terça-feira, dezembro 27, 2005

Resoluções de 2005

Há um ano deixei aqui as minhas resoluções para 2005. 12 meses depois chegou a altura de fazer uma análise sobre o que realmente cumpri dessas resoluções. E assim analisar quais as minhas resoluções para o ano que vem.

A primeira resolução do ano passado continua sempre em contínuo desenvolvimento. Depois do escritório, do quarto dos hóspedes, do aquecimento, seguiu-se a cozinha e umas coisas novas no quarto. Nunca telefonámos ao homem da lenha, mas arranjei o autoclismo. Espera-me ainda os anexos, que estão muito próximos das imagens que há um ano víamos vindas da Tailândia.

A segunda resolução foi até ampliada para além do que disse nessa altura. Ainda tenho a Vespa do PP, mas sei que ele em breve a quererá de volta e se não a quiser eu próprio a devolverei. Nessa altura compro uma para mim, porque gosto mesmo da liberdade que me dá um veículo de duas rodas. Mas, há um mês comprámos um carrito novo (em segunda mão). Mantivemos o jipe, mas com a subida do preço do gasóleo e com o inverno à porta quisemos melhorar a nossa conta bancária mensalmente, poluir menos e melhorar as minhas deslocações em tempo de chuva.

A terceira resolução continua a ser a alegria da casa. A Cinzas! E até já conseguiu que a minha sobrinha mais velha tenha perdido parte do seu pavor aos animais.

Quarta resolução! A minha (nossa) positividade. Confesso que houve recaídas graves aquando da minha mudança de emprego e que houve alturas que me custou mesmo ver os cinzentos. Mas a prova de que estou mais positivo é a história sobre o "empréstimo", que toda a gente mete as mãos na cabeça quando ouve e que nós encarámos com a maior das calmas (embora tenha noção que ainda vá dar chatices). Além disso em breve estarei de novo entre-empregos (aquilo que normalmente chamariam de desemprego) e só penso nisso com uma ansiedade enorme apenas porque queria que fosse já amanhã.

Sobre o Yoga e a importância que isso tem para a minha vida, e que na altura pus aqui como quinta resolução, só penso que poderia fazer muito mais e que houve alturas que fui preguiçoso. Mas Yoga não é só ir às aulas e fazer umas posturas bonitas. Yoga é aplicado em tudo o que fazemos. E o que disse no parágrafo anterior é Yoga. Mas ainda não consegui chegar aos 70 Kgs, embora queira ter como resolução este ano (novamente) perder uns quilos. Sim! Porque este ano em vez de perder ganhei...

Houve resoluções que temia não cumprir, porque estavam mais no nível do sonho ou porque sabia que não me seria permitido despender esse tempo ou dinheiro. Como aquela de tirar um curso para professor de Yoga. O que eu queria tirar era em Inglaterra, mas é impraticável em termos económicos ou mesmo em termo de disponibilidade temporal. Mas pode ser que o curso venha a Portugal e eu vou agora a Londres, em Janeiro, experimentar o "duro" exercício de meditar em grupo durante 12 horas, o que me dará de certeza para pensar bem nesta resolução.

A casa da minha avó em Almendra também estava nas minhas resoluções deste ano que agora acaba. Confesso que fizemos um esforço enorme para a limpar. Um esforço tão grande que a vontade de lá voltar diminuiu. Tenho imensa saudades daquilo tudo, mas a casa não tem as condições ideais para ser usada no Inverno, mas espero poder usá-la mais na primavera.

Quanto ao leitor de CDs... Ganhei um Zen Micro!!!!

Durante os próximos dias de férias pensarei que resoluções tomarei para 2006. Não sei se farei como as resoluções que (não) tomei em termos profissionais em 2005 e que afinal de contas foi a área da minha vida que mais dominou o ano. Se calhar foi precisamente porque não tomei nenhuma resolução e assim não tinha objectivos. Mas este ano penso tomar algumas resoluções em termos profissionais ou em termos de carreira, porque provavelmente a minha vida será mais dominada pelo sector pessoal, e não posso permitir que haja outros sectores tão exigentes para com o meu tempo.

Até para a semana!

