Eu sei, desde que cheguei que não escrevi muito. Em 2000 nos Estados Unidos
estava só e sentia uma vontade compulsiva de escrever, mantinha-me mais
próximo. A diferença horária também ajudava à escrita; no Japão era a surpresa
e a diferença que me faziam escrever; e em Inglaterra já escrevia menos, mas
tentava escrever qualquer coisa. No entretanto, passaram oito anos, não estou
sozinho (o que na maioria das vezes até me limita a escrita em termos de tempo
e atenção), as diferenças não são assim tantas e as que existem nem sempre são
surpreendentes. A distância física, horária e cultural não é assim tão grande,
apesar de muitas vezes pensarmos o contrário.
Mas tenho muitas vezes vontade e até consigo antecipar alguns temas sobre
que escrever. Há muita coisa nova, diferente e surpreendentemente semelhante
sobre a qual se merece escrever. Há aventuras novas, se não todas as semanas,
pelo menos duas vezes por mês. E histórias, algumas histórias que merecem ser
escritas para ficarem para a minha posteridade.
Já comecei a escrever este texto umas três ou quatro vezes. Ou sou
interrompido pelo Baltasar que quer um copo de água, ou por um familiar ou
amigo que num qualquer chat quer
conversar ou por um colega de trabalho, se o tento escrever no local de
trabalho. Muita coisa mudou nos últimos anos e as solicitações são mais que
muitas. Distraímo-nos e perdemos a nossa atenção rapidamente. Dispersamo-nos
por diferentes assuntos ou tarefas sem nos conseguirmos dedicar a uma e
terminá-la. As coisas acontecem a uma velocidade muito maior e no entanto
acabamos sem conseguir terminar o que começámos.
Por isso, vos escrevo isto. Não porque vos conte alguma coisa, mas para que
saibam que estou vivo. E que ainda
escrevo...