1º de Maio de 1929. Numa narrativa fluida e um desenho que, a preto e branco, chega a parecer-se com a linha clara franco-belga.
Drawn & Quarterly, 2000 e 2008



Eightball #22 e #23
Daniel Clowes

Os últimos dois números deste comic americano escrito por um dos mais imaginativos e esquizofrénico criador de BD do outro lado do Atlântico. Se o #23 conta uma série de histórias passadas numa povoação perdida nos Estados Unidos com o nome de Ice Haven, todas completando o enredo e tornando-se em algo de coerente, o #24 é uma amálgama de histórias sem nexo à volta de um rapaz geneticamente alterado pelo pai e que adquire uma força extraordinária fumando cigarros e que herdou uma pistola desintegradora (Death Ray). Vale pelo oversize e pela alienação.
Fantagraphics, 2001 e 2004



A Drifting Life
Yoshihiro Tatsumi

Que dizer de um único livro com 840 páginas sobre a história de um criador de Mangá no Japão do pós-guerra e a criação do género Gekiga (mangá underground). É um interessante e revelador documento histórico mas ao mesmo tempo uma história da vontade de fazer algo diferente e vencer num mundo muitas vezes redutor. Uma leitura cheia de nomes, lugares e épocas muito longe do aqui e agora. Mas muito actual e capaz de criar ligações com o leitor.
Drawn & Quarterly, 2009






Sleepwalk and Other Stories / Summer Blonde
Adrian Tomine

Depois de ter lido "32 Stories: The Complete Optic Nerve Mini-Comics" devo ter tido a mesma sensação do então editor e resolvi comprar o resto dos trabalhos deste autor de Berkeley na Califórnia. Comecei por ordem cronológica e já estou a pensar comprar o próximo. São histórias simples de um quotidiano normalíssimo mas contadas com um pormenor cinematográfico que cativam. Tão bonitas como um pôr-do-sol, simples e tão normal que raramente temos tempo para parar e observar com a atenção devida. Uma bela pausa para leitura.
Drawn & Quarterly, 1998 e 2002



Tout Seul

Christophe Chabouté

Há muito que não lia em francês e há muito que não lia algo de tão bom. Um livro com quase 400 páginas onde apenas há diálogos em cerca de umas três dezenas delas. Quase uma banda desenhada japonesa, mas com um ritmo europeu e um olhar cinematográfico. A história de um Quasímodo num farol num rochedo no meio do oceano. Um homem deformado, cujos pais faroleiros morreram há muito, e que não tem a coragem de se aventurar para fora daquele rochedo onde vive num farol automatizado. É alimentado por um pescador que nunca o viu e que acaba de contratar um ajudante que tenta saber o porquê de toda aquela situação e ajudar o solitário (daí o título) habitante do farol. Este vive apenas com a sua imaginação que estimula lendo o dicionário, atirando-o ao ar e lendo uma palavra aleatoriamente imaginando o que significará, limitado ao seu universo. Como quando procura o génio em todas as lâmpadas do farol depois de ler o significado da palavra Aladino… Todos temos um bocado disto?
Vents d'Ouest, 2008

3 comentários:

Susana G Santos disse...

ainda acabo a ler BD à tua conta.

Cláudia disse...

Acabaste de ser culpado pelo emgrecimento da minha conta bancária por uma despesa de mais de 40 libras feitas na amazon.co.uk

Já agora, onde compras estes livros. Eu compro sempre tudo na amazon mas se houver outra alternativa...

Carlos Claro disse...

O Pyongyang do Delisle é excelente. Também gostei, mas menos, do Shenzhen e do Jerusalém. Não apreciei particularmente o Burma.

Quanto ao Berlin do Lutes, estou, há já mais de uma década, à espera que termine para o ler (a mesma situação com Clyde Fans, do Seth...). Mas sei que é bom.

Também não percebi grande coisa do Death Ray do Clowes. Depois destes, há o Wilson, que é razoável, o Mister Wonderful, que é bastante bom e Patience, que ainda não li.

A Drifting Life do Tatsumi é das melhores coisas que li no último ano. Só é pena não ter sido publicado o 2.o volume (que foi esquematizado, mas nunca concluído...). Aí seriam contados os primeiros anos da seminal revista alternativa Garo, por onde passaram tantos nomes importantes do manga alternativo/underground (Sanpei Shirato, Shigeru Mizuki, Yoshiharu Tsuge, o próprio Tatsumi e tantos outros).

O Adrian Tomine também é um dos meus favoritos.

Quanto ao livro do Chabouté, tenho a informação de que a menos de uma hora já o poderei desfolhar 😋. Obrigado pela dica.