Cândido-actozinho (Tenho fome)

Fim da greve de fome do candidato Botelho Ribeiro

"O candidato Luís Botelho Ribeiro agradece aos cidadãos, apoiantes e jornalistas as numerosas manifestações de solidariedade recebidas durante a greve de fome de dois dias, agora terminada...

A greve foi interrompida por se ter conseguido o essencial das reivindicações e também pela necessidade de atender uma situação familiar de carácter urgente."

in Nota de Imprensa do Candidato

sábado, dezembro 24, 2005

Boas Festas

Este ano não mandei postais, não vou mandar SMSs e nem telefonar a ninguém a desejar Boas Festas! Tirando os postais em si, cujo dinheiro podia reverter para programas de solidariedade, todos os outros servem apenas para engrossar a conta de alguns.

Por isso:
Bom Natal e Feliz Ano Novo a todos!!!
Bom Natal e Feliz Ano Novo

sexta-feira, dezembro 23, 2005

A minha vida dava um filme do Alfred Hitchcock (pt. 3)

Quinta-feira. Saio do emprego e vou na Vespa entre o trânsito, que nesta altura e aqui perto do Centro Comercial é imenso, e sinto o telemóvel vibrar no bolso do casaco. Paro! O número é omisso. Atendo e, enquanto tiro o capacete, digo:
- "Aguarde um momento, por favor!" – sem conseguir o que dizem do outro lado.
Quando finalmente consigo atender oiço a voz da senhora da Fodicis (N.R.: Nome fictício) que está responsável pelo "meu" processo do empréstimo que nunca fiz:
- "Estou sim? Sr. Rui Gonçalves? Recepcionámos a sua exposição, porém eu tinha lhe pedido para anexar a cópia da queixa-crime que efectuou na polícia" – disse ela, bastante mais simpática.
- "Eu enviei a notificação que me foi dada pela polícia!"
- "Pois mas o Departamento Jurídico da Fodicis necessita da cópia da queixa-crime e não a notificação, Sr. Rui."
- "Peço imensa desculpa, mas isso foi tudo o que me foi dado pela polícia, mas amanhã eu irei à polícia pedir a cópia da queixa-crime."
- "Obrigado, Sr. Rui. E boa noite!"
- "Boa noite!" – grunhi entre dentes e desliguei.

Hoje de manhã dirijo-me à esquadra de polícia onde efectuei a denúncia e pergunto ao polícia se seria possível facultar-me uma cópia da queixa-crime que efectuei na segunda-feira. A resposta foi simples "Nós não fornecemos nenhuma cópia dessa espécie" - disse-me o polícia simpaticamente - "mas dirija-se à nova esquadra e aos serviços de investigação criminal e eles pode ser que lhe facultem alguma coisa desse género".

Atravesso a cidade em ante-véspera de Natal, com um trânsito caótico e chego à nova esquadra, cuja existência desconhecia e cuja existência preferia continuar a desconhecer.

Entro e explico a situação. Nisto entra um guarda da GNR. O Sr. PSP interrompe-me, pedindo desculpa e dirigindo-se ao soldado que acabou de chegar, pergunta:
- "Que deseja?"
- "Era shó pra intregar eishto! É do shenhore cumandante!" – diz o Sr. GNR esticando uma prenda de Natal.

Após a saída do Sr. GNR, volto a explicar a minha situação. Resposta: "Nós não fornecemos nenhuma cópia dessa espécie" - disse-me o polícia - "mas dirija-se aos serviços de investigação criminal, na primeira porta à direita naquele corredor, e eles pode ser que lhe facultem alguma coisa desse género".

Entro na sala dos serviços de investigação criminal, onde estão três mulheres. Uma, de frente, no computador a digitar alguma coisa, outra com um monte de papéis e a terceira, de costas, na máquina de fotocópias.
- "Bom dia!" – digo timidamente. Nada muda na sala, até que um minuto depois dão pela minha presença. Explico a situação e a senhora que estava com o molho de papéis levanta a cabeça e diz:
- "Os senhores da Fodicis sabem muito bem que nós aqui não podemos fornecer a cópia da queixa-crime, porque uma vez feita a denúncia isso entra em segredo de justiça!" – disse ela com um tom algo gelado – "Porém posso lhe passar uma declaração dizendo que a fez e em que termos a fez!"
- "Ok! Isso deve servir!" – disse eu ainda mais intimidado.
- "Qual é o número da sua queixa?" – diz ela com um tom semelhante ao da minha professora primária quando fazíamos asneiras.
E ali estive uns 10 minutos enquanto escrevia a declaração no computador. Quando acabou levantou-se e passou por mim, já esboçando um sorriso e foi pedir a assinatura do comandante.

