Eu não conheci nenhuma das minhas bisavós. Estava lá longe, no ultramar, quando se foram e já não cheguei a tempo de as ver. O Baltasar provavelmente não vai guardar nenhuma memória daquelas bisavós que conheceu e que já partiram. Resta-lhe uma que ainda é viva e que poderá ter como recordação.
A avó da Cláudia não a conheci até quase casar. Por isso não tenho, dela, as mesmas recordações que a Cláudia terá, obviamente, ou que guardo das minhas avós. Além de que a conheci já bastante idosa, sentada ou com grandes dificuldades de se deslocar. Sei que foi uma mulher lutadora e isso transparecia no modo como não se deixava tomar pelas doenças ou pelos próprios filhos.
Mas o que mais recordo na senhora era o modo como me deixava enrascado quando me dava um grande abraço, um beijo e dizia à neta “Tens um marido muito bonito!” Se me pudesse meter num buraquinho… Claro que tudo isto passou quando nasceu o Baltasar. Porque eu já era um mero bibelô ao pé da beleza de um bisneto com uns olhos iguais ao dos do marido dela!

Partiu em paz com todos e em perfeita harmonia. “Fechou os olhos e adormeceu” e é assim que todos queremos um dia partir deste mundo!