Há uns meses, como exercício prático de um livro que estava a ler, escrevi aquilo que gostaria de estar a fazer daqui a 10 anos, mas que se pode encaixar em grande parte naquilo que eu gostava de estar a fazer neste momento. Eventualmente daqui a 10 anos pensarei de outra forma, mas neste momento gostaria de estar “a gerir uma equipa de pequena ou média dimensão” com 5 a 15 elementos no total, formada por “pessoas interessantes que convivem e se entreajudam no trabalho.” Eu acredito que da convivência nasce a partilha do conhecimento, a motivação e a vontade de criar melhor.
Numa empresa, minha ou não, que tenha “boas relações com os clientes e uma boa gestão dos procedimentos de modo a que o trabalho seja realizado convenientemente e de acordo com o planeado na gestão de projectos”. Esta empresa teria “boas relações entre as hierarquias de modo que haja ‘feedback’ (favorável ou desfavorável) para que haja evolução.” Uma empresa que acredita na formação contínua como maneira de valorização e evolução dos seus funcionários.
Uma empresa que acredite que o mundo é plano e tenha clientes de vários pontos do globo e que permita contactos internacionais mais ou menos permanentes. Evolui-se muito se assim for.
Uns tempos antes (Julho de 2005) escrevi dez desejos que gostava de ver realizados (não utopias), associados aos Chakras.
No primeiro dizia que queria “um emprego estável” e que não pedia “um bom emprego, porque isso não existe”. “Ou é estável ou é bom! Claro que um emprego estável seria numa empresa que desse perspectivas de estabilidade. Uma empresa que pela sua dimensão e história me fizesse sentir seguro. Mas que ao mesmo tempo me desse segurança e condições contratuais válidas.”
No terceiro escrevi que gostaria de “ser reconhecido pelo meu trabalho e pelas minhas capacidades. Não ser apreciado porque sou um cordeiro, um ‘yes man’, mas por ser um membro do grupo que apenas pretende o melhor para todos. Ser reconhecido como alguém que gera valor acrescentado o meio onde me insiro, quer seja profissionalmente, didacticamente, no lazer ou artisticamente.”
“Claro que isto depende do meu esforço, mas esse só depende de mim e não de um desejo.”
No quinto desejei “ser mais criativo”.
No sexto escrevi que gostaria de “estudar. Fiquei feliz e entusiasmado com o curso de gestão de projectos. Acho que bem implementado o sistema de gestão pode produzir frutos valiosos.”
“Tirar um MBA ou um curso de gestão.” Que iniciei em Outubro… Mas escrevi também que “o curso de Kundalini Yoga continua nos meus planos. Mais a longo/médio prazo”, e surpreendentemente comecei-o bem mais cedo que imaginava então (Dezembro).
No sétimo escrevi que gostaria de “ser eu. Não me comparar ou ser comparado com os outros.”
Mas a primeira vez que pensei nisto foi em Maio de 2005, na eminência de ficar desempregado, escrevi aquilo que chamei de utopia: “Gostava de trabalhar numa cidade de média dimensão, perto do mar e de atitude liberal. Se não fosse perto do mar, que não diste muito deste e que seja atravessada por um rio relativamente grande.”
“Numa empresa liberal, dinâmica e de tecnologia. Uma empresa onde as pessoas fossem valorizadas pelo seu desempenho e fossem reinforçadas quando mostrassem boas práticas. Onde o modo como se veste não fosse motivo para a desvalorização pessoal.”
“Uma empresa dinâmica capaz de estimular os seus colaboradores a serem activos na procura da qualidade do seu trabalho. Onde as pessoas não sejam valorizadas pela sua antiguidade, mas sim pela sua dinâmica.”
“Uma empresa de tecnologia porque essa é a minha área de formação e porque acho que essa é uma área de grande dinâmica.”
E sobre quanto gostaria de ganhar, escrevi que “eu sou um insatisfeito por natureza, por isso por mais dinheiro que ganhe nunca será suficiente. Por outro lado não me movo por dinheiro, embora o ache compensador. Movo-me mais por pessoas, equipas, projectos e ideais.” Como dizia alguém: “aquilo que mais gostamos de fazer até o faríamos de graça”, se não houvessem contas para pagar.
Mais recentemente, em Agosto, escrevi também sobre o mesmo assunto, porque “acho que sou das poucas pessoas que pensam nisso, no universo que me rodeia. Penso que a maioria se rendeu à sua existência e desistiu de lutar pelo ‘melhor’ emprego em prol de uma vida mais pacata. Eles também têm a sua razão!”
Mais numa perspectiva de mais longo prazo, e uma vez que “o facto de dificilmente ver este desejo a ser cumprido, em Portugal, cada vez mais me motivo para abrir um negócio meu. Porém não desejaria” de o fazer numa empresa de “tecnologia, porque embora acredite que de momento Portugal tem vantagem competitiva nessa área, rapidamente seremos apanhados pelos países de leste e rapidamente ultrapassados pela China, Índia ou Brasil.” Além de que neste momento, e depois da última desilusão, cada vez menos acredito em engenheiros-gestores e acho que começo pouco a acreditar numa empresa minha nesta área.
“Eu acredito que maior e melhor recurso de Portugal é e será o bem-estar. O sol, a gastronomia, o ‘savoir vivre’ do português e é sem dúvida algo que poderemos ‘vender’ turisticamente.”
“O que me questiono é como ‘vender’ algo que é cultural?”
Provavelmente só o farei daqui a mais de 10 anos, mas penso que há mercado para receber estrangeiros e mostrar-lhes aquilo que nós fazemos e gostamos. Um dos meus sonhos é ter onde receber e saber receber… Porque isso é o que de melhor se faz em Portugal.
Resumindo: No imediato gostaria de trabalhar numa empresa estável que me desse perspectivas de evolução e me permitisse estudar. Onde pudesse exprimir a minha criatividade e onde fosse valorizado pelos meus esforços. Uma empresa com visão global, ou pelo menos internacional e de tecnologia. Onde estivesse a gerir uma equipa de pessoas interessante, com quem interagia e criasse produtos de qualidade, satisfazendo os clientes.
A mais longo prazo, uma empresa minha mas não de tecnologia, mas ligada aos contactos culturais e ao bem-estar, em Portugal.
Estarei a sonhar?