A meio da tarde telefono para a Fodicis:
- "Fodicis ! Bom dia!" - dizem do outro lado.
- "Boa tarde! Queria falar com a senhora C. S., se faz favor!" – disse eu.
- "É cliente da Fodicis?"
- "Não sou cliente, mas infelizmente parece que sou"- disse eu. Ao que seguiu o pedido do número de contribuinte e a posterior passagem da chamada para a pessoa que está a gerir o "meu" processo.
- "Estou sim? Sr. Rui." – diz ela, toda simpática.
- "Boa tarde! Eu fui à polícia e disseram-me que os senhores já deviam de saber que eles não fornecem a cópia da queixa-crime por estar em segredo de justiça. Mas passaram-me uma declaração em como a apresentei e em que moldes o fiz."
Resposta:
- "Mas era mesmo isso que eu tinha falado!" – disse ela, enquanto eu pensava para comigo "Óbvio!".

A minha vida dava um filme do Alfred Hitchcock (pt. 2)

Segunda-feira de tarde. Toca o telemóvel. O número é omisso. Atendo e oiço do outro lado a mesma voz feminina da quinta-feira passada:
- "Estou sim? Sr. Rui Gonçalves?" – disse ela num tom bastante mais cordial.
- "Sim! Sou eu!" – digo eu muito seco.
- "Gostava de lhe pedir desculpa pelo facto de não o ter podido receber na sexta-feira quando aqui veio às nossas instalações."
- "Ok!" – digo eu num tom ainda mais seco, pensado no facto de que nunca me tinha informado que nesse dia fechavam mais cedo porque havia festa de Natal da empresa, e no facto de 13 minutos depois das 17:00 (a hora de fecho extraordinária) já não estar no local de trabalho para me "receber".
- "E gostaria também de lhe pedir que me enviasse anexa à exposição que vai fazer a cópia da queixa-crime que vai efectuar na polícia."
- "Ok!" – grunhi.
- "Pronto! Então agradeço-lhe que me envie essa informação o mais tardar até sexta-feira. Obrigado e boa tarde." – disse já num tom mais exigente.
- "Boa tarde!" - E desliguei!

quinta-feira, dezembro 22, 2005

A minha vida dava um filme do Alfred Hitchcock (pt. 1)

Tinha almoçado bem e estava a começar uma nova tarde de trabalho. Toca o meu telemóvel e é um número não identificado. Podia ser alguns dos meus amigos que sempre resolvem passar por anónimos.

Atendi! Oiço do outro lado:
- "Estou sim? Estou a falar com o Sr. Rui Manuel Carneiro Gonçalves?"
Desconfiei! Quando me chamam pelo nome completo é porque não me conhecem.
- "Sim, sou eu!"
- "Daqui fala da Fodicis (N.R.:nome fictício)..." – disse a voz feminina. Eu pensando que era alguma publicidade daquelas compre-este-aspirador-e-damos-lhe-três-dias-de-férias-na-gronelândia, disse logo:
- "Eu não tenho nada a ver com a Fodicis!"
- "Não tem? Mas o seu bilhete de identidade não é o 6231568?"
- "Sim!"
- "Mora na R. Cais do Albói, 54 em Aveiro."
- "Não! Moro em Aveiro mas desconheço essa morada!"
- "É que temos aqui um crédito feito neste nome. E o seu número de contribuinte é o 612361812?"
- "Sim! Mas para que banco foi feita a transferência?" – disse eu.
- "Espere um pouco... Banco Bets!"

A conversa continuou com algumas trocas de informações, mas sem que a tipa do outro lado baixasse os ataques como se eu fosse realmente o tipo que lhe pediu 6000 euros. Falei com um amigo advogado e embora ele achasse que não era minha obrigação reclamar a minha inocência, mas a da Fodicis de provar a minha culpa, resolvi ir a Lisboa limpar o meu nome.

No dia seguinte, depois de almoço, fui para Lisboa. Depois de duas horas e pouco de viagem, algumas filas e muita confusão, cheguei ao edifício da Fodicis em frente ao Museu Calouste Gulbenkian. Entro e informam-me que naquele dia excepcionalmente tinham fechado às 17:00 (eram 17:13), quando a tipa do outro lado da chamada me tinha dito que fechava às 18:00 e depois de eu lhe ter garantido que lá ia naquele dia.

Começaram-me a subir os calores. E não fosse a prontidão em arranjarem alguém que me atendesse e estava pronto a perder a minha boa vontade toda de limpar o meu nome e lhes poupar o trabalho de me acusarem de algo que não fiz. Em pouco tempo estava com a cópia do bilhete de identidade, do cartão de contribuinte e o contrato em meu poder, tudo o que precisava para apresentar queixa na polícia.

É impressionante como se transfere 6000 euros para a conta de alguém baseado na fotocópia de um bilhete de identidade de alguém que nasceu em Lourenço Marques, uma cidade que já não tem essa designação desde há 30 anos e com a validade de 10 anos, algo que só é possível a quem tem mais de 35 anos, e à data da emissão do mesmo documento (09/01/2004) alguém nascido em 22/08/1969 teria apenas 34 anos. Para além de não falar que a fotografia é no mínimo irreconhecível (e em nada se parece comigo). E o cartão de contribuinte nota-se que o número foi lá colocado, porque está desalinhado com o resto do texto do mesmo. Depois admiram-se...

Obviamente que os dados foram sacados todos do meu CV que está online e que já nem sequer inclui aqueles dados, mas cujo conteúdo do site ainda não tive tempo de actualizar.

Passou o fim-de-semana e na segunda-feira de manhã, mal me levantei dirigi-me à esquadra de polícia de Aveiro. Expliquei a situação! O homem ficou a olhar para mim:
- "Mas fazem empréstimos assim? Assim qualquer um os pode enganar!"

Estive lá uma hora e tal para que o Sr. PSP me fizesse um texto que conseguisse explicar o sucedido, ou o que achamos que terá acontecido. A queixa seguiu para a polícia judiciária e eu mandei uma cópia para a Fodicis.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Coisas simples

Ultimamente tenho tido formação depois das horas de trabalho e chego a casa, normalmente já depois dos vizinhos jantarem.

Há algum tempo que reparei que há uma senhora e uma miúda nos seus dois anos, que por volta da hora que chego a casa, passam ali em frente ao prédio. Sempre que abro o portão automático da garagem a miúda insiste com a senhora (suponho que a mãe) para ficar ali a assistir ao seu fecho, também, automático.

A primeira vez que reparei foi há cerca de meio ano, porque estava a dar formação na altura.

A "mãe" e a miúda já me conhecem e cumprimentam-me. Rimo-nos sempre da situação.

Ontem perguntei-lhe se tinha pedido um portão ao Pai Natal. Como as coisas simples também são importantes. Principalmente nesta altura do ano em que só se pensa em coisas grandes para ofuscar.

domingo, dezembro 18, 2005

O nosso cândido-actozinho

Presidenciais 2006
Pré-candidato Botelho Ribeiro anuncia greve de fome contra "censura televisiva"
18.12.2005 - 08h46 Lusa


Botelho Ribeiro, 38 anos, entregou sexta-feira no Tribunal Constitucional cerca de 2500 das 7500 assinaturas necessárias para formalizar a sua candidatura

O pré-candidato à Presidência da República Luís Botelho Ribeiro anunciou ontem à noite que vai iniciar hoje, em Braga, uma greve de fome contra a "censura televisiva" à sua candidatura, parcialmente formalizada sexta-feira.

Em comunicado enviado à Lusa, Botelho Ribeiro, professor de Engenharia Electrónica na Universidade do Minho, em Guimarães, refere que a greve de fome vai iniciar-se às 15h30 frente ao coreto da Avenida Central com uma "manifestação de desagravo perante a censura televisiva a esta candidatura do Norte".

Botelho Ribeiro, 38 anos, entregou sexta-feira no Tribunal Constitucional "cerca de 2500" das 7500 assinaturas necessárias para formalizar a sua candidatura às eleições presidenciais de 22 de Janeiro.

Prometendo entregar as restantes assinaturas "na quinta ou sexta-feira" da próxima semana, Botelho Ribeiro definiu-se como "um ilustre desconhecido", mas "um renovador" e um "cidadão empenhado".

"Não podemos deixar cinco inteligentes a falar por nós", disse, confessando ter como única experiência eleitoral a vitória que obteve nas eleições para a Associação Académica da Universidade de Aveiro.

"Pode-se dizer que sou um candidato 100 por cento vitorioso", ironizou.

Botelho Ribeiro prometeu uma "campanha porta a porta e pessoa a pessoa", uma "campanha de artesanato" centrada na "discussão de ideias e perspectivas para a sociedade portuguesa", num "projecto que é feito para os cidadãos".

"Vou andar pelo país todo. Estamos abertos à constituição de núcleos por todo o país", acrescentou.

A candidatura que prometeu formalizar integralmente na próxima semana com a entrega das restantes cinco mil assinaturas é para ir até ao voto já que, salientou, "o país só tem a ganhar que o debate se faça com a máxima pluralidade".

in Público

quarta-feira, dezembro 14, 2005

domingo, dezembro 11, 2005

Vamos tomar um cafezinho?

Portugueses desperdiçam milhões de horas de trabalho por ano: o equivalente a 5,8% do PIB

Os portugueses desperdiçaram 1.574.203.400 horas de trabalho no ano passado. Uma enorme cifra com dez algarismos e que, para uma população activa próxima de 4,2 milhões de pessoas, significa que cada trabalhador português desperdiçou, durante 2006, mais de 42 dias úteis de trabalho, à média de oito horas diárias. São mais de 65 milhões de dias de trabalho perdidos em 2004.
A um custo médio de 5,17 euros por hora de trabalho, as pausas para o café, absentismo, as baixas, as pontes, os feriados, as greves e o tempo útil desperdiçado devido à falta de organização das empresas e das organizações representará um total de 8143 milhões de euros. O equivalente a 5,8% do PIB.
Os dados constam do último relatório da consultora Proudfoot sobre produtividade. De um conjunto de nove países analisados, Portugal está no penúltimo lugar do "ranking", conseguindo apenas maior produtividade que a Hungria e, ainda assim, com vantagem de apenas um ponto. Por cada hora de trabalho, os portugueses produzem 64% a menos que os franceses, 48% a menos que os americanos e 21% a menos que os espanhóis.
De acordo com as conclusões do estudo, o baixo nível produtividade deve-se sobretudo ao fraco nível planeamento e à insuficiente gestão operacional das empresas. A falta de liderança e de supervisão é a segunda razão apontada. A título de exemplo, a Proundfoot refere que mais de metade dos sistemas de controlo do trabalho são inapropriados. E dos sistemas que funcionam, cerca de um terço precisam de ser melhorados. Outro dado curioso com reflexo directo nos níveis de produtividade, são as reuniões de trabalho: metade são realizadas sem agenda.
O enorme desperdício de horas de trabalho não significa que os portugueses trabalhem menos que os outros. Devido À baixa produtividade, cada português trabalha uma média de 1718 horas anuais. Na europa, só os espanhóis e os húngaros roubam mais tempo ao lazer. A baixa produtividade é, aliás, o principal factor que justifica as diferenças de PIB "per capita" conclui o relatório. Em Portugal, por exemplo, o PIB "per capita" é metade do americano. E destes 50 pontos percentuais de diferença, 48 derivam da menor produtividade. Os espanhóis têm um PIB "per capita" 14% superior, mas uma produtividade 21% superior, pois trabalham menos horas com uma população activa menor.

EUA x Europa
Fora da Europa, na Austrália e nos EUA, trabalha-se mais do que na maioria dos países europeus. "Há uma diferença nos níveis de produtividade entre a União Europeia e os EUA: os americanos têm uma produção por hora de trabalho 8% superior", confirma Nicholas Crafts, professor de Hhistória Económica da London School of Economics.

Por Álvaro de Mendonça
in Expresso, 10 de Dezembro de 2005